Santa
Dulce Lopes Pontes, virgem
São
João Berchmans, religioso
1ª
Leitura (Dt 34,1-12): Naqueles dias, Moisés subiu das planícies de Moab
até ao monte Nebo, no cimo do Pisgá, em frente de Jericó. O Senhor mostrou-lhe
todo o país: Galaad até Dã, todo o Naftali, o território de Efraim e de
Manassés, todo o território de Judá até ao mar ocidental, o Negueb, o distrito
da planície de Jericó, cidade das palmeiras, até Soar. Disse-lhe o Senhor:
«Esta é a terra que prometi com juramento a Abraão, a Isaac e a Jacob, dizendo:
‘Dá-la-ei à tua descendência’. Quis que a visses com os teus próprios olhos,
mas não entrarás nela». Foi ali, na terra de Moab, que morreu Moisés, servo do
Senhor, como o Senhor dissera. Foi sepultado no vale, na terra de Moab, em
frente de Bet-Peor, e ninguém, até ao dia de hoje, reconheceu a sua sepultura.
Moisés tinha cento e vinte anos quando morreu. A sua vista nunca enfraquecera,
nem o seu vigor se tinha quebrado. Os filhos de Israel choraram Moisés nas
planícies de Moab durante trinta dias, ao fim dos quais terminaram os dias de
pranto por de Moisés. Entretanto, Josué, filho de Nun, estava cheio do espírito
de sabedoria, porque Moisés tinha imposto as mãos sobre ele. Os filhos de
Israel começaram a prestar-lhe obediência, segundo a ordem que o Senhor tinha
dado a Moisés. Nunca mais surgiu em Israel outro profeta como Moisés, com quem
o Senhor tratava face a face; nem com tantos sinais e prodígios que o Senhor o
mandou realizar na terra do Egipto, contra o faraó e contra todos os seus
servos e toda a sua terra; nem com tal poder e tão grandes prodígios como os
que manifestou Moisés aos olhos de todo o Israel.
Salmo
Responsorial: 65
R. Bendito seja Deus, que
salvou a minha vida.
Aclamai o Senhor, terra inteira,
cantai a glória do seu nome, celebrai os seus louvores, dizei a Deus:
«Maravilhosas são as vossas obras».
Vinde contemplar as obras de
Deus, admirável na sua ação pelos homens. Foi Ele quem conservou a nossa vida e
não deixou que nossos pés vacilassem.
Todos os que temeis a Deus, vinde
e ouvi, vou narrar-vos quanto Ele fez por mim. Meus lábios O invocaram e minha
língua O louvou.
Aleluia. Em Cristo, Deus
reconcilia o mundo consigo e confiou-nos a palavra da reconciliação. Aleluia.
Evangelho
(Mt 18,15-20): Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: «Se teu
irmão pecar contra ti, vai corrigi-lo, tu e ele a sós! Se ele te ouvir, terás
ganhado o teu irmão. Se ele não te ouvir, toma contigo mais uma ou duas
pessoas, de modo que toda questão seja decidida sob a palavra de duas ou três
testemunhas. Se ele não vos der ouvido, dize-o à Igreja. Se nem mesmo à Igreja
ele ouvir, seja tratado como se fosse um pagão ou um publicano. Em verdade vos
digo, tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes
na terra será desligado no céu. Eu vos digo mais isto: se dois de vós estiverem
de acordo, na terra, sobre qualquer coisa que quiserem pedir, meu Pai que está
nos céus o concederá. Pois onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu
estou ali, no meio deles».
«Se teu irmão pecar contra ti,
vai corrigi-lo, tu e ele a sós! (...) Pois onde dois ou três estiverem reunidos
em meu nome, eu estou ali, no meio deles»
Rev. D. Pedro-José YNARAJA i Díaz
(El Montanyà, Barcelona, Espanha)
Hoje, neste breve fragmento do
Evangelho, o Senhor nos ensina três importantes modos de proceder que
frequentemente se ignoram.
Compreensão e advertência com o
amigo ou o colega. Faça-o ver, com discrição e reservadamente («tu e ele a
sós»), com claridade («vai corrigi-lo»), o seu comportamento equivocado para
que acerte o seu caminho na vida. Acudir à colaboração de um amigo, se a
primeira tentativa não deu certo. E, se nem assim se consegue a sua conversão
e, se seu pecar escandaliza, não duvide em exercer a denúncia profética e
pública, que hoje pode ser uma carta ao diretor de uma publicação, uma
manifestação pública ou um cartaz. Esta maneira de proceder é uma exigência que
pesa para o mesmo que a prática, e que frequentemente é ingrata e incômoda. Por
tudo isso é mais fácil escolher o que chamamos equivocadamente de “caridade
cristã” e, que costuma ser puro escapismo, comodidade, covardia, falsa
tolerância. Na verdade, «está reservada a mesma pena para os que fazem o mal e
para aqueles que o consentem» (São Bernardo).
Todo cristão tem o direito de
solicitar dos nossos sacerdotes o perdão de Deus e da sua Igreja. O psicólogo,
em um determinado momento, pode apaziguar o seu estado de ânimo; o psiquiatra
em um ato médico pode conseguir vencer um transtorno endógeno. Ambas as
atitudes são muito úteis, mas insuficientes para determinadas situações. Só
Deus é capaz de perdoar, apagar, esquecer, pulverizar destruindo o pecado
pessoal. E só, sua Igreja pode atar ou desatar comportamentos, transcendendo a
sentença no céu. E com isso gozar da paz interior e começar a ser feliz.
