São
Roque, leigo
Bta.
Mª Sacrário de S. Luís de Gonzaga, Virgem e Mártir de nossa Ordem
Sto. Estêvão, rei
1ª
Leitura (Ez 16,1-15.60.63): O Senhor dirigiu-me a palavra, dizendo:
«Filho do homem, mostra a Jerusalém as suas ações abomináveis e diz-lhe: Assim
fala o Senhor Deus a Jerusalém: Pela tua origem e nascimento, és da terra de
Canaã. O teu pai era amorreu e a tua mãe hitita. Quando nasceste, no dia em que
vieste ao mundo, não te cortaram o cordão, nem te banharam para seres
purificada; não te fizeram as fricções de sal, nem te envolveram em panos.
Ninguém lançou sobre ti um olhar compassivo; ninguém te prestou esses cuidados,
nem teve pena de ti. No dia em que nasceste, foste deixada no meio do campo,
pela repugnância que inspiravas. Quando passei junto de ti, vi que te revolvias
no teu sangue. E, vendo-te ensanguentada, Eu disse-te: ‘Quero que vivas’; e
fiz-te crescer como a erva dos campos. Cresceste, ganhaste corpo e chegaste à
idade florida. Formaram-se os teus seios, cresceram os teus cabelos, mas
estavas nua. Passei de novo junto de ti e vi que tinhas chegado à idade dos
amores. Estendi sobre ti a aba do meu manto e escondi a tua nudez. Fiz então um
juramento e estabeleci uma aliança contigo, – diz o Senhor Deus – e ficaste a
pertencer-Me. Lavei-te com água, limpei-te do sangue que te cobria e ungi-te
com óleo. Vesti-te com roupas bordadas, calcei-te sandálias de fino cabedal,
dei-te uma faixa de linho e um manto de seda. Adornei-te com joias, coloquei
braceletes nos teus pulsos e um colar ao teu pescoço. Pus-te um anel no nariz,
brincos nas orelhas e um precioso diadema na cabeça. Tinhas adornos de ouro e
de prata, os teus vestidos eram de linho fino, de seda e tecidos bordados, e o
teu alimento era a flor da farinha, mel e azeite. Tornaste-te cada vez mais
bela e chegaste a ser rainha. A tua fama divulgou-se entre as nações, por causa
da tua formosura, que era perfeita, graças ao esplendor com que Eu te tinha
revestido, – diz o Senhor Deus –. Mas tu confiaste na tua beleza e aproveitaste
a tua fama para te prostituires com todos os que passavam. Eu, porém,
lembrar-Me-ei da aliança que fiz contigo nos dias da tua juventude e
estabelecerei contigo uma aliança eterna, de modo que te lembres do passado e
te humilhes e não voltes a abrir a boca de vergonha, quando Eu te perdoar o que
fizeste – diz o Senhor Deus».
Salmo
Responsorial: Is
R. Passou a vossa ira e Vós me
consolastes, Senhor.
Deus é o meu Salvador, tenho
confiança e nada temo. O Senhor é a minha força e o meu louvor. Ele é a minha
salvação.
Tirareis água com alegria das
fontes da salvação. Agradecei ao Senhor, invocai o seu nome; anunciai aos povos
a grandeza das suas obras, proclamai a todos que o seu nome é santo.
Cantai ao Senhor, porque Ele fez
maravilhas, anunciai-as em toda a terra. Entoai cânticos de alegria, habitantes
de Sião, porque é grande no meio de vós o Santo de Israel.
Aleluia. Escutai o que diz o
Senhor, não como palavra dos homens, mas como palavra de Deus. Aleluia.
Evangelho
(Mt 19,3-12): Naquele tempo, alguns fariseus aproximaram-se de Jesus e,
para experimentá-lo, perguntaram: «É permitido ao homem despedir sua mulher por
qualquer motivo?». Ele respondeu: «Nunca lestes que o Criador, desde o
princípio, os fez homem e mulher e disse: Por isso, o homem deixará pai e mãe e
se unirá à sua mulher, e os dois formarão uma só carne? De modo que eles já não
são dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, o homem não separe». Perguntaram:
«Como então Moisés mandou dar atestado de divórcio e despedir a mulher?». Jesus
respondeu: «Moisés permitiu despedir a mulher, por causa da dureza do vosso
coração. Mas não foi assim desde o princípio. Ora, eu vos digo: quem despede
sua mulher fora o caso de união ilícita e se casa com outra, comete adultério».
