terça-feira, 4 de dezembro de 2012

SÉTIMO DIA DA NOVENA DA IMACULADA CONCEIÇÃO DA VIRGEM NOSSA SENHORA



ORAÇÃO INICIAL: Santíssima Virgem, eu creio e confesso a vossa santa e Imaculada Conceição, pura e sem mancha. Ó puríssima Virgem Maria, por vossa Conceição Imaculada e gloriosa prerrogativa de Mãe de Deus, alcançai-me de vosso Filho a humildade, a caridade, a obediência, a castidade, a santa pureza de coração, de corpo e espírito, a perseverança na prática do bem, uma santa vida e uma boa morte, e a graça ... que peço com toda a confiança. Amém.

MÃE AMÁVEL

I. A VIRGEM CONVERTEU-SE em Mãe de todos os homens no momento em que consentiu livremente em ser Mãe de Jesus, o primogênito entre muitos irmãos. Esta maternidade de Maria é superior à maternidade natural humana1, pois ao dar à luz corporalmente o seu Filho, Jesus Cristo, Cabeça do Corpo Místico que é a Igreja, gerou espiritualmente todos os seus membros: “Ela é verdadeiramente – afirma o Concílio Vaticano II – Mãe dos membros de Cristo [...] porque cooperou pela caridade para que nascessem na Igreja os fiéis que são os membros desta Cabeça”2.

Quando Jesus foi pregado na Cruz, estavam junto dele Maria, sua Mãe, o discípulo amado, e algumas santas mulheres. O Senhor dirigiu então à sua Mãe essas palavras que tiveram e terão tanta transcendência na vida de todos os homens, de cada um de nós: Mulher – disse à Virgem –, eis aí o teu filho. Depois disse ao discípulo: Eis aí a tua Mãe3.

Impressiona-nos ver Cristo esquecido de si: dos seus sofrimentos, da sua solidão. Comove-nos o seu imenso amor à sua Mãe: não quer que fique só; vê a dor de Maria e assume-a dentro do seu Coração, para oferecê-la também ao Pai pela redenção dos homens. Comove-nos o gesto de Jesus para com todos os homens – bons e maus, mesmo os endurecidos pelo pecado – representados em João. Dá-nos a sua Mãe como Mãe nossa; olha para cada um de nós e diz-nos: Eis aí a tua Mãe, cuida bem dela, recorre a Ela, aproveita esse dom inefável.

Nesses momentos em que Jesus consumava a sua obra redentora, Maria uniu-se intimamente ao seu sacrifício por uma cooperação mais direta e mais profunda na obra da nossa salvação. A maternidade espiritual da Santíssima Virgem foi confirmada pelo próprio Cristo na Cruz4.

Eis aí o teu filho. “Esse foi o segundo Natal. Maria tinha dado à luz o seu Filho primogênito sem dor alguma na gruta de Belém; agora dá à luz o seu segundo filho, João, no meio das dores da Cruz. Nesse momento, Maria sofre as dores do parto, não apenas por João, seu segundo filho, mas pelos milhões de outros filhos seus que a chamariam Mãe ao longo dos tempos. Agora compreendemos por que o Evangelista chamou a Jesus filho primogênito de Maria, não porque Ela viesse a ter outros filhos da sua carne, mas porque geraria muitos outros com o sangue do seu coração”5, com uma dor redentora, cheia de frutos, pois estava unida ao sacrifício do seu Filho. Compreendemos bem que a maternidade de Maria em relação a nós, sendo de uma ordem diversa, seja superior à maternidade das mães na terra, pois Ela nos gera para uma vida sobrenatural e eterna.

Eis aí o teu filho. Estas palavras produziram na alma da Virgem um aumento de caridade, de amor materno por nós; e no coração de João, um amor filial profundo e cheio de respeito pela Mãe de Deus. Este é o fundamento da nossa devoção à Virgem.

Podemos perguntar-nos neste dia da Novena qual é o lugar que a Virgem ocupa na nossa vida. Temos sabido acolhê-la como João? Chamamo-la muitas vezes Mãe, minha Mãe...? Tratamo-la bem?

