Beato
Francisco Garcia Leon, Leigo e Mártir
1ª
Leitura (Cant 3,1-4a): Eis o que diz a esposa: «No meu descanso, durante
a noite, procurei aquele que o meu coração ama; procurei-o, mas não pude
encontrá-lo. Levantar-me-ei e percorrerei a cidade, pelas ruas e pelas praças,
procurando aquele que o meu coração ama. Procurei-o, mas não pude encontrá-lo.
Encontraram-me as sentinelas que rondavam a cidade e eu perguntei-lhes: ‘Vistes
porventura aquele que o meu coração ama?’. E logo que passei por eles,
encontrei aquele que o meu coração ama».
Salmo
Responsorial: 62
R. A minha alma tem sede de
Vós, Senhor, meu Deus.
Senhor, sois o meu Deus: desde a
aurora Vos procuro. A minha alma tem sede de Vós. Por Vós suspiro, como terra
árida, sequiosa, sem água.
Quero contemplar-Vos no
santuário, para ver o vosso poder e a vossa glória. A vossa graça vale mais que
a vida; por isso os meus lábios hão de cantar-Vos louvores.
Assim Vos bendirei toda a minha
vida e em vosso louvor levantarei as mãos. Serei saciado com saborosos manjares
e com vozes de júbilo Vos louvarei.
Porque Vos tornastes o meu
refúgio, exulto à sombra das vossas asas. Unido a Vós estou, Senhor, a vossa
mão me serve de amparo.
Aleluia. Diz-nos, Maria: Que
viste no caminho? Vi o sepulcro de Cristo vivo e a glória do Ressuscitado.
Aleluia.
Evangelho
(Jo 20,1-2.11-18): No primeiro dia da semana, bem de madrugada, quando
ainda estava escuro, Maria Madalena foi ao túmulo e viu que a pedra tinha sido
retirada do túmulo. Ela saiu correndo e foi se encontrar com Simão Pedro e com
o outro discípulo, aquele que Jesus mais amava. Disse-lhes: «Tiraram o Senhor
do túmulo e não sabemos onde o colocaram». Maria tinha ficado perto do túmulo,
do lado de fora, chorando. Enquanto chorava, inclinou-se para olhar dentro do
túmulo. Ela enxergou dois anjos, vestidos de branco, sentados onde tinha sido
posto o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés. Os anjos perguntaram:
«Mulher, por que choras». Ela respondeu: «Levaram o meu Senhor e não sei onde o
colocaram». Dizendo isto, Maria virou-se para trás e enxergou Jesus, de pé, mas
ela não sabia que era Jesus. Jesus perguntou-lhe: «Mulher, por que choras? Quem
procuras?». Pensando que fosse o jardineiro, ela disse: «Senhor, se foste tu
que o levaste, dize-me onde o colocaste, e eu irei buscá-lo». Então, Jesus
falou: «Maria!». Ela voltou-se e exclamou, em hebraico: «Rabûni!» (que quer
dizer: Mestre). Jesus disse: «Não me segures, pois ainda não subi para junto do
Pai. Mas vai dizer aos meus irmãos: subo para junto do meu Pai e vosso Pai, meu
Deus e vosso Deus». Então, Maria Madalena foi anunciar aos discípulos: «Eu vi o
Senhor», e contou o que ele lhe tinha dito.
«Maria Madalena foi anunciar
aos discípulos: “Eu vi o Senhor”»
Rev. D. Antoni CAROL i Hostench (Sant
Cugat del Vallès, Barcelona, Espanha)
Hoje, celebramos com satisfação a
santa Maria Madalena. Com satisfação e benefício para nossa fé! porque seu
caminho poderia muito bem ser o nosso. A Madalena vinha de longe (cf. Lc
7,36-50) e chegou muito longe…. , no amanhecer da Ressurreição, Maria buscou
Jesus, encontrou Jesus ressuscitado e chegou ao Pai de Jesus, o “Pai nosso”.
Aquela manhã, Jesus Cristo descobriu o mais valioso da nossa fé: que ela também
era filha de Deus.
No itinerário de Maria de Magdala
descobrimos alguns aspectos importantes da fé. Em primeiro lugar, admiramos sua
valentia. A fé, mesmo sendo um dom de Deus, requer coragem por parte do crente.
O natural em nós é a tendência ao visível, ao que se pode agarrar com a mão.
Pois Deus é essencialmente invisível, fé «sempre tem algo de ruptura arriscada
e de salto, porque implica a ousadia de ver o autenticamente real naquilo que
não se vê» (Bento XVI). Maria vendo a Cristo ressuscitado também “vê” também ao
Padre, ao Senhor.
Por outro lado, ao “salto da fé”
«se chega pelo que a Bíblia chama conversão ou arrependimento: só quem muda
recebe» (Papa Bento). Não foi este o primeiro passo de Maria? Não há de ser
este também um passo reiterado em nossas vidas?
