SOLENIDADE DE SÃO PEDRO E SÃO
PAULO
DOM HENRIQUE SOARES DA COSTA
“Eis os santos que, vivendo neste
mundo, plantaram a Igreja, regando-a com seu sangue. Beberam do cálice do
Senhor e se tornaram amigos de Deus”. – Estas palavras que o missal propõe como
antífona de entrada desta solenidade, resumem admiravelmente o significado de
São Pedro e são Paulo. A Igreja chama a ambos de “corifeus”, isto é líderes,
chefes, colunas. E eles o são.
Primeiramente, porque são
apóstolos. Isto é, são testemunhas do Cristo morto e ressuscitado. Sua pregação
plantou a Igreja, que vive do testemunho que eles deram. Pedro, discípulo da
primeira hora, seguiu Jesus nos dias de sua pregação, recebeu do Senhor o nome
de Pedra e foi colocado à frente do colégio dos Doze e de todos os discípulos
de Cristo. Generoso e ao mesmo tempo frágil, chegou a negar o Mestre e, após a
ressurreição, teve confirmada a missão de apascentar o rebanho de Cristo.
Pregou o Evangelho e deu seu último testemunho em Roma, onde foi crucificado
sob o Imperador Nero. Paulo não conhecera Jesus segundo a carne. Foi
perseguidor ferrenho dos cristãos, até ser alcançado pelo Senhor ressuscitado
na estrada de Damasco. Jesus o fez se apóstolo. Pregou o Evangelho
incansavelmente pelas principais cidades do Império Romano e fundou inúmeras
igrejas. Combateu ardentemente pela fidelidade à novidade cristã, separando a
Igreja da Sinagoga. Por fim, foi preso e decapitado em Roma, sob o Imperador
Nero.
O que nos encanta nestes gigantes
da fé não é somente o fruto de sua obra, tão fecunda. Encanta-nos igualmente a
fidelidade à missão. As palavras de Paulo servem também para Pedro: “Combati o
bom combate, completei a corrida, guardei a fé”. Ambos foram perseverantes e
generosos na missão que o Senhor lhes confiara: entre provações e lágrimas,
eles fielmente plantaram a Igreja de Cristo, como pastores solícitos pelo
rebanho, buscando não o próprio interesse, mas o de Jesus Cristo. Não largaram
o arado, não olharam para trás, não desanimaram no caminho… Ambos
experimentaram também, dia após dia, a presença e o socorro do Senhor. Paulo,
como Pedro, pôde dizer: “Agora sei, de fato, que o Senhor enviou o seu anjo
para me libertar…”
Ambos viveram profundamente o que
pregaram: pregaram o Cristo com a palavra e a vida, tudo dando por Cristo.
Pedro disse com acerto: “Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que te amo”; Paulo
exclamou com verdade: “Para mim, viver é Cristo. Minha vida presente na carne,
eu a vivo na fé do Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim”. Dois
homens, um amor apaixonado: Jesus Cristo! Duas vidas, um só ideal: anunciar
Jesus Cristo! Em Jesus eles apostaram tudo; por Jesus, gastaram a própria vida;
da loucura da cruz e da esperança da ressurreição de Jesus, eles fizeram seu
tesouro e seu critério de vida.
Finalmente, ambos derramaram o
Sangue pelo Senhor: “Beberam do cálice do Senhor e se tornaram amigos de Deus”.
Eis a maior de todas a honras e de todas as glórias de Pedro e de Paulo:
beberam o cálice do Senhor, participando dos seus sofrimentos, unido a ele suas
vidas até o martírio em Roma, para serem herdeiros de sua glória. Eis por que
eles são modelo para todos os cristãos; eis por que celebramos hoje, com alegria
e solenidade o seu glorioso martírio junto ao altar de Deus! Que eles
intercedam por nós na glória de Cristo, para que sejamos fiéis como eles foram.
Hoje também, nossos olhos e
corações voltam-se para a Igreja de Roma, aquela que foi regada com o sangue
dos bem-aventurados Pedro e Paulo, aquela, que guarda seus túmulos, aquela, que
é e será sempre a Igreja de Pedro. Alguns loucos, dizem, deturpando totalmente
a Escritura, que ela é a Grande Prostituta, a Babilônia. Nós sabemos que ela é
a Esposa do Cordeiro, imagem da Jerusalém celeste. Conhecemos e veneramos o
ministério que o Senhor Jesus confiou a Pedro e seus sucessores em benefício de
toda a Igreja: ser o pastor de todo o rebanho de Cristo e a primeira testemunha
da verdadeira fé naquele que é o “Cristo, Filho do Deus vivo”. Sabemos com
certeza de fé que a missão de Pedro perdura nos seus sucessores em Roma. Hoje,
a missão de Pedro é exercida por Bento XVI. Ao Santo Padre, nossa adesão
filial, por fidelidade a Jesus, que o constituiu pastor do rebanho. Não
esqueçamos: o Papa será sempre, para nós, o referencial seguro da comunhão na
verdadeira fé apostólica e na unidade da Igreja de Cristo. Quando surgem, como
ervas daninhas, tantas e tantas seitas cristãs e pseudo-cristãs, nossa comunhão
com Pedro é garantia de permanência seguríssima na verdadeira fé. Quando o
mundo já não mais se constrói nem se regula pelos critérios do Evangelho, a
palavra segura de Pedro é, para nós, uma referência segura daquilo que é ou não
é conforme o Evangelho.