Os discípulos disseram-lhe: «Se a situação do homem com a mulher é assim, é
melhor não se casar». Ele respondeu: «Nem todos são capazes de entender isso,
mas só aqueles a quem é concedido. De fato, existem homens impossibilitados de
casar-se, porque nasceram assim; outros foram feitos assim por mão humana;
outros ainda, por causa do Reino dos Céus se fizeram incapazes do casamento.
Quem puder entender, entenda».
«Portanto, o que Deus uniu, o
homem não separe»
Fr. Roger J. LANDRY (Hyannis,
Massachusetts, Estados Unidos)
Hoje, Jesus responde às perguntas
dos seus contemporâneos sobre o verdadeiro significado do matrimônio,
ressaltando a indissolubilidade do mesmo.
Sua resposta, no entanto, também
proporciona a base adequada para que nós, cristãos, possamos responder a
aqueles cujos corações teimosos os obrigam a procurar a ampliação da definição
de matrimônio para os casais homossexuais.
Ao fazer retroceder o matrimônio
ao plano original de Deus, Jesus ressalta quatro aspectos relevantes pelos
quais só se pode unir em matrimônio a um homem e uma mulher:
1)
«O Criador, desde o início, os fez macho e fêmea» (Mt 19,4). Jesus nos ensina
que, no plano divino, a masculinidade e a feminilidade têm um grande
significado. Ignorar, pois, é ignorar o que somos.
2)
«Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe, e se unirá à sua mulher» (Mt
19,5). No plano de Deus não é que o homem abandone os seus pais e vá embora com
quem ele queira, mas sim com uma esposa.
3) «De maneira que já não são dois, e sim uma só
carne» (Mt 19,6). Esta união corporal vai mais além da pouco duradoura união
física que ocorre no ato conjugal. Refere-se à união duradoura que se apresenta
quando um homem e uma mulher, através do seu amor, concebem uma nova vida que é
o matrimônio perdurável ou união dos seus corpos. Logicamente, que um homem com
outro homem, ou uma mulher com outra mulher, não pode ser considerado um único
corpo dessa maneira.
4) «Pois o que Deus uniu, o homem não separe» (Mt
19,6). Deus mesmo uniu em matrimônio ao homem e à mulher e, sempre que tentamos
separar o que Ele uniu, estaremos fazendo por nossa própria conta e por conta
da sociedade.
Em sua catequese sobre Gênesis, o
Papa João Paulo II disse: «Em sua resposta aos fariseus, Jesus Cristo comenta
aos interlocutores a visão total do homem, sem o qual não é possível oferecer
uma resposta adequada às perguntas relacionadas com o matrimônio».
Cada um de nós está chamado a ser
o eco desta Palavra de Deus em nosso momento.
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«A estatura e os hábitos do homem
podem mudar, mas a sua natureza continua idêntica e a sua pessoa é a mesma»
(São Vicente de Lerins)
«Na narração bíblica surge a
ideia de que o homem é de alguma forma, incompleto, constitutivamente no
caminho para encontrar no outro a parte complementária para a sua integridade,
quer dizer, a ideia de que apenas na comunhão com o outro sexo se pode considerar
“completo”» (Bento XVI)
«A estima pela virgindade por
amor do Reino e o sentido cristão do matrimónio são inseparáveis e favorecem-se
mutuamente» (Catecismo da Igreja Católica, nº 1.620)
Reflexão
• Contexto. Até o capítulo
18, Mateus mostrou como os discursos de Jesus marcaram as diferentes fases da
constituição progressiva e formação da comunidade dos discípulos em torno de
seu Mestre. Agora em 19,1, este pequeno grupo se afasta dos territórios da Galileia
e chega nos territórios da Judéia. O chamado de Jesus que envolve os seus
discípulos avança até a escolha decisiva: a aceitação ou rejeição da pessoa de
Jesus. Esta fase ocorre ao longo da estrada que leva a Jerusalém (capítulos
19-20), e, finalmente, com a chegada à cidade e junto ao Templo (capítulos
21-23). Todos os encontros que Jesus experimenta no decorrer desses capítulos
ocorrem ao longo do percurso da Galileia a Jerusalém.
