Santa
Isabel, rainha de Portugal, viúva
Beata
Mª Crucificada Cúrcio, virgem de nossa Ordem
D.
Frei Vital Maria Gonçalves de Oliveira, bispo
1ª
Leitura (Am 7,10-17): Naqueles dias, Amasias, sacerdote de Betel, mandou
dizer a Jeroboão, rei de Israel: «Amós conspira contra ti no meio da casa de
Israel. O país já não pode suportar os suas palavras. Porque Amós anda a dizer:
‘Jeroboão morrerá à espada e Israel será deportado para longe da sua terra’». Depois,
Amasias disse a Amós: «Vai-te embora daqui, vidente. Foge para a terra de Judá.
Aí ganharás o pão com as tuas profecias. Mas não continues a profetizar aqui em
Betel, que é o santuário real, o templo do reino». Amós respondeu a Amasias:
«Eu não era profeta, nem filho de profeta. Era pastor de gado e cultivava
sicómoros. Foi o Senhor que me tirou da guarda do rebanho, foi o Senhor que me
disse: ‘Vai profetizar ao meu povo de Israel’. E agora escuta a palavra do Senhor:
Tu dizes: ‘Não profetizes contra Israel, nem faças vaticínios contra a casa de
Isaac’. Por isso, assim fala o Senhor: ‘A tua mulher será desonrada na cidade,
os teus filhos e filhas cairão mortos à espada, as tuas terras serão repartidas
a cordel. Tu próprio morrerás em terra impura. E Israel será levado para o
exílio, para longe da sua terra’».
Salmo
Responsorial: 18
R. Os juízos do Senhor são
verdadeiros e retos.
A lei do Senhor é perfeita, ela
reconforta a alma. As ordens do Senhor são firmes e dão sabedoria aos simples.
Os preceitos do Senhor são retos
e alegram o coração. Os mandamentos do Senhor são claros e iluminam os olhos.
O temor do Senhor é puro e
permanece eternamente. Os juízos do Senhor são verdadeiros, todos eles são retos.
São mais preciosos que o ouro, o
ouro mais fino; são mais doces que o mel, o puro mel dos favos.
Aleluia. Em Cristo, Deus
reconcilia o mundo consigo e confiou-nos a palavra da reconciliação. Aleluia.
Evangelho (Mt 9,1-8): Naquele
tempo, entrando num barco, Jesus passou para a outra margem do lago e foi para
a sua cidade. Apresentaram-lhe, então, um paralítico, deitado numa maca. Vendo
a fé que eles tinham, Jesus disse ao paralítico: «Coragem, filho, teus pecados
estão perdoados!». Então alguns escribas pensaram: «Esse homem está
blasfemando». Mas Jesus, conhecendo os seus pensamentos, disse-lhes: «Por que
tendes esses maus pensamentos em vossos corações? Que é mais fácil, dizer? Os
teus pecados são perdoados?, ou: Levanta-te e anda? Pois bem, para que saibais
que o Filho do Homem tem na terra poder para perdoar pecados, disse então ao
paralítico: 'Levanta-te, pega a tua maca e vai para casa'». O paralítico
levantou-se e foi para casa. Vendo isso, a multidão ficou cheia de temor e
glorificou a Deus por ter dado tal poder aos seres humanos.
«Levanta-te, pega a tua maca e
vai para casa»
Rev. D. Francesc NICOLAU i Pous (Barcelona,
Espanha)
Hoje encontramos uma das muitas
manifestações evangélicas da bondade misericordiosa do Senhor. Todas elas nos
mostram aspectos ricos em detalhes. A compaixão misericordiosamente exercida de
Jesus vai desde a ressurreição de um morto ou a cura da lepra até perdoar uma
mulher pecadora, passando por muitas outras curas de enfermidades e o perdão
dos pecadores arrependidos. Perdão esse, expresso em parábolas como a da ovelha
desgarrada, da moeda perdida e a do filho pródigo.
O Evangelho de hoje nos dá uma
mostra da misericórdia do Salvador em dois aspectos de uma só vez: diante da
enfermidade do corpo e da enfermidade da alma. E, considerando que a alma é
mais importante, Jesus começa por ela. Sabe que o doente está arrependido de
seus pecados, vê a sua fé, e a fé daqueles que o conduzem e diz: «Coragem,
filho, teus pecados estão perdoados!» (Mt 9,2).
Por que começa por aí se ninguém
Lhe pediu isso? Está claro que Ele lê seus pensamentos e sabe que é
precisamente isto o que mais agradecerá aquele paralitico, que provavelmente,
ao se ver diante da Santidade de Jesus Cristo, se sentiria confuso e envergonhado
de seus próprios pecados, e com certo temor deles serem um impedimento para
receber a graça da cura de sua saúde. O Senhor quer tranquilizá-lo. Não se
importa com os maus pensamentos do coração dos escribas, ao contrário, quer
mostrar que veio para exercer a misericórdia com os pecadores e agora a quer
proclamar.
