sexta-feira, 25 de julho de 2025

XVII Domingo do Tempo Comum

S. Tito Brandsma, presbítero e mártir de nossa Ordem
 
1ª Leitura (Gen 18,20-32):
Naqueles dias, disse o Senhor: «O clamor contra Sodoma e Gomorra é tão forte, o seu pecado é tão grave que Eu vou descer para verificar se o clamor que chegou até Mim corresponde inteiramente às suas obras. Se sim ou não, hei de sabê-lo». Os homens que tinham vindo à residência de Abraão dirigiram-se então para Sodoma, enquanto o Senhor continuava junto de Abraão. Este aproximou-se e disse: «Irás destruir o justo com o pecador? Talvez haja cinquenta justos na cidade. Matá-los-ás a todos? Não perdoarás a essa cidade, por causa dos cinquenta justos que nela residem? Longe de Ti fazer tal coisa: dar a morte ao justo e ao pecador, de modo que o justo e o pecador tenham a mesma sorte! Longe de Ti! O juiz de toda a terra não fará justiça?». O Senhor respondeu-lhe: «Se encontrar em Sodoma cinquenta justos, perdoarei a toda a cidade por causa deles». Abraão insistiu: «Atrevo-me a falar ao meu Senhor, eu que não passo de pó e cinza: talvez para cinquenta justos faltem cinco. Por causa de cinco, destruirás toda a cidade?». O Senhor respondeu: «Não a destruirei se lá encontrar quarenta e cinco justos». Abraão insistiu mais uma vez: «Talvez não se encontrem nela mais de quarenta». O Senhor respondeu: «Não a destruirei em atenção a esses quarenta». Abraão disse ainda: «Se o meu Senhor não levar a mal, falarei mais uma vez: talvez haja lá trinta justos». O Senhor respondeu: «Não farei a destruição, se lá encontrar esses trinta». Abraão insistiu novamente: «Atrevo-me ainda a falar ao meu Senhor: talvez não se encontrem lá mais de vinte justos». O Senhor respondeu: «Não destruirei a cidade em atenção a esses vinte». Abraão prosseguiu: «Se o meu Senhor não levar a mal, falarei ainda esta vez: talvez lá não se encontrem senão dez». O Senhor respondeu: «Em atenção a esses dez, não destruirei a cidade».
 
Salmo Responsorial: 137
R. Quando Vos invoco, sempre me atendeis, Senhor.
 
De todo o coração, Senhor, eu Vos dou graças, porque ouvistes as palavras da minha boca. Na presença dos Anjos hei de cantar-Vos e adorar-Vos, voltado para o vosso templo santo.
 
Hei de louvar o vosso nome pela vossa bondade e fidelidade, porque exaltastes acima de tudo o vosso nome e a vossa promessa. Quando Vos invoquei, me respondestes, aumentastes a fortaleza da minha alma.
 
O Senhor é excelso e olha para o humilde, ao soberbo conhece-o de longe. No meio da tribulação Vós me conservais a vida, Vós me ajudais contra os meus inimigos.
 
A vossa mão direita me salvará, o Senhor completará o que em meu auxílio começou. Senhor, a vossa bondade é eterna, não abandoneis a obra das vossas mãos.
 
2ª Leitura (Col 2,12-14): Irmãos: Sepultados com Cristo no baptismo, também com Ele fostes ressuscitados pela fé que tivestes no poder de Deus que O ressuscitou dos mortos. Quando estáveis mortos nos vossos pecados e na incircuncisão da vossa carne, Deus fez que voltásseis à vida com Cristo e perdoou-nos todas as nossas faltas. Anulou o documento da nossa dívida, com as suas disposições contra nós; suprimiu-o, cravando-o na cruz.
 
Aleluia. Recebestes o espírito de adopção filial; nele clamamos: «Abá, ó Pai». Aleluia.
 
