Bto.
Bartolomeu Fanti, presbítero de nossa Ordem.
Stos
Martinho de Dume, Frutuoso e Geraldo, bispos de Braga
1ª
Leitura (Is 26,1-6): Naquele dia, cantarão este hino na terra de Judá:
«Nós temos uma cidade forte; muralhas e fortificações foram postas para nos
proteger. Abri as portas para que entre um povo justo, um povo que pratica a
fidelidade. O seu coração está firme: dar-lhe-eis a paz, porque em Vós tem
confiança». Confiai sempre no Senhor, porque o Senhor é a nossa fortaleza
eterna. Humilhou os habitantes das alturas, abateu a cidade inacessível,
derrubou-a por terra, arrasou-a até ao solo. Ela é calcada aos pés, os pés dos
infelizes, os passos dos pobres.
Salmo
Responsorial: 117
R/. Bendito o que vem em nome
do Senhor.
Dai graças ao Senhor, porque Ele
é bom, porque é eterna a sua misericórdia. Mais vale refugiar-se no Senhor, do
que fiar-se nos homens. Mais vale refugiar-se no Senhor, do que fiar-se nos
poderosos.
Abri-me as portas da justiça:
entrarei para dar graças ao Senhor. Esta é a porta do Senhor: os justos
entrarão por ela. Eu Vos dou graças porque me ouvistes e fostes o meu salvador.
Senhor, salvai os vossos servos,
Senhor, dai-nos a vitória. Bendito o que vem em nome do Senhor, da casa do
Senhor nós vos bendizemos. O Senhor é Deus e fez brilhar sobre nós a sua luz.
Aleluia. Procurai o Senhor,
enquanto Se pode encontrar, invocai-O, enquanto está perto. Aleluia.
Evangelho
(Mt 7,21.24-27): Naquele tempo, Jesus disse aos discípulos: «Nem todo
aquele que me diz: ‘Senhor! Senhor!’, entrará no Reino dos Céus, mas só aquele
que põe em prática a vontade de meu Pai que está nos céus. Portanto, quem ouve
estas minhas palavras e as põe em prática é como um homem sensato, que
construiu sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, vieram as enchentes, os ventos
deram contra a casa, mas a casa não desabou, porque estava construída sobre a
rocha. Por outro lado, quem ouve estas minhas palavras e não as põe em prática
é como um homem sem juízo, que construiu sua casa sobre a areia. Caiu a chuva,
vieram as enchentes, os ventos sopraram e deram contra a casa, e ela desabou, e
grande foi a sua ruína!».
«Nem todo aquele que me diz:
‘Senhor! Senhor!’, entrará no Reino dos Céus»
Abbé Jean-Charles TISSOT (Freiburg,
Suíça)
Hoje, o Senhor pronuncia estas
palavras no final do Seu “Sermão da Montanha”, no qual dá um sentido novo e
mais profundo aos Preceitos do Antigo Testamento, a “palavra” de Deus aos
homens. Manifesta-se como Filho de Deus, e como tal pede-nos que recebamos o
que nos diz como palavras de suma importância; palavras de vida eterna que
devem ser postas em prática, e não são só para serem ouvidas, mas sem
implicação pessoal – com o risco de serem esquecidas ou de nos contentarmos em
admirá-las ou em admirar o seu autor.
«Construir uma casa sobre a
areia» (cf. Mt 7,26) é uma imagem para descrever um comportamento insensato,
que não leva a nenhum resultado e acaba no fracasso de uma vida, depois de um
esforço longo e penoso para construir algo. “Bene curris, sed extra viam”,
dizia Sto. Agostinho: corres bem, mas fora do curso aprovado, podemos traduzir
assim. Que pena só chegar até aí: o momento da prova, das tempestades e das
inundações que a nossa vida necessariamente contém!
O Senhor quer ensinar-nos a usar
um fundamento sólido, cujo crescimento deriva do esforço para pôr em prática os
seus ensinamentos, vivendo-os todos os dias com pequenas decisões que
tentaremos seguir. A nossa resolução diária de viver os ensinamentos de Cristo
deve terminar em propósitos concretos, se não definitivos, mas dos quais
possamos tirar alegria e reconhecimento na hora do nosso exame de consciência,
à noite. A alegria de ter conseguido uma pequena vitória sobre nós próprios é
uma preparação para outras batalhas, e – com a graça de Deus – não nos faltará
a força para perseverar até ao fim.
