São
Gregório Magno, papa e doutor da Igreja
1ª
Leitura (1Cor 2,10b-16): Irmãos: O Espírito Santo conhece todas as
coisas, até o que há de mais profundo em Deus. Na verdade, quem sabe o que há
no homem senão o espírito humano que nele se encontra? Assim também, ninguém
conhece o que há em Deus, senão o Espírito de Deus. Nós não recebemos o
espírito do mundo, mas o Espírito que vem de Deus, para conhecermos os dons da
graça de Deus. Para falarmos desses dons, não usamos a linguagem ensinada pela
sabedoria humana, mas a linguagem que o Espírito de Deus nos ensina, exprimindo
em termos espirituais as realidades espirituais. O homem natural não aceita as
coisas que vêm do Espírito de Deus, pois são loucura para ele. Não pode
entendê-las, porque só podem ser julgadas com critério espiritual. Mas o homem
espiritual julga todas as coisas, enquanto ele próprio não é julgado por ninguém.
Na verdade, quem conheceu o pensamento do Senhor, para que O possa instruir?
Nós, porém, temos o pensamento de Cristo.
Salmo
Responsorial: 144
R. O Senhor é justo em todos
os seus caminhos.
O Senhor é clemente e compassivo,
paciente e cheio de bondade. O Senhor é bom para com todos e a sua misericórdia
se estende a todas as criaturas.
Graças Vos deem, Senhor, todas as
criaturas e bendigam-Vos os vossos fiéis. Proclamem a glória do vosso reino e
anunciem os vossos feitos gloriosos;
Para darem a conhecer aos homens
o vosso poder, a glória e o esplendor do vosso reino. O vosso reino é um reino
eterno, o vosso domínio estende-se por todas as gerações.
O Senhor é fiel à sua palavra e
perfeito em todas as suas obras. O Senhor ampara os que vacilam e levanta todos
os oprimidos.
Aleluia. Apareceu no meio de
nós um grande profeta: Deus visitou o seu povo. Aleluia.
Evangelho
(Lc 4,31-37): Naquele tempo, Jesus desceu para Cafarnaum, cidade da Galileia,
e lá os ensinava, aos sábados. Eles ficavam maravilhados com os seus
ensinamentos, pois sua palavra tinha autoridade. Na sinagoga estava um homem
que tinha um espírito impuro, e ele gritou em alta voz: «Que queres de nós,
Jesus de Nazaré? Vieste para nos destruir? Eu sei quem tu és: o Santo de
Deus!». Jesus o repreendeu: «Cala-te, sai dele!». O demônio então lançou o
homem no chão e saiu dele, sem lhe fazer mal algum. Todos ficaram espantados e
comentavam: «Que palavra é essa? Ele dá ordens aos espíritos impuros, com
autoridade e poder, e eles saem». E sua fama se espalhava por todos os lugares
da redondeza.
«Eles ficavam maravilhados com
os seus ensinamentos, pois sua palavra tinha autoridade»
Rev. D. Joan BLADÉ i Piñol (Barcelona,
Espanha)
Hoje vemos como a atividade de
ensinar foi, para Jesus, a missão central de sua vida pública. Porém a pregação
de Jesus era muito diferente da dos outros mestres e isso fazia com que as
pessoas se espantassem e se admirassem. Certamente, ainda que o Senhor não
tivesse estudado (cf. Jo 7,15), desconcertava a todos com sua doutrina, porque
«falava com autoridade» (Lc 4,32). Seu estilo possuía a autoridade de quem se
sabia o “Santo de Deus”.
Precisamente aquela autoridade no
seu falar era o que dava força a sua linguagem. Utilizava imagens vivas e
concretas, sem silogismos nem definições; palavras e imagens que extraía da
própria natureza quando não das Sagradas Escrituras. Não há dúvida de que Jesus
era um bom observador, homem próximo das situações humanas: ao mesmo tempo em
que o vemos ensinando, também o contemplamos perto das pessoas fazendo-lhes o
bem (curando as doenças e expulsando demônios, etc.). Lia no livro da vida
diária as experiências que depois lhe serviriam para ensinar. Ainda que fosse
um material tão simples e “rudimentar”, a palavra do Senhor era sempre
profunda, inquietante, radicalmente nova, definitiva.
O mais admirável da fala de Jesus
Cristo, era esse saber harmonizar a autoridade divina com a mais incrível
simplicidade humana. Autoridade e simplicidade eram possíveis em Jesus graças
ao conhecimento que possuía do Pai e de sua relação de amorosa obediência a Ele
(cf. Mt 11,25-27). Esta relação com o Pai é o que explica a harmonia única
entre a grandeza e a humildade. A autoridade de seu falar não se ajustava aos
parâmetros humanos; não havia disputa, nem interesses pessoais ou desejo de
sobressair. Era uma autoridade que se manifestava tanto na sublimidade da
palavra ou da ação como na humildade e simplicidade. Não houve nos seus lábios
nem louvor pessoal, nem soberba nem gritos. Mansidão, doçura, compreensão, paz,
serenidade, misericórdia, verdade, luz, justiça... Foi o aroma que rodeava a
autoridade de seus ensinos.
