São
Victor de Braga, mártir
Beato
Lourenço de Lisboa, presbítero
1ª
Leitura (Ez 37,21-28): Assim fala o Senhor Deus: «Vou tirar os filhos de
Israel do meio das nações para onde foram, vou reuni-los de toda a parte, para
os reconduzir à sua terra. Farei deles um só povo, na sua terra, nas montanhas
de Israel, e um só rei reinará sobre todos eles. Nunca mais tornarão a ser duas
nações, nem ficarão divididos em dois reinos. Não voltarão a manchar-se com os
seus ídolos, com todas as suas abominações e pecados. Hei de livrá-los de todas
as infidelidades que cometeram e hei de purificá-los, para que sejam o meu povo
e Eu seja o seu Deus. O meu servo David será o seu rei, o único pastor de todos
eles. Caminharão segundo os meus mandamentos e obedecerão às minhas leis,
pondo-as em prática. Habitarão na terra que dei ao meu servo Jacob, a terra em
que moraram os vossos pais. Aí habitarão eles e os seus filhos e os filhos dos
seus filhos para sempre; e o meu servo David será o seu soberano para sempre.
Farei com eles uma aliança de paz, uma aliança eterna entre Mim e eles. Hei de
estabelecê-los, hei de multiplicá-los e colocarei no meio deles o meu santuário
para sempre. A minha morada será no meio deles: serei o seu Deus e eles serão o
meu povo. As nações saberão que Eu sou o Senhor, que santifico Israel, quando o
meu santuário estiver no meio deles para sempre».
Salmo
Responsorial: Jer 31
R. Como o pastor guarda o seu
rebanho, assim nos guarda o Senhor.
Escutai, ó povos, a palavra do
Senhor e anunciai-as às ilhas distantes: Aquele que dispersou Israel vai
reuni-lo e guardá-lo como um pastor ao seu rebanho.
O Senhor resgatou Jacob e
libertou-o das mãos do seu dominador. Regressarão com brados de alegria ao
monte Sião, acorrendo às bênçãos do Senhor.
A virgem dançará alegremente,
exultarão os jovens e os velhos. Converterei o seu luto em alegria e a sua dor
será mudada em consolação e júbilo.
Deixai todos os vossos
pecados, diz o Senhor; criai um coração novo e um espírito novo.
Evangelho
(Jo 11,45-56): Muitos judeus que tinham ido à casa de Maria e viram o
que Jesus fizera, creram nele. Alguns, porém, foram contar aos fariseus o que
Jesus tinha feito. Os sumos sacerdotes e os fariseus, então, reuniram o
sinédrio e discutiam: «Que vamos fazer? Este homem faz muitos sinais. Se
deixarmos que ele continue assim, todos vão acreditar nele; os romanos virão e
destruirão o nosso Lugar Santo e a nossa nação». Um deles, chamado Caifás, sumo
sacerdote naquele ano, disse: «Vós não entendeis nada! Não percebeis que é melhor
um só morrer pelo povo do que perecer a nação inteira?». Caifás não falou isso
por si mesmo. Sendo sumo sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus iria
morrer pela nação; e não só pela nação, mas também para reunir os filhos de
Deus dispersos. A partir desse dia, decidiram matar Jesus. Por isso, Jesus não
andava mais em público no meio dos judeus. Ele foi para uma região perto do
deserto, para uma cidade chamada Efraim. Lá permaneceu com os seus discípulos.
A Páscoa dos judeus estava próxima. Muita gente da região tinha subido a Jerusalém
para se purificar antes da Páscoa. Eles procuravam Jesus e, reunidos no templo,
comentavam: «Que vos parece? Será que ele não vem para a festa?» Entretanto, os
sumos sacerdotes e os fariseus tinham dado a seguinte ordem: se alguém soubesse
onde Jesus estava, devia comunicá-lo, para que o prendessem.
«Jesus iria morrer pela nação;
e não só pela nação, mas também para reunir os filhos de Deus dispersos»
Rev. D. Xavier ROMERO i Galdeano (Cervera,
Lleida, Espanha)
Hoje, de caminho para Jerusalém,
Jesus sente-se perseguido, vigiado, sentenciado, porque quanto maior e original
tem sido sua revelação —o anúncio do Reino— mais ampla e mais clara tem sido a
divisão e a oposição que ele encontrou nos ouvintes. «Então muitos judeus, que
tinham ido à casa de Maria e que viram o que Jesus fez, acreditaram nele.
Alguns, foram ao encontro dos fariseus e contaram o que Jesus tinha feito».
(cf. Jo 11,45-46).
As palavras negativas de Caifás,
«Vocês não percebem que é melhor um só homem morrer pelo povo, do que a nação
inteira perecer?» (Jo 11,50), Jesus as assumirá positivamente na redenção feita
por nós. Jesus, o Filho Unigênito de Deus, morre na cruz por amor a todos!
Morre para realizar o plano do Pai, quer dizer, «E não só pela nação, mas
também para reunir os filhos de Deus que estavam dispersos» (Jo 11,52).
