Btos.
Ambrósio Francisco Ferro, André de Soveral, presbíteros e seus companheiros,
Protomártires do Brasil.
São Francisco de Borgia, presbítero
1ª
Leitura (Jó 19,21-27): Job tomou a palavra e disse: «Tende compaixão,
meus amigos, tende compaixão de mim, pois a mão de Deus me atingiu! Porque me
perseguis, como Deus faz, e não vos cansais de me torturar? Quem dera que as
minhas palavras fossem escritas num livro, ou gravadas em bronze com estilete
de ferro, ou esculpidas em pedra para sempre! Eu sei que o meu Redentor está
vivo e no último dia Se levantará sobre a terra. Revestido da minha pele,
estarei de pé; na minha carne verei a Deus. Eu próprio O verei, meus olhos O
hão de contemplar. Dentro de mim suspira o meu coração».
Salmo
Responsorial: 27
R. Espero contemplar a bondade
do Senhor na terra dos vivos.
Ouvi, Senhor, a voz da minha
súplica, tende compaixão de mim e atendei-me. Diz-me o coração: «Procurai a sua
face». A vossa face, Senhor, eu procuro.
Não escondais de mim o vosso
rosto, nem afasteis com ira o vosso servo. Não me rejeiteis nem me abandoneis,
meu Deus e meu Salvador.
Espero vir a contemplar a bondade
do Senhor na terra dos vivos. Confia no Senhor, sê forte. Tem coragem e confia
no Senhor.
Aleluia. Está próximo o reino
de Deus: arrependei-vos e acreditai no Evangelho. Aleluia.
Evangelho
(Lc 10,1-12): Naquele tempo, O Senhor escolheu outros setenta e dois e
enviou-os, dois a dois, à sua frente, a toda cidade e lugar para onde ele mesmo
devia ir. E dizia-lhes: «A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos.
Pedi, pois, ao Senhor da colheita que mande trabalhadores para sua colheita.
Eis que vos envio como cordeiros para o meio de lobos. Não leveis bolsa, nem
sacola, nem sandálias, e não vos demoreis para saudar ninguém pelo caminho!. Em
qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: A paz esteja nesta casa!. Se
ali morar um amigo da paz, a vossa paz repousará sobre ele; senão, ela
retornará a vós. Permanecei naquela mesma casa; comei e bebei do que tiverem,
porque o trabalhador tem direito a seu salário. Não passeis de casa em casa.
Quando entrardes numa cidade e fordes bem recebidos, comei do que vos servirem,
curai os doentes que nela houver e dizei: O Reino de Deus está próximo de vós. Mas
quando entrardes numa cidade e não fordes bem recebidos, saindo pelas ruas,
dizei: Até a poeira de vossa cidade que se grudou aos nossos pés, sacudimos
contra vós. No entanto, sabei que o Reino de Deus está próximo!. Eu vos digo:
naquele dia, Sodoma receberá sentença menos dura do que aquela cidade».
«Pedi (...) ao Senhor da
colheita que mande trabalhadores para sua colheita»
Rev. D. Ignasi NAVARRI i Benet (La
Seu d'Urgell, Lleida, Espanha)
Hoje Jesus nos fala da missão
apostólica. Porém «escolheu outros setenta e dois e enviou-os, dois a dois» (Lc
10,1), a proclamação do Evangelho é uma tarefa «que não pode ser delegada a uns
poucos especialistas» João Paulo II: todos estamos chamados a essa tarefa e,
todos vamos sentirmos responsáveis dela. Cada um desde seu lugar e condição. O
dia do Batismo nos disseram: «Sois Sacerdote, Profeta e Rei para a vida
eterna». Hoje mais que nunca, nosso mundo precisa do testemunho dos seguidores
de Cristo.
«A colheita é grande, mas os
trabalhadores são poucos» (Lc 10,2): É interessante esse sentido positivo da
missão, pois o texto não diz: «Há muito para semear e poucos trabalhadores».
Tal vez, hoje teríamos que falar desse jeito, pelo grande desconhecimento de
Jesus Cristo e sua Igreja em nossa sociedade. Um olhar esperançado da missão
gera otimismo e ilusão. Não nos deixemos abater pela desilusão e a
desesperança.
No inicio, a missão que nos
espera é, ao mesmo tempo, apaixonante e difícil. O anúncio da Verdade e da
Vida, nossa missão, não pode nem deve pretender forçar a adesão, pelo
contrário, deve suscitar uma livre adesão. As ideias, devem se propor e não
impor, nos lembra o Papa.
«Não leveis bolsa, nem sacola,
nem sandálias...» (Lc 10,4): a única força do missionário deve ser Cristo. E
para que ele encha sua vida, é preciso que o evangelizador se esvazie de tudo
aquilo que não é Cristo. A pobreza evangélica é um requisito importante e, ao
mesmo tempo, o testemunho mais crível que o apóstolo pode dar, além de que só
esse desprendimento nos fará livres.
O missionário anuncia a paz. É
portador de paz, porque leva a Cristo, o Príncipe da Paz. Por isso, «Em
qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: A paz esteja nesta casa! Se ali
morar um amigo da paz, a vossa paz repousará sobre ele; senão, ela retornará a
vós» (Lc 10,5-6). Nosso mundo, nossas famílias, nosso Eu pessoal, têm
necessidade de Paz. Nossa missão é urgente e apaixonante.
