Santa
Isabel, rainha de Portugal, viúva
B.ta Maria
Crucificada Cúrcio, virgem de nossa Ordem
D.
Frei Vital Maria Gonçalves de Oliveira, Bispo
1ª
Leitura (Gen 23,1-4.19; 24,1-8.62-67): Sara viveu até aos cento e vinte
e sete anos e morreu em Quiriat-Arbá, hoje Hebron, na terra de Canaã. Abraão
foi lá celebrar os funerais e chorar sua mulher. Depois deixou a defunta e
falou assim aos filhos de Het: «Eu sou um imigrante entre vós. Cedei-me em
terreno vosso a posse dum sepulcro, para eu enterrar a minha defunta. E assim
Abraão sepultou Sara, sua esposa, na gruta do campo de Macpela, em frente de
Mambré, hoje Hebron, na terra de Canaã. Abraão era já velho, de idade avançada,
e o Senhor tinha-o abençoado em tudo. Disse Abraão ao servo mais antigo da sua
casa, que superentendia sobre todos os seus bens: «Põe a tua mão debaixo da
minha coxa e jura pelo Senhor, Deus do céu e da terra, que não escolherás para
o meu filho uma esposa entre as filhas dos cananeus, no meio dos quais habito.
Mas irás à minha terra e à minha família escolher uma esposa para o meu filho
Isaac». O servo perguntou-lhe: «Se essa mulher não quiser vir comigo para esta
terra, deverei levar o teu filho para a terra donde vieste?». Abraão
respondeu-lhe: «De modo nenhum levarás para lá o meu filho. O Senhor, Deus do
Céu, que me tirou da casa paterna e da terra onde nasci, falou-me e fez-me o
seguinte juramento: ‘Darei esta terra aos teus descendentes’. Ele enviará à tua
frente o seu Anjo, para que escolhas na minha terra uma esposa para o meu
filho. Se essa mulher não quiser vir contigo, ficarás desligado deste juramento
que me fazes. Mas em caso algum levarás para lá o meu filho». Isaac tinha
voltado do poço de Laai-Roí e habitava na região do Negueb. Uma vez em que ele
saíra a passear pelo campo à tardinha, ergueu os olhos e viu uns camelos que
acabavam de chegar. Rebeca, sua prima, ergueu também os olhos e viu Isaac. Ela
desceu do camelo e perguntou ao servo: «Quem é aquele homem que vem a correr
pelo campo ao nosso encontro?». O servo respondeu: «É o meu senhor». Rebeca
tomou o véu e cobriu-se. O servo contou a Isaac tudo o que tinha feito. Isaac
introduziu Rebeca na tenda de Sara, sua mãe. Depois se casou com ela e amou-a,
consolando-se assim da morte de sua mãe.
Salmo
Responsorial: 105
R. Dai graças ao Senhor,
porque Ele é bom.
Dai graças ao Senhor, porque Ele
é bom, porque é eterna a sua misericórdia. Quem poderá contar as obras do
Senhor e apregoar todos os seus prodígios?
Felizes os que observam os seus
preceitos e praticam sempre o que é justo. Lembrai-Vos de nós, Senhor, por amor
do vosso povo.
Visitai-nos com a vossa salvação,
para que vejamos a felicidade dos vossos eleitos, rejubilemos com a alegria do
vosso povo e exultemos com a vossa herança.
Aleluia. Vinde a Mim, vós
todos que andais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei, diz o Senhor.
Aleluia.
Evangelho
(Mt 9,9-13): Ao passar, Jesus viu um homem chamado Mateus, sentado na
coletoria de impostos, e disse-lhe: «Segue-me!». Ele se levantou e seguiu-o.
Depois, enquanto estava à mesa na casa de Mateus, vieram muitos publicanos e
pecadores e sentaram-se à mesa, junto com Jesus e seus discípulos. Alguns
fariseus viram isso e disseram aos discípulos: «Por que vosso mestre come com
os publicanos e pecadores?». Tendo ouvido a pergunta, Jesus disse: «Não são as
pessoas com saúde que precisam de médico, mas as doentes. Ide, pois, aprender o
que significa: ‘Misericórdia eu quero, não sacrifícios. De fato, não é a justos
que vim chamar, mas a pecadores».
«Segue-me»
Diácono D. Josep MONTOYA Viñas (Valldoreix,
Barcelona, Espanha)
Hoje, com esta palavra simples,
porém profunda — “Segue-me” — Jesus transforma a vida de Mateus. Um publicano,
um homem que é rejeitado pelos seus contemporâneos, é olhado com misericórdia e
chamado pelo Mestre.
Este evangelho fala-nos do olhar
de Jesus: um olhar que não condena, mas convida. Também nós, nalgum momento da
nossa vida, ouvimos esse chamamento. Talvez não com palavras audíveis, mas no
fundo do coração: um convite para sair da nossa zona de conforto e segui-Lo num
caminho de conversão e serviço. O que me pede Jesus agora? Que resposta quero
dar-Lhe?