E esta é a maravilha e a
criatividade de nosso Deus! Caifás, com sua sentença («Convém que morra um
só...») não faz mais que, por ódio, eliminar a um idealista; por outro lado,
Deus Pai, enviando o seu Filho por amor a nós, faz algo maravilhoso: converter
aquela sentença malévola em una obra de amor redentora, porque para Deus Pai,
cada homem vale todo o sangue derramado por Jesus Cristo!
Daqui a uma semana cantaremos —em
solene vigília— o Pregão Pascoal. A través dessa maravilhosa oração, a Igreja
faz louvor ao pecado original. E não o faz porque desconheça sua gravidade, e
sim porque Deus —em sua bondade infinita— tem feito proezas como resposta ao
pecado do homem. Isto é, ante o “desgosto original”, Ele respondeu com a
Encarnação, com o sacrifício pessoal e com a instituição da Eucaristia. Por
isso, a liturgia cantará no próximo sábado: «Que assombroso benefício de teu
amor por nós! Que incomparável ternura e caridade! Oh feliz culpa que mereceu
tal Redentor!».
Espero que nossas sentenças,
palavras e ações não sejam impedimentos para a evangelização, uma vez que nós
também recebemos de Cristo a responsabilidade, de reunir os filhos de Deus
dispersos: «Portanto, vão e façam com que todos os povos se tornem meus discípulos,
batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo» (Mt 28,19).
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«Só um morreu por todos; e este
mesmo é aquele que agora por todas as igrejas, no mistério do pão e do vinho,
morto, nos alimenta; acreditado, nos vivifica; consagrado, santifica quem os
consagra» (São Gaudêncio de Brescia)
«Para os cristãos sempre haverá
perseguições, incompreensões. Mas devem de ser encaradas com a certeza de que
Jesus é o Senhor, e este é o desafio e a cruz da nossa fé» (Francisco)
«(…) A Bíblia venera algumas
grandes figuras das "nações", como "o justo Abel", o rei e
sacerdote Melquisedec (…), ou os justos "Noé, Daniel e Jó". Deste
modo, a Escritura exprime o alto grau de santidade que podem atingir os que
vivem segundo a aliança de Noé, na expectativa de que Cristo ‘reúna, na
unidade, todos os filhos de Deus dispersos’ (Jo 11, 52)» (Catecismo da Igreja
Católica, nº 58)
Reflexões de Frei Carlos Mesters,
O.Carm.
* O evangelho de hoje traz a
parte final do longo relato da ressurreição de Lázaro em Betânia, na casa de
Marta e Maria (João 11,1-56). A ressurreição de Lázaro é o sétimo sinal
(milagre) de Jesus no evangelho de João e é também o ponto alto e decisivo da
revelação que ele vinha fazendo de Deus e de si mesmo.
* A pequena comunidade de Betânia, onde Jesus
gostava de hospedar-se, reflete a situação e o estilo de vida das pequenas
comunidades do Discípulo Amado no fim do primeiro século lá na Ásia Menor.
Betânia quer dizer "Casa dos pobres". Eram comunidades pobres de
gente pobre. Marta quer dizer "Senhora" (coordenadora): uma mulher
coordenava a comunidade. Lázaro significa "Deus ajuda": a comunidade
pobre esperava tudo de Deus. Maria significa "amada de Javé": era a
discípula amada, imagem da comunidade. O episódio da ressurreição de Lázaro
comunicava esta certeza: Jesus traz vida para a comunidade dos pobres. Jesus é
fonte de vida para todos que nele acreditam.
* João 11,45-46: A repercussão
do sétimo Sinal no meio do povo. Depois da ressurreição de Lázaro (Jo
11,1-44), vem a descrição da repercussão deste sinal no meio do povo. O povo
estava dividido. “Muitos judeus, que tinham ido à casa de Maria e que viram o
que Jesus fez, acreditaram nele”. Mas outros “foram ao encontro dos fariseus e
contaram o que Jesus tinha feito. Estes
últimos fizeram a denúncia. Para poder entender esta reação negativa de uma
parte do povo é preciso levar em conta que a metade da população de Jerusalém
dependia em tudo do Templo para poder viver e sobreviver. Por isso,
dificilmente eles iriam apoiar um desconhecido profeta da Galileia que
criticava o Templo e as autoridades. Isto também explica como alguns se
prestavam para ser informantes das autoridades.