Na conversão de Madalena houve
muito amor: ela não economizou em perfumes para seu Amor. O amor!: hei aqui
outro “veículo” da fé, porque nem escutamos, nem vemos, nem cremos a quem não
amamos. No Evangelho de são João aparece claramente que «crer é escutar e, ao
mesmo tempo, ver (…)». Naquele amanhecer, Maria Madalena arrisca por seu Amor,
ouve ao seu Amor ( basta-lhe escutar «Maria» para reconhecer) e conhecer ao
Pai. «De manhã de Páscoa (…), a Maria Madalena que vê a Jesus, pede-se que o
contemple em seu caminho ao Pai, até chegar a plena confissão: ‘Tenho visto ao
Senhor’ (Jn 20,18)» (Papa Francisco).
«Maria Madalena foi anunciar
aos discípulos: Eu vi o Senhor»
Rev. D. Albert SOLS i Lúcia (Barcelona,
Espanha)
Hoje, celebramos a festa de Santa
Maria Madalena. Costuma ser próprio da juventude apaixonar-se loucamente por um
filme, chegando a identificar-se pessoalmente com algum dos protagonistas.
Nesse sentido, nós, os cristãos, deveríamos ser sempre jovens perante a vida de
Jesus de Nazaré e identificar-nos com essa grande mulher de que fala o
Evangelho, Maria Madalena. Ela seguiu os passos de Jesus, escutou a Sua
Palavra. Cristo soube corresponder e concedeu-lhe o histórico privilégio de ser
a primeira pessoa a quem foi comunicada a ressurreição.
Diz o evangelista que, ao
princípio, ela não O reconheceu, confundiu-o com um camponês daquele lugar. Mas
quando o Senhor a chamou pelo seu nome «Maria», talvez pela maneira peculiar
como o disse, então esta santa mulher não duvidou nem um instante: «Ela
voltou-se e exclamou, em hebraico: «Rabûní! —que quer dizer: “Mestre”—» (Jo,
20,16). Depois do seu encontro com Jesus, ela foi a primeira que correu a
anunciar aos outros discípulos: «Então, Maria Madalena foi anunciar aos
discípulos: “Eu vi o Senhor”, e contou o que Ele lhe tinha dito» (Jo, 20,18).
O cristão que, no seu programa
diário de vida, cultiva a intimidade com Cristo, na Eucaristia, fazendo um
tempo de oração contemplativa e cuidando a leitura assídua do Evangelho de
Jesus, também terá o privilégio de escutar o chamamento pessoal do Senhor. É o
próprio Cristo que nos chama pessoalmente, pelo nosso nome, e nos anima a
seguir o caminho firme da santidade.
«A oração é conversação e diálogo
com Deus: contemplação para os que se distraem certeza das coisas que se
esperam, igualdade de condição e de honra com os anjos, progresso e incremento
dos bens, emenda dos pecados, remédio para os males, fruto dos bens presentes,
garantia dos bens futuros» (S. Gregório de Niza).
Digamos ao Senhor: —Jesus, que a
minha amizade contigo seja tão forte e tão profunda que, como Maria Madalena,
eu seja capaz de Te reconhecer na minha vida.
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«O que temos que considerar
nestes fatos é a intensidade do amor que ardia no coração daquela mulher, que
não se apartava do túmulo, embora os discípulos tivessem ido embora dai» (São
Gregório Magno)
«Que bonito é pensar que a
primeira aparição do Ressuscitado- segundo os Evangelhos- aconteceu duma forma
tão pessoal! Que há alguém que nos conhece, que olha para o nosso sofrimento e
desilusão, que se comove por nós, e nos chama por nosso nome» (Francisco)
«O carácter velado da glória do
Ressuscitado, durante este tempo, transparece na sua misteriosa palavra a Maria
Madalena: “Ainda não subi ao Pai. Vai ter com os meus irmãos e diz-lhes que vou
subir para meu Pai e vosso Pai, para o meu Deus e vosso Deus” (Jo 20,17). Isto
indica uma diferença entre a manifestação da glória de Cristo Ressuscitado e a
de Cristo exaltado à direita do Pai. O acontecimento da ascensão, ao mesmo
tempo histórico e transcendente, marca a transição duma para a outra»
(Catecismo da Igreja Católica, n° 660)
Reflexão de Frei Carlos
Mesters, O.Carm.
* O evangelho de hoje traz a aparição de Jesus
a Maria Madalena, cuja festa hoje celebramos. A morte de Jesus, seu grande
amigo, trouxe para ela uma perda do sentido da vida. Mas ela não desistiu da
busca. Foi ao sepulcro para reencontrar aquele que a morte lhe havia roubado.