Rezemos, hoje, pelo nosso Santo
Padre, Bento. Que Deus lhe conceda saúde de alma e de corpo, firmeza na fé,
constância na caridade e uma esperança invencível. E a nós, o Senhor, por
misericórdia, conceda permanecer fiéis até a morte na profissão da fé católica,
a fé de Pedro e de Paulo, pala qual, em nome de Jesus, “Cristo Filho do Deus
vivo”, os Santos Apóstolos derramaram o próprio sangue.
Ao Senhor, que é admirável nos
seus santos e nos dá a força para o martírio, a glória pelos séculos dos
séculos. Amém.
SOLENIDADE DOS APÓSTOLOS PEDRO E
PAULO
Frei Patrício Sciadini,
ocd
Hoje a Igreja celebra a
solenidade de dois gigantes que souberam, embora com caráter diferente,
anunciar o Evangelho e levar o nome de Jesus a todos os povos. Um deles é o
apóstolo Pedro, que foi escolhido pelo próprio Jesus para que fosse seu
representante, para que estivesse à frente da comunidade e fortalecesse os
irmãos na fé. Pedro, que aprendemos a amar pelos seus gestos espontâneos, pelas
suas palavras vivas de amor, mas que, ao mesmo tempo, é tímido, medroso e
prefere o silêncio ou a fuga, desmentindo que é amigo de Jesus. Apesar de todas
essas fragilidades, Pedro se revela firme, sabe mudar de opinião quando é
preciso para que todos os povos aceitem a mensagem de salvação de Cristo. Olhando
para Pedro, também nos sentimos reanimados na nossa fé. Ao lado de Pedro, a
Igreja festeja outra coluna, que é Paulo. Corajoso e desbravador, ele percorreu
os confins mais distantes da Terra para anunciar a Palavra e iniciar novas
comunidades reunidas ao redor de Jesus.
É maravilhoso poder contemplar as
viagens de Paulo, ler as suas cartas, perceber sua presença como fermento de
vida nova. Nunca amei tanto o Papa como hoje, quando vejo levantar-se contra
ele e, portanto, contra mim e meus irmãos, uma nuvem espessa de insultos,
calúnias e injustiças. A Igreja, a imitação de Jesus Cristo, não tem medo das
ventanias e tempestades. Ela sabe que quando a barca está afundando pode
gritar: "Salva-nos, Senhor!" E Cristo, o santo timoneiro, nos
estenderá a sua mão para nos salvar. Que neste dia possamos não apenas rezar
pelo Papa, mas também nos perguntar como temos recebido as suas orientações e
como as temos colocado em prática.
Agora sei que o Senhor enviou o
seu anjo
Inúmeras vezes Pedro e Paulo
fizeram a experiência da cadeia por amor a Cristo, mas sempre foram libertos.
Deus nunca abandona os seus servos. Pedro e Paulo são modelos para todos os que
querem seguir ao Senhor. É preciso que assumamos nossa cruz! Todos nós podemos
cair pelo peso dos nossos pecados, mas devemos levantar e pedir perdão!
O testamento de Paulo
Paulo, embora velho fisicamente,
é jovem no Espírito. Ele sente que o seu fim está próximo. Não tem medo da
morte; quer dar algumas recomendações ao jovem Timóteo, que, às vezes, se
desanima, tem medo e nem sempre consegue ser sinal vivo diante dos outros.
Paulo passa a sua experiência; sente-se pronto para ser derramado como perfume
agradável diante de Cristo. O missionário jamais se faz de vítima, mas sente-se
feliz quando é chamado a sofrer por Cristo. Em muitas ocasiões, Pedro sentiu-se
abandonado por aqueles que considerava ser seus amigos; Deus, porém, jamais o
abandonou! Reze por aqueles que se diziam seus amigos, mas que, quando você
decidiu ser amigo de Cristo, o deixaram sozinho. Não tenha raiva deles, ame-os!
Uma cabeça, um coração, um corpo
Ao longo dos séculos, no seio da
Igreja, surgiram muitas heresias, divisões, mas grande parte do corpo eclesial
permaneceu unida. Foram pequenas as partes que preferiram ir por outros
caminhos. Como mãe, a Igreja nunca fechou as portas para ninguém. Ao contrário
do que alguns pensam, a Igreja não pune, mas corrige. As portas sempre estarão
abertas para os que querem sentar-se à mesa com o Senhor, mas é necessário ter
unidade. A missão mais bela da Igreja é lutar para que o Evangelho seja
transmitido em sua integridade. Celebrando a festa de" hoje, nós nos
sentimos seguros porque não somos rebanho sem pastor, temos em Jesus e no Papa
Bento XVI alguém que nos conduz para as fontes de águas refrescantes.
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