Santíssimo
Nome da Virgem Santa Maria.
Bta.
Mª de Jesus Lopez Rivas. virgem de nossa Ordem
1ª
Leitura (1Cor 8,1b-7.11-13): Irmãos: A ciência envaidece, ao passo que a
caridade edifica. Se alguém pensa que sabe alguma coisa, ainda não sabe como
deve saber. Mas se alguém ama a Deus, é conhecido por Deus. Sobre a questão de
comer carnes imoladas aos ídolos, bem sabemos que um ídolo não é nada no mundo
e que não há senão um único Deus. Porque, embora digam haver deuses no céu e na
terra, – na verdade são muitos esses deuses e esses senhores – para nós há um
só Deus: o Pai, de quem tudo procede e para o qual fomos criados; e há um só
Senhor, Jesus Cristo, pelo qual tudo existe e pelo qual também nós existimos. Mas
nem todos têm esta ciência. Alguns, habituados até há pouco tempo à idolatria,
comem as carnes imoladas como se estivessem consagradas aos ídolos, e a sua
consciência, que é fraca, fica manchada. Deste modo, pela tua ciência, perecerá
o fraco, esse irmão por quem Cristo morreu! E ao pecardes assim contra esses
irmãos, ferindo a sua consciência, que é fraca, é contra Cristo que pecais. Por
isso, se o alimento se torna para o meu irmão ocasião de pecado, nunca mais
comerei carne, a fim de não ser para ele ocasião de pecado.
Salmo
Responsorial: 138
R. Conduzi-me, Senhor, pelo
caminho da eternidade.
Senhor, Vós conheceis o íntimo do
meu ser: sabeis quando me sento e quando me levanto. De longe penetrais o meu
pensamento, observais todos os meus passos.
Vós formastes as entranhas do meu
corpo e me criastes no seio de minha mãe. Dou-Vos graças por me terdes feito
tão maravilhosamente: admiráveis são as vossas obras.
Sondai-me, Senhor, e vede o meu
coração, observai a intimidade dos meus pensamentos. Vede que não ande pelo mau
caminho, conduzi-me pelo caminho da eternidade.
Aleluia. Se nos amarmos uns
aos outros, Deus permanece em nós e o seu amor em nós é perfeito. Aleluia.
Evangelho
(Lc 6,27-38): Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: «A vós,
porém, que me escutais, eu digo: amai os vossos inimigos e fazei o bem aos que
vos odeiam. Falai bem dos que falam mal de vós e orai por aqueles que vos
caluniam. Se alguém te bater numa face, oferece também a outra. E se alguém
tomar o teu manto, deixa levar também a túnica. Dá a quem te pedir e, se alguém
tirar do que é teu, não peças de volta. Assim como desejais que os outros vos
tratem, tratai-os do mesmo modo. Se amais somente aqueles que vos amam, que
generosidade é essa? Até os pecadores amam aqueles que os amam. E se fazeis o
bem somente aos que vos fazem o bem, que generosidade é essa? Os pecadores
também agem assim. E se prestais ajuda somente àqueles de quem esperais
receber, que generosidade é essa? Até os pecadores prestam ajuda aos pecadores,
para receberem o equivalente. Amai os vossos inimigos, fazei o bem e prestai
ajuda sem esperar coisa alguma em troca. Então, a vossa recompensa será grande.
Sereis filhos do Altíssimo, porque ele é bondoso também para com os ingratos e
maus. Sede misericordiosos como vosso Pai é misericordioso. Não julgueis e não
sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis
perdoados. Dai e vos será dado. Uma medida boa, socada, sacudida e
transbordante será colocada na dobra da vossa veste, pois a medida que usardes
para os outros, servirá também para vós».