Há momentos na vida em que tudo desmorona. Parece que tudo acabou. Morte,
desastre, doença, decepção, traição! Tantas coisas que podem tirar o chão
debaixo dos nossos pés e jogar-nos numa crise profunda. Mas também acontece o
seguinte. Como que de repente, o reencontro com uma pessoa amiga pode refazer a
vida e nos fazer redescobrir que o amor é mais forte do que a morte e a
derrota. Na maneira de descrever a aparição de Jesus a Maria Madalena
transparecem as etapas da travessia que ela teve de fazer, desde a busca
dolorosa do falecido amigo até o reencontro com o ressuscitado. Estas são
também as etapas pelas quais passamos todos nós, ao longo da vida, na busca em
direção a Deus e na vivência do Evangelho. É o processo de morte e ressurreição
que se prolonga no dia a dia da vida.
* João 20,1: Maria Madalena vai ao sepulcro. Havia
um amor muito grande entre Jesus e Maria Madalena. Ela foi uma das poucas
pessoas que tiveram a coragem de ficar com Jesus até a hora da sua morte na
cruz. Depois do repouso obrigatório do sábado, ela voltou ao sepulcro para
estar no lugar onde tinha encontrado o Amado pela última vez. Mas, para a sua
surpresa, o sepulcro estava vazio!
* João 20,11-13: Maria Madalena chora, mas
busca . Chorando, Maria Madalena
inclinou-se e olhou para dentro do túmulo, onde viu dois anjos vestidos de
branco, sentados no lugar onde o corpo de Jesus tinha sido colocado, um na
cabeceira e outro nos pés. Os anjos perguntam: "Por que você chora?" Resposta:
"Levaram meu senhor e não sei onde o colocaram!" Maria Madalena busca
o Jesus que ela tinha conhecido, o mesmo com quem tinha convivido durante três
anos.
* João 20,14-15: Maria Madalena conversa com
Jesus sem reconhecê-lo. Os discípulos de Emaús viram Jesus mas não o
reconheceram (Lc 24,15-16). O mesmo acontece com Maria Madalena. Ela vê Jesus,
mas não o reconhece. Pensa que é o jardineiro. Como os anjos, Jesus também
pergunta: "Por que você chora?" E acrescenta: "A quem está
procurando?" Resposta: "Se foi você que o levou, diga-me, que eu vou
buscá-lo!" Ela ainda busca o Jesus do passado, o mesmo de três dias atrás.
A imagem de Jesus do passado impede que ela reconheça o Jesus vivo, presente na
frente dela.
* João 20,16: Maria Madalena reconhece Jesus. Jesus
pronuncia o nome: "Maria!" (Miriam) Foi o sinal de reconhecimento: a
mesma voz, o mesmo jeito de pronunciar o nome. Ela responde:
"Mestre!" (Rabôni). Jesus tinha voltado. A primeira impressão é de
que a morte foi apenas um incidente doloroso de percurso, mas que agora tudo
tinha voltado a ser como antes. Maria abraça Jesus com força. Era o mesmo Jesus
que tinha morrido na cruz, o mesmo que ela tinha conhecido e amado. Aqui se
realiza o que Jesus disse na parábola do Bom Pastor: "Ele as chama pelo
nome e elas conhecem a sua voz". - "Eu conheço as minhas ovelhas e
elas me conhecem" (Jo 10,3.4.14).
* João 20,17: Maria Madalena recebe a missão de
anunciar a ressurreição aos apóstolos. De fato, é o mesmo Jesus, mas a
maneira de ele estar junto dela já não é mais a mesma. Jesus lhe diz: "Não
me segure, porque anda não subi para o Pai!" Jesus vai para junto do Pai.
Maria Madalena deve soltá-lo e assumir sua missão: “Vá dizer aos meus irmãos
que subo para junto do meu Pai, que é Pai de vocês, do meu Deus, que é o Deus
de vocês”. Chama os discípulos de “meus irmãos”. Subindo para o Pai, Jesus
abriu o caminho para nós e fez com que Deus ficasse, de novo, perto de nós.
“Quero que eles estejam comigo onde eu estiver” (Jo 17,24; 14,3).
* João 20,18: A dignidade e missão de Madalena
e das Mulheres. Maria Madalena é citada como discípula de Jesus (Lc 8,1-2);
como testemunha da sua crucifixão (Mc 15,40-41; Mt 27,55-56; Jo 19,25), do seu
sepultamento (Mc 15,47; Lc 23,55; Mt 27,61), e da sua ressurreição (Mc 16,1-8;
Mt 28,1-10; Lc 24,1-10; Jo 20,1.11-18). E agora ela recebe a ordem, a
ordenação, de ir aos Doze e anunciar a eles que Jesus está vivo. Sem esta Boa
Nova da Ressurreição, as sete lâmpadas dos sacramentos se apagariam (Mt 28,10;
Jo 20,17-18).
Para um confronto pessoal
1) Você já passou por uma
experiência que lhe deu esse sentimento de perda e de morte? O que foi que lhe
trouxe vida nova e lhe devolveu a esperança e a alegria de viver?
2) Maria Madalena buscava
Jesus de um jeito e o reencontrou de outro jeito. Como isto acontece hoje na
nossa vida?
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