sábado, 25 de fevereiro de 2012


I DOMINGO DA QUARESMA

Pe. David Teixeira, sdb
«Era tentado…»

                O início deste novo tempo propõe-nos as tentações de Jesus no deserto como primeira etapa de preparação para a Páscoa. A proximidade do Reino de Deus é certeza de caminho novo a ser percorrido. O tempo oportuno é este. Por isso, “arrependei-vos e acreditai no Evangelho”. Esta semana queremos fazer-nos ajudar da Mensagem de Sua Santidade Bento XVI para este tempo da Quaresma.

 EVANGELHO Mc 1, 12-15
Naquele tempo, o Espírito Santo impeliu Jesus para o deserto. Jesus esteve no deserto quarenta dias e era tentado por Satanás. Vivia com os animais selvagens e os Anjos serviam-n’O. Depois de João ter sido preso, Jesus partiu para a Galileia e começou a pregar o Evangelho, dizendo: «Cumpriu-se o tempo e está próximo o reino de Deus. “Arrependei-vos e acreditai no Evangelho».

 “Naquele tempo, o Espírito Santo impeliu Jesus para o deserto.” - Depois do batismo de Jesus onde Deus opta por ele e o dá a conhecer como seu filho amado, é, agora, a vez de Jesus fazer a sua opção por Deus. Para isso, é conduzido para o deserto, pelo Espírito Santo.

“Jesus esteve no deserto quarenta dias…”  - Jesus permanece no deserto quarenta dias. É um número simbólico que nos recorda a estadia do povo de Israel no deserto após o êxodo do Egito, mas procura dar a entender também que a opção de Jesus não foi fácil nem tomada de ânimo leve: demorou o seu tempo.

“… e era tentado por Satanás.”  - O que aconteceu com Jesus nesse tempo de tomada de opção? Foi tentado pelo espírito da mentira e da discórdia. Assim, muito breve e simplesmente, Marcos faz-nos entrever a humanidade de Jesus e como também ele sofreu tentações.

“Depois de João ter sido preso, Jesus partiu para a Galileia e começou a pregar o Evangelho…” - Superada a tentação e tomada a opção por Deus, não se deixando demover nem pelo fato de João ter sido preso, Jesus começou a divulgar a notícia de Deus às pessoas da Galileia, zona em contacto com pagãos que não conheciam a Deus.

 “Cumpriu-se o tempo e está próximo o reino de Deus...” - Continuando a mensagem escatológica de João, Jesus diz que o tempo de Deus tinha finalmente chegado e que o seu reino estava próximo. Não havia, portanto, razões para adiar. E tal como ele fizera a sua opção, também eles deveriam fazer a sua opção por Deus.

  “Arrependei-vos e acreditai no Evangelho”. - Respondendo às inquietações formuladas nos corações das pessoas da Galileia - como tomar a opção por Deus que se fazia tão próximo? -, Jesus aconselha o arrependimento e o acolhimento e vivência do Evangelho, a Palavra de Deus.

Meditação (do Papa Bento XVI)
Jejuar, sem dúvida, é bom para o bem-estar, mas para nós é em primeiro lugar uma «terapia» para curar tudo o que nos impede de nos conformarmos com a vontade de Deus.
O jejum ajuda-nos a mortificar o nosso egoísmo e a abrir o coração ao amor de Deus e do próximo, primeiro e máximo mandamento da nova Lei e síntese do Evangelho.
São Pedro Crisólogo disse: «O jejum é a alma da oração e a misericórdia é a vida do jejum. Quem reza jejue. Quem jejua tenha misericórdia».
Com o jejum e com a oração permitimos que Ele sacie a fome mais profunda que vivemos no íntimo: a fome e a sede de Deus.
A prática fiel do jejum contribui para conferir unidade à pessoa, corpo e alma, ajudando-a a evitar o pecado e a crescer na amizade e intimidade com o Senhor.
«Usemos de modo mais sóbrio palavras, alimentos, bebidas, sono e jogos, e permaneçamos mais vigilantes».