«Sede misericordiosos como
vosso Pai é misericordioso»
Rev. D. Jaume AYMAR i Ragolta (Badalona,
Barcelona, Espanha)
Hoje, no Evangelho, o Senhor
pede-nos duas vezes que amemos os nossos inimigos. E oferece, seguidamente,
três situações concretas e positivas deste mandamento: fazei o bem aos que vos
odeiam, benzei aos que vos maldizem e orai por aqueles que vos caluniam. É um
mandamento que parece difícil de cumprir: como podemos amar os que não nos
amam? Mais ainda, como podemos amar aqueles que temos a certeza de que nos
querem mal? Chegar a amar desta maneira é um dom de Deus, mas é preciso que
estejamos abertos a Ele. Bem pensado, amar os inimigos é humanamente falando, a
coisa mais sábia que podemos fazer: o inimigo amado sente-se desarmado; amá-lo
pode ser condição da possibilidade de deixar de ser inimigo. Jesus continua
nesta mesma linha, dizendo: «Se alguém te bater numa face, oferece também a
outra» (Lc, 6,29). Poderia parecer um excesso de mansidão. Mas, que fez Jesus
quando foi esbofeteado na sua Paixão? Certamente não contra-atacou, mas
respondeu com tal firmeza, cheia de caridade, que deve ter surpreendido aquele
servo irado: «Se falei mal, mostra em que falei mal; e se falei certo, por que
me bates?» (Jo 18,22-23).
Todas as religiões têm uma máxima
de ouro: «Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti». Jesus é o
único que a formula de modo positivo: «Assim como desejais que os outros vos
tratem, tratai-os do mesmo modo» (Lc 6,31). Esta regra de ouro constitui o
fundamento de toda a moral. São João Crisóstomo, comentando este versículo,
ensina-nos: «Ainda há mais, porque Jesus não disse somente: desejai todo o bem
para os outros, mas fazei o bem aos outros»; logo, a máxima de ouro proposta
por Jesus não pode reduzir-se a um mero desejo, mas tem que se traduzir em
obras.
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«Que bom é o Senhor...! Ele
sempre combina suas provações com a força que nos dá» (Santa Teresinha de
Lisieux)
«Quando a gente aprende a se
acusar a sim mesmo é misericordioso com os outros» (Francisco)
« (...) Toda a Lei evangélica se
apoia no “mandamento novo” de Jesus (Jo 13, 34): de nos amarmos uns aos outros
como Ele nos amou (cf. Jo 15,12)» (Catecismo da Igreja Católica, n° 1970)
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm.
* O evangelho de hoje traz a
segunda parte do “Sermão da Planície”. Na primeira parte (Lc 6,20-26),
Jesus se dirigia aos discípulos (Lc 6,20). Na segunda parte (Lc 6,27-49), ele
se dirige “a vocês que me escutam”, isto é, àquela multidão imensa de pobres e
doentes, vinda de todos os lados (Lc 6,17-19).
* Lucas 6,27-30: Amar os inimigos! As palavras que Jesus
dirige a este povo são exigentes e difíceis: amar os inimigos, não amaldiçoar,
oferecer a outra face a quem bate no rosto, não reclamar quando alguém toma o
que é nosso. Interpretadas literalmente, estas frases parecem favorecer os
ricos que roubam. Mas nem o próprio Jesus as observou ao pé da letra. Quando o
soldado lhe bateu no rosto, não ofereceu a outra face, mas reagiu com firmeza.
“Se falei errado, prove! Se falei certo, por que me bates?” (Jo 18,22-23).
Então, como entender estas palavras? Os versículos seguintes ajudam a entender
o que Jesus quer ensinar.
