A
Ordem carmelita celebra hoje a solenidade da Virgem Maria, Mãe do Carmelo, a
quem deve tudo o que é.
A Sagrada Escritura exalta a beleza do monte Carmelo, onde o profeta Elias, ardendo de zelo pelo Deus vivo, defendeu a pureza da fé de Israel. Neste monte, junto à fonte que tinha o nome do profeta, estabeleceram-se alguns eremitas nos finais do séc. XII, os quais, no início do século seguinte, tendo recebido de S. Alberto, Patriarca latino de Jerusalém, uma fórmula de vida, aí construíram um oratório dedicado à Mãe de Deus, ficando assim juridicamente constituídos com o título de “Santa Maria do Monte Carmelo”. Desde então experimentaram a proteção maternal da sua Senhora, a Virgem puríssima, a quem chamaram “Irmã”, primeiramente na prática da vida contemplativa e mais tarde no dom aos irmãos das riquezas recolhidas na íntima comunhão com Deus na prática da vida fraterna. Por isso começaram a intitular-se: “Irmãos de Santa Maria do Monte Carmelo”.
Esta invocação mariana, que exprime o conjunto dos benefícios recebidos da nossa Padroeira, começou a celebrar-se com toda a solenidade no séc. XIV em Inglaterra, expandindo-se rapidamente por toda a Ordem, até que, em 1606, Paulo V a reconheceu como festa principal da Confraria do Santo Escapulário e o Capítulo Geral de 1609 a declarou como sendo a festa principal e mais solene da Ordem.
Primeira
Leitura (1 Reis 18, 42b-45ª): Naqueles dias, Elias foi para cima do
monte Carmelo, prostrou-se em terra e pôs a cabeça entre os joelhos. Depois
disse ao seu servo: “Sobe e olha em direção ao mar”. O servo subiu, olhou e
disse: “Não há nada”. Elias ordenou-lhe: “Volta sete vezes”. À sétima vez, o
servo exclamou: “Do lado do mar vem subindo uma nuvenzinha, tão pequena como a
palma da mão”. Elias ordenou-lhe: “Vai dizer a Acab:” “Manda atrelar os cavalos
e desce, para que a chuva te não detenha”. Num instante o céu se cobriu de
nuvens, soprou o vento e caiu uma forte chuvada.
Salmo
Responsorial: Sl 14(15), 1.2-3.4
R. Chamai-nos, ó Virgem Maria, e seguiremos os vossos passos.
Senhor, quem poderá ser hóspede na vossa casa? Quem poderá comparecer à vossa presença no vosso monte. ℟.
Subirá ao vosso Monte santo aquele que realiza a justiça, caminha na integridade, fala a verdade e não calunia. ℟.
Aquele que não prejudica ao próximo, nem insulta o vizinho, que despreza aqueles que Deus despreza, e honra os que o temem. ℟.
Segunda Leitura (Gal 4, 4-7): Irmãos: Quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher e sujeito à Lei, para resgatar os que estavam sujeitos à Lei e nos tornar seus filhos adotivos. E porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: “Abba! Pai!”. Assim, já não és escravo, mas filho. E, se és filho, também és herdeiro, por graça de Deus.
Evangelho (Mt 12,46-50): Naquele tempo, Jesus falava ainda à multidão, quando veio sua mãe e seus irmãos e esperavam do lado de fora a ocasião de lhe falar. Disse-lhe alguém: «Tua mãe e teus irmãos estão aí fora, e querem falar-te». Jesus respondeu-lhe: «Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?» E, apontando com a mão para os seus discípulos, acrescentou: «Eis aqui minha mãe e meus irmãos. Todo aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe».
Hoje, recordamos a Virgem sob a popular invocação de Nossa Senhora do Carmo.
A Sagrada Escritura celebra a
beleza da montanha do Carmelo onde o profeta Elias defendeu a pureza da fé. No
texto evangélico para este dia, Jesus - o Senhor - elogia indiretamente a
pureza da fé de sua Mãe Santíssima que, de modo perfeito, cumpriu a vontade do
Pai do céu (cf. Mt 12,50), de tal modo que Ela é para todas as gerações de
discípulos o modelo mais perfeito de como escutar e viver com fruto a Palavra
divina.