Jesus não espera que sejamos
perfeitos para nos chamar. O Senhor diz aos fariseus, diante do seu
desconforto: «Não são os saudáveis que precisam de médico, mas os doentes» (Mt
9,12). É na nossa realidade concreta, com as nossas feridas e limitações, que Ele
nos pede “segue-me”.
O Papa Leão XIV, quando recebeu o
barrete cardinalício, disse no seu discurso de agradecimento, dirigindo-se a
todos os cardeais presentes: «Não tenhais medo de dizer “sim”. Pelo menos, não
tenhais medo, de abrir os vossos corações e, se quiserdes, tentai e vede se o
Senhor vos chama...».
O chamamento de Cristo, ao Papa
Leão, é um convite a abrir-se à vocação de O seguir, com confiança e sem medo.
É essa caridade que leva Jesus a sentar-se à mesa com os pecadores. E é a mesma
que hoje nos impele a olhar para os outros com misericórdia, não com
superioridade, mas a partir do desejo de que todos possamos ouvir e responder
ao chamamento, porque «o que eu quero é amor e não sacrifícios» (Os 6,6; cf. Mt
9,13), ouvimos hoje da boca de Jesus.
Que este evangelho renove o nosso
coração e nos ajude a reconhecer a voz de Cristo na nossa vida quotidiana.
«Segue-me»
Rev. D. Pere CAMPANYÀ i Ribó (Barcelona,
Espanha)
Hoje, o Evangelho nos fala da
vocação do publicano Mateus. Jesus está preparando o pequeno grupo de
discípulos que continuarão sua obra de salvação. Ele escolhe a quem quer: serão
pescadores, ou de uma humilde profissão. Inclusive, chama a que lhe siga um
cobrador de impostos, profissão desprezada pelos judeus —que se consideravam
perfeitos observantes da lei—, porque a viam como muito próxima a ter uma vida
pecadora, já que cobravam impostos em nome do governador romano, a quem não
queriam submeter-se.
É suficiente com o convite de
Jesus: «Segue-me!» (Mt 9,9). Com uma palavra do Mestre, Mateus deixa sua
profissão e muito contente o convida a sua casa para celebrar ali um banquete
de agradecimento. Era natural que Mateus tivesse um grupo de bons amigos, do
mesmo “ramo profissional”, para que o acompanharam a participar de aquele
convite. Segundo os fariseus, todas aquelas pessoas eram pecadores reconhecidos
publicamente como tais.
Os fariseus não podem calar e
comentam com alguns discípulos de Jesus: «Depois, enquanto estava à mesa na
casa de Mateus, vieram muitos publicanos e pecadores e sentaram-se à mesa,
junto com Jesus e seus discípulos» (Mt 9,10). A resposta de Jesus é imediata:
«Tendo ouvido a pergunta, Jesus disse: “Não são as pessoas com saúde que
precisam de médico, mas as doentes» (Mt 9,12). A comparação é perfeita: «De
fato, não é a justos que vim chamar, mas a pecadores» (Mt 9,13).
As palavras deste Evangelho são
de atualidade. Jesus continua convidando a segui-lo, cada um segundo seu estado
e profissão. E seguir Jesus, com frequência, supõe deixar paixões desordenadas,
mau comportamento familiar, perda de tempo, para dedicar momentos à oração, ao
banquete eucarístico, à pastoral missioneira. Enfim, que «um cristão não é dono
de si mesmo, e sim que está entregue ao serviço de Deus» (Santo Inácio de
Antioquia).
Com certeza, Jesus me pede uma
mudança de vida e, assim, me pergunto: de que grupo formo parte, da pessoa
perfeita ou da que se reconhece sinceramente defeituosa? É verdade que posso
melhorar?
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«Meu doce Senhor, voltai
generosamente os vossos olhos misericordiosos para este vosso povo; pois será
muito a Vossa glória se tiverdes piedade da imensa multidão das vossas
criaturas«» (Santa Catarina de Siena)
«Jesus Cristo é a face visível da
misericórdia do Pai. Misericórdia: é a palavra que revela o mistério da
Santíssima Trindade. Misericórdia: é o último e supremo ato pelo qual Deus vem
ao nosso encontro» (Francisco)
«Jesus praticou atos, como o
perdão dos pecados, que O manifestaram como sendo o próprio Deus salvador.
Alguns judeus, que, não reconhecendo o Deus feito homem viam n'Ele `um homem
que se faz Deus´ (Jo 10,33), julgaram-no como blasfemo» (Catecismo da Igreja
Católica, nº 594)
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm.
* O Sermão da Montanha ocupou
os capítulos 5 a 7 do evangelho de Mateus. A parte narrativa dos capítulos
8 e 9, tem como finalidade mostrar como Jesus praticava o que acabava de
ensinar. No Sermão da Montanha, ele ensinou o acolhimento (Mt
5,23-25.38-42.43). Agora, ele mesmo o pratica acolhendo leprosos (Mt 8,1-4),
estrangeiros (Mt 8,5-13), mulheres (Mt 8,14-15), doentes (Mt 8,16-17),
endemoninhados (Mt 8,28-34), paralíticos (Mt 9,1-8), publicanos (Mt 9,9-13),
pessoas impuras (Mt 9,20-22), etc. Jesus rompe com as normas e costumes que
excluíam e dividiam as pessoas, isto é, o medo e a falta de fé (Mt 8,23-27) e
as leis da pureza (9,14-17), e não faz segredo das exigências para os que
querem segui-lo. Eles terão que ter a coragem de largar muita coisa (Mt
8,18-22). Assim, nas atitudes e na prática de Jesus, aparece em que consistem o
Reino e a observância perfeita da Lei de Deus.
