quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

3º DIA DO TRÍDUO DE SÃO JOÃO DA CRUZ



ORAÇÃO PARA TODOS OS DIAS:
    Deus, nosso Pai, São João da Cruz viveu os mistérios da vossa morte e ressurreição. Ele fez a experiência do vosso amor e por vós foi provado na fé e no sofrimento. Mediante o trabalho interior, conseguiu descobrir os tesouros da vossa graça. A seu exemplo, fazei que cada um de nós progrida na vida espiritual e caminhe para vós. Encontremos na vossa Palavra estímulo e consolação e, na comunhão com nossos irmãos, vos encontremos na partilha de todos os dons recebidos.  Senhor, enviai-nos o vosso Espírito, o Espírito Santo que é "doador da vida", que é a água viva que jorra da fonte, Espírito de Amor e de liberdade, Espírito que nos concede a liberdade de filhos de Deus e irmãos em Jesus Cristo. Espírito que nos convoca e nos reúne numa mesma família, povo de Deus a caminho do vosso Reino. São João da Cruz nos inspire o gosto pelas coisas do alto, e nos ensine a vos amar com todas as nossas forças e de todo o nosso coração.

3º DIA - DOUTRINA DE JOÃO DA CRUZ

   S. João da Cruz reduz seu sistema místico a dois princípios fundamentais, ou mesmo, talvez a um só. Esse princípio fundamental é: "DEUS É TUDO; A CRIATURA É NADA".
   Deste princípio se desprendem duas grandes consequências:
   - É necessário desapegar-se totalmente das criaturas, pois são "nada";
   - É necessário apegar-se firmemente a Deus pelo amor, pois "Deus é tudo".
   Os livros de S. João da Cruz, Subida do Monte Carmelo e Noite Escura, tratam da primeira dessas consequências, o modo de desapegar-se das criaturas.
   Os livros Cântico Espiritual e Chama Viva de Amor tratam da segunda consequência, isto é, de como unir-se a Deus. E assim está resumida toda obra de João da Cruz.
  Vamos explicar cada uma dessas partes.

O PRINCÍPIO FUNDAMENTAL:

   "DEUS É TUDO E AS CRIATURAS SÃO NADA", é um princípio teológico firme. Na Escritura Deus mesmo se dá o nome que indica a plenitude do ser: "Eu sou Aquele que é" (Ex 3,14).
Deus falando a Santa Catarina de Sena disse: "Eu sou o que é, tu és a que não é". É o mesmo pensamento de João da Cruz: "Deus é tudo, a criatura é nada".
Não se entenda isso em sentido panteísta. Quer apenas expressar a infinita grandeza de Deus e a pequenez da criatura.

PRIMEIRA CONSEQUÊNCIA: AS CRIATURAS SÃO NADA: DESAPEGAR-SE DELAS

   Se Deus é tudo e a criatura nada, a consequência lógica é que devemos  desprender-nos - ao menos afetivamente - de todas as coisas criadas se queremos chegar a Deus.
   Ele explica: "A causa por que é necessário à alma, para chegar à divina união com Deus, passar por essa noite escura da mortificação do apetite e negação do prazer em todas as coisas, é por que todas as afeições que tem nas criaturas são diante de Deus puras trevas, das quais estando a alma vestida, não tem capacidade para ser iluminada e possuída pela pura e simples luz de Deus, se primeiro não as afasta de si; porque não podem andar juntas a luz e as trevas".
   Ele continua: "a afeição e apego que a alma tem à criatura iguala a mesma alma com a criatura, e quanto maior é a afeição tanto mais a iguala e se faz semelhante, por que o amor faz semelhantes o que ama e o que é amado"
   Não se trata do desprendimento real e efetivo de todas as coisas criadas - impossível de praticar enquanto estamos no mundo - mas do desprendimento afetivo, do coração ou do desejo, ainda que se possua todas as coisas.
   "Por isso chamamos essa desnudez "noite" para a alma, por que não tratamos aqui de não usar as coisas - por que isso não desnuda a alma se tem apetite delas - mas tratamos da desnudez do gosto e apetite delas, que é o que deixa a alma livre e vazia delas, ainda que as tenha"
   S. João da Cruz dedica duas obras a tratar do desprendimento das criaturas:
   A Subida do Monte Carmelo, em que fala da purificação ou noite ativa dos sentidos e das faculdades da alma (noite "ativa" por que trata do esforço e trabalho que a alma deve fazer para desprender-se das criaturas).
   E a Noite Escura, em que trata da noite passiva dos sentidos e da alma (noite "passiva", por que é Deus quem age purificando e lapidando a alma).