Esta Palavra não pode permanecer
escondida, antes há de resplandecer e iluminar todo o mundo. Por isso, os
cristãos temos de ser uma espécie de “lampadários” do Evangelho através do
cumprimento fiel e assíduo da vontade do Pai do Céu, como diariamente nos
ensina a fazer a nossa Mãe Santíssima, que, de modo semelhante a nós, também
teve de «peregrinar pelos caminhos da fé» (Concílio Vaticano II).
A propósito da fé de Maria e da
sua docilidade no cumprimento da vontade do Pai, o papa santo Paulo VI comentou
que Maria «tinha a fé que supunha não a evidência direta do conhecimento, mas a
aceitação da verdade pela Palavra de Deus que a revela». No Reino de Deus, que
Jesus inaugurou, o motivo de glória e de pertença, não se baseia no parentesco
de sangue, uma vez se trata de um reino espiritual onde as relações de
parentesco com Jesus se constroem a partir da obediência à sua Palavra, o que
nos há-de levar a amar e a servir os irmãos.
Que Ela, Maria, nos confirme na
nossa vocação cristã e nos aumente o gosto de saborear as coisas espirituais e,
que sob a sua guia e proteção, possamos subir aos cumes mais elevados da
montanha que é Cristo, seu Filho!
* A família de Jesus. Os
parentes chegaram à casa onde Jesus estava. Eles provavelmente vieram de
Nazaré. De lá até Cafarnaum há uma distância de quarenta quilômetros. Sua mãe
também veio com eles. Eles não entram, mas enviam um mensageiro: "Sua mãe
e seus irmãos estão do lado de fora, pedindo para falar com você". A
reação de Jesus é clara: "Quem é minha mãe? Quem são meus irmãos?" E,
estendendo a mão para os discípulos, disse: "Aqui estão minha mãe e meus
irmãos. Pois todo aquele que faz a vontade de meu Pai celestial é meu irmão,
irmã e mãe." Para entender o significado dessa resposta, é útil observar a
situação da família na época de Jesus.
* Na antiga Israel, o clã, ou seja, a grande família (a comunidade), era a base da convivência social. Era a proteção das famílias e do povo, a garantia da posse da terra, o principal veículo da tradição e a defesa da identidade. Era a forma concreta de as pessoas daquela época encarnarem o amor de Deus e o amor ao próximo. Defender o clã era o mesmo que defender o Pacto.
* Na Galileia, na época de Jesus, por causa do sistema estabelecido durante os longos períodos de governo de Herodes, o Grande (37 a.C. a 4 a.C.) e de seu filho Herodes Antipas (4 a.C. a 39 d.C.), o clã (a comunidade) estava se enfraquecendo. Os impostos a serem pagos, tanto ao governo quanto ao Templo, as dívidas que estavam aumentando, a mentalidade individualista da ideologia helenística, as frequentes ameaças de repressão violenta por parte dos romanos e a obrigação de aceitar os soldados e dar-lhes hospitalidade, o problema cada vez maior da sobrevivência, tudo isso impelia as famílias a bloquear as coisas e a pensar apenas em suas próprias necessidades. Esse fechamento foi reforçado pela religião da época. Por exemplo: quem doasse sua herança ao Templo poderia deixar seus pais sem nenhuma ajuda. Isso enfraqueceu o quarto mandamento, que era a espinha dorsal do clã (Mc 7:8-13). Além disso, a observância das normas de pureza era um fator de marginalização para muitas pessoas: mulheres, crianças, samaritanos, estrangeiros, leprosos, possessos, cobradores de impostos ou publicanos, doentes, mutilados e paraplégicos.
* Assim, a preocupação com os problemas da própria família impedia que as pessoas se reunissem em comunidade. Agora, para que o Reino de Deus se manifestasse na vida em comunidade, as pessoas tinham de superar os limites estreitos da família pequena e se abrir novamente para a família grande, para a comunidade. Jesus deu o exemplo. Quando Sua própria família tentou se apossar Dele, Ele reagiu e ampliou a família: "Quem é minha mãe? Quem são meus irmãos?" E, estendendo a mão para os discípulos, disse: "Aqui estão minha mãe e meus irmãos. Pois todo aquele que faz a vontade de meu Pai celestial é meu irmão, irmã e mãe". Ele criou uma comunidade.
