sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

III Domingo do Advento

Sta. Virgínia Centurione Bracélli, viúva e religiosa.
 
1ª Leitura (Sof 3,14-18a):
Clama jubilosamente, filha de Sião; solta brados de alegria, Israel. Exulta, rejubila de todo o coração, filha de Jerusalém. O Senhor revogou a sentença que te condenava, afastou os teus inimigos. O Senhor, Rei de Israel, está no meio de ti e já não temerás nenhum mal. Naquele dia, dir-se-á a Jerusalém: «Não temas, Sião, não desfaleçam as tuas mãos. O Senhor teu Deus está no meio de ti, como poderoso salvador. Por causa de ti, Ele enche-Se de júbilo, renova-te com o seu amor, exulta de alegria por tua causa, como nos dias de festa».
 
Salmo Responsorial: Is 12
R. Exultai de alegria, porque é grande no meio de vós o Santo de Israel.
 
Deus é o meu Salvador, tenho confiança e nada temo. O Senhor é a minha força e o meu louvor. Ele é a minha salvação.
 
Tirareis água com alegria das fontes da salvação. Agradecei ao Senhor, invocai o seu nome; anunciai aos povos a grandeza das suas obras, proclamai a todos que o seu nome é santo.
 
Cantai ao Senhor, porque Ele fez maravilhas, anunciai-as em toda a terra. Entoai cânticos de alegria, habitantes de Sião, porque é grande no meio de vós o Santo de Israel.
 
2ª Leitura (Flp 4,4-7): Irmãos: Alegrai-vos sempre no Senhor. Novamente vos digo: alegrai-vos. Seja de todos conhecida a vossa bondade. O Senhor está próximo. Não vos inquieteis com coisa alguma; mas em todas as circunstâncias, apresentai os vossos pedidos diante de Deus, com orações, súplicas e ações de graças. E a paz de Deus, que está acima de toda a inteligência, guardará os vossos corações e os vossos pensamentos em Cristo Jesus.
 
Aleluia. O Espírito do Senhor está sobre mim: enviou-me a anunciar a boa nova aos pobres. Aleluia.
 
Evangelho (Lc 3,10-18): Naquele tempo, as multidões perguntavam a João Baptista: «Que devemos fazer?». Ele respondia-lhes: «Quem tiver duas túnicas reparta com quem não tem nenhuma; e quem tiver mantimentos faça o mesmo». Vieram também alguns publicanos para serem batizados e disseram: «Mestre, que devemos fazer?». João respondeu-lhes: «Não exijais nada além do que vos foi prescrito». Perguntavam-lhe também os soldados: «E nós, que devemos fazer?». Ele respondeu-lhes: «Não pratiqueis violência com ninguém nem denuncieis injustamente; e contentai-vos com o vosso soldo». Como o povo estava na expectativa e todos pensavam em seus corações se João não seria o Messias, ele tomou a palavra e disse a todos: «Eu batizo-vos com água, mas está a chegar quem é mais forte do que eu, e eu não sou digno de desatar as correias das suas sandálias. Ele batizar-vos-á com o Espírito Santo e com o fogo. Tem na mão a pá para limpar a sua eira e recolherá o trigo no seu celeiro; a palha, porém, queimá-la-á num fogo que não se apaga». Assim, com estas e muitas outras exortações, João anunciava ao povo a Boa Nova».
 
«Está a chegar quem é mais forte do que eu»
 
Cardeal Jorge MEJÍA Arquivista e Bibliotecário de la S.R.I. (Città del Vaticano, Vaticano)
 
Hoje, em pleno Advento, a Palavra de Deus apresenta-nos o Santo Precursor de Jesus Cristo: S. João Baptista. Deus Pai decidiu preparar a vinda, quer dizer, o Advento, de seu Filho na nossa carne, nascido da Virgem Maria, «muitas vezes e de muitos modos», como diz o início da Carta aos Hebreus (1,1). Os patriarcas, os profetas e os reis prepararam a vinda de Jesus.
 
