Sta.
Isabel da Trindade, virgem de nossa Ordem
Bto.
João Duns Scotus, presbítero e Doutor (Doutor Sutil) da Igreja
1ª
Leitura (Fl 3,17—4,1): Irmãos: Sede meus imitadores e ponde os olhos
naqueles que procedem segundo o modelo que tendes em nós. Porque há muitos, de
quem tenho falado várias vezes e agora falo a chorar, que procedem como
inimigos da cruz de Cristo. O fim deles é a perdição: têm por deus o ventre,
orgulham-se da sua vergonha e só apreciam as coisas terrenas. Mas a nossa
pátria está nos Céus, donde esperamos, como Salvador, o Senhor Jesus Cristo,
que transformará o nosso corpo miserável, para o tornar semelhante ao seu corpo
glorioso, pelo poder que Ele tem de sujeitar a Si todo o universo. Portanto,
meus amados e queridos irmãos, minha alegria e minha coroa, permanecei firmes
no Senhor.
Salmo
Responsorial: 121
R. Vamos com alegria para a
casa do Senhor.
Alegrei-me quando me disseram:
«Vamos para a casa do Senhor». Detiveram-se os nossos passos às tuas portas,
Jerusalém.
Jerusalém, cidade bem edificada,
que forma tão belo conjunto! Para lá sobem as tribos, as tribos do Senhor.
Segundo o costume de Israel, para
celebrar o nome do Senhor; ali estão os tribunais da justiça, os tribunais da
casa de David.
Aleluia. Quem observa a
palavra de Cristo, nesse o amor de Deus é perfeito. Aleluia.
Evangelho
(Lc 16,1-8): Naquele tempo, Jesus falou ainda aos discípulos: «Um homem
rico tinha um administrador que foi acusado de esbanjar os seus bens. Ele o
chamou e lhe disse: Que ouço dizer a teu respeito? Presta contas da tua
administração, pois já não podes mais administrar meus bens. O administrador,
então, começou a refletir: Meu senhor vai me tirar a administração. Que vou
fazer? Cavar, não tenho forças; mendigar, tenho vergonha. Ah! Já sei o que
fazer, para que alguém me receba em sua casa quando eu for afastado da administração.
Então chamou cada um dos que estavam devendo ao seu senhor. E perguntou ao
primeiro: Quanto deves ao meu senhor? Ele respondeu: Cem barris de óleo! O
administrador disse: Pega a tua conta, senta-te, depressa, e escreve: cinquenta!
Depois perguntou a outro: E tu, quando deves? Ele respondeu: Cem sacas de
trigo. O administrador disse: Pega tua conta e escreve: oitenta. E o senhor
elogiou o administrador desonesto, porque agiu com esperteza. De fato, os
filhos deste mundo são mais espertos em seus negócios do que os filhos da luz».
«Os filhos deste mundo são
mais espertos (...) em seus negócios do que os filhos da luz.»
Mons. Salvador CRISTAU i Coll, Bispo
de Terrassa (Barcelona, Espanha)
Hoje, o Evangelho nos apresenta
uma questão surpreendente à primeira vista. Com efeito, diz o texto de São
Lucas: «E o proprietário admirou a astúcia do administrador, porque os filhos
deste mundo são mais prudentes do que os filhos da luz no trato com seus
semelhantes» (Lc 16,8).
Evidentemente, não se nos propõe
aqui que sejamos injustos em nossas relações, e menos ainda com o Senhor. Não
se trata, não obstante, de um louvor à estafa que comete o administrador. O que
Jesus manifesta com seu exemplo é una queixa pela habilidade em solucionar os
assuntos deste mundo e a falta de verdadeiro engenho dos filhos da luz na
construção do Reino de Deus: «E o proprietário admirou a astúcia do
administrador, porque os filhos deste mundo são mais prudentes do que os filhos
da luz no trato com seus semelhantes» (Lc 16,8).
Tudo isso nos mostra - mais uma
vez!- que o coração do homem continua tendo os mesmos limites e pobrezas de
sempre. Na atualidade falamos de tráfico de influências, de corrupção, de
enriquecimentos indevidos, de falsificação de documentos... Mais ou menos como
na época de Jesus.
Mas a questão que tudo isto nos
propõe é dupla: Por acaso pensamos que podemos enganar a Deus com nossas
aparências, com nossa mediocridade como cristãos? E, ao falar de astúcia,
teríamos também que falar de interesses. Estamos interessados realmente no Reino
de Deus e sua justiça? É frequente a mediocridade em nossa resposta como filhos
da luz? Jesus disse também que ali onde esteja nosso tesouro estará nosso
coração (cf. Mt 6,21). Qual é nosso tesouro na vida? Devemos examinar nossos
anelos para conhecer onde está nosso tesouro... Diz-nos Santo Agostinho: «Teu
anelo contínuo é tua voz contínua. Se deixas de amar calará tua voz, calará teu
desejo».
