Isabel
Orellana Vilches
São Pedro
Crisólogo afirmou: “José foi um homem perfeito, possuidor de todo gênero de virtudes”.
Desnecessário, portanto, na data de hoje, procurar qualquer outro modelo mais
sublime para a vida espiritual do que o do Santo Patriarca. Contamos apenas com
os dados sumários que o Evangelho nos oferece a respeito da sua gloriosa vida
envolta em silêncio, mas, ao longo da tradição, foram ressaltados matizes dele
que nos chamam de modo especial à atenção.
Acham-se,
em qualquer santoral, referências proporcionadas por santos e santas cujas
meditações nos foram sendo transmitidas ao passarem os séculos. É o caso de
Tomás de Aquino, Gertrude, Vicente Ferrer, Bernardo, Brígida da Suécia,
Francisco de Sales e Bernardino de Sena. Em numerosas ocasiões, eles, e tantos
outros, transportaram para os seus escritos os frutos de sua reflexão e
pregaram em seus sermões as excelsas virtudes que o adornaram. São Bernardino
de Sena proclamou num de eles: “A norma geral que regula a concessão das
graças singulares a uma criatura racional determinada é que, quando a graça
divina escolhe alguém para lhe doar uma graça singular ou para colocá-lo em
preferente situação, a esse lhe concede todos aqueles carismas que são necessários
para o ministério que houver de desempenhar. Esta norma se verifica de modo
excelente em São José, pai adotivo de nosso Senhor Jesus Cristo e verdadeiro
esposo da Rainha do universo e Senhora dos anjos. José foi escolhido pelo Pai
eterno como protetor e fiel guardião dos seus principais tesouros, seu Filho e
sua Esposa, e cumpriu seu encargo com insubornável fidelidade. Por isso, o
Senhor lhe diz: ‘Servo bom e fiel, entra no regozijo do teu Senhor’”.
Deste homem
justo por excelência, esposo virginal da Virgem Maria, custódio da Sagrada
Família, enalteceram-se à saciedade as incontáveis virtudes. Junto às
teologais, listam-se ainda, alçadas em sua santa vida, a fidelidade, a
inocência evangélica, a fortaleza, a docilidade, a prontidão, a pureza, a
generosidade, a prudência, a disponibilidade, a singeleza, a temperança, a
obediência, a pobreza, a humildade, a discrição, a justiça, a honestidade, a
diligência, a paciência, etc. Ele esteve adornado por todas, impossíveis,
portanto, de se condensarem. E hoje, como então, continuam mostrando a grandeza
deste pai e guardião da Igreja, advogado da boa morte, que viveu cada instante
do existir com inquebrantável adequação da sua vontade à divina, indicando-nos
o caminho que havemos de trilhar. Santo Afonso Maria de Ligório cantou o trato
familiar que ele teve com Jesus, ressaltando o que pôde significar aquele
eminentíssimo vínculo entre ambos para a santidade do pai, que, durante um
tempo, o acompanhou na terra: “José, durante aqueles trinta anos, foi o
melhor amigo, o companheiro de trabalho com quem Jesus conversava e orava. José
escutava as palavras de vida eterna de Jesus, observava o seu exemplo de
perfeita humildade, de paciência e de obediência, aceitava sempre a ajuda
serviçal de Jesus nos afazeres e nos deveres do cotidiano. Por tudo isto, não
podemos duvidar que, enquanto José viveu na companhia de Jesus, cresceu tanto
em méritos e santificação que sobrepujou todos os santos”.
Os
pontífices também se comoveram com o exemplo do Santo Patriarca. João XXIII iniciava
e culminava a sua jornada pondo-se sempre ao seu amparo.Ele o proclamou
padroeiro do concílio Vaticano II.Paulo VI, em 19 de março de 1969, afirmou:
“São José é a prova de que, para sermos bons e autênticos seguidores de Cristo,
não necessitamos de ‘grandes coisas’, mas somente das virtudes comuns, humanas,
simples, que, porém, são verdadeiras e autênticas”. João Paulo II
dedicou a ele a exortação apostólica Redemptoris custos, de 15 de agosto de
1989. Nela, qualificava a “fé, sustentada pela oração”, como “o
tesouro mais valioso que São José nos transmite”. Por sua vez, Bento
XVI reparou em especial no seu silêncio. E assim, voltou-se aos fiéis em um dos
seus ângelus de 2005 dizendo:“Deixemo-nos invadir pelo silêncio de São
José!”. Sisto IV incluiu a festa de São José no calendário romano em
torno de 1479. Pio IX o proclamou padroeiro da Igreja universal em 1870. Leão
XIII precisou os fundamentos deste patrocínio em 15 de agosto de 1889, e Pio
XII, em 1955, determinou o dia 1º de maio como a festa de São José Operário.
Os
carmelitas sempre deram grande impulso à devoção a São José. Talvez por isso,
impregnada deste carisma que abraçara, a grande santa castelhana Teresa de
Jesus foi uma das suas maiores propagadoras. Agraciada por ele em grave
situação de doença, ela desde então o tomou por protetor e lhe pôs sob a tutela
as numerosas fundações que instituiu. Dizia Teresa: “Outros santos parece que têm
especial poder para solucionar certos problemas. Mas, a São José, Deus concedeu
um grande poder para ajudar em tudo”. “Parece que Jesus Cristo quer demonstrar
que, assim como São José o tratou tão sumamente bem sobre esta terra, Ele agora
lhe concede no céu tudo quanto pede para nós. Peço a todos que façam a prova e
hão de perceber quão vantajoso é ser devotos deste santo Patriarca”.
Durante quatro décadas, todos os anos, recorria a ele pontualmente lhe
solicitando “alguma graça ou favor especial”, e ele sempre lhe atendia. Por
isso, insistia: “Digo aos que me escutam que façam o ensaio de rezar com fé a este
grande santo, e verão que grandes frutos conseguirão”.
Fernando
Rielo também infundiu nos filhos da sua congregação o amor por São José: “Tende
muita devoção a São José. Qualquer problema, qualquer coisa: bens materiais e
bens espirituais, especialmente a santidade […]. Pedi-lhe a conversão da
humanidade, suplicai-lhe a santidade da Igreja, rogai-lhe a comunhão de todos
os cristãos.”
Leia,
abaixo, a Lectio Divina para a quinta feira da 5ª semana da Quaresma.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
DEIXE AQUI SEU SUA SUGESTÃO