quinta-feira, 26 de julho de 2012


27 de julho
70 anos do martírio do
BEATO TITO BRANDSMA, (1881-1942)  
presbítero e mártir da nossa Ordem.
Memória

Comum de um martir, exceto:
Oração: Senhor Deus, fonte e origem da vida, que fortalecestes o bem-aventurado Tito com a força do vosso Espírito, para que na crueldade da perseguição e do martírio proclamasse a liberdade da Igreja e a dignidade do homem, concedei-nos, por sua intercessão, que não nos envergonhemos do Evangelho, ao construirmos o vosso reino de justiça e de paz, mas saibamos descobrir em cada acontecimento da vida a vossa presença misericordiosa. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 Vinha a enfermeira matá-lo, com uma injeção de ácido fênico, e Tito Brandsma estende-lhe como presente a única coisa que possuía, o terço, dizendo: - “Use-o para rezar”. – “Não me serve para nada; não sei rezar”. – responde a enfermeira. E o bem-aventurado Tito retorquiu: - “Experimente rezá-lo: reze pelos pecadores”.
Mais tarde, a enfermeira, uma vez convertida ao cristianismo, que conserva como preciosa relíquia o terço do sacerdote que ela própria matou, afirmava ao recordar o seu último olhar: - “Parecia-me que ele é que estava com pena de mim.”
Este homem de um sorriso e simpatia perenes, desde criança até ao fim dos seus dias, por entre os horrores do Campo de Concentração de Dachau, ainda desculpava os carrascos, repetindo muitas vezes: - “Também eles são filhos de Nosso Senhor”. Não que fosse pessoa sem energia interior ou homem sem convicções profundas.
Nascido em Bolsward, Holanda, a 23 de Fevereiro de 1881, pediu aos dezasseis anos que o aceitasse na Ordem de Nossa Senhora do Carmo. Ordenado em 1905, depois de haver feito os estudos na sua terra, parte para Roma onde se doutorou. De regresso à Holanda, trabalha nas áreas da liturgia, da evangelização, da caridade.
Escreve, sem descanso, em revistas e jornais, publica livros e faz conferências, sempre para anunciar Jesus Cristo de quem é representante.
É cofundador da Universidade Católica de Numega, num país maioritariamente protestante, onde será professor e reitor. Institui a União das Escolas Católicas e consegue que o Parlamento aprove a lei para subsidiar o ensino católico. No final da década de vinte, é certamente a pessoa mais popular na Holanda.
Quando o nazismo se espalha nos Países Baixos, não cessa de criticar tal mentalidade, apontando as razões pelas quais os católicos não podem apoiar tal ideologia.
Em 1935, porque ele anima os jornalistas independentes, sempre a procurarem o seu conselho e apoio, é escolhido para seu assistente religioso.
Em 1940, invadida a Holanda pelas tropas de Hitler, estas procuram dirigir o ensino e a comunicação social. O beato Tito opõe-se-lhes frontalmente, como impugna a perseguição aos judeus, sobretudo às suas crianças. Como outros jornalistas lhe seguem no encalço, começa a caça a estes homens com a respectiva prisão.
Os bispos holandeses criticam. O resultado foi a perseguição aos católicos mais em evidência. Tito Brandsma foi também preso, a 19 de Janeiro de 1942. Anda de cadeia em cadeia, sofrendo inúmeros tormentos: espancam-no, batem-lhe com uma tábua e com paus. E ele responde compondo meditações para a via-sacra. Auxilia os outros prisioneiros a quem pretende incutir ânimo e valentia, rezando com eles e celebrando, às escondidas, a divina Eucaristia.
A 16 de Maio de 1942, levam-no para Dachau. Aí ateus e fiéis de outras religiões acolhem-se sob o seu sorriso afável e meigo, ouvindo palavras de esperança e de conforto. Pensa-se que foi usado como cobaia para testar experiências químicas.
Até ao fim manteve o seu sorriso característico e o rosto cheio de bondade, por entre ódios e gritos de vingança. Quando o veneno mortal martirizou o seu corpo, era o dia 28 de Julho de 1942

Dos seus escritos:

"Olhar o mundo com Deus no fundo".