II. MATERNIDADE QUER DIZER solicitude e desvelo pelo filho. É o que acontece com a Virgem em relação a todos os homens. Intercede por cada um de nós e obtém as graças específicas e oportunas de que necessitamos. Jesus diz de si mesmo que é o Bom Pastor que chama cada uma das suas ovelhas pelo seu nome, nominalmente6; algo de parecido se passa com a Virgem, Mãe espiritual de cada um dos homens. Assim como os filhos são diferentes e únicos para a sua mãe, da mesma maneira cada um de nós é único para Santa Maria. Ela nos conhece bem, sabe distinguir-nos de qualquer outro, chama-nos pelo nosso nome com um acento inconfundível.

A sua maternidade abarca a pessoa inteira, alma e corpo. Mas a sua ação maternal, mesmo a que se exerce sobre o corpo, tem por fim “restaurar a vida sobrenatural nas almas”7, a santidade, uma identificação mais perfeita com o seu Filho. Nesta tarefa, a Virgem é a colaboradora por excelência do Espírito Santo, que é quem dá a vida sobrenatural e a mantém.

A maternidade de Maria não é a mesma para todos os homens. Maria é Mãe de um modo excelente dos bem-aventurados do Céu, que já não podem perder a vida da graça. É Mãe de modo perfeito dos cristãos em graça, porque têm a vida sobrenatural completa. É Mãe daqueles que estão afastados de Deus pelo pecado mortal; com a sua misericórdia, procura atraí-los continuamente para o seu Filho. E é Mãe mesmo daqueles que não estão batizados, já que estão destinados à salvação, pois Deus quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade8.

Mãe por excelência, a Virgem tem sempre para nós um sorriso nos lábios, um gesto acolhedor, um olhar que convida à confiança; sempre está disposta a entender o que se passa no nosso coração; nela devemos descarregar as nossas penas, aquilo que mais nos pesa: “Fez-se tudo para todos; fez-se devedora dos sábios e dos ignorantes, com uma copiosíssima caridade. Abre a todos o seu seio de misericórdia, para que todos recebam da sua plenitude: redenção o cativo, saúde o enfermo, consolação o aflito, perdão o pecador”9.

Talvez em algumas ocasiões nos sintamos doentes da alma, e então recorreremos a quem é saúde dos enfermos, na certeza de não sermos rejeitados. Nenhuma experiência, por mais dura e negativa que possa ser ou parecer, deve desanimar-nos. Sempre encontraremos em Maria a Mãe amável, acolhedora, de olhar misericordioso, que nos recebe com ternura e nos facilita – e até nos torna mais curto – o caminho que perdemos. E se as dificuldades espirituais ou corporais se intensificam, chamaremos por Ela com mais força, e Ela se apressará a proteger-nos. “Mãe! – Chama-a bem alto, bem alto. – Ela, tua Mãe Santa Maria, te escuta, te vê em perigo talvez, e te oferece, com a graça do seu Filho, o consolo do seu regaço, a ternura das suas carícias. E te encontrarás reconfortado para a nova luta”10.

III. E DESSA HORA em diante, o discípulo recebeu-a em sua casa11. Que inveja temos de São João! Como se encheu de luz aquele novo lar de Santa Maria! “Os autores espirituais viram nessas palavras do Santo Evangelho um convite dirigido a todos os cristãos para que todos saibamos também introduzir Maria em nossas vidas. Em certo sentido, é um esclarecimento quase supérfluo, porque Maria quer sem dúvida que a invoquemos, que nos aproximemos dEla com confiança, que recorramos à sua maternidade, pedindo-lhe que se manifeste como nossa Mãe”12.

Talvez possa ser este o nosso propósito para hoje: contemplar Nossa Senhora na casa de São João, ver a extrema delicadeza com que o discípulo amado a trataria, as confidências cheias de intimidade que lhe faria... E colocá-la na nossa vida: fitá-la como o fazia o Apóstolo, recorrer a Ela em tudo com confiança filial, amá-la como a amou São João.