* Jesus pediu a mesma coisa àqueles que queriam segui-Lo. As famílias não podiam se fechar para a comunidade maior. Os excluídos e marginalizados tinham de ser aceitos na vida com os outros e, dessa forma, sentir-se aceitos por Deus (Lc 14:12-14). Essa era a maneira de atingir o objetivo da Lei, que dizia: “Não deve haver pobres entre vocês” (Dt 15:4). Como os grandes profetas do passado, Jesus tentou consolidar a vida comunitária nos vilarejos da Galileia. Ele restaurou o significado profundo do clã, da família, da comunidade, como expressão da encarnação do amor a Deus e ao próximo.
Meditação
1 - Viver a fé na comunidade. Que lugar e que influência a família e a comunidade têm em minha maneira de viver minha fé?
2 - Hoje, nas grandes cidades, a superlotação promove o individualismo, que é contrário à vida em comunidade. O que estou fazendo para combater esse mal?
3 - Há muitas formas de comunidade hoje em dia, e algumas delas são disfuncionais. Temos comunidades on-line, gangues (que são uma forma de comunidade), lobbies, clubes, sociedades sociais e empresariais, e assim por diante. Como posso levar a atitude de Jesus a essas outras comunidades das quais posso ser membro?
4 - De que forma posso definir o que é minha comunidade? Por quê?
A Sagrada Escritura exalta a beleza do monte Carmelo, onde o profeta Elias, ardendo de zelo pelo Deus vivo, defendeu a pureza da fé de Israel. Neste monte, junto à fonte que tinha o nome do profeta, estabeleceram-se alguns eremitas nos finais do séc. XII, os quais, no início do século seguinte, tendo recebido de S. Alberto, Patriarca latino de Jerusalém, uma fórmula de vida, aí construíram um oratório dedicado à Mãe de Deus, ficando assim juridicamente constituídos com o título de “Santa Maria do Monte Carmelo”. Desde então experimentaram a proteção maternal da sua Senhora, a Virgem puríssima, a quem chamaram “Irmã”, primeiramente na prática da vida contemplativa e mais tarde no dom aos irmãos das riquezas recolhidas na íntima comunhão com Deus na prática da vida fraterna. Por isso começaram a intitular-se: “Irmãos de Santa Maria do Monte Carmelo”.
Esta invocação mariana, que exprime o conjunto dos benefícios recebidos da nossa Padroeira, começou a celebrar-se com toda a solenidade no séc. XIV em Inglaterra, expandindo-se rapidamente por toda a Ordem, até que, em 1606, Paulo V a reconheceu como festa principal da Confraria do Santo Escapulário e o Capítulo Geral de 1609 a declarou como sendo a festa principal e mais solene da Ordem.
R. Chamai-nos, ó Virgem Maria, e seguiremos os vossos passos.
Senhor, quem poderá ser hóspede na vossa casa? Quem poderá comparecer à vossa presença no vosso monte. ℟.
Subirá ao vosso Monte santo aquele que realiza a justiça, caminha na integridade, fala a verdade e não calunia. ℟.
Aquele que não prejudica ao próximo, nem insulta o vizinho, que despreza aqueles que Deus despreza, e honra os que o temem. ℟.
Segunda Leitura (Gal 4, 4-7): Irmãos: Quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher e sujeito à Lei, para resgatar os que estavam sujeitos à Lei e nos tornar seus filhos adotivos. E porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: “Abba! Pai!”. Assim, já não és escravo, mas filho. E, se és filho, também és herdeiro, por graça de Deus.
Sequência
Flos Carmelis
Flor do Carmelo,
Videira florescente,
Esplendor do Céu,
Virgem Mãe, singular.
Doce Mãe,
Mas sempre Virgem,
Aos teus filhos
Dá teus favores,
Ó Estrela do mar.
Aleluia Felizes os que ouvem a
palavra de Deus e a põem em prática. Aleluia
Evangelho (Mt 12,46-50): Naquele tempo, Jesus falava ainda à multidão, quando veio sua mãe e seus irmãos e esperavam do lado de fora a ocasião de lhe falar. Disse-lhe alguém: «Tua mãe e teus irmãos estão aí fora, e querem falar-te». Jesus respondeu-lhe: «Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?» E, apontando com a mão para os seus discípulos, acrescentou: «Eis aqui minha mãe e meus irmãos. Todo aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe».
