sexta-feira, 11 de maio de 2012

MÊS DE MARIA
MEDITAÇÃO – 12º dia
CAPÍTULO 12 - SIMPLICAÇÃO E ESPIRITUALIZAÇÃO DA VIDA MARIANA

 A vida mariana em Maria e para Maria pode ser vivida de modo muito simples e íntimo, assim como – de modo similar – a vida divina em Deus e para Deus se exerce com simplicidade. É como se fossem unidas três realidades: a alma, Maria e Deus. Alguns místicos não conseguem entender isto. Esta fusão é fruto da atuação do Espírito de Deus. Tal foi o caso de muitos santos.
As almas que amam Maria parecem ter as seguintes experiências a respeito da vida mariana: a vida em Maria, para Maria e por Maria e, ao mesmo tempo, em Deus, para Deus e por Deus, pode ser vivida quase com a mesma simplicidade, intimidade e elevação do espírito com que é vivida em Deus. Com efeito, aos poucos se exerce esta Vida Mariana de tal modo que somente poucas imagens a respeito da pessoa de Maria permanecem no pensamento. A alma vê Maria tão unida a Deus como se Ela e Deus se fundissem e se tornassem um só objeto de contemplação e amor, na simplicidade do espírito, como nós já dissemos. Memória, entendimento e vontade ocupam-se tão tranquilamente e com tanta simplicidade e intimidade com Maria e com Deus, ao mesmo tempo, que a alma quase não percebe de que modo e como agem estas faculdades da mente. De modo vago, porém, a alma percebe que a memória se enche com uma imagem muito simples de Deus e Maria, que o entendimento contém um conhecimento despojado, claro e puro da presença de Deus e, ao mesmo tempo, de Maria em Deus e que a vontade se dedica àquele tranquilo, íntimo, doce, terno e, ao mesmo tempo, espiritual amor por Deus e por Maria em Deus e àquela amorosa adesão a Deus e a Maria em Deus. Eu disse: “Amor espiritual”. Então, o amor parece, principalmente, cintilar e agir na parte superior da alma, deixando de lado as faculdades inferiores ou sensitivas. Assim, ela tem condições melhores para uma fusão interior em Deus e em Maria e para uma união com Deus e, ao mesmo tempo, com Maria. Quando as faculdades da alma estão ocupadas de modo tão elevado e perfeito com a memória, o conhecimento e o amor de Deus e Maria, então, segue disto uma afeição tão firme e íntima de toda a alma a Deus e Maria, que ela parece, de um certo modo, unir-se por esta fusão amorosa ou fluência de amor com Deus e Maria, como se esses três se fundissem num só, Deus, Maria e a alma. Isto parece o limite que a alma pode alcançar nesta vida mariana e é o ato principal deste exercício e deste espírito de amor por Maria. E isto não é um impedimento na vida espiritual, mas, ao contrário, um apoio. A pessoa de Maria estimula e confirma aquela união da alma com Deus. Assim, Ela dá à alma amante um apoio e uma ajuda para conquistar uma vida mais sólida, constante e perfeita de contemplação, união e transformação em Deus. Provavelmente, muitos místicos e contemplativos tenham outra opinião e imaginem que esta vida mariana em Maria seja um impedimento para a união perfeita com Deus, para o repouso interior em Deus, para a vida mística, para a fruição da essência de Deus e assim por diante. Imaginam esta vida mariana “pouco concentrada”, “ativa” e “dispersiva”. Não enxergam o modo perfeitamente harmonioso e muito simples com que pode ser vivida esta vida, quer dizer, puramente no espírito e em Deus, sob a condução e atuação mística do Espírito Santo. Pode acontecer que esta contemplação de Maria e aqueles sentimentos ternos e demais atos de amor por Maria apareçam muitas vezes bem misturados com as faculdades sensitivas e suas operações. Todavia, a alma não fica por isso impedida na afeição imediata ou união com o Sumo Bem e a pura essência de Deus, quando, por dentro e espontaneamente, é movida pela atuação e condução do Espírito de Deus. Por isso mesmo fica mais facilmente atraída para Deus e continuamente cativada por Ele. Quero observar aqui que “tudo isto opera na alma um e o mesmo Espírito”, que é o operador desta vida mariana, que finalmente desabrocha na vida mística perfeita. Ninguém deve surpreender-se com isto. Pensemos nas vidas dos santos, que se destacaram na vida mística e, todavia, nos seus arroubamentos e êxtases foram movidos pelo amor mui íntimo para com nossa bondosa Mãe. Sem dúvida alguma, sabiam amar sem qualquer imperfeição e, todavia, viver inteiramente com Deus, ou melhor, movidos e conduzidos pelo Espírito de Deus, como é o caso de São Bernardo, de Santa Maria Madalena de Pazzi e inúmeros outros. Que estes místicos levem em conta isso, antes de criticar nossa vida mariana.

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