São
Pedro Crisólogo, bispo e doutor da Igreja
1ª
Leitura (Jer 14,17-22): Chorem meus olhos, noite e dia, lágrimas sem
fim, porque uma grande ruína, uma chaga atroz, tortura a virgem, filha do meu
povo. Se saio para o campo, eis os mortos à espada; se entro na cidade, eis as
vítimas da fome. Tanto o profeta como o sacerdote percorrem o país e não
compreendem. Acaso rejeitastes inteiramente Judá? Por que Vos desgostastes com
Sião? Por que nos feristes sem esperança de remédio? Esperávamos a paz e nada
vemos de bom, uma era de restauração e surgiu a angústia. Reconhecemos, Senhor,
a nossa impiedade e a culpa dos nossos pais, porque pecámos contra Vós. Não nos
rejeiteis, por amor do vosso nome, não deixeis profanar o vosso trono de
glória. Recordai e não revogueis a vossa aliança conosco. Pode algum dos falsos
deuses das nações fazer que chova? Ou é o céu que nos dá sozinho os aguaceiros?
Não sois Vós, Senhor, nosso Deus, em quem esperamos? Na verdade, sois Vós que
realizais tudo isto.
Salmo
Responsorial: 78
R. Salvai-nos, Senhor, para
glória do vosso nome.
Não recordeis, Senhor, contra nós
as culpas dos nossos pais. Corra ao nosso encontro a vossa misericórdia, porque
somos tão miseráveis.
Ajudai-nos, ó Deus, nosso
salvador, para glória do vosso nome. Salvai-nos e perdoai os nossos pecados,
para glória do vosso nome.
Chegue à vossa presença, Senhor,
o gemido dos cativos; pela omnipotência do vosso braço, libertai os condenados
à morte.
E nós, vosso povo, ovelhas do
vosso rebanho, louvar-Vos-emos para sempre e de geração em geração cantaremos a
vossa glória.
Aleluia. A semente é a palavra
de Deus e o semeador é Cristo: quem O encontra permanece para sempre. Aleluia.
Evangelho
(Mt 13,36-43): Naquele tempo, Jesus deixou as multidões e foi para casa.
Seus discípulos aproximaram-se dele e disseram: «Explica-nos a parábola do
joio». Ele respondeu: «Aquele que semeia a boa semente é o Filho do Homem. O
campo é o mundo. A boa semente são os que pertencem ao Reino. O joio são os que
pertencem ao Maligno. O inimigo que semeou o joio é o diabo. A colheita é o fim
dos tempos. Os que cortam o trigo são os anjos. Como o joio é retirado e
queimado no fogo, assim também acontecerá no fim dos tempos: o Filho do Homem
enviará seus anjos e eles retirarão do seu Reino toda causa de pecado e os que
praticam o mal; depois, serão jogados na fornalha de fogo. Ali haverá choro e
ranger de dentes. Então os justos brilharão como o sol no Reino de seu Pai.
Quem tem ouvidos, ouça».
«Explica-nos a parábola do
joio»
Rev. D. Iñaki BALLBÉ i Turu (Terrassa,
Barcelona, Espanha)
Hoje, com a parábola do joio e do
trigo, a Igreja nos convida a meditar sobre a convivência do bem e do mal. O
bem e o mal dentro do nosso coração; o bem e o mal que vemos em outros, que
vemos existir neste mundo.
«Explica-nos a parábola» (Mt
13,36), pedem os discípulos a Jesus. E nós, hoje, podemos fazer o propósito de
ter mais cuidado com a nossa oração pessoal, com o nosso trato cotidiano com
Deus. Senhor, podemos dizer-lhe, explique-me por que não avanço suficientemente
em minha vida interior. Explique-me como posso lhe ser mais fiel, como posso
buscar-lhe em meu trabalho, ou através dessa circunstância que não entendo, ou
não quero. Como posso ser um apóstolo qualificado. A oração é isso, pedir
explicações a Deus. Como é minha oração? É sincera? É constante? É confiante?
Jesus Cristo nos convida a ter os
olhos fixos no céu, nossa morada eterna. Frequentemente, vivemos enlouquecidos
pela pressa, e quase nunca nos detemos para pensar que um dia próximo ou não,
não o sabemos deveremos prestar contas a Deus de nossa vida, de como temos
feito frutificar as qualidades que Ele nos tem dado. E o Senhor nos diz que no
fim dos tempos haverá uma triagem. Devemos ganhar o Céu na terra, no dia a dia,
sem esperar situações que possivelmente nunca virão. Devemos viver heroicamente
o que é ordinário, o que aparentemente não possui nenhuma transcendência. Viver
pensando na eternidade e ajudar os outros a pensar nela!: paradoxalmente,
«esforça-se para não morrer o homem que há de morrer; e não se esforça para não
pecar o homem que há de viver eternamente» (São João de Toledo).
Colheremos o que houvermos
semeado. Devemos lutar para dar 100% hoje. Para que quando Deus nos chame a sua
presença Lhe apresentemos as mãos cheias: de atos de fé, de esperança, de amor.
Que se concretizam em coisas muito pequenas e em pequenos vencimentos que,
vividos diariamente, nos fazem mais cristãos, mais santos, mais humanos.
