domingo, 22 de abril de 2012


MEDITAÇÕES PASCAIS - 10ª MEDITAÇÃO
Cristo ressuscitado, luz para os cegos

“Mas o Anjo, dirigindo-se às mulheres, disse: Não tenhais medo, vós, pois sei que buscais a Jesus, o crucificado. Não está aqui, porque ressuscitou como tinha dito. Vinde ver o lugar onde jazia” (Mt 28, 5-6).
A ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo nos convida a ressuscitarmos todos os dias, isto é, sairmos do túmulo do pecado e do apego às coisas terrenas.
Para que a nossa ressurreição seja autêntica e contínua, é preciso que melhoremos continuamente, que brilhemos com o exemplo e não deixemos nenhuma poeira ofuscar-lhe o brilho. Jamais cruzemos os braços achando que estamos ótimos, isso também é permanecer no túmulo... jamais digamos basta e nos esforcemos para progredirmos na santidade.
O Anjo mostrou-lhes o túmulo onde Nosso Senhor havia sido colocado e disse-lhes: “Não está aqui, porque ressuscitou como tinha dito” (Mt 28, 6).
Precisamos alegrar a tal ponto o nosso Anjo da Guarda buscando a santidade com empenho e fervor, que se um dia o mesmo fosse falar da nossa vida para alguém, diria: “Ele ressuscitou, vinde ver o lugar onde ele estava”.
Esse “ressuscitou” significa: não cometer mais tais pecados, não buscar as coisas passageiras da terra, não se apegar às criaturas, não ter mais apego ao pecado venial, etc. Significa também: amar a Deus sobre todas as coisas buscando sempre as do alto, viver a fé, a esperança, a caridade e colocar em prática a prudência, a justiça, a temperança e a fortaleza.
Esse “lugar” significa: não estar acomodado nos vícios, não cruzar os braços diante dos defeitos, não viver abraçado com a tibieza, etc., e também: abandonar o homem velho e se revestir do homem novo, sair em busca da santidade, não se conformar com a mediocridade, etc., a ponto de muitos falarem: “Ele vivia no caminho errado, na vida escura, e agora não ocupa mais esse “lugar”, saiu da escuridão e agora vive na luz”.

Comentário ao Evangelho do dia (jo6,22-29) feito por Santo Hilário (315?-367), Bispo de Poitiers e Doutor da Igreja - Tratado sobre a Trindade

«A obra de Deus é esta: crer n'Aquele que Ele enviou.»

     É de Vós, Deus Pai Onipotente, que depende conceder o que se pede, estar presente quando se procura, abrir a quem bate à porta (Lc 11,9). Quando se trata de compreender as verdades que se referem a Vós, vemo-nos impedidos por um certo entorpecimento preguiçoso da nossa natureza e sentimo-nos limitados pela nossa inevitável ignorância e debilidade; esperamos portanto que façais progredir o nosso tímido esforço inicial, que consolideis o seu desenvolvimento crescente e o leveis à união com o espírito dos Profetas e dos Apóstolos, para que compreendamos o sentido exato das suas palavras e interpretemos o seu verdadeiro significado.
     Vamos falar do que eles pregaram no sacramento: que Vós sois o Deus eterno, Pai do Unigênito Deus eterno; que só Vós sois sem nascimento; e que há um só Senhor Jesus Cristo, que de Vós procede por nascimento eterno; não afirmamos que Ele seja outro Deus diverso de Vós, mas proclamamos que foi gerado de Vós que sois o único Deus; e confessamos que Ele é Deus verdadeiro, nascido de Vós que sois verdadeiro Deus e Pai.
      Abri-nos, portanto, o significado autêntico das palavras, dai-nos a luz da inteligência, a perfeição da linguagem, a verdadeira fé. Fazei que sejamos capazes de exprimir a nossa fé: que Vós sois o único Deus Pai e que há um só Senhor Jesus Cristo, e fazei que saibamos afirmar que Vós sois Deus com o Filho e que proclamemos sem erro a Sua divindade.

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