MÊS DE MARIA
MEDITAÇÃO – 12º dia
CAPÍTULO
12 - SIMPLICAÇÃO E ESPIRITUALIZAÇÃO DA VIDA MARIANA
A vida mariana em
Maria e para Maria pode ser vivida de modo muito simples e íntimo, assim como –
de modo similar – a vida divina em Deus e para Deus se exerce com simplicidade.
É como se fossem unidas três realidades: a alma, Maria e Deus. Alguns místicos
não conseguem entender isto. Esta fusão é fruto da atuação do Espírito de Deus.
Tal foi o caso de muitos santos.
As almas que amam
Maria parecem ter as seguintes experiências a respeito da vida mariana: a vida
em Maria, para Maria e por Maria e, ao mesmo tempo, em Deus, para Deus e por
Deus, pode ser vivida quase com a mesma simplicidade, intimidade e elevação do
espírito com que é vivida em Deus. Com efeito, aos poucos se exerce esta Vida
Mariana de tal modo que somente poucas imagens a respeito da pessoa de Maria
permanecem no pensamento. A alma vê Maria tão unida a Deus como se Ela e Deus
se fundissem e se tornassem um só objeto de contemplação e amor, na simplicidade
do espírito, como nós já dissemos. Memória, entendimento e vontade ocupam-se
tão tranquilamente e com tanta simplicidade e intimidade com Maria e com Deus,
ao mesmo tempo, que a alma quase não percebe de que modo e como agem estas
faculdades da mente. De modo vago, porém, a alma percebe que a memória se enche
com uma imagem muito simples de Deus e Maria, que o entendimento contém um
conhecimento despojado, claro e puro da presença de Deus e, ao mesmo tempo, de
Maria em Deus e que a vontade se dedica àquele tranquilo,
íntimo, doce, terno e, ao mesmo tempo, espiritual amor por Deus e por Maria em
Deus e àquela amorosa adesão a Deus e a Maria em Deus. Eu disse: “Amor
espiritual”. Então, o amor parece, principalmente, cintilar e agir na parte
superior da alma, deixando de lado as faculdades inferiores ou sensitivas. Assim,
ela tem condições melhores para uma fusão interior em Deus e em Maria e para
uma união com Deus e, ao mesmo tempo, com Maria. Quando as faculdades da alma
estão ocupadas de modo tão elevado e perfeito com a memória, o conhecimento e o
amor de Deus e Maria, então, segue disto uma afeição tão firme e íntima de toda
a alma a Deus e Maria, que ela parece, de um certo modo, unir-se por esta fusão
amorosa ou fluência de amor com Deus e Maria, como se esses três se fundissem
num só, Deus, Maria e a alma. Isto parece o limite que a alma pode alcançar
nesta vida mariana e é o ato principal deste exercício e deste espírito de amor
por Maria. E isto não é um impedimento na vida espiritual, mas, ao contrário,
um apoio. A pessoa de Maria estimula e confirma aquela união da alma com Deus.
Assim, Ela dá à alma amante um apoio e uma ajuda para conquistar uma vida mais
sólida, constante e perfeita de contemplação, união e transformação em Deus.
Provavelmente, muitos místicos e contemplativos tenham outra opinião e imaginem
que esta vida mariana em Maria seja um impedimento para a união perfeita com
Deus, para o repouso interior em Deus, para a vida mística, para a fruição da
essência de Deus e assim por diante. Imaginam esta vida mariana “pouco
concentrada”, “ativa” e “dispersiva”. Não enxergam o modo perfeitamente
harmonioso e muito simples com que pode ser vivida esta vida, quer dizer,
puramente no espírito e em Deus, sob a condução e atuação mística do Espírito
Santo. Pode acontecer que esta contemplação de Maria e aqueles sentimentos
ternos e demais atos de amor por Maria apareçam muitas vezes bem misturados com
as faculdades sensitivas e suas operações. Todavia, a alma não fica por isso
impedida na afeição imediata ou união com o Sumo Bem e a pura essência de Deus,
quando, por dentro e espontaneamente, é movida pela atuação e condução do
Espírito de Deus. Por isso mesmo fica mais facilmente atraída para Deus e
continuamente cativada por Ele. Quero observar aqui que “tudo isto opera na
alma um e o mesmo Espírito”, que é o operador desta vida mariana, que
finalmente desabrocha na vida mística perfeita. Ninguém deve surpreender-se com
isto. Pensemos nas vidas dos santos, que se destacaram na vida mística e, todavia,
nos seus arroubamentos e êxtases foram movidos pelo amor mui íntimo para com
nossa bondosa Mãe. Sem dúvida alguma, sabiam amar sem qualquer imperfeição e,
todavia, viver inteiramente com Deus, ou melhor, movidos e conduzidos pelo
Espírito de Deus, como é o caso de São Bernardo, de Santa Maria Madalena de
Pazzi e inúmeros outros. Que estes místicos levem em conta isso, antes de
criticar nossa vida mariana.
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