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«Esforça-se por não morrer o
homem que morrerá; e não se esforça por não pecar, o homem que viverá
eternamente» (São Julião de Toledo)
«Devemos estar preparados para
protegermos a graça recebida no dia do nosso Baptismo, alimentando a fé em
Nosso Senhor impedindo assim que o mal lance as suas raízes» (Bento XVI)
«(...) Jesus fala muitas vezes da
«gehena» do «fogo que não se apaga» reservada aos que recusam, até ao fim da
vida, acreditar e converter-se, e na qual podem perder-se, ao mesmo tempo, a
alma e o corpo. Jesus anuncia, em termos muitos severos, que «enviará os seus
anjos que tirarão do seu Reino [...] todos os que praticaram a iniquidade, e
hão de lançá-los na fornalha ardente» (Mt 13, 41-42), e sobre eles pronunciará
a sentença: «afastai-vos de Mim, malditos, para o fogo eterno» (Mt 25, 41)»
(Catecismo da Igreja Católica, nº 1034)
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm.
* O evangelho de hoje traz a
explicação que Jesus, a pedido dos discípulos, deu da parábola do joio e do
trigo. Alguns estudiosos acham que esta explicação, dada por Jesus aos
discípulos, não seja de Jesus, mas sim da comunidade. É possível e provável,
pois uma parábola, por sua própria natureza, pede o envolvimento e a
participação das pessoas na descoberta do sentido. Assim como a planta já está
dentro da sua semente, assim, de certo modo, a explicação da comunidade já está
dentro da parábola. É exatamente este o objetivo que Jesus queria e ainda quer
alcançar com a parábola. O sentido que nós hoje vamos descobrindo na parábola
que Jesus contou dois mil anos atrás já estava implicado na história que Jesus
contou, como a flor já está dentro da sua semente.
* Mateus 13,36: O pedido dos
discípulos para explicar a parábola do joio e do trigo. Os discípulos, em
casa conversam com Jesus e pedem uma explicação da parábola do joio e do trigo
(Mt 13,24-30). Várias vezes se informa que Jesus, em casa, continuava o seu
ensinamento aos discípulos (Mc 7,17; 9,28.33; 10,10). Naquele tempo não havia
televisão e nas longas horas das noites do inverno o povo reunia para conversar
e tratar dos assuntos da vida. Jesus fazia o mesmo. Era nestas ocasiões que ele
completava o ensinamento e a formação dos discípulos.
* Mateus 13,38-39: O
significado de cada um dos elementos da parábola. Jesus responde retomando
cada um dos seis elementos da parábola e lhes dá um sentido: o campo é o mundo;
a boa semente são os membros do Reino; o joio são os membros do adversário
(maligno); o inimigo é o diabo; a colheita é o fim dos tempos; os ceifadores
são os anjos. Experimente você agora ler de novo a parábola (Mt 13,24-30)
colocando o sentido certo em cada um dos seis elementos: campo, boa semente,
joio, inimigo, colheita e ceifadores. Aí, a história toma um sentido totalmente
diferente e você alcança o objetivo que Jesus tinha em mente ao contar esta
história do joio e do trigo ao povo. Alguns acham que esta parábola que deve
ser entendida como uma alegoria e não como uma parábola propriamente dita.
* Mateus 13,40-43: A aplicação
da parábola ou da alegoria. Com estas informações dadas por Jesus você
entenderá a aplicação que ele dá: Assim como o joio é recolhido e queimado no
fogo, o mesmo também acontecerá no fim dos tempos: o Filho do Homem enviará os
seus anjos, e eles recolherão todos os que levam os outros a pecar e os que
praticam o mal, e depois os lançarão na fornalha de fogo. Aí eles vão chorar e
ranger os dentes. Então os justos brilharão como o sol no Reino de seu Pai”. O
destino do joio é a fornalha, o destino do trigo bom é o brilho do sol no Reino
do Pai. Por de trás destas duas imagens está a experiência das pessoas. Depois
que elas escutaram Jesus e o aceitaram em suas vidas, tudo mudou para elas. O
fim chegou. Ou seja, em Jesus chegou aquilo que, no fundo, todos esperavam: a
realização das promessas. A vida agora se divide em antes e depois que
escutaram e aceitaram Jesus em suas vidas. A nova vida começou como o brilho do
sol. Se tivessem continuado a viver como antes, seriam como o joio jogado na
fornalha, vida sem sentido e sem serventia para nada.
* Parábola e Alegoria. Existe a parábola.
Existe a alegoria. Existe a mistura das duas que é a forma mais comum.
Geralmente tudo é chamado de parábola. No evangelho de hoje temos o exemplo de
uma alegoria. Uma alegoria é uma história que a pessoa conta, mas enquanto
conta, ela não pensa nos elementos da história, mas sim no assunto que deve ser
esclarecido. Ao ler uma alegoria não é necessário olhar primeiro a história
como um todo, pois numa alegoria a história não se constrói em torno de um
ponto central que depois serve como meio de comparação, mas cada elementos tem
a sua função independente a partir do sentido que recebe. Trata-se de descobrir
o que cada elemento das duas histórias nos tem a dizer sobre o Reino como fez a
explicação que Jesus deu da parábola: campo, boa semente, joio, inimigo,
colheita e ceifadores. Geralmente, as parábolas são alegorizantes. Mistura das
duas.
Para um confronto pessoal
1) No campo existe tudo
misturado: joio e trigo. No campo da minha vida, o que prevalece: o joio ou o
trigo?
2) Você já tentou
conversar com outras pessoas para descobrir o sentido de alguma parábola?
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