“Em tudo Deus atua para o bem daqueles que o amam”  

“Na minha condição de Irmão da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo, desejo conduzir à terra do Carmelo todos os que, tal como eu, amam e prestam culto a Maria como sua querida Mãe, para que, da mão da Mãe e Esplendor do Carmelo, cheguem à mais íntima união com Deus, visto que esta união constituiu a finalidade da vida contemplativa no Carmelo: Introduzi-vos na terra do Carmelo para que comais os melhores dos seus frutos

“...Deus não nos chama a fazer coisas grandiosas, mas, sim, fazer grandiosamente as coisas comuns do dia a dia”

"A nossa missão como Carmelitas é 'gerar Deus' nas almas dos nossos irmãos"

“O neo-paganismo [do nazismo] pode repudiar o amor ; a História ensina-nos que, apesar de tudo, venceremos esse neo-paganismo através do amor. Nós não abandonaremos o amor. O amor far-nos-á reconquistar os corações desses pagãos. A natureza é mais forte do que a filosofia. Ainda que uma filosofia condene e rejeite o amor e o apelide de fraqueza, o testemunho vivo do amor renovará sempre o seu poder para conquistar e cativar os corações dos homens”.

"...É o AMOR que nos traz de volta a Vitória e sanará nossos corações e o coração de todos que ainda não crêem no AMOR. A naturalidade das coisas é superior à teoria... Deixai que tal teoria condene e menospreze o AMOR, chamando-o de fraqueza; porém, a prática da vida e o desenrolar dos acontecimentos fará novamente do AMOR uma força de Vitória. É este mesmo AMOR que manterá unidos os corações de todos os homens."

“Para Deus o coração de Maria permaneceu sempre aberto. Nela devemos aprender a expulsar do nosso coração tudo o que não pertence ao Senhor, e que para Ele o nosso coração esteja sempre aberto para se encher da graça divina. Então Jesus descerá no nosso peito, crescerá e renascerá em nós e encher-nos-á de graças. Devemos viver uma vida divina não buscando outra glória e outra salvação que não a união com Deus”.

«SERÁ QUE TAMBÉM VÓS FICASTES SEDUZIDOS?» - Vivemos num mundo em que o próprio amor está condenado: chamam-lhe fraqueza, algo a superar. Há quem diga: «O amor não tem importância, o que temos de desenvolver é a força; que todos se tornem tão fortes quanto possível; e que o fraco pereça!» Dizem ainda que a religião cristão, com os seus sermões sobre o amor, é uma coisa do passado. [...] Passa-se deste modo: eles dirigem-se a nós com essas doutrinas e até encontram pessoas que as adotam com muito gosto. O amor é desconhecido: «O Amor não é amado» dizia São Francisco de Assis; e, séculos mais tarde em Florença, Santa Maria Madalena de Pazzi fazia soar os sinos do seu carmelo para que o mundo soubesse como o Amor é belo! Também eu gostaria de fazer soar os sinos para dizer ao mundo como é belo amar!”

“Ó Jesus, quando te contemplo,
Eu redescubro, a sós contigo,
Que te amo e que teu coração
Me ama como a um dileto amigo.
Ainda que a descoberta exija
Coragem, faz-me bem a dor:
Por ela me assemelho a ti
Que ela é o caminho redentor.
Na minha dor me rejubilo:
Já não a julgo sofrimento,
Mas sim predestinada escolha
Que me une a ti neste momento.
Deixa-me, pois, nessa quietude,
Malgrado o frio que me alcança.
Presença humana não permitas,
Que a solidão já não me cansa,
Pois de mim sinto-te tão próximo
Como jamais antes senti.
Doce Jesus, fica comigo,

Que tudo é bom junto de ti”.

Oração feita diante da imagem de Cristo na prisão(Esta oração foi escrita por Frei Tito, na passagem do dia 12 para 13 de fevereiro de 1942, na prisão de Scheveningen)

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