quarta-feira, 20 de março de 2013

São José, o santo por excelência



Isabel Orellana Vilches

São Pedro Crisólogo afirmou: “José foi um homem perfeito, possuidor de todo gênero de virtudes”. Desnecessário, portanto, na data de hoje, procurar qualquer outro modelo mais sublime para a vida espiritual do que o do Santo Patriarca. Contamos apenas com os dados sumários que o Evangelho nos oferece a respeito da sua gloriosa vida envolta em silêncio, mas, ao longo da tradição, foram ressaltados matizes dele que nos chamam de modo especial à atenção.

Acham-se, em qualquer santoral, referências proporcionadas por santos e santas cujas meditações nos foram sendo transmitidas ao passarem os séculos. É o caso de Tomás de Aquino, Gertrude, Vicente Ferrer, Bernardo, Brígida da Suécia, Francisco de Sales e Bernardino de Sena. Em numerosas ocasiões, eles, e tantos outros, transportaram para os seus escritos os frutos de sua reflexão e pregaram em seus sermões as excelsas virtudes que o adornaram. São Bernardino de Sena proclamou num de eles: “A norma geral que regula a concessão das graças singulares a uma criatura racional determinada é que, quando a graça divina escolhe alguém para lhe doar uma graça singular ou para colocá-lo em preferente situação, a esse lhe concede todos aqueles carismas que são necessários para o ministério que houver de desempenhar. Esta norma se verifica de modo excelente em São José, pai adotivo de nosso Senhor Jesus Cristo e verdadeiro esposo da Rainha do universo e Senhora dos anjos. José foi escolhido pelo Pai eterno como protetor e fiel guardião dos seus principais tesouros, seu Filho e sua Esposa, e cumpriu seu encargo com insubornável fidelidade. Por isso, o Senhor lhe diz: ‘Servo bom e fiel, entra no regozijo do teu Senhor’”.

Deste homem justo por excelência, esposo virginal da Virgem Maria, custódio da Sagrada Família, enalteceram-se à saciedade as incontáveis virtudes. Junto às teologais, listam-se ainda, alçadas em sua santa vida, a fidelidade, a inocência evangélica, a fortaleza, a docilidade, a prontidão, a pureza, a generosidade, a prudência, a disponibilidade, a singeleza, a temperança, a obediência, a pobreza, a humildade, a discrição, a justiça, a honestidade, a diligência, a paciência, etc. Ele esteve adornado por todas, impossíveis, portanto, de se condensarem. E hoje, como então, continuam mostrando a grandeza deste pai e guardião da Igreja, advogado da boa morte, que viveu cada instante do existir com inquebrantável adequação da sua vontade à divina, indicando-nos o caminho que havemos de trilhar. Santo Afonso Maria de Ligório cantou o trato familiar que ele teve com Jesus, ressaltando o que pôde significar aquele eminentíssimo vínculo entre ambos para a santidade do pai, que, durante um tempo, o acompanhou na terra: “José, durante aqueles trinta anos, foi o melhor amigo, o companheiro de trabalho com quem Jesus conversava e orava. José escutava as palavras de vida eterna de Jesus, observava o seu exemplo de perfeita humildade, de paciência e de obediência, aceitava sempre a ajuda serviçal de Jesus nos afazeres e nos deveres do cotidiano. Por tudo isto, não podemos duvidar que, enquanto José viveu na companhia de Jesus, cresceu tanto em méritos e santificação que sobrepujou todos os santos”.

Os pontífices também se comoveram com o exemplo do Santo Patriarca. João XXIII iniciava e culminava a sua jornada pondo-se sempre ao seu amparo.Ele o proclamou padroeiro do concílio Vaticano II.Paulo VI, em 19 de março de 1969, afirmou: “São José é a prova de que, para sermos bons e autênticos seguidores de Cristo, não necessitamos de ‘grandes coisas’, mas somente das virtudes comuns, humanas, simples, que, porém, são verdadeiras e autênticas”. João Paulo II dedicou a ele a exortação apostólica Redemptoris custos, de 15 de agosto de 1989. Nela, qualificava a “fé, sustentada pela oração”, como “o tesouro mais valioso que São José nos transmite”. Por sua vez, Bento XVI reparou em especial no seu silêncio. E assim, voltou-se aos fiéis em um dos seus ângelus de 2005 dizendo:“Deixemo-nos invadir pelo silêncio de São José!”. Sisto IV incluiu a festa de São José no calendário romano em torno de 1479. Pio IX o proclamou padroeiro da Igreja universal em 1870. Leão XIII precisou os fundamentos deste patrocínio em 15 de agosto de 1889, e Pio XII, em 1955, determinou o dia 1º de maio como a festa de São José Operário.

Os carmelitas sempre deram grande impulso à devoção a São José. Talvez por isso, impregnada deste carisma que abraçara, a grande santa castelhana Teresa de Jesus foi uma das suas maiores propagadoras. Agraciada por ele em grave situação de doença, ela desde então o tomou por protetor e lhe pôs sob a tutela as numerosas fundações que instituiu. Dizia Teresa: “Outros santos parece que têm especial poder para solucionar certos problemas. Mas, a São José, Deus concedeu um grande poder para ajudar em tudo”. “Parece que Jesus Cristo quer demonstrar que, assim como São José o tratou tão sumamente bem sobre esta terra, Ele agora lhe concede no céu tudo quanto pede para nós. Peço a todos que façam a prova e hão de perceber quão vantajoso é ser devotos deste santo Patriarca”. Durante quatro décadas, todos os anos, recorria a ele pontualmente lhe solicitando “alguma graça ou favor especial”, e ele sempre lhe atendia. Por isso, insistia: “Digo aos que me escutam que façam o ensaio de rezar com fé a este grande santo, e verão que grandes frutos conseguirão”.

Fernando Rielo também infundiu nos filhos da sua congregação o amor por São José: “Tende muita devoção a São José. Qualquer problema, qualquer coisa: bens materiais e bens espirituais, especialmente a santidade […]. Pedi-lhe a conversão da humanidade, suplicai-lhe a santidade da Igreja, rogai-lhe a comunhão de todos os cristãos.”

Leia, abaixo, a Lectio Divina para a quinta feira da 5ª semana da Quaresma.

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