Vejamos as suas duas genealogias, nos Evangelhos de Mateus e Lucas. Ele é filho de Abraão e de David. Moisés, Isaías e Jeremias anunciaram o seu Advento e descreveram os traços do seu mistério. Mas S. João Baptista, como diz a liturgia (Prefácio da sua festa), pôde apontá-lo com o dedo e coube-lhe - misteriosamente! - a honra de ministrar o Baptismo ao Senhor. Foi a última testemunha antes da vinda. E foi-o com a sua vida, com a sua morte e com a sua palavra. O seu nascimento também é anunciado, como o de Jesus, e é preparado, segundo o Evangelho de Lucas (caps.1 e 2). E a sua morte como mártir, vítima da debilidade de um rei e do ódio de uma mulher perversa, também prepara a de Jesus. Por isso, recebeu o extraordinário louvor do próprio Jesus que lemos nos Evangelhos de Mateus e de Lucas (cf. Mt 11,11; Lc 7,28): «entre os nascidos de mulher não veio ao mundo outro maior que João Baptista. Mas o menor no Reino dos Céus é maior do que ele». E S. João Baptista diante disto, que não pôde ignorar, é um modelo de humildade: «Eu não sou digno de desatar as correias das suas sandálias» (Lc 3,16), diz-nos hoje. E, segundo S. João (3,30): «Convém que ele cresça e eu diminua».
 
Escutemos hoje a sua palavra, que nos exorta a partilhar o que temos e a respeitar a justiça e a dignidade de todos. Preparemo-nos assim para receber Aquele que vem agora para nos salvar, e virá de novo para «julgar os vivos e os mortos».
 
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«Aprendei do próprio João um exemplo de humildade. Ele não se deixou confundir, ele se humilhou a si próprio. Ele compreendeu onde tinha a sua salvação; compreendeu que não passava de uma tocha e temeu que o vento da soberba a apagasse» (Santo Agostinho)
 
«Nos dias que correm, vamos rezar. Mas não vos esqueçais: rezemos pedindo pela alegria do Natal. Agradeçamos a Deus pelas muitas coisas que nos deu, em primeiro lugar a fé. Esta é uma grande graça» (Francisco)
 
«João Batista, 'que irá à frente do Senhor com o espírito e a força de Elias' (Lc 1,17), anuncia Cristo como Aquele que 'há-de batizar no Espírito Santo e no fogo' (Lc 3,16), aquele Espírito do qual Jesus dirá: «Eu vim lançar fogo sobre a terra e só quero que ele se tenha ateado!» (Lc 12,49) (…)» (Catecismo da Igreja Católica, n. 696)
 
«E nós, que devemos fazer?»
 
Pe. José Henrique, da Diocese de Leiria-Fátima.
 
* O texto do Evangelho deste domingo começa por nos situar perante a reação das várias pessoas que se aproximavam de João Batista, repetindo por três vezes a mesma questão: «Que devemos fazer?».
As respostas, diferentes para a multidão, publicanos (cobradores de impostos) e soldados, vai num mesmo sentido: a necessidade de conversão manifestada em gestos concretos de solidariedade e de justiça. Se a multidão é convidada à partilha dos bens de primeira necessidade, aos publicanos e os soldados é pedido que não abusem do seu poder. Mas a todos é deixada aberta a porta da conversão: todos podem mudar as suas atitudes, todos podem ser salvos. A ninguém é fechada a porta para o reencontro com Deus: «nenhuma categoria de pessoas está excluída de percorrer o caminho da conversão para alcançar a salvação, nem os publicanos considerados pecadores por definição: nem sequer eles estão excluídos da salvação. Deus não priva ninguém da possibilidade de se salvar. Ele está – por assim dizer – ansioso por praticar a misericórdia, praticá-la em relação a todos, e acolher cada um no abraço terno da reconciliação e do perdão» (Papa Francisco, Angelus, 13 de dezembro de 2015).
 
