PREPARANDO-NOS PARA A FESTA DE SANTA TERESA DE JESUS
QUARTO DIA: ORAMOS PORQUE JESUS OROU (II)
Jesus
nasce no seio de um povo que podia rezar e que expressava na oração a sua fé, a
sua vida, a sua alma. Do coração orante deste povo brotaram os textos de oração
mais belos que surgiram na história: «Os salmos». É na oração que o povo Judeu
expressou as verdades que animavam a sua vida, convertendo-se em verdadeira
catequese. Jesus frequentou o templo, ao qual chama casa de oração (Mt 21, 13).
Na sinagoga, participou na liturgia, como o recordam muitas passagens do
Evangelho (Lc 4, 14-18; Mt 9, 35; Mc 1,21). Celebrou as grandes festas
assinaladas no calendário (Jo 2,13; 5,1; 12,1 ... etc). Em muitas destas
ocasiões, Jesus rezaria com os salmos, que tanto lhe serviram na sua oração ao
Pai. A sua caminhada de piedoso Judeu seria profundamente marcada por momentos
de oração. A recitação das orações de benção que antecediam as refeições (Mt 14,
19; 15,36). A piedosa recitação do «Shemá», que todo o Judeu varão devia fazer
antes de se expor ao sol, encheria de gozo o seu coração. Unir-se-ia a todos os
pobres do seu povo que, cheios de esperança recitavam a «Tefilá», oração da
tarde composta de louvores e ações de graças.
2. JESUS
ENVIADO DO PAI
Jesus,
ainda que vivendo e emergindo da tradição Judia, mostra a singularidade do seu
ser na nova dimensão que é capaz de dar às vivências do seu povo. Jesus superou
a limitação do «lugar» da oração libertando-a de um espaço determinado, porque
o mais importante é orar em espírito e verdade. Demarca-se do modo de orar
farisaico, repleto de aparências. Oravam para serem vistos (Mt 6,5). O lugar,
favorito da oração de Jesus era a solidão, o recanto secreto, o monte (Mt 14,
23; 6,5; Mc 1, 35; Lc 5, 16; 6,2; 9, 18; 22, 39). É significativo que os
evangelhos destaquem a oração de Jesus nestes lugares distintos do culto Judeu.
Jesus recupera e redimensionou a oração dos grandes orantes que passaram pelo
deserto: Moisés, Elias, João Baptista. Não se contenta com o piedoso costume de
orar três vezes ao dia. Passo muitas horas orando, sobretudo durante a noite
(Mc 6,48). Situação que torna compreensível que se desligando de uma tradição
escrupulosa limitada a determinados momentos, convide a um constante espírito
de oração: é necessário orar «sempre», «sem cessar», «em todo o tempo» e «dia e
noite» (Lc 18, 1.7; Hch 1,14; Rom 1,9; Ef 1,16; 5,20; Fil 1,3). Esta conduta
orante de Jesus encontra a sua última explicação na singularidade da
consciência de Deus, as qual sempre chama de Pai. Não é mais um atributo de
Jesus, não tem conotações biológicas com significados especificamente
masculinos, nem psicológicas que denotem princípios de autoridade. Na oração e
conduta de Jesus se expressa a absoluta proximidade de Deus, que é Pai de
todos, preferencialmente do homem «pecador». Em Jesus, a fé Israelita abre a
porta ao Deus que se encontra nas suas entranhas para se comunicar
definitivamente ao homem. Jesus convida-nos a entrar nesta nova relação com
Deus. Os evangelhos relatam-nos como Jesus ensinou os seus discípulos a orar
com o coração do «Pai – Nosso» (Mt 6,9 – 13; Lc 1,2-4) e recorram ao conteúdo
da sua oração em momentos singulares: ação de graças ao Pai (Mt 11, 25 – 27) e a
oração sacerdotal (Jo 17).
3. A
PROFUNDIDADE DO SER ORANTE DE JESUS
Como
enviado do Pai, Jesus chegou à dimensão mais profunda da oração que é possível
alcançar pelo ser humano. Na oração, Jesus tomou consciência clara da sua
missão e do destino da humanidade à qual veio trazer a salvação. O evangelista
S. João recolheu esta experiência num precioso texto que se encontra no
capítulo 17. Jesus, verdadeiro homem, revela-nos a totalidade da comunicação
com Deus, desvendando assim a glória do ser humano à qual, desde sempre, foi
chamado. O mistério divino germinou na história humana vivida plenamente pelo
homem que ora, convertendo-se em morada da Trindade (Jo 17, 26).
4. PAUTAS
PARA A ORAÇÃO PESSOAL DURANTE A SEMANA
1.
