sexta-feira, 8 de agosto de 2025

Domingo XIX do Tempo Comum

São Lourenço, diácono e mártir
 
1ª Leitura (Sab 18,6-9):
A noite em que foram mortos os primogénitos do Egipto foi dada previamente a conhecer aos nossos antepassados, para que, sabendo com certeza a que juramentos tinham dado crédito, ficassem cheios de coragem. Ela foi esperada pelo vosso povo, como salvação dos justos e perdição dos ímpios, pois da mesma forma que castigastes os adversários, nos cobristes de glória, chamando-nos para Vós. Por isso os piedosos filhos dos justos ofereciam sacrifícios em segredo e de comum acordo estabeleceram esta lei divina: que os justos seriam solidários nos bens e nos perigos; e começaram a cantar os hinos de seus antepassados.
 
Salmo Responsorial: 32
R. Feliz o povo que o Senhor escolheu para sua herança.
 
Justos, aclamai o Senhor, os corações retos devem louvá-lo. Feliz a nação que tem o Senhor por seu Deus, o povo que Ele escolheu para sua herança.
 
Os olhos do Senhor estão voltados para os que O temem, para os que esperam na sua bondade, para libertar da morte as suas almas e os alimentar no tempo da fome.
 
A nossa alma espera o Senhor, Ele é o nosso amparo e protetor. Venha sobre nós a vossa bondade, porque em Vós esperamos, Senhor.
 
2ª Leitura (Heb 11,1-2.8-19): Irmãos: A fé é a garantia dos bens que se esperam e a certeza das realidades que não se veem. Ela valeu aos antigos um bom testemunho. Pela fé, Abraão obedeceu ao chamamento e partiu para uma terra que viria a receber como herança; e partiu sem saber para onde ia. Pela fé, morou como estrangeiro na terra prometida, habitando em tendas, com Isaac e Jacob, herdeiros, como ele, da mesma promessa, porque esperava a cidade de sólidos fundamentos, cujo arquiteto e construtor é Deus. Pela fé, também Sara recebeu o poder de ser mãe já depois de passada a idade, porque acreditou na fidelidade d’Aquele que lho prometeu. É por isso também que de um só homem – um homem que a morte já espreitava – nasceram descendentes tão numerosos como as estrelas do céu e como a areia que há na praia do mar. Todos eles morreram na fé, sem terem obtido a realização das promessas. Mas vendo-as e saudando-as de longe, confessaram que eram estrangeiros e peregrinos sobre a terra. Aqueles que assim falam mostram claramente que procuram uma pátria. Se pensassem na pátria de onde tinham saído, teriam tempo de voltar para lá. Mas eles aspiravam a uma pátria melhor, que era a pátria celeste. E como Deus lhes tinha preparado uma cidade, não Se envergonha de Se chamar seu Deus. Pela fé, Abraão, submetido à prova, ofereceu o seu filho único Isaac, que era o depositário das promessas, como lhe tinha sido dito: «Por Isaac será assegurada a tua descendência». Ele considerava que Deus pode ressuscitar os mortos; por isso, numa espécie de prefiguração, ele recuperou o seu filho.
 
Aleluia. Vigiai e estai preparados, porque na hora em que não pensais virá o Filho do homem. Aleluia.
 
Evangelho (Lc 12,32-48): «Não tenhas medo, pequeno rebanho, pois foi do agrado do vosso Pai dar a vós o Reino. Vendei vossos bens e dai esmola. Fazei para vós bolsas que não se estraguem, um tesouro no céu que não se acabe; ali o ladrão não chega nem a traça corrói. Pois onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração. Ficai de prontidão, com o cinto amarrado e as lâmpadas acesas. Sede como pessoas que estão esperando seu senhor voltar de uma festa de casamento, para lhe abrir a porta, logo que ele chegar e bater. Felizes os servos que o Senhor encontrar acordados quando chegar. Em verdade, vos digo: ele mesmo vai arregaçar sua veste, os fará sentar à mesa e passará para servi-los. E caso ele chegue pela meia-noite ou já perto da madrugada, felizes serão, se assim os encontrar! Ficai certos: se o dono da casa soubesse a que horas viria o ladrão, não deixaria que fosse arrombada sua casa. Vós também ficai preparados! Pois na hora em que menos pensais, virá o Filho do Homem». Então Pedro disse: «Senhor, é para nós ou para todos que contas esta parábola?». O Senhor respondeu: «Quem é o administrador fiel e atento, que o senhor encarregará de dar à criadagem a ração de trigo na hora certa? Feliz aquele servo que o senhor, ao chegar, encontrar agindo assim! Em verdade, vos digo: ele lhe confiará a administração de todos os seus bens. Ora, se um outro servo pensar: ‘Meu senhor está demorando’ e começar a bater nos criados e nas criadas, a comer, beber e embriagar-se, o senhor daquele servo chegará num dia inesperado e numa hora imprevista, ele o excluirá e lhe imporá a sorte dos infiéis. O servo que, conhecendo a vontade do senhor, nada preparou, nem agiu conforme a sua vontade, será chicoteado muitas vezes. O servo, porém, que não conhecendo essa vontade fez coisas que merecem castigo, será chicoteado poucas vezes. Portanto, todo aquele a quem muito foi dado, muito lhe será pedido; a quem muito foi confiado, dele será exigido muito mais!».
 