• Encontro com os fariseus. Passando
pela Transjordânia (19,1), o primeiro encontro é com os fariseus e o tema de
discussão de Jesus com ele se torna motivo de reflexão para o grupo dos
discípulos. A pergunta dos fariseus é sobre o divórcio e, especialmente, coloca
Jesus em dificuldade sobre o amor dentro do casamento, a realidade mais sólida
e estável para toda a comunidade judaica. A intervenção dos fariseus quer
acusar o ensinamento de Jesus. Trata-se de um verdadeiro processo: Mateus o
considera como "colocar à prova", "um tentar". A pergunta é
realmente crucial: “É permitido a um homem rejeitar sua mulher por um motivo
qualquer?” (19,3). Ao leitor não escapa a tentativa equivocada dos fariseus de
interpretar o texto de Dt 24,1 para colocar Jesus em dificuldade: “Se um homem
toma uma mulher e se casa com ela, e esta depois não lhe agrada porque
descobriu nela algo inconveniente, ele lhe escreverá uma certidão de divórcio e
assim despedirá a mulher”. Este texto deu origem ao longo dos séculos a
inúmeras discussões: a admitir o divórcio por qualquer motivo, exigir um mínimo
de mau comportamento, um verdadeiro adultério.
• É Deus que une. Jesus
responde aos fariseus recorrendo a Gn 1,17; 2,24, trazendo o assunto à vontade
primária de Deus criador. O amor, que une o homem e a mulher, vem de Deus e por
essa origem, unifica e não pode separar. Se Jesus cita Gênesis 2,24: “Por isso,
o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher; e os dois formarão
uma só carne” (19,5), é porque ele quer
enfatizar um princípio particular e absoluto: é a vontade criadora de Deus que
une um homem e uma mulher. Quando um homem e uma mulher se unem em matrimônio,
é Deus que os une; o termo "cônjuge" vem do verbo conjungir (ligar
intimamente), conjugar (associar, ligar e unir), ou seja, que a conjunção dos
dois parceiros sexuais é o efeito da palavra criadora de Deus. A resposta de
Jesus aos fariseus atinge o seu cume: o casamento é indissolúvel na sua
constituição original. Jesus continua desta vez recordando Ml 2,13-16: repudiar
a própria mulher é romper a aliança com Deus e segundo os profetas, esta
aliança é vivida principalmente pelos esposos em sua união conjugal (Os 1-3; Is
1,21-26; Jr 2,2; 3,1.6-12; Ez 16; 23; Is 54,6-10; 60-62). A resposta de Jesus
aparece em contradição com a lei de Moisés, que dá a possibilidade de conceder
um certificado de divórcio. No motivar a sua resposta, Jesus lembra aos
fariseus: se Moisés deu essa possibilidade é por causa da dureza dos vossos
corações (v. 8), mais especificamente por causa da vossa desobediência à
Palavra de Deus. A lei de Gn 1,26; 2,24 nunca foi modificada, mas Moisés foi
forçado a adaptá-la a uma atitude de desobediência. O primeiro casamento não
foi anulado pelo adultério. Ao homem de hoje e, especialmente, às comunidades
eclesiais a palavra de Jesus diz claramente que não deve haver divórcio, e, no
entanto, vemos que existem; na vida pastoral das pessoas divorciadas são
acolhidas, às quais está sempre aberta à possibilidade de entrar no reino. A
reação dos discípulos foi imediata: “Se tal é a condição do homem a respeito da
mulher, é melhor não se casar!” (v.10). A resposta de Jesus continua a
sustentar a indissolubilidade do matrimônio, impossível para a mentalidade
humana, mas possível para Deus. O eunuco de que Jesus fala não é aquele que não
pode gerar, mas aquele que, separado de sua esposa, continua a viver em
continência , mantendo-se fiel ao primeiro vínculo conjugal: é eunuco em
relação a todas as outras mulheres.
Para um confronto pessoal
1) Em relação ao casamento
sabemos acolher o ensinamento de Jesus com simplicidade, sem adaptá-lo às
nossas próprias escolhas legítimas de conveniência?
2) O Evangelho recorda-nos
que o plano do Pai para o homem e a mulher é um maravilhoso projeto de amor.
Você está ciente de que o amor tem uma lei imprescindível: implica o dom total
e cheio da própria pessoa para o outro?
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