sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Sábado XXVI do Tempo Comum



Evangelho (Lc 10,17-24): Naquele tempo, os setenta e dois voltaram alegres, dizendo: «Senhor, até os demônios nos obedecem por causa do teu nome». Jesus respondeu: «Eu vi Satanás cair do céu, como um relâmpago. Eu vos dei o poder de pisar em cobras e escorpiões, e sobre toda a força do inimigo. Nada vos poderá fazer mal. Contudo, não vos alegreis porque os espíritos se submetem a vós. Antes, ficai alegres porque vossos nomes estão escritos nos céus. Naquele mesma hora, Ele exultou no Espírito Santo e disse: «Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, assim foi do teu agrado. Tudo me foi entregue por meu Pai, e ninguém conhece o Filho, a não ser o Pai; e ninguém conhece o Pai, a não ser o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar. E voltando—se para os discípulos em particular, disse-lhes: «Felizes os olhos que vêem o que vós estais vendo! Pois eu vos digo: muitos profetas e reis quiseram ver o que vós estais vendo, e não viram; quiseram ouvir o que estais ouvindo, e não ouviram».

Comentário: Rev. D. Josep VALL i Mundó (Barcelona, Espanha)

Ele exultou no Espírito Santo e disse: Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra

   Hoje, o evangelista Lucas nos narra o fato que dá lugar ao agradecimento de Jesus para com seu Pai pelos benefícios que tem outorgado à Humanidade. Agradece a revelação concedida aos humildes de coração, aos pequenos no Reino. Jesus mostra sua alegria ao ver que estes admitem, entendem e praticam o que Deus dá a conhecer por meio Dele. Em outras ocasiões, no seu diálogo íntimo com o Pai, também lhe agradecerá porque sempre o escuta. Elogia ao samaritano leproso que, uma vez curado de sua doença -junto com outros nove- retorna ele só, onde está Jesus para lhe agradecer o benefício recebido.
   Escreve Santo Agostinho: «Podemos levar algo melhor no coração, pronunciá-lo com a boca, escrevê-lo com uma pena, que estas palavras: Graças a Deus. Não há nada que se possa dizer com maior brevidade, nem escutar com maior alegria, nem sentir-se com maior elevação, nem fazer com maior utilidade». Assim devemos agir sempre com Deus e com o próximo, inclusive pelos dons que desconhecemos, como escreveu São Josemaria Escrivá. Gratidão para com os pais, os amigos, os professores, os companheiros. Para com todos os que nos ajudem, nos estimulem, nos sirvam. Gratidão também, como é lógico, com nossa Mãe, a Igreja.
   A gratidão não é uma virtude muito usada ou freqüente, no entanto, é uma das que se experimentam com maior beneplácito. Devemos reconhecer que, às vezes, não é fácil vive-la. Santa Teresa afirmava: «Tenho uma condição tão agradecida que me subornariam com uma sardinha». Os santos têm agido sempre assim. E o têm feito de três maneiras diferentes, como indicava Santo Tomás de Aquino: primeiro, com o reconhecimento interior dos benefícios recebidos; segundo, louvando externamente a Deus com a palavra; e, terceiro, procurando recompensar ao bem feitor com obras, segundo as próprias possibilidades.

PREPARANDO-NOS PARA A FESTA DE SANTA TERESA DE JESUS

Queridos irmãos no Carmelo.
Preparando-nos para a festa de Santa Teresa de Jesus, nossa irmã e patrona da Ordem Terceira, propomos um pequeno curso sobre a Oração.  Durante estes dez dias que antecedem à festa, vamos nos aprofundar naquilo que é a nossa missão principal na Igreja, conforme definiu o Papa Bento XVI: “Os carmelitas são pessoas que rezam e ensinam a rezar”.

PRIMEIRO DIA - A ESCOLA DE ORAÇÃO DE S. TERESA

1. DOUTORA DA IGREJA
     Ao ser declarada Doutora da Igreja, Santa Teresa de Jesus foi apresentada como “mestra de oração para o homem de hoje”. Escola de Oração permanente, deixada através dos seus livros, onde se nos apresenta como mulher de oração, modelo de vida contemplativa e com uma singular experiência do mistério de Deus e da Igreja. 