Evangelho (Lc 11,1-13): Um dia, Jesus estava orando num certo lugar. Quando terminou, um de seus discípulos pediu-lhe: «Senhor, ensina-nos a orar, como também João ensinou a seus discípulos». Ele respondeu: «Quando orardes, dizei: Pai, santificado seja teu nome; venha o teu Reino; dá-nos, a cada dia, o pão cotidiano, e perdoa-nos os nossos pecados, pois nós também perdoamos a todo aquele que nos deve; e não nos introduzas em tentação». E Jesus acrescentou: «Imaginai que um de vós tem um amigo e, à meia-noite, o procura, dizendo: ‘Amigo, empresta-me três pães, pois um amigo meu chegou de viagem e nada tenho para lhe oferecer’. O outro responde lá de dentro: ‘Não me incomodes. A porta já está trancada. Meus filhos e eu já estamos deitados, não posso me levantar para te dar os pães’. Digo-vos: mesmo que não se levante para dá-los por ser seu amigo, vai levantar-se por causa de sua impertinência e lhe dará quanto for necessário. Portanto, eu vos digo: pedi e vos será dado; procurai e encontrareis; batei e a porta vos será aberta. Pois todo aquele que pede recebe; quem procura encontra; e a quem bate, a porta será aberta. Algum de vós que é pai, se o filho pedir um peixe, lhe dará uma cobra? Ou ainda, se pedir um ovo, lhe dará um escorpião? Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do céu dará o Espírito Santo aos que lhe pedirem!».
 
«Jesus estava orando num certo lugar… ‘Senhor, ensina-nos a orar’»
 
Pe. Jean GOTTIGNY (Bruxelles, Bélgica)
 
Hoje, Jesus em oração nos ensina a orar. Prestemos atenção no que sua atitude nos ensina. Jesus Cristo experimenta em muitas ocasiões a necessidade de encontrar-se cara a cara com seu Pai. Lucas, em seu Evangelho, insiste sobre este ponto.
 
Sobre que falavam naquele dia? Não sabemos. No entanto, em outra ocasião, nos chegou um fragmento de conversação entre seu Pai e Ele. No momento em que foi batizado no rio Jordão, quando estava orando, «E do céu veio uma voz: ‘Tu és o meu filho amado; em ti está meu pleno agrado’» (Lc 3,22). No parêntese de um diálogo ternamente afetuoso.
 
Quando, no Evangelho de hoje, um dos discípulos, ao observar seu recolhimento, lhe implora que lhes ensine a falar com Deus, Jesus responde: «Quando ores, diga: ‘Pai, santificado seja teu nome…’» (Lc 11,2). A oração consiste em uma conversação filial com esse Pai que nos ama com loucura. Não definia Teresa de Ávila a oração como “uma íntima relação de amizade”: «estando muitas vezes tratando a sós com quem sabemos que nos ama»?
 
Bento XVI encontra «significativo que Lucas situe o Pai-nosso no contexto da oração pessoal do próprio Jesus. Desta forma, Ele nos faz participar de sua oração; conduz-nos ao interior do diálogo íntimo do amor trinitário; ou seja, levanta nossas misérias humanas até o coração de Deus».
 
É significativo que, na linguagem cotidiana, a oração que Jesus Cristo nos ensinou se resume nestas duas únicas palavras: «Pai Nosso». A oração cristã é eminentemente filial.
 
A liturgia católica põe esta oração nos nossos lábios no momento em que nos preparamos para receber o Corpo e o Sangre de Jesus Cristo. As sete petições que permite e a ordem em que estão formuladas nos dão uma ideia da conduta que devemos de manter quando recebamos a Comunhão Eucarística.
 