Como é fácil amar Santa Maria! Nunca, depois de Jesus, existiu nem existirá criatura alguma mais amável. Já se disse de Santa Maria que Ela é como um sorriso do Altíssimo. Nada de imperfeito, inacabado ou defeituoso encontramos no seu ser. Não é alguém longínquo e inacessível: está muito perto da nossa vida diária, conhece as nossas aflições, o que nos preocupa, aquilo de que precisamos... Não tenhamos receio de exceder-nos no nosso amor a Maria, pois nunca chegaremos a amá-la como a Santíssima Trindade a amou, a ponto de fazê-la Mãe de Cristo. Não tenhamos receio de exceder-nos, pois sabemos que Ela é “um presente do Coração de Jesus moribundo”13.

O Senhor deseja que aprendamos a amá-la sempre mais; que tenhamos para com Ela os pormenores de delicadeza e de amor que Ele teria no nosso lugar: jaculatórias, olhares frequentes às suas imagens – pode-se dizer tanto num olhar! –, atos de desagravo pela indiferença de alguns dos seus filhos, a recitação amorosa do Ângelus, do terço... “Entre todas as homenagens que podemos tributar a Maria – afirma Santo Afonso Maria de Ligório –, não há nenhuma tão grata ao Coração da nossa Mãe como a de implorarmos com frequência a sua proteção maternal, pedindo-lhe que nos assista em todas as nossas necessidades particulares, bem como ao darmos ou recebermos um conselho, nos perigos, nas tribulações, nas tentações... Esta boa Mãe livrar-nos-á certamente dos perigos logo que recitemos a antífona “Sob a vossa proteção nos acolhemos, Santa Mãe de Deus”..., ou a Ave-Maria, ou mal invoquemos o seu santo nome, que tem um poder especial contra os demônios”14. Maria, como todas as mães, experimenta uma especial alegria em atender os seus filhos necessitados.

Sabemos que, “depois da peregrinação neste desterro, estarão à nossa espera os seus olhos misericordiosos e os seus braços, entre os quais encontraremos, num laço indissolúvel, o fruto do seu ventre, Jesus, que conquistou a glória para si, para a sua Mãe e para todos os irmãos que se acolhem à sua misericórdia”15.

Santa Maria, ensina-me a querer-te cada dia um pouco mais.

(1) Cfr. R. Garrigou-Lagrange, La Madre del Salvador, pág. 219; (2) Conc. Vat. II, Const. Lumen gentium, 53; (3) Jo 19, 27; (4) João Paulo II, Enc. Redemptoris missio, 7-XII-1990, n. 23; (5) F. J. Sheen, Desde la Cruz, Subirana, Barcelona, 1965, pág. 18; (6) cfr. Jo 10, 3; (7) cfr. Conc. Vat. II, Const. Lumen gentium, 61; (8) cfr. J. Ibañez-F. Mendoza, La Madre del Redentor, págs. 237-238; (9) São Bernardo, Homilia na oitava da Assunção, 2; (10) Josemaría Escrivá, Caminho, n. 516; (11) Jo 19, 27; (12) Josemaría Escrivá, É Cristo que passa, n. 140; (13) cfr. Pio XII, Enc. Haurietis aquas, 15-V-1956, 21; (14) Santo Afonso Maria de Ligório, As glórias de Maria, III, 9; (15) L. M. Herrán, Nuestra Madre del Cielo, 2ª ed., Palabra, Madrid, 1988, pág. 102.

Ave Maria
Ó Maria concebida sem pecado,
Rogai por nós que recorremos a vós

Oração final - Ó Deus, que pela Imaculada Conceição da Virgem Maria preparastes a Vosso Filho digna habitação, nós Vos rogamos que, como a preservastes de toda a mancha pela previsão da morte de seu mesmo Filho, nos concedais por sua intercessão que também puros cheguemos até Vós. Pelo mesmo Cristo, Senhor Nosso. Amém.

LEIA, ABAIXO A LECTIO DIVINA PARA A QUARTA-FEIRA DA 1ª SEMANA DO ADVENTO

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