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
« A fé nasce da mensagem, e a
mensagem consiste em falar de Cristo. Por tanto, a predicação da palavra de
Deus é necessária para a vida espiritual, como a semeadura é necessária para a
vida do corpo» (São Lourenço de Brindes)
« A testemunha da vida cristã é a
primeira e insubstituível forma da missão: Cristo, de cuja missão somos
continuadores, é do “Testigo” por excelência, e o modelo da testemunha cristã»
(São João Paulo II)
« O povo santo de Deus participa
também da função profética [do ensino] de Cristo (...) e aprofunda o
conhecimento da mesma, e se torna testemunha de Cristo no meio deste mundo»
(Catecismo da Igreja Católica, n° 785)
Reflexão
* Contexto. O capítulo 10
do qual o nosso texto é o começo, tem um caráter de revelação. Em 9,51, é dito
que Jesus "tomou a firme decisão de começar uma viagem em direção a
Jerusalém." Este caminho, expressão do seu ser filial, é caracterizado por
uma dupla ação: está intimamente unido ao “ser tirado” de Jesus (v. 51), a sua
"vinda", mediante o envio dos seus discípulos (V. 52): há uma ligação
no duplo movimento: " ser tirado do mundo" para ir ao Pai, e ser
enviado aos homens.
* Na verdade, acontece
que, por vezes, o mensageiro não é aceito (9,52 e, portanto, deve aprender a
ser "entregue", sem se deixar desanimar pela recusa dos homens
(9,54-55).
* Três cenas curtas fazem
o leitor a compreender o que significa seguir a Jesus que vai a Jerusalém para
ser retirado do mundo. Na primeira cena é apresentado a um homem que quer
seguir Jesus onde quer que vá; Jesus convida-o a abandonar tudo o que proporciona
bem-estar e segurança. Aqueles que querem segui-lo devem compartilhar o seu
destino de nômade.
* Na segunda cena é Jesus
quem toma a iniciativa e chama um homem cujo pai acabou de morrer. O homem pede
um tempo para cumprir com o seu dever de enterrar o pai. A urgência de
proclamar o reino supera esse dever: a preocupação de enterrar os mortos é inútil,
porque Jesus vai além das portas da morte e o exige inclusive para aqueles que
o seguem.
* Finalmente na terceira
cena é apresentado a um homem que se oferece para seguir Jesus, mas apresenta
uma condição: despedir-se antes de seus pais. Entrar no reino não admite
atrasos. Após esta tríplice renúncia, a expressão de Lc 9,62: "Quem põe a
mão no arado e olha para trás, não serve para o Reino de Deus." introduz o tema do capítulo 10.
* A dinâmica do relato. O
trecho, que é o objeto de nossa meditação, começa com expressões bastante
densas. A primeira: "Depois disto”, se refere à oração de Jesus e à sua
firme decisão de ir a Jerusalém. A segunda relaciona-se com o verbo
"designar": "designou
setenta e dois outros discípulos e mandou-os ..." (10,1), onde se
especifica que os mandou adiante de si, ou seja, com a mesma resolução que ele
se encaminha para Jerusalém.
* As recomendações, que
Jesus lhes dá antes do envio, são um convite para estar cientes da realidade em
que eles são enviados: colheita abundante em contraste com o pequeno número de
operários. O Senhor da colheita chega com toda a sua força, mas a alegria desta
chegada é dificultada pelo pequeno número de operários. Daí o convite
categórico à oração: "Rogai ao Senhor da messe que mande operários para a
sua messe" (v. 2). A iniciativa de enviar em missão é de responsabilidade
do Pai, mas Jesus transmite a ordem: "Ide", e, em seguida, indica
como seguir (vv. 4-11). Ela começa com o equipamento: sem bolsa, nem alforje,
nem sandálias. Estes elementos denotam a fragilidade daquele que é enviado e a
sua dependência da ajuda que recebe do Senhor e dos habitantes da cidade.
* As prescrições positivas
são sintetizadas em primeiro lugar na chegada à casa (vv. 5-7) e, em seguida,
no êxito na cidade (vv. 8-11). Em ambos os casos não se exclui a rejeição. A
casa é o primeiro lugar onde os missionários tem os primeiros intercâmbios, os
primeiros relacionamentos, valorizando os gestos humanos de comer, beber e
descansar, como mediações simples e comuns para comunicar o evangelho. A "paz" é o dom que precede a missão
deles, ou seja, a plenitude da vida e relacionamentos, e a alegria verdadeira e
real é o sinal que marca a chegada do Reino. Não é necessário buscar conforto,
é essencial ser acolhido. A cidade torna-se, no entanto, o maior campo de
missão: ali se desenvolve a vida, a atividade política, a possibilidade de
conversão, de aceitação ou rejeição.
* A este último aspecto se
une o ato de sacudir a poeira (vv. 10-11), como que se os discípulos, ao
abandonar a cidade que os rejeitou, dissessem aos moradores que estes não
aprenderam nada ou ainda poderia expressar o corte de relações. Finalmente,
Jesus lembra a culpa daquela cidade que se fecha para a proclamação do
evangelho (v. 12).
Para um confronto pessoal
1) Todos os dias, você é
enviado pelo Senhor para anunciar o Evangelho aos seus íntimos (a casa) e aos
homens (da cidade). Você está assumindo um estilo pobre, essencial, no
testemunho de sua identidade como um cristão?
2) Você está ciente de que
o sucesso de seu testemunho não depende de sua capacidade individual, mas
somente do Senhor que envia e da sua disponibilidade?
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