* Mateus 9,9: O chamado para seguir Jesus. As primeiras
pessoas chamadas para seguir Jesus eram quatro pescadores, todos judeus (Mt
4,18-22). Agora, Jesus chama um publicano, considerado pecador e tratado como
impuro pelas comunidades mais observantes dos fariseus. Nos outros evangelhos,
este publicano se chama Levi. Aqui, o nome dele é Mateus que significa dom de
Deus ou dado por Deus. As comunidades, em vez de excluir o publicano como
impuro, devem considerá-lo como um Dom de Deus para a comunidade, pois a
presença dele faz com que a comunidade se torne sinal de salvação para todos!
Como os primeiros quatro chamados, assim o publicano Mateus larga tudo que tem
e segue Jesus. O seguimento de Jesus exige ruptura. Mateus largou a coletoria,
sua fonte de renda, e foi atrás de Jesus!
* Mateus 9,10: Jesus se senta
à mesa junto com pecadores e publicanos. Naquele tempo, os judeus viviam
separados dos pagãos e dos pecadores e não comiam com eles na mesma mesa. Os
judeus cristãos deviam romper este isolamento e criar comunhão de mesa com os
pagãos e os impuros. Foi isto que Jesus ensinou no Sermão da Montanha como
sendo uma expressão do amor universal de Deus Pai. (Mt 5,44-48). A missão das
comunidades era oferecer um lugar aos que não tinham lugar. Mas esta nova lei
não era aceita por todos. Em algumas comunidades, as pessoas vindas do
paganismo, mesmo sendo cristãs, não eram aceitas na mesma mesa (cf. At 10,28;
11,3; Gal 2,12). O texto do evangelho de hoje mostra como Jesus comia com
publicanos e pecadores na mesma casa e na mesma mesa.
* Mateus 9,11: A pergunta dos
fariseus. Para os judeus era proibida a comunhão de mesa com publicanos e
pagãos, mas Jesus nem liga. Ele até faz uma confraternização com eles. Os
fariseus, vendo a atitude de Jesus, perguntam aos discípulos: "Por que o
mestre de vocês come com os cobradores de impostos e os pecadores?" Esta
pergunta pode ser interpretada como expressão do desejo deles de quererem saber
por que Jesus agia assim. Outros interpretam a pergunta como crítica deles ao
comportamento de Jesus, pois durante mais de quinhentos anos, desde os tempos
do cativeiro na Babilônia até à época de Jesus, os judeus tinham observado as
leis da pureza. Esta observância secular tornou-se para eles um forte sinal
identidade. Ao mesmo tempo, era fator de sua separação no meio dos outros
povos. Assim, por causa das leis da pureza, não podiam nem conseguiam sentar-se
na mesma mesa para comer com pagãos. Comer com pagãos significava
contaminar-se, tornar-se impuro. Os preceitos da pureza legal eram
rigorosamente observados, tanto na Palestina como nas comunidades judaicas da
Diáspora. Na época de Jesus, havia mais de quinhentos preceitos para preservar
a pureza. Nos anos setenta, época em que Mateus escreve, este conflito era
muito atual.
* Mateus 9,12-13: Eu quero
misericórdia e não sacrifício. Jesus ouviu a pergunta dos fariseus aos
discípulos e responde com dois esclarecimentos. O primeiro é tirado do bom
senso: "As pessoas que têm saúde não precisam de médico, mas só as que
estão doentes”. O outro é tirado da Bíblia: “Aprendam, pois, o que significa:
Eu quero a misericórdia e não o sacrifício”. Por meio destes dois
esclarecimentos Jesus explicita e esclarece a sua missão junto ao povo: “Eu não
vim para chamar os justos, e sim os pecadores". Jesus nega a crítica dos fariseus, nem aceita
os argumentos deles, pois nasciam de uma ideia falsa da Lei de Deus. Ele mesmo
invoca a Bíblia: "Eu quero misericórdia e não sacrifício!" Para Jesus
a misericórdia é mais importante que a pureza legal. Ele apela para a tradição
profética para dizer que a misericórdia vale mais para Deus do que os todos
sacrifícios (Os 6,6; Is 1,10-17). Deus tem entranhas de misericórdia, que se
comovem diante das faltas do seu povo (Os 11,8-9).
Para um confronto pessoal
1. Hoje, na nossa
sociedade, quem é o marginalizado e o excluído? Por quê? Na nossa comunidade
temos preconceitos? Quais? Qual o desafio que as palavras de Jesus colocam para
a nossa comunidade hoje?
2. Jesus manda o povo ler
e entender o Antigo Testamento que diz: "Quero misericórdia e não
sacrifício". O que Jesus quer com isto para nós hoje?
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