B.
Francisco Palau e Quer, presbítero
Mem.
Fac. - Comum
dos Pastores.
Nasceu em Aytona
(Lérida, Espanha) no dia 29 de Dezembro de 1811. Entrou para a Ordem dos
Carmelitas Descalços aos 21 anos e ordenou-se sacerdote aos 25. Por motivo dos
problemas da sua pátria, viu-se obrigado a viver exclaustrado e exilado. Ao
regressar a Espanha em 1851 fundou em Barcelona «A Escola da Virtude», modelo
de ensino catequético. Fundou nas Ilhas Baleares as Congregações dos Irmãos e
das Irmãs Carmelitas (1860-1861). Pregou missões populares e estendeu a devoção
mariana por onde quer que passava. Morreu em Tarragona no dia 20 de Março de
1872. Foi beatificado por João Paulo II no dia 24 de Abril de 1988.
ORAÇÃO - Senhor, que por
meio do vosso Espírito, enriquecestes o bem-aventurado Francisco Palau, com o insigne
dom da oração e da caridade apostólica, concedei, por sua intercessão, que a
amada Igreja de Cristo, resplandecendo com a formosura de Maria, a Virgem Mãe,
se torne sacramento universal de salvação. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso
Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Quarta-feira da 31ª semana do Tempo
Comum
Evangelho (Lc
14,25-33): Grandes multidões acompanhavam Jesus. Voltando-se, ele lhes disse: Se
alguém vem a mim, mas não me prefere a seu pai e sua mãe, sua mulher e seus
filhos, seus irmãos e suas irmãs, e até à sua própria vida, não pode ser meu
discípulo. Quem não carrega sua cruz e não caminha após mim, não pode ser meu
discípulo. De fato, se algum de vós quer construir uma torre, não se senta
primeiro para calcular os gastos, para ver se tem o suficiente para terminar?
Caso contrário, ele vai pôr o alicerce e não será capaz de acabar. E todos os
que virem isso começarão a zombar: Este homem começou a construir e não foi
capaz de acabar! Ou ainda: um rei que sai à guerra contra um outro não se senta
primeiro e examina bem se com dez mil homens poderá enfrentar o outro que
marcha contra ele com vinte mil? Se ele vê que não pode, envia uma delegação,
enquanto o outro ainda está longe, para negociar as condições de paz. Do mesmo
modo, portanto, qualquer um de vós, se não renunciar a tudo o que tem, não pode
ser meu discípulo!
Comentário: Rev.
D. Joan GUITERAS i Vilanova (Barcelona, Espanha)
Quem não carrega sua cruz e não caminha
após mim, não pode ser meu discípulo
Hoje
contemplamos Jesus no caminho até Jerusalém. Ai entregará a sua vida para a
salvação do mundo. Grandes multidões acompanhavam Jesus (Lc 14,25): Os
discípulos, ao andar com Jesus que os precede, devem aprender a ser homens
novos. É esta a finalidade das instruções que o Senhor expõe e propõe aos que o
seguem na sua ascensão à Cidade da paz.
Discípulo
significa seguidor. Seguir as pisadas do Mestre, ser como Ele, pensar como Ele,
viver como Ele... O discípulo convive com o Mestre e o acompanha. O Senhor
ensina com atos e com palavras. Viram claramente a atitude de Cristo entre o
Absoluto e o relativo. Ouviram muitas vezes da sua boca que Deus é o primeiro
valor da existência. Admiraram a relação entre Jesus e o Pai celestial. Viram a
dignidade e a confiança com que orava ao pai. Admiraram a sua pobreza radical.
Hoje o Senhor
fala-nos com termos claros. O autêntico discípulo há de amar com todo o seu
coração e toda a sua alma a nosso Senhor Jesus Cristo, por cima de todo o
vínculo, inclusive do mais íntimo: Se alguém vem a mim, mas não me prefere...
até à sua própria vida, não pode ser meu discípulo (Lc 14,26-17). Ele ocupa o
primeiro lugar na vida do seguidor. Diz Santo Agostinho: Respondamos ao pai e à
mãe: Eu vos amo em Cristo, não no lugar de Cristo.O seguimento precede
inclusive ao amor pela própria vida. Seguir Jesus, ao fim e ao cabo, implica
abraçar a cruz. Sem cruz não há discípulo.
O chamamento
evangélico exorta à prudência, quer dizer, à virtude que dirige a atuação
adequada. Quem quer construir uma torre deve calcular se a poderá terminar. O
rei que tem que combater decide se vai à guerra ou pede a paz depois de
considerar o número de soldados de que dispõe. Quem quer ser discípulo do
Senhor tem que renunciar a todos os seus bens. A renúncia será a melhor aposta!
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm
Reflexão Lucas 14,25-33 (Mt 10,37-38)
* O evangelho de hoje fala sobre o
discipulado e apresenta as condições para alguém poder ser discípulo ou
discípula de Jesus. Jesus está a caminho de Jerusalém, onde vai ser preso e
morto na Cruz. Este é o contexto em que Lucas coloca as palavras de Jesus sobre
o discipulado.
* Lucas 14,25: Exemplo de catequese
O evangelho de hoje é um exemplo bonito de
como Lucas transforma as palavras de Jesus em catequese para o povo das
comunidades. Ele diz: “Grandes multidões acompanhavam Jesus. Voltando-se, ele disse”.