«Vós também ficai preparados! Pois na hora em que menos pensais, virá o Filho do Homem»
 
Rev. D. Melcior QUEROL i Solà (Ribes de Freser, Girona, Espanha)
 
Hoje, o Evangelho recorda-nos e exige-nos que fiquemos em atitude de vigília «pois na hora em que menos pensais, virá o Filho do Homem» (Lc 12,40). Há que vigiar sempre, vivendo numa saudável tensão, “desinstalados”, pois somos peregrinos num mundo que passa, sendo que nossa verdadeira pátria é o céu. É rumo a esse destino que devemos orientar a nossa vida; quer queiramos quer não, a nossa existência terrena é um projeto que tem como fim o encontro definitivo com o Senhor, e neste encontro «a quem muito foi dado, muito lhe será pedido; a quem muito foi confiado, dele será exigido muito mais!» (Lc 12,48). Não será este, por acaso, o momento culminante da nossa vida? Vivamos a vida de maneira inteligente, dando conta de qual é o verdadeiro tesouro! Não andemos atrás dos tesouros deste mundo, como tanta gente faz. Não tenhamos a mesma mentalidade!
 
Segundo a mentalidade mundana; tanto tens tanto vales! As pessoas são valorizadas pelo dinheiro que possuem, pela sua categoria social, pelo seu prestígio, pelo seu poder. Tudo isso, aos olhos de Deus, nada vale por si só! Suponhamos que hoje você descobre que tem uma doença incurável e que os médicos lhe estimam, no máximo, mais um mês de vida... Que faria então com o dinheiro que acumulou? De que lhe serviria o seu poder, o seu prestígio, a sua classe social? Não lhe serviriam para nada! Dê-se conta que tudo aquilo que o mundo tanto valoriza, no momento da verdade, não vale nada? E então, ao olhar para trás e à sua volta, a sua escala de valores muda radicalmente: a relação com as pessoas que lhe rodeiam, o amor, aquele olhar de paz e de compreensão, passam a ser os verdadeiros valores, autênticos tesouros que você —buscando os falsos deuses mundanos— sempre tinha menosprezado.
 
Que tenha a inteligência evangélica para discernir qual é o verdadeiro tesouro! Que as riquezas do seu coração não sejam os deuses deste mundo, mas sim o amor, a verdadeira paz, a sabedoria e todos os dons que Deus concede aos seus filhos prediletos.
 
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«Cada um de nós deve se preparar para o final: o último dia não trouxera dano nenhum para todo aquele que viva cada dia como se for o último: vive de forma que posa morrer tranquilo, porque o que more cada dia não morre para sempre» (Santo Agostinho)
 
«A sonolência dos discípulos segui sendo ao longo dos séculos uma ocasião favorável para o poder do mal. Esta sonolência é um embotamento da alma, que não se deixa inquietar por toda a injustiça e o sofrimento que devastam a terra» (Bento XVI)
 
«Positivamente, o combate contra o nosso eu, possessivo e dominador, consiste na vigilância, a sobriedade do coração. Quando Jesus insiste na vigilância, esta refere-se sempre a Ele, à sua vinda, no último dia e em cada dia:” hoje” (...)» (Catecismo da Igreja Católica, n° 2730)
 
«Onde estiver o vosso tesouro, aí estará o vosso coração»
 
* No caminho para Jerusalém, Jesus dirige-se ao “pequenino rebanho” que o acompanha, convidando-o ao desprendimento, à confiança e à vigilância.
O Pai oferece-nos o tesouro do Reino, e é nesse tesouro que Jesus nos convida a centrar o coração. O caminho continua tendo sempre como horizonte a bem-aventurança eterna e, por isso mesmo, deverá ter também o compromisso de tudo fazer para tornar este mundo mais justo e mais habitável: «aliás, é exatamente esta nossa esperança de possuir o Reino na eternidade que nos impele a agir para melhorar as condições da vida terrena, de maneira especial dos irmãos mais frágeis» (Papa Francisco, Angelus, 7 de agosto de 2016). Na Eucaristia, acolhemos o Senhor Jesus que vem constantemente ao nosso encontro, nos senta à sua mesa e nos serve a Si mesmo como alimento, para nos fazer saborear, desde já, o banquete do Reino.
 