Nas mãos e palavras do sacerdote
está o privilégio de tomar o pão e que Jesus - Eucaristia seja realmente
presença e alimento. Qualquer discípulo do Reino pode unir-se a outro, ou
melhor, pode unir-se a muitos e, com fervor, Fé, coragem e Esperança, submergir
no mundo e convertê-lo em verdadeiro corpo do Jesus - Místico. E, na sua
companhia acudir a Deus Pai que escutará às suas súplicas, pois seu Filho
comprometeu-se a isso: «pois onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome,
eu estou ali, no meio deles» (Mt 18,20).
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«No silencio Ele nos escuta, no
silencio Ele fala à alma e no silencio escutamos sua voz» (Santa Teresa de
Calcutá)
«A fé não é unicamente uma opção
individual. Por sua mesma natureza, se abre a “nós”, se dá sempre dentro da
comunhão da Igreja» (Francisco)
«“Jesus Cristo, que morreu, que
ressuscitou, que está à direita de Deus, que intercede por nós” (Rm 8,34), está
presente na sua Igreja de múltiplos modos: na sua Palavra, na oração da sua
Igreja, “onde dois ou três estão reunidos em Meu nome” (Mt 18,20), nos pobres,
nos doentes, nos prisioneiros, nos seus sacramentos, dos quais é o autor (...)»
(Catecismo da Igreja Católica, n° 1373)
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm.
* No evangelho de hoje e de
amanhã vamos ler e meditar a segunda parte do Sermão da Comunidade. O
evangelho de hoje fala da correção fraterna (Mt 18,15-18) e da oração em comum
(Mt 18,19-20). O de amanhã fala do perdão (Mt 18,21-22) e traz a parábola do
perdão sem limites (Mt 18,23-35). A palavra-chave desta segunda parte é
“perdoar”. O acento cai na reconciliação. Para que possa haver reconciliação
que permita o retorno dos pequenos, é importante saber dialogar e perdoar, pois
o fundamento da fraternidade é o amor gratuito de Deus. Só assim a comunidade
será um sinal do Reino. Não é fácil perdoar. Certas mágoas continuam machucando
o coração. Há pessoas que dizem: "Eu perdoo, mas não esqueço!"
Rancor, tensões, brigas, opiniões diferentes, ofensas, provocações dificultam o
perdão e a reconciliação.
* A organização das palavras
de Jesus nos cinco grandes Sermões do evangelho de Mateus mostra que, já no fim
do primeiro século, as comunidades tinham formas bem concretas de catequese.
O Sermão da Comunidade (Mt 18,1-35), por exemplo, traz instruções atualizadas
de como proceder em caso de algum conflito entre os membros da comunidade e
como encontrar critérios para solucionar os conflitos. Mateus reuniu aquelas
frases de Jesus que pudessem ajudar as comunidades do fim do primeiro século a
superar os dois problemas agudos que elas enfrentavam naquele momento, a saber,
a saída dos pequenos por causa do escândalo de alguns e a necessidade de
diálogo para superar o rigorismo de outros e acolher os pequenos, os pobres, na
comunidade.
* Mateus 18,15-18: A correção
fraterna e o poder de perdoar. Estes versículos trazem normas simples de
como proceder no caso de algum conflito na comunidade. Se um irmão ou uma irmã
pecar, isto é, se tiver um comportamento não de acordo com a vida da
comunidade, não se deve logo denunciá-los. Primeiro, procure conversar a sós.
Procure saber os motivos do outro. Se não der resultado, leve mais duas ou três
pessoas da comunidade para ver se consegue algum resultado. Só em caso extremo,
deve levar o problema para a comunidade toda. E se a pessoa não quiser escutar
a comunidade, que ela seja para você “como um publicano ou pagão”, isto é, como
alguém que já não faz parte da comunidade. Não é você que está excluindo, mas é
a pessoa, ela mesma, que se exclui a si mesma. A comunidade reunida apenas
constata e ratifica a exclusão. A graça de poder perdoar e reconciliar em nome
de Deus foi dada a Pedro (Mt 16,19), aos apóstolos (Jo 20,23) e, aqui no Sermão
da Comunidade, à própria comunidade (Mt 18,18). Isto revela a importância das
decisões que a comunidade toma com relação a seus membros.
* Mateus 18,19: A oração em
comum. A exclusão não significa que a pessoa seja abandonada à sua própria
sorte. Não! Ela pode estar separada da comunidade, mas nunca estará separada de
Deus. Caso a conversa na comunidade não der resultado e a pessoa não quiser
integrar-se na vida da comunidade, resta o último recurso de rezar juntos ao
Pai para conseguir a reconciliação. E Jesus garante que o Pai vai atender: “Se
dois de vocês na terra estiverem de acordo sobre qualquer coisa que queiram
pedir, isso lhes será concedido por meu Pai que está no céu”.
* Mateus 18,20: A presença de
Jesus na comunidade. O motivo da certeza de ser ouvido pelo Pai é a
promessa de Jesus: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, estarei
no meio deles!” Jesus é o centro, o eixo, da comunidade e, como tal, junto com
a Comunidade ele estará rezando conosco ao Pai, para que conceda o dom do
retorno ao irmão ou à irmã que se excluiu.
Para um confronto pessoal
1. Por que será que é tão
difícil perdoar? Na nossa comunidade existe espaço para a reconciliação? De que
maneira?
2. Jesus disse: "Onde
dois ou três estão reunidos em meu nome, estarei no meio deles". O que
significa isto para nós hoje?
Nenhum comentário:
Postar um comentário
DEIXE AQUI SEU SUA SUGESTÃO