 Oração
                Concede-me aproveitar esta Quaresma para aprofundar na minha opção por ti. Para tal, dá-me forças para me arrepender e converter nalguns aspectos da minha vida e dá-me também coragem e perseverança para acolher e praticar a tua Palavra.


M E D I T A Ç Õ E S    Q U A R E S M A I S
O SERVO SOFREDOR - A história da paixão de Cristo V


Vigiai comigo
  Então, lhes disse: A minha alma está profundamente triste até à morte; ficai aqui e vigiai comigo. (Mateus 26.38)

     Era noite quando saíram da cidade de Jerusalém. Fora da cidade estavam as muitas tendas dos visitantes que vieram para a grande festa da Páscoa. Jesus atravessou o riacho Cedron, que significa turvo. Nele desembocava o esgoto do templo. O riacho separava Jerusalém do monte das Oliveiras. Entraram no jardim do Getsêmani. Logo na entrada, Jesus deixou oito dos seus discípulos. A eles não foi dado ver a profunda humilhação de Jesus. Ele levou consigo somente a Pedro, João e Tiago, os que haviam presenciado a transfiguração. Com estes três, Jesus continuou caminhando para o interior do Jardim. De repente os discípulos notaram que Jesus suspirava. Apreensivos olharam para ele. E receberam de Jesus a surpreendente resposta: A minha alma está profundamente triste até à morte.
     Aquele que é a fonte da vida e de toda a alegria está triste. Jesus que consolou a muitos está desconsolado. Por quê? Os discípulos estão desnorteados. Nossa razão também não o compreende. A Escritura afirma: Aquele que não conheceu pecado, ele (Deus Pai) o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus (2 Coríntios 5.21). O profeta Isaías afirmou: Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido (Isaías 53.4). Ele tomou sobre si os pecados de toda a humanidade. Os pecados pelos quais eram sacrificados os cordeiros no tempo, até que viesse o Cordeiro de Deus para tirar o pecado do mundo (Jo 1.29). Jesus, como verdadeiro Deus e verdadeiro homem, tomou os pecados da humanidade voluntariamente sobre si. Sentiu estes pecados em sua alma santa como se fossem seus próprios.
    Sabemos quanto sofrimento, quanta dor de consciência causa o pecado. De início o pecado parece proporcionar alegria, mas uma vez provado, é amargo. A consciência desperta, acusa e leva ao desespero. Conta-se que o filósofo francês Voltair passou a vida zombando de Cristo. No leito da morte sua consciência despertou. Ele desesperou. Sentiu os horrores do inferno. Gritou tão desesperadamente que seu enfermeiro particular não o suportou e fugiu da casa dele. O historiador judaico Josefo conta que o rei Aristóbulo da palestina, que mandou matar injustamente seu próprio irmão, dias depois, quando sua consciência despertou e passou a acusá-lo com tanta força que ele veio a falecer sob o peso do desespero. Sem dúvida você também conhece, em parte ou muito, o que significa o despertar da consciência.
   Tal angústia Jesus sofreu ao tomar sobre si os pecados da humanidade. Pelo salmista Jesus diz: Não têm conta os males que me cercam; as minhas iniqüidades me alcançaram, tantas, que me impedem a vista; são mais numerosas que os cabelos de minha cabeça, e o coração me desfalece (Salmos 40.12). A compreensão desta profunda humilhação de Jesus nossa mente corrupta não é capaz de captar no seu todo.
Só podemos contemplar em profunda adoração esta verdade: Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deusexclamamos em oração: “Grato sou por tanto amor, meu bendito Salvador”. E quando nossa consciência nos acusar, podemos refugiar-nos em Cristo. Nele temos perdão dos pecados, vida e eterna salvação. Jubilosos triunfamos com o apóstolo Paulo: Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica (Romanos 8.33).

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