Jesus ensinou-nos a orar: dirigindo-nos a um Deus – Pai (Lc 11,2); a
partir da própria interioridade (Mt 6,2); sem ser demasiado faladores (Mt 6,9);
cheios de fé e confiança (Mt 21,21); em atitude humilde (Lc 18,19); com
insistência (Lc 11,5); unidos aos irmãos (Mt 18,19); adequando a fé e as obras
(Mt 7,21); seguros da bondade do Pai (Mt 6,7); Procurando o melhor para cada um
de nós (Lc 12,29); perdoando (Mt 11,25); sem esquecer os nossos inimigos (Mt
5,43); orando em seu nome e unidos a Ele (Jo 14,12; 15,1) – Revê hoje a tua
oração à luz da de Jesus.
2. Jesus ora quando está alegre, feliz e contente:
lê o texto de Lc 10,21. Jesus faz se notário do Pai e publica os nomes dos
que serão os herdeiros do seu Reino: os pobres, os simples... Não é nada fácil
conseguir compreender isto; é pura graça de Deus. Jesus dá graças, não pela
desgraça, dos sábios, mas porque as coisas de Deus serão patrimônio da gente
simples. Como andamos relativamente à simplicidade e à humildade?
3.
Jesus ora, chorando, diante do túmulo de Lázaro: «Obrigado Pai, por
me teres escutado...» (Jo 11,42). Neste
caso, a oração do Senhor serve: a) para demonstrar a sua condição de enviado;
b) Mas também para demonstrar o valor que, para Deus, tem a vida em si mesma,
enquanto corpo e numa dimensão terrena.
Voltemos
a reler o texto indicado acima. Façamos nossos os sentimentos, de Jesus perante
a dor humana ... perante a morte de um amigo e a sua prece ao Pai em favor
dele.
Colocamos
na nossa oração a dor do nosso pequeno mundo?
Esta
passagem evangélica suscita inúmeras reflexões. Detenhamos neste texto, não só
hoje, mas inúmeras vezes ao longo da vida. Podemos meditar na necessidade de
orar para não cair ... No terrível que foi a sua angustia, tristeza e tédio.
Pensemos, por exemplo, na sua profunda solidão. Solidão que lhe vem de ser o
Profeta por antonomásia e todo o profeta
será sempre um homem incompreendido. Será sempre um orante da oração
comprometida, isto é, um diálogo que não termina nas palavras mas no
compromisso da própria vida. Silêncio!... Deixemo-nos assombrar perante tanta
capacidade de compromisso!
5. Jesus ora
... perdoando aos seus inimigos:
«Pai,
perdoa-lhes porque não sabem o que fazem...» (Lc 23,34). Talvez tenhamos ficado
com ira nos olhos perante o desejo de vingar alguma injustiça. Quem sabe, não
ficaram lacrimejando, ao olhar uma mãe, esposa, filho que ultrapassam a sua dor
e perdoam o assassino dos seus. Se assim é, estaremos em condições para
compreender melhor esta cena; no entanto, não será fácil compreendê-la na
totalidade.
Recordemos
a nossa história de oração. Quantas vezes temos rezado pelos nossos inimigos,
por aqueles com quem não simpatizamos tento, ou até mesmo por aqueles que não
procuram o nosso bem?
Pelo
menos hoje, põe em prática, realiza na tua vida o texto evangélico de LC 6,27.
6. O
Pai-Nosso. S. Lucas faz o seu comentário: «E sucedeu que estando ele orando
em certo lugar, quando terminou,
disse-lhe um dos seus discípulos: Senhor, ensina-nos a orar. Ele disse-lhes:
Orai assim» (Lc 11,1). E ofereceu-lhes a lição oração do Pai-Nosso!
Na oração
de hoje, analisemos esta oração, prece por prece. Não esqueçamos a invocação
inicial nem o «Amem» final. Pronunciemos pensadamente cada uma das suas
palavras. Imaginemos que estamos a ouvi-las da boca do próprio Cristo.
Façamo-las nossas, como se estivéssemos a inventá-las neste momento.
Procuremos
chegar a algum compromisso.
Oração: Senhor,
nosso Deus, concedeis à vossa família, reunida em vosso nome, cantar
eternamente as vossas misericórdias ao aproximar-se do sacramento da
Reconciliação, assim como nos ensinou vossa serva Teresa de Jesus. Por Nosso
Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
LEIA, ABAIXO A LECTIO DIVINA DA TERÇA-FEIRA DA XXVII SEMANA DO TEMPO COMUM.
LEIA, ABAIXO A LECTIO DIVINA DA TERÇA-FEIRA DA XXVII SEMANA DO TEMPO COMUM.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
DEIXE AQUI SEU SUA SUGESTÃO