São
Benedito de Palermo, religioso
Santa
Maria Faustina Kowalska, virgem
Bto.
Beato Bartolomeu Longo, leigo
1ª
Leitura (Hab 1,2-3; 2,2-4): «Até quando, Senhor, chamarei por Vós e não
me ouvis? Até quando clamarei contra a violência e não me enviais a salvação? Por
que me deixais ver a iniquidade e contemplar a injustiça? Diante de mim está a
opressão e a violência, levantam-se contendas e reina a discórdia?» O Senhor
respondeu-me: «Põe por escrito esta visão e grava-a em tábuas com toda a
clareza, de modo que a possam ler facilmente. Embora esta visão só se realize
na devida altura, ela há-de cumprir-se com certeza e não falhará. Se parece
demorar, deves esperá-la, porque ela há-de vir e não tardará. Vede como sucumbe
aquele que não tem alma reta; mas o justo viverá pela sua fidelidade».
Salmo
Responsorial: 94
R. Se hoje ouvirdes a voz do
Senhor, não fecheis os vossos corações.
Vinde, exultemos de alegria no
Senhor, aclamemos a Deus, nosso Salvador. Vamos à sua presença e dêmos graças,
ao som de cânticos aclamemos o Senhor.
Vinde, prostremo-nos em terra,
adoremos o Senhor que nos criou. O Senhor é o nosso Deus e nós o seu povo, as
ovelhas do seu rebanho.
Quem dera ouvísseis hoje a sua
voz: «Não endureçais os vossos corações, como em Meriba, como no dia de Massa
no deserto, onde vossos pais Me tentaram e provocaram, apesar de terem visto as
minhas obras».
2ª
Leitura (2Tim 1,6-8.13-14): Caríssimo: Exorto-te a que reanimes o dom de
Deus que recebeste pela imposição das minhas mãos. Deus não nos deu um espírito
de timidez, mas de fortaleza, de caridade e moderação. Não te envergonhes de
dar testemunho de Nosso Senhor, nem te envergonhes de mim, seu prisioneiro. Mas
sofre comigo pelo Evangelho, confiando no poder de Deus. Toma como norma as sãs
palavras que me ouviste, segundo a fé e a caridade que temos em Jesus Cristo.
Guarda a boa doutrina que nos foi confiada, com o auxílio do Espírito Santo,
que habita em nós.
Aleluia. A palavra do Senhor
permanece eternamente. Esta é a palavra que vos foi anunciada. Aleluia.
Evangelho
(Lc 17,5-10): Os apóstolos disseram ao Senhor: «Aumenta a nossa fé!». O
Senhor respondeu: «Se tivésseis fé, mesmo pequena como um grão de mostarda,
poderíeis dizer a esta amoreira: ‘Arranca-te daqui e planta-te no mar’, e ela
vos obedeceria. Se alguém de vós tem um servo que trabalha a terra ou cuida dos
animais, quando ele volta da roça, lhe dirá: ‘Vem depressa para a mesa?’ Não
dirá antes: ‘Prepara-me o jantar, arruma-te e serve-me, enquanto eu como e
bebo. Depois disso, tu poderás comer e beber?’ Será que o senhor vai agradecer
o servo porque fez o que lhe havia mandado? Assim também vós: quando tiverdes
feito tudo o que vos mandaram, dizei: ‘Somos simples servos; fizemos o que
devíamos fazer’».
«Somos simples servos»
Rev. D. Javier BAUSILI Morenza (Sant
Cugat del Vallès, Barcelona, Espanha)
Hoje, o Evangelho apresenta-nos
duas partes que parecem desconectadas. O que tem a fé a ver com o serviço? Sem
nos apercebermos, reduzimos constantemente a fé a conceitos e ideias. Reduzimos
a fé simplesmente a acreditar em Deus e esquecemo-nos da sua dimensão
relacional!
Não se pode simplesmente
acreditar em Deus, não se trata de uma ideia; trata-se de uma relação viva,
pessoal, transformadora, e isso muda tudo. A fé também é viver o Evangelho. E
viver o Evangelho, relacionar-se com o Senhor, coloca-nos como servos, como
servidores do Reino, nas palavras do Papa Leão XIV: «Em primeiro lugar,
portanto, está a relação com o Senhor, cultivar o diálogo com Ele. Então Ele
converter-nos-á em seus trabalhadores e nos enviará, ao campo do mundo, como
testemunhas do seu Reino».
Assim compreenderemos por que é
que o Senhor termina desta forma os seus ensinamentos. Quando o coração está
inundado pelo Amor do Senhor e a fé se torna realidade vivida, dá-lo a conhecer
é o mínimo que podemos fazer (cf. Lc 17,10). Viver como Ele se nos oferece não
é uma forma de pagar o que recebemos, pois é de valor incalculável; viver como
Ele se nos dá é o dinamismo natural do coração apaixonado. «Ele acompanha-me
com o seu Espírito, ilumina-me e transforma-me em instrumento do seu amor para
os outros, para a sociedade e para o mundo» (Papa Leão XIV).
E essa é a nossa tarefa como
cristãos: ser luz no mundo, fazer brilhar este dom que recebemos. Através das
obras e das palavras, em todos os momentos e lugares (cf. 2Tm 4,2). Isso é
possível não por ações concretas, mas porque toda a nossa vida se converte em
testemunho vivo do Amor que redimiu o mundo. —«Senhor, aumenta a nossa fé» (Lc
17,5), e seremos teus servos.
