sábado, 18 de maio de 2013

MEDITAÇÃO PARA O DIA DE PENTECOSTES

Evangelho segundo S. João (Jo 14, 15-16.23a-26) «Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Se Me amardes, guardareis os meus mandamentos. E Eu pedirei ao Pai, que vos dará outro Paráclito, para estar sempre convosco. Quem Me ama guardará a minha palavra e meu Pai o amará; Nós viremos a ele e faremos nele a nossa morada. Quem Me não ama não guarda a minha palavra. Ora a palavra que ouvis não é minha, mas do Pai, que Me enviou. Disse-vos estas coisas, estando ainda convosco. Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos recordará tudo o que Eu vos disse».


O ROSTO DO PAI

Jesus diz: “Eu pedirei ao Pai” (v. 16) e levanta um pouco o véu da oração: ela é o caminho que conduz ao Pai. Para chegar ao Pai foi-nos dada a oração. Como Jesus vive a sua relação com o Pai através da oração, assim nós também. Percorro as páginas do Evangelho e procuro com atenção qualquer indício relativamente a este segredo de amor entre Jesus e o seu Pai, visto que entrando nessa relação, também eu posso conhecer mais a Deus, meu Pai.

“Ele vos dará outro Consolador”. O Pai é quem nos dá o Consolador. Este ato está precedido do ato de amor do Pai, que sabe que temos necessidade da consolação: Ele viu a minha miséria no Egito e ouviu o meu grito, conhece os meus sofrimentos e vê a opressão que me atormenta (cf. Ex 3, 7-9). Nada escapa ao amor infinito que tem por mim. Por tudo isto Ele nos dá o Consolador. O Pai é o Doador: tudo vem d'Ele e de mais ninguém.

“Meu Pai o amará” (v. 24). O Pai é o Amante que ama com amor eterno, absoluto, inviolável, incansável. Como diz Isaías, Jeremias e todos os profetas (cf. Jer 31, 3; Is 43, 4; 54, 8; Os 2, 21; 11, 1).

“Viremos a ele”. O Pai está unido ao seu Filho Jesus, é uma só coisa com Ele e com Ele vem a cada homem, está dentro de cada homem. Muda-se, sai, inclina-se e caminha até nós. Levado por um amor delirante e inexplicável, aproxima-se de nós.

“E faremos nele a nossa morada”. O Pai constrói a sua casa em nós. Faz de nós, da minha existência, de todo o meu ser, a sua morada. Ele vem e não vai, permanece fielmente.

O ROSTO DO FILHO

“Se me amais...” (v. 15); “Se alguém me ama...” (v. 23). Jesus entra em relação comigo de um modo único e pessoal, face-a-face, coração a coração, alma a alma. Propõe-me uma ligação intensa, única, irrepetível e une-me a si através do amor, se eu quero. Sempre põe o “se” e diz, chamando-me pelo meu nome: “Se queres...”. O único caminho que ele percorre para chegar até mim é o do amor. Percebo que os pronomes “vós” e “alguém” estão unidos com o “me” do verbo “amar”, e a mais nenhum outro verbo.

“Eu pedirei ao Pai” (v. 16). Jesus é o orante que vive da oração e para a oração; toda a sua vida é cheia de oração, era oração. Ele é o sumo e eterno sacerdote que intercede por nós e oferece orações e súplicas, acompanhadas de lágrimas (cf. Hb 5, 7), pela nossa salvação: “Daí que possa também salvar perfeitamente aos que por ele se aproximam de Deus, já que está sempre vivo a interceder em seu favor” (Hb 7, 25).

“Se alguém me ama guardará a minha palavra” (v. 23); “O que me não ama não guarda a minha palavra” (v. 24). Jesus oferece-me a sua Palavra, entrega-a a mim, para que eu cuide dela e a guarde, a coloque no tesouro do meu coração e aí me dê calor, vele por ela, a contemple, a escute e, fazendo assim, a faça frutificar. A sua Palavra é uma semente; é a pérola mais preciosa de todas, pela qual vale a pena vender todas as riquezas; é o tesouro escondido no campo, que para obtê-lo se escava, sem ter medo do cansaço; é o fogo que nos faz arder o coração no peito; é a lâmpada que nos permite ter luz para os nossos passos, mesmo que a noite seja escura. O amor à palavra de Jesus identifica-se com o meu amor pelo próprio Jesus, por toda a sua pessoa, já que Ele, em definitivo, é a Palavra, o Verbo. É por isso, que nestas palavras, Jesus me grita ao coração que é a Ele que devo guardar!

O ROSTO DO ESPÍRITO

“O Pai vos dará outro Consolador” (v. 16). O Pai dá-nos o Espírito Santo. Ele é a “boa dádiva e o dom perfeito que vem do alto” (Tg 1, 17). Ele é “outro Consolador” como Jesus, que vai e vem para não nos deixar sozinhos, abandonados. Enquanto estou no mundo, eu não estou desconsolado, mas confortado pela presença do Espírito Santo, que não é somente um consolo, mas muito mais: é uma pessoa viva que está sempre junto de mim. Esta presença, esta companhia, é capaz de me dar alegria, a verdadeira alegria. Diz São Paulo: “O fruto do Espírito é amor, alegria, paz...” (Gal 5, 22; cf. também Rm 14, 17).

“Para que esteja sempre convosco”. O Espírito está no nosso meio, está comigo, como Jesus estava com os discípulos. A sua vinda é uma física e pessoal presença. Eu não o vejo mas sei que está comigo e não me abandona. O Espírito permanece para sempre e vive comigo, em mim, sem limitação de tempo ou de espaço. Deste modo Ele é o Consolador.

“Ele vos ensinará tudo” (v. 26). O Espírito Santo é o Mestre, o que abre o caminho ao conhecimento, à experiência. Ninguém fora d'Ele pode guiar-me, plasmar-me, dar-me uma forma nova. A sua escola não se destina a alcançar uma ciência humana, que incha e não liberta. Os seus ensinamentos, as suas sugestões, as suas indicações concretas vêm de Deus e para Deus voltam. O Espírito Santo ensina a verdadeira sabedoria e o conhecimento (Sal 118, 16), ensina a vontade do Pai (Sal 118, 26.64), os seus caminhos (Sal 24, 4), os seus mandamentos (Sal 118, 124.135) que fazem viver. Ele é o Mestre capaz de me guiar para a verdade plena (Jo 16, 13), que me faz livre no mais fundo de mim mesmo, até onde se divide a alma e o espírito, onde somente Ele, que é Deus, pode levar a vida e a ressurreição. É humilde, como Deus, e abaixa-se, desce da sua cátedra e vem para dentro de mim (cf. At 1, 8; 10, 44), entrega-se a mim, de modo pleno; Ele não tem ciúmes do seu dom, da sua luz, mas oferece-a sem medida.

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