Talvez hoje, ante o Senhor,
teremos que questionar qual deve ser nossa astúcia como filhos da luz, isto é,
dizer nossa sinceridade nas relações com Deus e com nossos irmãos. «Na
realidade, a vida é sempre uma opção: entre honestidade e desonestidade, entre
fidelidade e infidelidade, entre bem e mal (...). Com efeito, diz Jesus: É
preciso decidir-se» (Bento XVI).
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«O senhor elogiou o mordomo que
ele demitiu de sua administração por ter olhado para o futuro» (Santo
Agostinho)
«O costume do suborno é um
costume mundano e fortemente pecaminoso. É um costume que não vem de Deus: Deus
nos pediu para trazer o pão para casa com nosso trabalho honesto!» (Francisco)
«Segundo o desígnio de Deus, o
homem e a mulher são vocacionados para ‘dominarem a terra’ (245) como
'administradores' de Deus. Esta soberania não deve ser uma dominação arbitrária
e destruidora. A imagem do Criador, ‘que ama tudo o que existe’ (Sb 11, 24), o
homem e a mulher são chamados a participar na Providência Divina em relação às
outras criaturas. Daí a sua responsabilidade para com o mundo que Deus lhes
confiou» (Catecismo da Igreja Católica, nº 373)
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm.
* O evangelho de hoje traz uma
parábola que trata da administração dos bens e que só existe no evangelho de
Lucas. Ela costuma ser chamada A parábola do administrador desonesto.
Parábola desconcertante. Lucas diz: “O Senhor elogiou o administrador
desonesto, porque este agiu com esperteza”. O Senhor é o próprio Jesus e não o
administrador. Como é que Jesus podia elogiar um empregado corrupto?
* Lucas 16,1-2: O
administrador é ameaçado de despejo. “Um homem rico tinha um administrador
que foi denunciado por estar esbanjando os bens dele. Então o chamou, e lhe
disse: 'O que é isso que ouço contar de você? Preste contas da sua
administração, porque você não pode mais ser o meu administrador”. O exemplo,
tirado do mundo do comércio e do trabalho, fala por si. Alude à corrupção que
existia. O patrão descobriu a corrupção e decidiu demitir o administrador
desonesto. Este, de repente, se vê numa situação de emergência obrigado pelas
circunstâncias imprevistas a encontrar uma saída para poder sobreviver. Quando
Deus se faz presente na vida de uma pessoa, aí, de repente, tudo muda e a
pessoa entra numa situação de emergência. Ela terá que tomar uma decisão e
encontrar uma saída.
* Lucas 16,3-4: O que fazer?
Qual a saída? “Então o administrador começou a refletir: 'O senhor vai
tirar de mim a administração. E o que vou fazer? Para cavar, não tenho forças;
de mendigar, tenho vergonha”. Ele começa a refletir para descobrir uma saída.
Analisa, uma por uma, as possíveis alternativas: cavar ou trabalhar na roça
para sobreviver, ele acha que para isso não tem força. Para mendigar, sente
vergonha. Ele analisa as coisas. Calcula bem as possíveis alternativas. “Ah! Já
sei o que vou fazer para que, quando me afastarem da administração tenha quem
me receba na própria casa”. Trata-se de garantir o seu futuro. O administrador
desonesto é coerente dentro do seu modo de pensar e de viver.
* Lucas 16,5-7: Execução da
solução encontrada. “E começou a chamar um por um os que estavam devendo ao
seu senhor. Perguntou ao primeiro: 'Quanto é que você deve ao patrão?' Ele
respondeu: 'Cem barris de óleo!' O administrador disse: 'Pegue a sua conta,
sente-se depressa, e escreva cinquenta'. Depois perguntou a outro: 'E você,
quanto está devendo?' Ele respondeu: 'Cem sacas de trigo'. O administrador
disse: 'Pegue a sua conta, e escreva oitenta". Dentro da sua total falta
de ética o administrador foi coerente. O critério da sua ação não é a
honestidade e a justiça, nem o bem do patrão do qual ele depende para viver e
sobreviver, mas é o próprio interesse. Ele quer a garantia de ter alguém que o
receba em sua casa.
* Lucas 16,8: O Senhor elogiou
o administrador desonesto. E agora vem a conclusão desconcertante: “E o
Senhor elogiou o administrador desonesto, porque este agiu com esperteza. De
fato, os que pertencem a este mundo são mais espertos, com a sua gente, do que
aqueles que pertencem à luz”. A palavra Senhor indica Jesus, e não o patrão, o
homem rico. Este jamais iria elogiar um empregado que foi desonesto com ele no
serviço e que, agora, roubou mais 50 barris de óleo e 20 sacas de trigo! Na
parábola, quem faz o elogio é Jesus. Elogiou não porque roubou, mas porque soube
ter presença de espírito. Soube calcular bem as coisas e encontrar uma saída,
quando de repente se viu desempregado. Assim como os filhos deste mundo sabem
ser espertos nas suas coisas, assim os filhos de luz deveriam aprender deles a
ser espertos na solução dos seus problemas, usando os critérios do Reino e não
os critérios deste mundo. “Sejam espertos como as serpentes e simples como as
pombas” (Mt 10,16).
Para um confronto pessoal
1) Sou coerente?
2) Qual o critério que uso
na solução dos meus problemas?
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