«Somos simples servos; fizemos
o que devíamos fazer»
Rev. D. Josep VALL i Mundó (Barcelona,
Espanha)
Hoje, Cristo fala-nos mais uma
vez de serviço. O Evangelho insiste sempre no espírito de serviço. Para isso,
ajuda-nos a contemplação do Verbo de Deus encarnado - o servo de Javé, de
Isaías - que «se despojou, assumindo a forma de escravo» (Fl 2,2-7). Cristo
afirma também: «Eu, porém, estou no meio de vós como aquele que serve» (Lc
22,27), pois «o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar
a vida em resgate por muitos» (Mt 20,28). Em certa ocasião, o exemplo de Jesus
concretizou-se realizando o trabalho dos escravos ao lavar os pés aos
discípulos. Queria deixar assim bem claro, com este gesto, que os seus
seguidores deviam servir, ajudar e amar-se uns aos outros, como irmãos e
servidores de todos, como propõe a parábola do bom samaritano.
Devemos viver toda a vida cristã
com sentido de serviço, sem pensar que estamos a fazer algo extraordinário.
Toda a vida familiar, profissional e social - no mundo político, económico,
etc. - deve estar impregnada desse espírito. «Para servir, servir», afirmava
São Josemaria Escrivá; queria dar a entender que, para “ser útil”, é necessário
viver uma vida de serviço generoso sem procurar honras, glórias humanas ou
aplausos.
Os antigos afirmavam o “nolentes
quaerimus” - «procuramos para os cargos de governo pessoas que não os
ambicionam; aqueles que não desejam aparecer» - quando tinham de fazer
nomeações hierárquicas. Esta é a disposição própria dos bons pastores, prontos
a servir a Igreja como ela quer ser servida: assumir a condição de servos como
Cristo. Recordemos, segundo as palavras de Santo Agostinho, como deve
exercer-se qualquer função eclesial: «Non tam praeesse quam prodesse»; não com
autoridade ou presidência, mas com a utilidade e o serviço.
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«O Senhor compara a fé perfeita a
um grão de mostarda porque é humilde na aparência, mas ardente no interior»
(São Beda, o Venerável)
«Aquele que está solidamente
enraizado na fé, que tem plena confiança em Deus e vive na Igreja, é capaz de
levar a força extraordinária do Evangelho» (Bento XVI)
«A salvação vem só de Deus. Mas
porque é através da Igreja que recebemos a vida da fé, a Igreja é nossa Mãe.
«Cremos que a Igreja é como que a mãe do nosso novo nascimento (...) (Fausto de
Riez). E porque é nossa Mãe, é também a educadora da nossa fé» (Catecismo da
Igreja Católica, nº 169)
“A fé é um dom de Deus”
São João Cassiano, Conferências,
3
Os Apóstolos estavam tão
intimamente convencidos de que tudo o que se refere à salvação era neles dom
gratuito de Deus, que imploravam d’Ele que lhes concedesse inclusive a fé:
Aumenta-nos – diziam – a fé. A perfeição desta virtude não derivava de seu livre-arbítrio,
mas da generosa doação de Deus. Mas o mesmo autor de nossa salvação nos ensina
quão escorregadia e fraca é a nossa fé, e quão insuficiente, sobretudo, se não
está fortalecida com o seu próprio auxílio. Por isso disse a Pedro: Simão,
Simão, eis que Satanás quis peneirar-vos como o trigo, porém eu roguei ao meu
Pai para que a tua fé não desfaleça.
Também aquele pai do qual fala o
Evangelho tinha experiência disso. Vendo que ao empurrão das ondas ia naufragar
a sua fé contra os recifes da incredulidade, chamou ao Senhor em seu auxílio
com aquelas palavras: Senhor, ajuda a minha incredulidade.
Os personagens evangélicos e os
Apóstolos tinham tão arraigada a ideia de que todo bem se consuma em nós pelo
auxílio de Deus, que não confiavam para nada em si mesmos. Nem sequer
apreciavam de poder conservar intacta a sua fé graças ao seu livre-arbítrio:
pediam ao Senhor que lhes concedesse ou aumentasse.
Pois bem: se a fé de Pedro tinha
a necessidade do socorro de Deus para manter-se firme e para que não
sucumbisse, quem será tão presunçoso e cego que se creia com forças suficientes
para guardar a sua sem ser continuamente sustentado pela graça divina? Ainda
mais tendo em conta que o Senhor declara o contrário no Evangelho: Como o ramo
não pode dar fruto por si mesmo se não permanecer na videira, tampouco vós se
não permanecerdes em mim. E acrescenta imediatamente: Porque sem mim nada
podeis fazer.
Enfim, quão néscio e ainda
sacrílego seria vangloriar-se das boas obras, em lugar de atribuí-las à graça e
proteção divinas, o diz o próprio Senhor ao afirmar que ninguém pode, sem
cooperação e inspiração sua, produzir frutos espirituais: Todo bem e todo dom
perfeito brota do Pai das luzes. O mesmo afirma Zacarias: Se há algum bem, é
d’Ele, e se existe algo maravilhoso, procede d’Ele. Por isso, o Apóstolo se
mantém sempre na mesma tônica, ao dizer: O que tu tens que não tenha recebido?
E se o recebeste, por que te glorias, como se não a tivesse recebido?
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