MÊS DE MARIA
MEDITAÇÃO – 3º dia
Trata-se do amor de Deus. Como este se
orienta para a Mãe amável e faz com que a alma viva simultaneamente em Deus e
em Maria; como a alma se comporta a respeito da Mãe de Deus, mesmo além de uma
graça especial do espírito.
Quando este afeto terníssimo filial e
cândido do coração para com a nossa terna Mãe se move na alma – sustentado pelo
Espírito de Deus ou do Amor Divino – então tudo flui espontaneamente e até
mesmo a natureza de homem parece transformada. Assim, ela se reveste de
inocência, ternura, simplicidade e outras qualidades e inclinações de uma
criança em relação à sua querida mãe. A alma se comporta a respeito de Maria,
com inocência e candura. Então, “o amor de Deus é derramado no seu coração pela
virtude do Espírito Santo, que lhe foi dado.” (Rm 5,5) E como é aquele mesmo
espírito que move, dirige e anima a alma é o principal ator neste jogo de amor,
assim também esta relação inocente e filial da alma com a Mãe amável não é
outra coisa senão um transbordar do Divino Amor que se move na alma e a conduz
suavemente à terna Mãe. Ao mesmo tempo este Divino Amor transbordante lança a
alma de Maria, com grande mestria e com a mesma ternura amorosa. Assim a alma é
arrastada por Maria até o oceano de Deus, sem necessidade de intermediários e
sem impedimento algum ou confusão do espírito. E este amor para com Deus e para
com Maria parece um só e mês o amor, como se fosse uma espécie de contínuo
fluxo e refluxo divino, enquanto a alma, junto com a amável Mãe, descansa
amorosa e calmamente em Deus. Ou melhor, dizendo: é “um e o mesmo Espírito” que
opera e realiza este afeto de amor para com Deus e Maria “como e quando Ele
quiser” (1 Cor12,11); enchendo-a de amor e transformando-a algumas vezes em
esposa amantíssima, reclinada nos braços do seu Amado, e outras vezes em
cândida criança no colo desta Mãe dulcíssima. Uma vez passado este
transbordamento e operação do Espírito Santo ou do Amor Divino, o filho devoto
de Maria fica com uma saudosa e amorosa recordação d’Ela e com uma inclinação
amorosa para com a Mãe. Entretanto, não com tanto candor e ternura como antes,
porém com um afeto mais racional, maduro e varonil. Sim, mesmo que a alma
quisesse e pretendesse, não poderia mais comportar-se e agir de modo tão terno
e amoroso como antes. Se o tentasse, pareceria artificial, enquanto que
anteriormente o comportamento dela foi natural e espontâneo sem fingimento
algum, porque foi movido pelo Espírito de Deus, que mora nela e opera de modo
diverso segundo sua santa vontade, quando e como quiser (cf. 1Cor12,11).Dir-se-ia
que há duas pessoas numa só alma, que alternativamente operam o que a cada uma
corresponde sem artificialismo ou simulação, mas com toda a naturalidade, como
se da mesma natureza brotasse ora uma coisa, ora outra. Assim, constantemente a
alma fica admirada consigo mesma ao perceber e surpreender em si, num tempo tão
curto, disposições e inclinações tão diferentes e contrárias, como se não fosse
uma só e idêntica pessoa. Para que este jogo de amor não fique perturbado, a
alma deve sempre prestar atenção às inclinações interiores e espontâneas e
segui-las com toda a simplicidade sem forçar demais o seu espírito.
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