Após as respostas sobre o que fazer, João Batista esclarece todos os que dele se aproximam da sua missão. Ele não é o Messias, mas aquele que prepara o caminho para quem «está a chegar» e é «mais forte». Se o batismo de João é um batismo de água, que aponta para a necessidade de conversão, o verdadeiro Messias, Jesus Cristo, vem para batizar, ou seja, para mergulhar e envolver a humanidade no fogo e no Espírito Santo de Deus. Não apenas uma conversão fruto da vontade e das (frágeis) forças individuais de cada um, mas envolvida pela fortaleza da ação do próprio Deus que é capaz de fazer de cada um, um «homem novo», quando se está disposto a acolher a proposta de vida de Jesus.
 
* «Que devemos fazer?». O terceiro domingo do Advento é um convite à alegria: neste tempo em que nos preparamos para o Natal, dispomo-nos a acolher Jesus, o Emanuel, o Deus conosco; e Jesus é a fonte da alegria. «Mas para aceitar o convite do Senhor à alegria, é preciso ser pessoas dispostas a pôr-se em questão. O que significa isto? Precisamente como aqueles que, depois de terem ouvido a pregação de João Batista, lhe perguntam: tu pregas assim, e nós «o que devemos fazer?» (Lc 3, 10). O que devo fazer? Esta pergunta é o primeiro passo para a conversão que somos convidados a realizar neste tempo de Advento» (Papa Francisco, Angelus, 16 de dezembro de 2018).
 
O que devo fazer, neste tempo próximo do Natal, para acolher Jesus como fonte da verdadeira alegria? Para além de todas as preparações exteriores, como me posso preparar interiormente para acolher Jesus na minha vida?
 
* «Está a chegar quem é mais forte do que eu». O tempo do Advento é um tempo de espera e de esperança: está a chegar o próprio Deus! Ele que já veio, virá de novo, e vem a cada momento à nossa presença. Esta é a nossa fé que nos faz viver na alegria. «Hoje é preciso ter coragem para falar de alegria, é necessário sobretudo fé! O mundo está assolado por tantos problemas, o futuro obscurecido por incógnitas e receios. Contudo o cristão é uma pessoa jubilosa, e a sua alegria não é algo superficial e efémero, mas profundo e estável, porque é uma dádiva do Senhor que enche a vida. A nossa alegria deriva da certeza de que «o Senhor está próximo» (Fl 4, 5): está próximo com a sua ternura, com a sua misericórdia, com o seu perdão e o seu amor» (Papa Francisco, Angelus, 13 de dezembro de 2015).
 
A fé faz-me viver com uma alegria profunda e estável, na certeza de que Jesus está próximo de mim? Procuro deixar-me envolver pela misericórdia, perdão e amor de Deus, de modo particular pela celebração do sacramento da Reconciliação?
 
* «Ele batizar-vos-á com o Espírito Santo e com o fogo.»  Pelo Batismo, acolhemos o Espírito Santo de Deus, recebemos a oferta da vida e do amor de Deus, manifestado na entrega plena de Jesus, por nós, na cruz. Em cada Eucaristia, acolhemos Jesus que se ofereceu por nós, e continua a dar-nos a sua vida e a envolver-nos no fogo do seu amor. A Eucaristia renova em nós a fé recebida no Batismo e lança-nos para a vida com o compromisso de a viver como cristãos, num processo permanente de conversão pessoal para a renovação pessoal e do mundo.
 
Procuro renovar, em cada Eucaristia, a minha identidade de cristão, batizado no fogo e no Espírito Santo? Para me preparar para o Natal, tenho procurado viver a Eucaristia dominical como um encontro com Jesus ressuscitado que vem junto de mim?
 
Propósito
– Identifico um pequeno e possível propósito para assumir na minha vida, durante a próxima semana, respondendo à pergunta: «o que devo fazer?»

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