Jesus fala para as grandes multidões, isto é, fala para todos, inclusive para o
povo das comunidades do tempo de Lucas e inclusive para nós hoje. No
ensinamento que segue, ele coloca as condições para alguém poder ser discípulo
de Jesus.
* Lucas 14,25-26: Primeira condição: odiar pai e mãe
Alguns diminuem a força da palavra odiar e
traduzem “dar preferência a Jesus acima dos pais”. O texto original usa a
expressão “odiar os pais”. Em outro lugar Jesus manda amar e honrar os pais (Lc
18,20). Como explicar esta contradição? Será que é uma contradição? No tempo de
Jesus a situação social e econômica levava as famílias a se fechar sobre si
mesmas e as impedia de cumprir a lei do resgate (goel), isto é, de socorrer os
irmãos e as irmãos da comunidade (clã) que estavam ameaçados de perder sua
terra ou de cair na escravidão (cf. Dt 15,1-18; Lev 25,23-43). Fechadas sobre
si mesmas, as famílias enfraqueciam a vida em comunidade. Jesus quer refazer a
vida em comunidade. Por isso pede que se rompa a visão estreita da pequena
família que se fecha sobre si mesma e pede para que as famílias se abram e se
unam entre si na grande família, na comunidade. Este é o sentido de odiar pai e
mãe, mulher filhos, irmãos e irmãs. Jesus mesmo, quando os parentes da sua pequena
família queiram leva-lo da volta para Nazaré, não atendeu ao pedido deles.
Ignorou ou odiou o pedido deles e alargou a família, dizendo: “Meu irmão, minha
irmã, minha mãe é todos aquele que faz a vontade do Pai” (Mc 3,20-21.31-35). Os
vínculos familiares não podem impedir a formação da Comunidade. Esta é a
primeira condição.
* Lucas 14,27: Segunda condição: carregar a cruz
“Quem não carrega sua cruz e não caminha
atrás de mim, não pode ser meu discípulo”. Para entender bem o alcance desta
segunda exigência devemos olhar o contexto em que Lucas coloca esta palavra de
Jesus. Jesus está indo para Jerusalém onde será crucificado e morto. Seguir
Jesus e carregar a cruz atrás dele significa ir com ele até Jerusalém para ser
crucificado com ele. Isto evoca a atitude das mulheres que “haviam seguido a
Jesus e servido a ele, desde quando ele estava na Galiléia. Muitas outras
mulheres estavam aí, pois tinham subido com Jesus a Jerusalém” (Mc 15,41).
Evoca também a frase de Paulo na carta aos Gálatas: “Quanto a mim, que eu não
me glorie, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, por meio do qual o
mundo foi crucificado para mim, e eu para o mundo. Crucificado para o mundo”
(Gl 6,14)
* Lucas 14,28-32: Duas parábolas
As duas têm o mesmo objetivo: levar as
pessoas a pensar bem antes de tomar uma decisão. Na primeira parábola ele diz:
“Se alguém de vocês quer construir uma torre, será que não vai primeiro
sentar-se e calcular os gastos, para ver se tem o suficiente para terminar?
Caso contrário, lançará o alicerce e não será capaz de acabar. E todos os que
virem isso, começarão a caçoar, dizendo: Esse homem começou a construir e não
foi capaz de acabar!” Esta parábola não precisa de explicação. Ela fala por si:
que cada um reflita bem sobre a sua maneira de seguir Jesus e se pergunte se
calculou bem as condições antes de tomar a decisão de ser discípulo de Jesus.
A segunda parábola: “Se um rei pretende sair
para guerrear contra outro, será que não vai sentar-se primeiro e examinar bem,
se com dez mil homens poderá enfrentar o outro que marcha contra ele com vinte
mil? Se ele vê que não pode, envia mensageiros para negociar as condições de
paz, enquanto o outro rei ainda está longe”. Esta parábola tem o mesmo objetivo
que a precedente. Alguns perguntam: “Como é que Jesus foi usar um exemplo de
guerra?” A pergunta é pertinente para nós que conhecemos as guerras de hoje. Só
a segunda guerra mundial (1939 a 1945) causou a morte de 54 milhões de pessoas!
Naquele tempo, porém, as guerras eram como a concorrência comercial entre as
empresas de hoje que lutam entre si para ter mais lucro.
* Lucas 14,33: Conclusão para o discipulado
A conclusão é
uma só: ser cristão, seguir Jesus, é coisa séria. Hoje, para muita gente, ser
cristão não é opção pessoal nem decisão de vida, mas um simples fenômeno
cultural. Não lhes passa pela cabeça de fazer uma opção. Quem nasce brasileiro
é brasileiro. Quem nasce japonês é japonês. Não precisa optar. Já nasce assim e
vai morrer assim. Muita gente é cristão porque nasceu assim e morre assim, sem
nunca ter tido a idéia de optar e de assumir o que já é por nascimento.
Para um confronto pessoal
1) Ser cristão é
coisa séria. Devo calcular bem minha maneira de seguir Jesus. Como isto
acontece na minha vida?
2) “Odiar os
pais”; Comunidade ou família! Como você combina as duas coisas? Consegue unir
as duas em harmonia?
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