«Todo aquele que faz a vontade
de meu Pai, esse é (…) minha mãe»
Frei Valentí SERRA i
Fornell(Barcelona, Espanha)
Hoje, recordamos a Virgem sob a popular invocação de Nossa Senhora do Carmo.
Todo aquele que faz a vontade
de meu Pai que está nos céus, esse é minha mãe.
* Na antiga Israel, o clã, ou seja, a grande família (a comunidade), era a base da convivência social. Era a proteção das famílias e do povo, a garantia da posse da terra, o principal veículo da tradição e a defesa da identidade. Era a forma concreta de as pessoas daquela época encarnarem o amor de Deus e o amor ao próximo. Defender o clã era o mesmo que defender o Pacto.
* Na Galileia, na época de Jesus, por causa do sistema estabelecido durante os longos períodos de governo de Herodes, o Grande (37 a.C. a 4 a.C.) e de seu filho Herodes Antipas (4 a.C. a 39 d.C.), o clã (a comunidade) estava se enfraquecendo. Os impostos a serem pagos, tanto ao governo quanto ao Templo, as dívidas que estavam aumentando, a mentalidade individualista da ideologia helenística, as frequentes ameaças de repressão violenta por parte dos romanos e a obrigação de aceitar os soldados e dar-lhes hospitalidade, o problema cada vez maior da sobrevivência, tudo isso impelia as famílias a bloquear as coisas e a pensar apenas em suas próprias necessidades. Esse fechamento foi reforçado pela religião da época. Por exemplo: quem doasse sua herança ao Templo poderia deixar seus pais sem nenhuma ajuda. Isso enfraqueceu o quarto mandamento, que era a espinha dorsal do clã (Mc 7:8-13). Além disso, a observância das normas de pureza era um fator de marginalização para muitas pessoas: mulheres, crianças, samaritanos, estrangeiros, leprosos, possessos, cobradores de impostos ou publicanos, doentes, mutilados e paraplégicos.
* Assim, a preocupação com os problemas da própria família impedia que as pessoas se reunissem em comunidade. Agora, para que o Reino de Deus se manifestasse na vida em comunidade, as pessoas tinham de superar os limites estreitos da família pequena e se abrir novamente para a família grande, para a comunidade. Jesus deu o exemplo. Quando Sua própria família tentou se apossar Dele, Ele reagiu e ampliou a família: "Quem é minha mãe? Quem são meus irmãos?" E, estendendo a mão para os discípulos, disse: "Aqui estão minha mãe e meus irmãos. Pois todo aquele que faz a vontade de meu Pai celestial é meu irmão, irmã e mãe". Ele criou uma comunidade.
* Jesus pediu a mesma coisa àqueles que queriam segui-Lo. As famílias não podiam se fechar para a comunidade maior. Os excluídos e marginalizados tinham de ser aceitos na vida com os outros e, dessa forma, sentir-se aceitos por Deus (Lc 14:12-14). Essa era a maneira de atingir o objetivo da Lei, que dizia: “Não deve haver pobres entre vocês” (Dt 15:4). Como os grandes profetas do passado, Jesus tentou consolidar a vida comunitária nos vilarejos da Galileia. Ele restaurou o significado profundo do clã, da família, da comunidade, como expressão da encarnação do amor a Deus e ao próximo.
Meditação
1 - Viver a fé na comunidade. Que lugar e que influência a família e a comunidade têm em minha maneira de viver minha fé?
2 - Hoje, nas grandes cidades, a superlotação promove o individualismo, que é contrário à vida em comunidade. O que estou fazendo para combater esse mal?
3 - Há muitas formas de comunidade hoje em dia, e algumas delas são disfuncionais. Temos comunidades on-line, gangues (que são uma forma de comunidade), lobbies, clubes, sociedades sociais e empresariais, e assim por diante. Como posso levar a atitude de Jesus a essas outras comunidades das quais posso ser membro?
4 - De que forma posso definir o que é minha comunidade? Por quê?
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