* Lucas 6,31-36: A Regra de Ouro! Imitar Deus. Duas frases
de Jesus ajudam a entender o que ele quis ensinar. A primeira frase é a assim
chamada Regra de Ouro: "O que vocês desejam que os outros lhes façam,
façam vocês a eles!” (Lc 6,31). A segunda frase é: "Procurem ser
misericordiosos como o Pai do céu é misericordioso!" (Lc 6,36). Estas duas
frases mostram que Jesus não quer simplesmente virar a mesa ou inverter a
situação, pois aí nada mudaria. Ele quer mudar o sistema. O Novo que ele quer
construir vem da nova experiência de Deus como Pai cheio de ternura que acolhe
a todos! As palavras de ameaça contra os ricos não podem ser ocasião para os
pobres se vingarem. Jesus manda ter a atitude contrária: "Amai os vossos
inimigos!" O amor não pode depender do que eu recebo do outro. O amor
verdadeiro deve querer o bem do outro independentemente do que ele ou ela faz
por mim. O amor deve ser criativo, pois assim é o amor de Deus por nós:
"Procurem ser misericordiosos como o Pai do céu é
misericordioso!". Mateus diz a
mesma coisa com outras palavras: “Sede perfeitos como vosso Pai do céu é
perfeito” (Mt 5,48). Nunca ninguém poderá chegar a dizer: Hoje fui perfeito
como o Pai do céu é perfeito! Fui misericordioso como o Pai do céu é
misericordioso”. Estaremos sempre abaixo da medida que Jesus colocou diante de
nós.
* No evangelho de Lucas, a Regra de Ouro diz:
"O que vocês desejam que os outros lhes façam, façam vocês a eles!” (Lc
6,31) O evangelho de Mateus traz uma formulação um pouco diferente:
"Tudo o que vocês desejam que os outros façam a vocês, façam vocês também
a eles” e acrescenta: “Pois nisso consistem a Lei e os Profetas" (Mt
7,12). Praticamente todas as religiões do mundo inteiro tem a mesma Regra de
ouro com formulações diversas. Sinal de que aqui se expressa uma intuição ou um
desejo universal que nasce do fundo do coração humano.
* Lucas 6,37-38: A medida que
vocês usarem para os outros, será usada para vocês. "Não julguem, e
vocês não serão julgados; não condenem, e não serão condenados; perdoem, e
serão perdoados. Deem, e será dado a
vocês; colocarão nos braços de vocês uma boa medida, calcada, sacudida,
transbordante. Porque a mesma medida que vocês usarem para os outros, será
usada para vocês”. São quatro conselhos: dois na forma negativa: não julgar,
não condenar; e dois na forma positiva: perdoar e doar com medida abundante.
Quando diz “e será dado a vocês”, Jesus alude ao tratamento que Deus quer ter
para conosco. Mas quando a nossa maneira de tratar os outros é mesquinha, Deus
não pode usar para conosco a medida abundante e transbordante que Ele gostaria
de usar.
* Celebrar a visita de Deus. O
Sermão da Planície ou Sermão da Montanha, desde o seu começo, leva os ouvintes
a fazer uma escolha, uma opção, a favor dos pobres. No Antigo Testamento,
várias vezes, Deus colocou o povo diante da mesma escolha de bênção ou de
maldição. Ao povo era concedida a liberdade para escolher: "Eu lhes propus
a vida ou a morte, a bênção ou a maldição. Escolha, portanto, a vida, para que
você e seus descendentes possam viver" (Dt 30,19). Não é Deus quem
condena, mas é o próprio povo de acordo com a escolha que fará entre a vida e a
morte, entre o bem e o mal. Estes momentos de escolha são os momentos da visita
de Deus ao seu povo (Gn 21,1; 50,24-25; Ex 3,16; 32,34; Jr 29,10; Sl 59,6; Sl
65,10; Sl 80,15, Sl 106,4). Lucas é o único evangelista a empregar esta imagem
da visita de Deus (Lc 1,68. 78; 7,16; 19,44; At 15,16). Para Lucas Jesus é a
visita de Deus que coloca o povo diante da escolha da bênção ou da maldição:
"Felizes vocês, pobres!" e "Ai de vocês, ricos!" Mas o povo
não reconheceu a visita de Deus (Lc 19,44).
Para um confronto pessoal
1) Será que nós olhamos a
vida e as pessoas com o mesmo olhar de Jesus?
2) O que quer dizer hoje
"ser misericordioso como o Pai do céu é misericordioso"?
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