* O texto do Evangelho deste domingo começa por nos situar na perspectiva da nossa caminhada de vida, como peregrinos do Reino: de “rins cingidos”, prontos a caminhar, desprendidos de nós mesmos, procurando a vontade de Deus para as nossas vidas, atentos aos desafios que Ele nos lança. E de “lâmpadas acesas”, para vencer as trevas das “noites da vida” iluminados pela fé, alimentada pela oração e pela Palavra de Deus. Confiantes, porque a presença constante de Deus não nos deixa sós. Vigilantes para acolher o Senhor que vem.
 
* É na descoberta deste “tesouro” dado pelo Pai, que o coração se pode desprender de si mesmo para olhar e cuidar dos outros com o olhar e o cuidado de Deus.
 
* Para não perdermos o “tesouro” que o Pai nos dá, é preciso estar atento, ser vigilante. As três parábolas que se seguem abordam o tema da vigilância. Na primeira, dos servos que de noite aguardam a volta do seu senhor, «Jesus apresenta a vida como uma vigília de espera ativa, um prelúdio ao dia resplandecente da eternidade. Para podermos aceder a ela é preciso que estejamos prontos, acordados e comprometidos no serviço ao próximo, na consoladora perspectiva de que no “além” já não seremos nós que serviremos a Deus, mas será Ele mesmo que nos acolherá à sua mesa. Pensando bem, isto já acontece hoje, cada vez que encontramos o Senhor na oração, ou então quando servimos os pobres, mas sobretudo na Eucaristia, onde Ele prepara um banquete para nos alimentar com a sua Palavra e com o seu Corpo» (Papa Francisco, Idem).
 
* Na segunda parábola, com a imagem da vinda imprevisível do ladrão, e na terceira parábola, com a referência ao administrador de uma casa, depois da partida do patrão, é reforçada a ideia da importância de alimentar a vigilância quer para reconhecer todas as vezes em que Deus continua vir ao nosso encontro e a bater à nossa porta, quer também para não nos deixarmos vencer e abater pelas «muitas injustiças, violências e maldades quotidianas que brotam da ideia de nos comportarmos como senhores da vida dos outros. Nós temos um único Senhor, que não gosta de ser chamado “patrão”, mas sim “Pai”. Todos nós somos servos, pecadores e filhos: Ele é o único Pai» (Papa Francisco, Idem).
MEDITAÇÃO:
1. «Onde estiver o vosso tesouro, aí estará o vosso coração» Quais as minhas mais verdadeiras e profundas prioridades na vida? Onde está realmente o meu tesouro, e o meu coração? Sem deixar de me situar no meu mundo de relações, trabalhos, ocupações… procuro que o meu coração bata ao ritmo de Deus?
 
2. «Felizes esses servos, que o senhor, ao chegar, encontrar vigilantes» A nossa fé não nos retira do mundo. Pelo contrário, cada momento se torna mais precioso porque é um caminho para a eternidade. A vigilância situa-nos nesta atenção constante para não desperdiçarmos a vida: somos convidados a fazer frutificar todos os dons que somos e temos. «Por isso, devemos viver e agir nesta terra com a nostalgia do Céu: com os pés no chão, caminhar na terra, trabalhar na terra, praticar o bem sobre a terra, mas com o coração nostálgico do Céu!» (Papa Francisco)
 
* O que faço para alimentar uma atitude vigilante? A minha oração, a escuta da Palavra, a celebração da Eucaristia, ajudam-me a viver cada momento como uma oportunidade para acolher o Senhor que vem, e a viver com desprendimento e no serviço aos outros?
 
3. «A quem muito foi dado, muito será exigido; a quem muito foi confiado, mais se lhe pedirá» Comprometer-se e assumir as próprias responsabilidades na vida pessoal, familiar, profissional, comunitária, política e eclesial é um apelo constante do Evangelho que nos faz viver na terra com a “nostalgia do Céu”, procurando que a nossa vida se torne instrumento da construção do Reino de Deus neste mundo, acumulando, dessa forma, um “tesouro” no Céu.
 
* Reconheço os dons, as capacidades e talentos que tenho e procuro pô-los ao serviço dos outros? Estou comprometido em algum serviço na comunidade e procuro viver esse compromisso de uma forma responsável, como instrumento para a construção do Reino?
 

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