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«Ele quer que eu lhe ame porque me há perdoado, não muito, senão tudo. Não tem esperado a que eu lhe ame muito, senão que tem querido que eu saiba até que ponto Ele me tem amado, para que eu lhe ame a Ele com loucura!» (Santa Teresa de Lisieux)
 
«O Senhor disse-nos como temos de orar. Lucas põe o “Pai Nosso” em relação com a oração pessoal em Jesus mesmo. Ele nos faz participes de sua própria oração, nos introduz no diálogo interior do Amor trinitário» (Bento XVI)
 
«Tal oração, que nos vem de Jesus, é verdadeiramente única: é “do Senhor”. Efetivamente, por um lado, nas palavras desta oração o Filho Único dá-nos as palavras que o Pai Lhe deu: Ele é o mestre da nossa oração. Por outro lado, sendo o Verbo encarnado, Ele conhece no seu coração de homem as necessidades dos seus irmão e irmãs humanos e nos as revela: Ele é o modelo da nossa oração.» (Catecismo da Igreja Católica, n° 2765)
 
«Ensina-nos a orar»
 
Pe. Marcelo de Moraes, da Diocese de Leiria-Fátima
 
* Na oração coleta do 17º Domingo do Tempo Comum é invocada sobre nós a misericórdia do Senhor, para que possamos aderir, desde já, ou seja, neste mundo, aos bens eternos.
Deus é o Sumo e o nosso maior Bem. Ele quis participar da vida do ser humano; e é justamente com misericórdia que Ele vem ao nosso encontro. A primeira leitura deixa claro que Deus tem um olhar atento sobre o homem e sabe da sua má conduta, mas acima de tudo Deus é misericordioso. Ele é, como rezamos no salmo 137, Aquele que está sempre perto e nos atende quando O invocamos. E, como diz São Paulo na segunda leitura, é por Jesus que Deus nos perdoou e nos fez voltar à vida. Por isso, o Evangelho de São Lucas apresenta-nos a oração do Pai nosso; e o melhor meio de encontro e de relação com Deus é, de facto, o da oração. No Pai nosso o foco está sobre o perdão que devemos dar aos outros, porque Deus nos amou e nos perdoou primeiro; e assim devemos fazer, porque filho de peixe, sabe nadar. 
 
* Jesus ensina os discípulos sobre a oração: o “Pai-Nosso”, como sempre foi entendido pelos cristãos de todos os tempos, é o modelo. Através desta oração, Jesus exorta o crente a implorar de Deus o auxílio para as necessidades, mas, acima de tudo, encoraja-os a dirigir-se a Deus, a quem chama de Pai, com toda a confiança.
 
* Os discípulos compreenderam que Jesus não rezava como eles e pediram que os ensinasse. A oração que é ensinada revela-nos que: Deus é um Pai amoroso, que nos perdoa e nos convida a perdoar-nos uns aos outros. Um Pai que procura relação conosco. O foco da oração não somos nós, com as nossas necessidades que devem ser satisfeitas e que são já conhecidas por Deus. Deus é o centro e a parte mais importante da oração; isso porque nós somos importantes para Ele. Por isso Jesus diz-nos que assim como nós, na nossa “maldade”, no nosso pecado, sabemos e podemos dar coisas boas aos nossos filhos, assim Deus dá-nos o que é bom, o que nos é necessário; e não há nada mais necessário que a Sua presença em nós, através do Seu Espírito, que nos faz filhos.
 
* Falar com Deus, “importuná-lo”, dizer o que temos dentro, embora Ele bem saiba “o que está no homem” (Jo 2,25), é fundamental. Existe, porém, uma distância entre o que pedimos e o que realmente desejamos, entre nós e o nosso desejo. Esta distância é percorrida no caminho da oração, e dura uma vida inteira. Pois (só) o Pai sabe o que realmente precisamos (Mt 6,32). Por isso, o Espírito Santo é a «coisa boa» de Deus para nós.
 
* «… estava Jesus em oração em certo lugar».  Jesus é exemplo do homem orante, do homem que confia em Deus, do crente que se aproxima de Deus em oração. Do fiel que procura ocasiões durante o dia para estar com Deus a sós, em silêncio, mesmo que externamente haja ruido, barulho. Ensina-nos, Senhor, em primeiro lugar, a sabermos procurar ocasiões para orar, mesmo que não tenhamos tempo para parar. Que a oração seja para nós como respirar e comer: indispensável.
 