«Entrará no Reino dos
Céus(...)aquele que põe em prática a vontade de meu Pai que está nos céus»
Rev. D. Antoni ORIOL i Tataret (Vic,
Barcelona, Espanha)
Hoje, a palavra do Evangelho
convida-nos a meditar com seriedade sobre a infinita distância que há entre o
mero “escutar-invocar” e o “fazer” quando se trata da mensagem e da pessoa de
Jesus. E dizemos “mero” porque não podemos esquecer que há modos de escutar e
de invocar que não comportam o fazer. De fato, todos os que —tendo escutado o
anúncio evangélico— acreditam, não serão confundidos; e todos os que, tendo
acreditado, invocam o nome do Senhor, se salvarão ensina-o São Paulo na Carta
aos Romanos (ver 10,9-13). Trata-se, neste caso, dos que acreditam com fé
autêntica, aquela que «atua mediante a caridade», como escreve também o
Apóstolo.
Mas é um fato que muitos
acreditam e não fazem. A carta do apóstolo Santiago denuncia-o de uma maneira
impressionante: «Sede, pois executores da palavra e não vos conformeis com
ouvi-la somente, enganando-vos a vós mesmos» (1,22); «a fé, se não tem obras,
está verdadeiramente morta» (2,17); «como o corpo sem alma está morto, assim
também a fé sem obras está morta» (2,26). É o que rejeita, também
inolvidavelmente, São Mateus quando afirma: «Nem todo aquele que me diz:
‘Senhor! Senhor!’, entrará no Reino dos Céus, mas só aquele que põe em prática
a vontade de meu Pai que está nos céus» (7,21).
É necessário, portanto, escutar e
cumprir; é assim que construímos sobre a rocha e não em cima da areia. Como
cumprir? Perguntemo-nos: Deus e o próximo enchem-me a cabeça —sou crente por
convicção? E quanto ao bolso, compartilho os meus bens com critério de
solidariedade?; No que se refere à cultura, contribuo para consolidar os
valores humanos no meu país?; No aumento do bem, fujo do pecado de omissão?; Na
conduta apostólica, procuro a salvação eterna dos que me rodeiam? Numa palavra:
sou uma pessoa sensata que, com obras, edifico a casa da minha vida sobre a
rocha de Cristo?
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«Permanecei vigilantes porque,
quando a alma está dominada por um pesado torpor, é o inimigo que a domina e a
conduz, mesmo contra a sua vontade. Por isso, o Senhor recomendou ao homem a
vigilância tanto da alma como do corpo» (Santo Efrém)
«O Evangelho de hoje (Mt 7,21ss)
trata de uma equação matemática: Eu conheço a Palavra e a coloco em prática. Eu
sou construído sobre a rocha. Agora, como faço para colocar a palavra em
prática? É mesmo como construir uma casa na rocha, onde a imagem da pedra
refere-se ao Senhor» (Francisco)
«A oração de fé não consiste
somente em dizer «Senhor, Senhor!», mas em preparar o coração para fazer a
vontade do Pai (Mt 7,21). Jesus exorta os seus discípulos a levar para a oração
esta solicitude em cooperar com o desígnio de Deus (cf. Mt 9,38)» (Catecismo da
Igreja Católica,2.611)
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm
* O evangelho de hoje traz a
parte final do Sermão da Montanha. O Sermão da Montanha é uma nova leitura
da Lei de Deus. Começa com as bem-aventuranças (Mt 5,1-12) e termina aqui com a
casa na rocha.
* Trata-se de adquirir a
verdadeira sabedoria. A fonte da sabedoria é a Palavra de Deus expressa na
Lei de Deus. A verdadeira sabedoria consiste em ouvir e praticar a Palavra de
Deus (Lc 11,28). Não basta dizer “Senhor, Senhor!” O importante não é falar
bonito sobre Deus, mas sim fazer a vontade do Pai e, desse modo, ser uma
revelação do seu amor e da sua presença no mundo.
* Quem ouve e pratica a
palavra constrói a casa sobre a rocha. A firmeza da casa não vem da casa em
si, mas vem do terreno, da rocha. O que significa a rocha? É a experiência do
amor de Deus que se revelou em Jesus (Rom 8,31-39). Tem gente que pratica a
palavra para poder merecer o amor de Deus. Mas amor não se compra nem se merece
(Ct 8,7). O amor de Deus se recebe de graça. Praticamos a Palavra não para
merecer, mas para agradecer o amor recebido. Este é o terreno bom, a rocha, que
dá segurança à casa. A segurança verdadeira vem da certeza do amor de Deus! É a
rocha que nos sustenta na hora das dificuldades e das tempestades.
* O evangelista encerra o
Sermão da Montanha (Mt 7,27-28) dizendo que a multidão ficou admirada com o
ensinamento de Jesus, pois "ele ensinava com autoridade, e não como os
escribas". O resultado do ensino de Jesus é a consciência crítica do povo
com relação às autoridades religiosas da época. Admirado e agradecido, o povo
aprovava os ensinamentos tão bonitos e tão diferentes de Jesus.
Para um confronto pessoal
1. Sou dos que dizem
“Senhor, Senhor”, ou dos que praticam a palavra?
2. Observo a lei para
merecer o amor e a salvação ou para agradecer o amor e a salvação de Deus?
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