SEGUNDA CONSEQUÊNCIA: DEUS É TUDO: UNAMO-NOS A ELE PELO AMOR

   Se São João da Cruz somente houvesse escrito a Subida do Monte Carmelo e a Noite Escura teria poucos seguidores e sua doutrina seria de todo inaceitável.
   Mas não, a Subida e a Noite tratam apenas da parte mais ascética da sua doutrina, isso é, das necessárias purificações e do que devemos fazer para desimpedir o caminho para a santidade. As obras seguintes, Cântico Espiritual e Chama Viva de Amor, são chamadas as obras místicas, por que tratam da ação de Deus na alma e o modo dele leva-las a união consigo.
   A Subida do Monte Carmelo e a Noite Escura tratam apenas do caminho, do meio indispensável para chegarmos a plena divinização do homem.  Mortificações, renúncias, nadas, noites, purificações, não tem um fim em si, visam apenas desimpedir o caminho para a entrega total a Deus.
   No Cântico Espiritual e Chama Viva de Amor, que são obras místicas, trata da união da alma com Deus, ou seja, trata da divinização do homem.
   S. João da Cruz diz que a alma transformada por ação do amor no cume da união com Deus se vê misteriosamente transformada em Deus e se faz de certo modo Deus por participação.
   Para S. João da Cruz a mais alta santidade consiste em ter a vontade perfeitamente unida a de Deus, ou seja, em procurar-se satisfazer os menores desejos e vontades de Deus. Aí já não haverá duas vontades, mas a de Deus somente.
   A alma se encontra divinizada; é Deus por participação, por graça, por adoção. Não por confusão ou mistura de naturezas. A alma continua alma e criatura, ainda que criatura divinizada.
   S. João da Cruz grita assim: "Oh almas criadas para essas grandezas e para elas chamadas! Que fazeis? Em que vos entretendes? Vossas pretensões são baixezas e vossas posses misérias. Oh miserável cegueira dos olhos de vossa alma, pois para tanta luz estais cegos, e para tão grandes coisas surdos. Não vendo que em quanto que buscais grandezas e glórias, vós ficais miseráveis e baixos, de tantos bens feitos ignorantes e indignos".
   Vejamos o que diz S. João da Cruz do fato de haver tão poucas almas chegadas a essa santidade:
"E aqui nos convém notar a causa por que há tão poucos que cheguem a tão alto estado de perfeição de união com Deus. O qual devemos saber que não é por que Deus queira que haja poucos desses espíritos elevados, que antes queria que todos fossem perfeitos, senão que acha poucos vasos que sofram tão alta e elevada obra. Que como os prova no menos e os acha fracos, de sorte que logo fogem do trabalho, não querendo sujeitar-se ao menor desconsolo e mortificação (não achando-os fortes e fiéis naquele pouco que lhes fazia a graça de começar a desbastá-los e lavrar) acabe por ver que serão muito mais no muito, e assim não vai adiante em purificá-los e levantá-los do pó da terra pelo trabalho da mortificação, para a qual seria necessária maior constância e fortaleza do que eles mostram".

LADAINHA DE SÃO JOÃO DA CRUZ
Senhor tende piedade de nós!
Jesus Cristo tende piedade de nós!
Senhor tende piedade de nós!
Jesus Cristo ouvi-nos!
Jesus Cristo atendei-nos!
Deus Pai do Céu tende piedade de nós!
Deus Filho, Redentor do mundo, tende piedade de nós!
Deus Espírito Santo tende piedade de nós!
Santíssima. Trindade que sois um só Deus tende piedade de nós!
Santa Maria Mãe e Esperança dos Carmelitas, rogai por nós!
São José, Patrono do Carmelo,
Santo Elias, Patriarca do Carmelo
Santa Teresa de Jesus,
São João da Cruz,
Doutor Místico,
Cantor do Amor de Deus,
Pai do Carmelo Descalço,
Modelo de Carmelita,
Sacerdote de Deus Altíssimo,
Serafim de piedade,
Mártir de amor,
Mestre de espiritualidade,
Imagem do Cristo sofredor,
Santo da oração e penitência,
Santo da desnudez espiritual,
Santo do despojamento,
Glória da Santa Igreja,
Tocado pelo Verbo de Deus,
Inundado pela sabedoria do Espírito Santo,
Amigo do Amado,
Retrato vivo de Cristo,
Enamorado de Deus,
Conhecedor dos segredos divinos,
Trovador de Maria,
Modelo da Igreja orante,
Alma de oração,
Contemplativo ardoroso,
Apóstolo infatigável,
Intercessor poderoso,
Mensageiro do Amor,
Príncipe dos poetas de Deus,
Águia das alturas celestes,
Doutor da Fé,
Profeta do Tudo e dos nadas,
Mestre da subida ao Monte Carmelo,
Peregrino das noites escuras e luminosas,
Guia na Noite Escura,
Cantor da formosura de Deus,
Coração em Chama viva,
Alma inflamada de amor,
Sedento da Fonte divina,
Atraído pelo infinito,
Coração de missionário,
Caminhante infatigável,
Amigo dos pobres,
Saúde para os doentes,
Consolo para os que sofrem,
Homem forte,
Homem manso e suave,
Homem celestial e divino,
São João da Cruz obedientíssimo,
São João da Cruz casto e pobre,
São João da Cruz pacientíssimo,
São João da Cruz, glória do Carmelo e da Igreja,
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo.  Perdoai-nos, Senhor!
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo.  Ouvi-nos, Senhor!
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo.  Tende piedade de nós!
V. Rogai por nós, S. João da Cruz.
R. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.

Oremos:
Ó Deus, que inspirastes ao presbítero São João da Cruz, extraordinário amor pelo Cristo e total desapego de si mesmo, fazei que, imitando sempre o seu exemplo, cheguemos à contemplação da vossa glória. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

ORAÇÃO FINAL
   Nós vos agradecemos, ó Deus porque suscitastes na vossa Igreja e no Carmelo São João da Cruz, sacerdote santo que caminhou durante sua vida ensinando o caminho da oração. Ele, que aqui na terra experimentou o sofrimento, a pobreza, as incompreensões, e nunca desanimou, olhe as nossas necessidades e obtenha a graça que Vos pedimos........ confiantes na intercessão de São João da Cruz e na vossa infinita misericórdia e amor de Pai, Concedei-nos, percorrer o caminho da santidade. E que sejamos atendidos nos nossos pedidos. Amém.
Pai Nosso, Ave Maria, Glória ao Pai.

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