* «Senhor, ensina-nos a orar, como João Baptista ensinou também os seus discípulos» Ensina-nos, Senhor, que a oração é indispensável. Ensina-nos, sobretudo, a rezar bem, a rezar com a vida. Obrigado, Senhor, porque a oração do Pai nosso diz-nos que somos filhos, que Deus é o nosso Pai. A oração, Senhor, nada mais é que o meio pelo qual nos relacionamos contigo, que és o nosso Pai.
 
* «‘Pai, santificado seja o vosso nome; venha o vosso reino’…».  Em primeiro lugar na oração está Deus. Ele é o mais importante. Ele é Pai. O seu nome deve ser santificado. O Seu reino deve vir ao nosso encontro. Obrigado, Senhor, por seres quem és, um Deus que é Pai, digno de todos os louvores, um Rei poderoso cujo reino é de amor.
 
* «… ‘dai-nos em cada dia o pão da nossa subsistência; perdoai-nos os nossos pecados, porque também nós perdoamos a todo aquele que nos ofende; e não nos deixeis cair em tentação’».  Obrigado, Senhor, pelos dons de cada dia, por aquilo que Te peço hoje, porque hoje me é necessário. Obrigado pelo Teu perdão que me leva a perdoar também. Obrigado, meu Deus, porque estás comigo em todos os momentos, principalmente quando me sinto mais frágil e caio em tentação. Ainda que eu caia, Senhor, sei que estás sempre comigo.
 
* «Pedi e dar-se-vos-á; procurai e encontrareis; batei à porta e abrir-se-vos-á. Porque quem pede recebe; quem procura encontra e a quem bate à porta, abrir-se-á».  Obrigado, Senhor, porque, quando Te louvamos e quando estamos em união contigo e com os irmãos, podemos pedir-Te com confiança os dons que tens para nos oferecer.
 
* «… quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo àqueles que Lhe pedem!».  Obrigado, Senhor, pelo Espírito Santo. «Vem, Espírito Santo».
 
Meditação
1 – Tenho procurado no meu dia a dia «lugares», ocasiões para rezar? A oração é indispensável para mim como respirar e comer?
2 – Tenho procurado crescer na oração? Tenho rezado com maturidade, ou seja, a minha oração evolui ou é sempre a mesma coisa? Tenho aprendido com Jesus a rezar?
3 – Tenho louvado a Deus? Quando rezo, louvo mais a Deus ou peço mais? Na minha oração, Deus e o louvor a Ele ocupam a parte mais importante, ou penso primeiro em mim e nas minhas necessidades?
4 – Peço a Deus pelas necessidades de cada dia, ou estou sempre preocupado com as necessidades de amanhã, do futuro? Perdoo? Sei que o perdão que devo aos outros é a minha decisão de poder amar o meu semelhante que errou? E ainda que eu não volte a ser seu amigo, poderei garantir a minha mão estendida quando ele precisar de mim? Tenho estado sempre em união com Deus para evitar cair em tentação? E quando caio em tentação, recorro ao sacramento do Perdão (Confissão) e sinto que Deus me levanta para eu recomeçar?
5 - Quando peço, nas minhas orações, faço-o com confiança, porque sei que, se for qualquer coisa boa para a minha felicidade, Deus permitirá e só me dará o que é bom para mim?
6 - Sei que o Espírito Santo é Deus presente em mim? Sei que invocar o Espírito Santo em todas as circunstâncias da vida, dizendo «Vem, Espírito Santo», é uma oração poderosa e eficaz? - Sei que é justamente o Espírito Santo de Deus que me santifica, por que promove a minha comunhão filial com Deus?
 
Propósito e oração final
A partir desta palavra proponho-me:
1 – Orar mais e principalmente melhor: procurar ocasiões para rezar durante o dia. Nem é preciso estar sozinho ou num lugar específico, ainda que às vezes sim. O «lugar» da oração é o coração.
2 – Perdoar: ainda que a amizade não seja possível e que não seja possível esquecer. Perdoar é ter a mão estendida a quem errou.

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