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«Tudo vem do amor, tudo está
ordenado para a salvação do homem, Deus não faz nada que não seja para este
fim» (Santa Catarina de Sena)
«O Evangelho é a palavra da vida:
não oprime as pessoas, pelo contrário, liberta aqueles que são escravos de
tantos espíritos malignos deste mundo: tanto o espírito de vaidade, o apego ao
dinheiro, o orgulho, a sensualidade» (Francisco)
«A permissão divina do mal físico
e do mal moral é um mistério, que Deus esclarece por seu Filho Jesus Cristo,
morto e ressuscitado para vencer o mal. A fé dá-nos a certeza de que Deus não
permitiria o mal, se do próprio mal não fizesse sair o bem, por caminhos que só
na vida eterna conheceremos plenamente» (Catecismo da Igreja Católica, nº 324)
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm.
* No evangelho de hoje, vamos
ver de perto dois assuntos: a admiração do povo pela maneira de Jesus ensinar e
a cura de um homem possuído por um demônio impuro. Nem todos os
evangelistas contam os fatos do mesmo jeito. Para Lucas, o primeiro milagre é a
calma com que Jesus se livrou da ameaça de morte da parte do povo de Nazaré (Lc
4,29-30) e a cura do homem possesso (Lc 4,33-35). Para Mateus, o primeiro
milagre é a cura de uma porção de doentes e endemoninhados (Mt 4,23) ou, mais
especificamente, a cura de um leproso (Mt 8,1-4). Para Marcos, foi a expulsão
de um demônio (Mc 1,23-26). Para João, o primeiro milagre foi em Caná, onde
Jesus transformou água em vinho (Jo 2,1-11). Assim, na maneira de contar as
coisas, cada evangelista mostra qual foi, segundo ele, a maior preocupação de
Jesus.
* Lucas 4,31: A mudança de Jesus para Cafarnaum. “Jesus
foi a Cafarnaum, cidade da Galileia, e aí ensinava aos sábados”. Mateus diz que
Jesus foi morar em Cafarnaum (Mt 4,13). Mudou de residência. Cafarnaum era uma
pequena cidade junto ao entroncamento de duas estradas importantes: uma que
vinha da Ásia Menor e ia para Petra no sul da Transjordânia, e a outra que
vinha da região dos rios Eufrates e Tigre e descia para o Egito. A mudança para
Cafarnaum facilitava o contato com o povo e a divulgação da Boa Nova.
* Lucas
4,32: Admiração do povo pelo ensino de
Jesus. A primeira coisa que o povo percebe é o jeito diferente de Jesus
ensinar. Não é tanto o conteúdo, mas sim o jeito de ensinar, que impressiona.
“Jesus falava com autoridade”. Marcos acrescenta que, por este seu jeito
diferente de ensinar, Jesus criava consciência crítica no povo com relação às
autoridades religiosas da época. O povo percebia e comparava: Ele ensina com
autoridade, diferente dos escribas” (Mc 1,22.27). Os escribas da época
ensinavam citando autoridades. Jesus não cita autoridade nenhuma, mas fala a
partir da sua experiência de Deus e da vida.
* Lucas 4,33-35: Jesus combate o poder do mal. O primeiro
milagre é a expulsão de um demônio. O poder do mal tomava conta das pessoas e
as alienava. Jesus devolve as pessoas a si mesmas. Devolve a consciência e a
liberdade. E ele o faz pelo poder da sua palavra: "Cale-se, e saia
dele!" Ele dizia em outra ocasião:
“Se é pelo dedo de Deus que eu expulso os demônios, então o Reino de Deus
chegou para vocês” (Lc 11,20). Hoje também, muita gente vive alienada de si
mesma pelo poder dos meios de comunicação, da propaganda do governo e do
comércio. Vive escrava do consumismo, oprimida pelas prestações e ameaçada
pelos cobradores. Acha que não vive direito enquanto não comprar aquilo que a
propaganda anuncia. Não é fácil expulsar este poder que hoje aliena tanta
gente, e devolver as pessoas a si mesmas!
* Lucas 1,36-37: A reação do povo: ele manda
nos espíritos impuros primeiro impacto. Além do jeito diferente de Jesus
ensinar as coisas de Deus, o outro aspecto que causava admiração no povo era o
seu poder sobre os espíritos impuros: "Que palavra é essa? Ele manda nos
espíritos impuros com autoridade e poder, e eles saem". Jesus abre um novo
caminho para o povo poder conseguir a pureza através do contato com ele.
Naquele tempo, uma pessoa impura não podia comparecer diante de Deus para rezar
e receber a bênção prometida a Abraão. Teria que purificar-se, primeiro. Havia
muitas leis e normas que dificultavam a vida do povo e marginalizavam muita
gente como impura. Mas agora, purificadas pela fé em Jesus, as pessoas podiam
comparecer novamente na presença de Deus e rezar a Ele, sem necessidade de
recorrer àquelas complicadas e, muitas vezes, dispendiosas normas de pureza.
Para um confronto pessoal
1) Jesus provocava a
admiração do povo. A atuação da nossa comunidade aqui no bairro provoca alguma
admiração no povo? Qual?
2) Jesus expulsava o poder
do mal e devolvia as pessoas a si mesmas. Hoje, muita gente vive alienada de si
mesma e de tudo. Como devolvê-las a si mesmas?
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