* João 11,47-53: A repercussão
do sétimo Sinal no meio das autoridade. A notícia da ressurreição de Lázaro
fez crescer a popularidade de Jesus. Por isso, os líderes religiosos convocam o
conselho, o sinédrio, a autoridade máxima, para discernir o que fazer. Pois,
“esse homem está realizando muitos sinais. Se deixamos que ele continue assim,
todos vão acreditar nele; os romanos virão e destruirão o Templo e toda a
nação”. Eles tinham medo dos romanos. De fato, o passado, desde a invasão
romano em 64 antes de Cristo até à época de Jesus, já tinha mostrado várias
vezes que os romanos reprimiam com toda a violência qualquer tentativa de
rebelião popular (cf Atos 5,35-37). No caso de Jesus, a reação romana poderia
levar à perda de tudo, inclusive do Templo e da posição privilegiada dos
sacerdotes. Por isso, Caifás, o sumo sacerdote, decide: “É melhor um só homem
morrer pelo povo, do que a nação inteira perecer”. E o evangelista faz este
bonito comentário: “Caifás não falou isso por si mesmo. Sendo sumo sacerdote
nesse ano, profetizou que Jesus ia morrer pela nação. E não só pela nação, mas
também para reunir juntos os filhos de Deus que estavam dispersos”. Assim, a
partir deste momento, os líderes, preocupados com o crescimento da liderança de
Jesus e motivados pelo medo dos romanos, decidem matar Jesus.
* João 11,54-56: A repercussão
do sétimo Sinal na vida de Jesus. O resultado final é que Jesus tinha que
viver como clandestino. “Ele não andava mais em público entre os judeus.
Retirou-se para uma região perto do deserto. Foi para uma cidade chamada
Efraim, onde ficou com seus discípulos”. A páscoa estava próxima. Nessa época
do ano, a população de Jerusalém triplicava por causa do grande número de
peregrinos e romeiros. A conversa de todos era em torno de Jesus: "Que é
que vocês acham? Será que ele não vem para a festa?" Da mesma maneira, na
época em que foi escrito o evangelho, no fim do primeiro século, época da
perseguição do imperador Domiciano (81 a 96), as comunidades cristãs que
traziam a vida para os outros viam-se obrigadas a viver na clandestinidade.
* Uma chave para entender o
sétimo sinal da ressurreição de Lázaro. Lázaro estava doente. As irmãs
Marta e Maria mandaram chamar Jesus: "Aquele a quem amas está
doente!" (Jo 11,3.5). Jesus atende ao pedido e explica aos discípulos:
"Essa doença não é mortal, mas é para a glória de Deus, para que por nela
seja glorificado o Filho de Deus!" (Jo 11,4) No evangelho de João, a
glorificação de Jesus acontece através da sua morte (Jo 12,23; 17,1). Uma das
causas da sua condenação à morte vai ser a ressurreição de Lázaro (Jo 11,50;
12,10). Muitos judeus estavam na casa de Marta e Maria para consolá-las da
perda do irmão. Os judeus, representantes da Antiga Aliança, só sabem consolar.
Não trazem vida nova.. Jesus é que vai trazer vida nova! Assim, de um lado, a
ameaça de morte contra Jesus! De outro lado, Jesus chegando para vencer a
morte! É neste contexto de conflito entre vida e morte, que se realiza o sétimo
sinal da ressurreição de Lázaro.
* Marta diz que crê na
ressurreição. Os fariseus e a maioria do povo também acreditavam na
Ressurreição (At 23,6-10; Mc 12,18). Acreditavam, mas não a revelavam. Era
apenas fé na ressurreição no fim dos tempos e não na ressurreição presente na
história, aqui e agora. Esta fé antiga não renovava a vida. Pois não basta crer
na ressurreição que vai acontecer no final dos tempos, mas tem que crer que a
Ressurreição já está presente aqui e agora na pessoa de Jesus e naqueles que
acreditam em Jesus. Sobre estes a morte já não tem mais nenhum poder, porque
Jesus é a "ressurreição e a vida". Mesmo sem ver o sinal concreto da
ressurreição de Lázaro, Marta confessa a sua fé: "Eu creio que tu és o
Cristo, o filho de Deus que vem ao mundo" (Jo 11,27).
* Jesus manda tirar a pedra.
Marta reage: "Senhor, já cheira mal! É o quarto dia!"(Jo 11,39). Novamente, Jesus a desafia apelando para a fé
na ressurreição, aqui e agora, como um sinal da glória de Deus: "Não te
disse que, se creres, verás a glória de Deus?" (Jo 11,40). Retiraram a
pedra. Diante do sepulcro aberto e diante da incredulidade das pessoas, Jesus
se dirige ao Pai. Na sua prece, primeiro, faz ação de graças: "Pai, dou-te
graças, porque me ouviste. Eu sabia que tu sempre me ouves!" (Jo
11,41-42). Jesus conhece o Pai e confia nele. Mas agora ele pede um sinal por
causa da multidão que o rodeia, para que possa acreditar que ele, Jesus, é o
enviado do Pai. Em seguida, ele grita em alta voz, grito criador: "Lázaro,
vem para fora!" E Lázaro veio para fora (Jo 11,43-44). É o triunfo da vida
sobre a morte, da fé sobre a incredulidade! Um agricultor comentou: "A nós
cabe retirar a pedra! E aí Deus ressuscita a comunidade. Tem gente que não quer
tirar a pedra, e por isso a comunidade deles não tem vida!"
Para um confronto pessoal
1) O que significa para
mim, bem concretamente, crer na ressurreição?
2) Parte do povo aceitava
Jesus, parte não aceitava. Hoje, parte do povo aceita a renovação da igreja, e
parte não aceita. E eu?
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