É que aqueles que estão cegos
pelo orgulho, se acham justos e por isto não aceitam a chamada de Jesus; ao
contrário, O acolhem todos aqueles que sinceramente se sentem pecadores. Ante
estes, Deus se inclina perdoando-os. Como diz Santo Agostinho, «é uma grande
miséria o homem orgulhoso, mas é muito maior a misericórdia de Deus humilde».
E, neste caso a misericórdia divina vai mais longe: como complemento do perdão,
devolve a saúde: «Levanta-te, pega a tua maca e vai para casa» (Mt 9,6). Jesus
quer que a felicidade do pecador convertido seja completa.
Nossa confiança nele se há de
afirmar. Mas, nos sintamos pecadores, a fim de não nos fecharmos para a graça.
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«O homem orgulhoso é uma grande
miséria, mas maior é a misericórdia de Deus humilde» (Santo Agostinho)
«O paralítico não poderia ter-se
encontrado com Ele se não houvesse outros que o levaram na maca. É sempre
bonito poder contar com pessoas que nos aproximam de Jesus com o exemplo das
suas boas obras. A santidade pessoal ajuda a outros a serem santos» (Bento XVI)
«‘Deus, que nos criou sem nós,
não quis salvar-nos sem nós’ (Santo Agostinho). O acolhimento da sua
misericórdia exige de nós a confissão das nossas faltas (…)» (Catecismo da
Igreja Católica, nº 1847)
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm.
* A solidariedade dos amigos
consegue o perdão dos pecados para o paralítico. Jesus está de volta em
Cafarnaum. Juntou muita gente na porta da casa. Chega um paralítico carregado
por familiares e amigos. Jesus é a única esperança deles. Jesus, vendo a fé
deles, diz ao paralítico: "Meu filho, coragem! Teus pecados te são perdoados." Naquele tempo, o povo achava que defeitos
físicos (paralítico) fossem castigo de Deus por algum pecado. Os doutores
ensinavam que tal pessoa ficava impura e tornava-se incapaz de aproximar-se de
Deus. Por isso, os doentes, os pobres, os paralíticos, sentiam-se rejeitados
por Deus! Mas Jesus não pensava assim. Aquela fé tão grande era um sinal
evidente de que o paralítico estava sendo acolhido por Deus. Por isso, ele
declarou: Teus pecados estão perdoados! Ou seja: “Você não está afastado de
Deus!” Com esta afirmação Jesus negou que a paralisia fosse um castigo pelo
pecado do homem.
* Jesus é acusado de blasfêmia
pelos donos do poder. A afirmação de Jesus era contrária ao catecismo da
época. Não combinava com a ideia que eles tinham de Deus. Por isso, reagem e
acusam Jesus: Ele blasfema! Para eles, só Deus podia perdoar os pecados. E só o
sacerdote podia declarar alguém perdoado e purificado. Como é que Jesus, homem
sem estudo, leigo, simples carpinteiro, podia declarar as pessoas perdoadas e
purificadas dos pecados?
* Curando, Jesus prova que ele
tem poder de perdoar os pecados.
Jesus percebeu a crítica. Por isso, pergunta: O que é mais fácil dizer:
‘Teus pecados estão perdoados!’ ou: ‘Levanta-te e anda!’? É muito mais fácil
dizer: “Teus pecados estão perdoados”. Pois ninguém pode verificar se de fato o
pecado foi ou não foi perdoado. Mas se digo: “Levanta-te e anda!”, aí todos
podem verificar se tenho ou não esse poder de curar. Por isso, para mostrar que
tinha o poder de perdoar os pecados em nome de Deus, Jesus disse ao paralítico:
Levanta-te, toma teu leito e vá para casa! Curou o homem! Assim através de um
milagre provou que a paralisia do homem não era um castigo de Deus, e mostrou
que a fé dos pobres é uma prova de que Deus os acolhe no seu amor.
* A mensagem do milagre e a reação do povo. O paralítico se levanta, pega seu leito,
começa a andar, e todos dizem: Nunca vimos coisa igual! (Mc 2,12) Este milagre revelou três coisas
muito importantes: 1) As doenças das
pessoas não são castigo pelos pecados. 2)
Jesus abre um novo caminho para chegar até Deus. Aquilo que o sistema chamava
de impureza já não era empecilho para as pessoas se aproximarem de Deus. 3) O rosto de Deus revelado através da atitude
de Jesus era diferente do rosto severo do Deus revelado pela atitude dos
doutores.
Para um confronto pessoal
1) Qual o rosto de Deus
que transparece para os outros através do meu comportamento?
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