  2. GRUPO DE ORAÇÃO TERESIANA 
      Ainda que muito jovem, por ocasião de uma grave enfermidade, Teresa fez uma profunda experiência de oração. Uma experiência para a qual contribuíram “livros de orações” que lhe ensinaram o que nem os confessores nem diretores espirituais haviam feito. Esses livros treinaram-na no que ela chamou de “oração de recolhimento”: valorizando o silêncio, interiorizando a Palavra de Deus...
    Depois de uma experiência tão gratificante, Teresa tornou-se missionária e catequista de oração: começou por ensiná-la ao seu próprio pai, já de idade avançada e que fez rápidos progressos; a ele, Teresa ofereceu-lhe bibliografia sobre o tema e nesta cruzada, entusiasmou um numeroso (umas quarenta!) grupo de religiosas do Convento da Encarnação. Por fim, formou uma espécie de “grupo de oração” com cerca de meia dezena de pessoas amigas, homens e mulheres (não religiosos). Com eles dialoga, em muitas páginas do seu primeiro livro: a sua autobiografia. 

  3. A SUA VERDADEIRA ESCOLA DE ORAÇÃO 
       Não se contentando com este pequeno grupo de amigos que se reuniam para orar, ao fundar o Carmelo de São José, Teresa concebeu-o e organizou-o como “comunidade orante”, levando “vida contemplativa” na condição de que tanto a oração como a vida contemplativa, fossem uma forma de apostolado pela Igreja e pelos irmãos... Antes de mais nada, a comunidade teria de aprender a orar. A orar em silêncio e em grupo, quer na solidão da cela, quer em comunidade, quando reunidas no coro da Capela.
     No entanto, Teresa sabia que esta “prática da oração” deveria estar acompanhada de uma “escola de oração”: aprendizagem, falar sobre o tema, partilhar momentos de oração; sempre com a orientação da irmã superiora, verdadeira dinamizadora da oração. Tudo isto tendo por base um simples esquema: orar é viver e cultivar a amizade com Deus; e, para isso, praticar a verdadeira amizade com os irmãos... 

 4. O “CAMINHO DA PERFEIÇÃO” 
      Para esta escola de orantes, Teresa escreve um “manual de aprendizagem”: o “Caminho da Perfeição”, um livro que é um diálogo aberto com os elementos do grupo. Nele procura transmitir-lhes o fundamental:
• Orar é por si só um serviço à Igreja...
• Que a oração compromete a vida: não há oração sem uma vida virtuosa (especialmente no amor, na pobreza de espírito e na humildade).
• Que o “Pai Nosso” é a nossa melhor oração, por isso, é importante que a interiorizemos.
• Que a dinâmica de desenvolvimento da oração passa, basicamente, pelas seguintes fases: oração vocal, oração mental, recolhimento silencioso e contemplação (olhar, na fé, todas as coisas, pessoas, acontecimentos...)
• Que o ideal será que a vida e a oração constituam uma única realidade: orar trabalhando e trabalhar orando... e o mesmo quando nos divertimos, quando servimos, quando sofremos...
   Para além de tudo, Teresa enfatiza a necessidade de que em toda a Escola de Oração, o importante é não falar de oração sem fazer oração! Por isso, ela mesma, faz orações espontâneas, enquanto vai escrevendo. Nessas orações, o leitor aprenderá a orar com ela... Entrará em sintonia orante com ela. Desta escola de Teresa, surgiu a “Escola Teresiana de Oração”, da qual iremos apresentar as "teses" e ensinamentos em temas seguintes.

Oração: Ó Deus, só vós sois Santo e sem vós ninguém pode ser bom. Manifestastes vossa santidade na vida e no testemunho de vossa serva Teresa. Por sua intercessão, vos pedimos, dai-nos o vosso Espírito para que, no meio dos trabalhos e lutas de cada dia, busquemos sempre cumprir vossa vontade. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

DEIXE AQUI SEU SUA SUGESTÃO