MÊS DE MARIA
MEDITAÇÃO – 9º dia
CAPÍTULO
9 - A UNIÃO SUBLIME DE MARIA COM DEUS ESCLARECE A UNIDADE ORGÂNICA DA
CONTEMPLAÇÃO MARIANA
A vida mariana
encontra sua origem na íntima união de Maria com Deus. Se tal não fosse o caso,
esta vida mariana seria imperfeita e nos separaria de Deus. Como “Mãe de Deus”,
Maria está unida a Deus de modo mais sublime que as outras criaturas.
A vida mariana
recebe toda a sua excelência, grandeza e dignidade da total união de Maria com
Deus e da sua participação superabundante nas graças divinas que lhe foram
dadas sem medida mais do que a todas as outras criaturas e de maneira inefável
e incompreensível para nós. Deus é o abismo inesgotável de todo o bem e
dando-se inteiramente a Maria, junto com Ela é amado, contemplado e saboreado,
numa contemplação, amor e íntima união. Sem esta contemplação, amor e gozo
simultâneos de Maria em Deus e de Deus em Maria, como uma realidade só, a vida
mariana seria praticada de um modo muito superficial e imperfeito.
Contemplá-la, amá-la, abraçá-la, ser levado por uma inclinação terna para com
Ela, como simples criatura e não como unida com Deus em Deus, despertaria,
necessariamente, uma certa inclinação natural ou sentimental e separaria a alma
de Deus. O objeto do amor revela a qualidade do amor. Quando o objeto é natural
e sensitivo, assim o amor; quando o objeto é sobrenatural e divino, o amor deve
corresponder. Por isso a alma que ama Maria deve cuidar de purificar, aos
poucos, o amor por Ela, amando-a com um puro amor, assim como Ela é sumamente
amável em Deus e como de fato é amada pelos santos, pelo próprio Cristo e por
Deus. Por isso, é bom saber por que nossa Amável Mãe é mais unida com Deus e
mais transfigurada pela essência divina e mais partícipe das propriedades e
perfeições de Deus do que os maiores santos e anjos. Deus a fez digna para que
Ela recebesse no seio virginal a Palavra Eterna do Pai, que nela morou nove
meses e divinizou Sua natureza, corpo e alma, penetrou-a totalmente, uniu-a
consigo e transformou-a pelo laço indissolúvel do Seu amor por Ela e,
reciprocamente, do amor de Maria por Ele. Assim, a alma piedosa pode vê-la
claramente como uma só com Deus e em Deus, como objeto da sua contemplação
amorosa, amor unitivo e gozo tranquilo. Nesse sentido, ela pode viver em Maria
e para Maria e, ao mesmo tempo, viver uma vida divina em Deus e para Deus. A
alma sente-se atraída por isso, fortemente, e estimulada, quando Deus se digna
iluminá-la com Seu raio divino. Com os olhos iluminados pela fé, ela pode ver e
reconhecer, um pouco, a sublimidade e elevação inefável, poder e autoridade com
que Deus honrou a Sua Mãe e nomeou-a Medianeira de todas as Suas graças,
dádivas divinas e misericórdias. Como Sua Mãe, investiu-a com perfeições
divinas e uniu-a tão intimamente com a Sua essência que a alma amante vê Maria,
de certo modo, como uma só coisa com Deus. Era muito conveniente, portanto, que
devesse existir uma relação mais íntima entre Mãe e filho. Por isso, a alma
piedosa não se deixa convencer que em nossa Amável Mãe somente exista uma união
simples com a essência divina como acontece com os Santos. Conforme a
iluminação interior dada por Deus, a alma acha que nossa Mãe bondosa está unida
com Deus de um modo diferente e inefável e mesmo divinizada, de tal modo que,
num certo sentido, mereça ser chamada “deusa”. Ela parece ser, pela graça, o
que Deus é por natureza. Com efeito, quando se diz dos santos: “Eu disse: Vós
sois deuses e todos filhos do Altíssimo”, tanto mais é admissível chamar nossa
Doce Mãe, verdadeiramente, num certo sentido, “deusa”!
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