domingo, 14 de julho de 2024

16 de julho: Nossa Senhora do Carmo

LEITURA I (1 Reis 18, 42b-45ª):
Naqueles dias, Elias foi ao cimo do monte Carmelo, prostrou-se em terra e pôs a cabeça entre os joelhos. Depois disse ao seu servo: «Sobe e olha em direção ao mar». O servo subiu, olhou e disse: «Não há nada». Elias ordenou-lhe: «Volta sete vezes». À sétima vez, o servo exclamou: «Do lado do mar vem subindo uma nuvenzinha, tão pequena como a palma da mão». Elias ordenou-lhe: «Vai dizer a Acab: ‘Manda atrelar os cavalos e desce, para que a chuva te não detenha’». Num instante o céu se cobriu de nuvens, soprou o vento e caiu uma forte chuvada.
 
SALMO RESPONSORIAL (Salmo 14 (15), 1.2-3.4)
R. Chamai-nos, ó Virgem Maria: correremos para Vós.        
                                                                                
Quem habitará, Senhor, no vosso santuário, quem descansará na vossa montanha sagrada?
 
O que vive sem mancha e pratica a justiça e diz a verdade que tem no seu coração.
 
O que não usa a língua para levantar calúnias e não faz o mal ao seu próximo, nem ultraja o seu semelhante.
 
O que tem por desprezível o ímpio mas estima os que temem o Senhor.
 
LEITURA II (Gal 4, 4-7): Irmãos: Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher e sujeito à Lei, para resgatar os que estavam sujeitos à Lei e nos tornar seus filhos adoptivos. E porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: «Abbá! Pai!». Assim, já não és escravo, mas filho. E, se és filho, também és herdeiro, por graça de Deus.
 
SEQUÊNCIA
Flor do Carmelo,
Vide florescente,
Esplendor do Céu,
Virgem Mãe, singular.
Doce Mãe,
Mas sempre Virgem,
Aos teus filhos
Dá teus favores,
Ó Estrela do mar.
 
Aleluia. «Felizes os que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática», diz o Senhor. Aleluia.
 
EVANGELHO (Jo 19, 25-27) - Naquele tempo, estavam junto à cruz de Jesus sua Mãe e a irmã de sua Mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena. Ao ver sua Mãe e ao pé dela o discípulo predileto, Jesus disse à sua Mãe: «Mulher, eis o teu filho». Depois disse ao discípulo: «Eis a tua Mãe». E a partir daquela hora, o discípulo recebeu-a no que era seu.
 
O testamento de Jesus
 
* O evangelho do dia nos apresenta a passagem em que Maria, a mãe de Jesus, e o discípulo amado se encontram no Calvário, diante da cruz.
A Mãe de Jesus aparece duas vezes no evangelho de João: no início, na festa de casamento de Caná (Jo 2:1-5), e no final, aos pés da cruz (Jo 19:25-27). Esses dois episódios, presentes apenas no evangelho de João, têm um valor simbólico muito profundo. O evangelho de João, comparado com os outros três evangelhos, é como um raio X dos outros três. O raio X da fé ajuda a descobrir dimensões nos eventos que o olho humano não consegue perceber. O Evangelho de João, além de descrever os fatos, revela a dimensão simbólica que existe neles. Assim, nos dois casos, em Caná e aos pés da cruz, a Mãe de Jesus representa simbolicamente o Antigo Testamento enquanto aguarda a chegada do Novo Testamento. Maria aparece como o elo entre o que era antes e o que virá depois. Em Caná, ela simboliza o AT, percebe os limites do Antigo e toma a iniciativa para a vinda do Novo. Diz a seu Filho: "Eles não têm vinho!" (Jo 2:3). E no Calvário? Vejamos:
 
* João 19:25: As mulheres e o Discípulo Amado juntos ao pé da cruz. O Evangelho diz: "A mãe de Jesus, a irmã de sua mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena estavam de pé junto à cruz de Jesus". A "fotografia" mostra a mãe junto com o filho, de pé. Uma mulher forte, que não se deixa abater. "Stabat Mater Dolorosa!" É uma presença silenciosa que apoia seu filho em seu dom até a morte, e morte de cruz (Fp 2:8). Mas o "rao-X" da fé mostra como ocorre a passagem do AT para o NT. Como aconteceu em Caná, a Mãe de Jesus representa o AT, a nova humanidade que se forma a partir da vivência do Evangelho do Reino. No final do primeiro século, alguns cristãos pensavam que o AT não era mais necessário. De fato, no início do século II, Marcião rejeitou todo o AT e ficou com apenas parte do NT. Portanto, muitos queriam saber qual era a vontade de Jesus com relação a isso.
 
* João 19:26-28: A vontade ou o testamento de Jesus. As palavras de Jesus são significativas. Ao ver sua mãe e, ao lado dela, o discípulo amado, Jesus diz: "Mulher, eis aí o teu filho". Depois, ele diz ao discípulo: "Eis aí tua mãe". O Antigo Testamento e o Novo Testamento devem caminhar juntos. A pedido de Jesus, o discípulo amado, o filho, o NT, recebe a Mãe, o AT, em sua casa. Na casa do discípulo amado, na comunidade cristã, o significado completo do AT é descoberto. O Novo não pode ser entendido sem o Antigo, nem o Antigo é completo sem o Novo. Santo Agostinho disse: "Novum in Vetere latet, Vetus in Novo patet". (O Novo está oculto no Antigo, o Antigo floresce no Novo). O Novo sem o Velho seria um edifício sem alicerces. E o Velho sem o Novo seria uma árvore frutífera que não dá frutos.
 
* Maria no Novo Testamento. O NT fala pouco de Maria, e ela fala menos ainda. Maria é a Mãe do silêncio. A Bíblia preserva apenas sete das palavras de Maria. Cada uma delas é como uma janela que permite vislumbrar o lar de Maria e descobrir como era seu relacionamento com Deus. A chave para entender isso nos é dada por Lucas: "Bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática". (Lc 11:27-28)
 
1ª Palavra: "Como isso pode acontecer se eu não conheço homem algum?" (Lc 1:34)
2ª Palavra: "Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra!" (Lc 1:38)
3ª Palavra: "A minha alma glorifica o Senhor, o meu espírito exulta em Deus, meu Salvador!" (Lc 1:46-55)
4ª Palavra: "Meu filho, por que você fez isso conosco? Eis que teu pai e eu te procurávamos com ansiedade" (Lc 2:48).
5ª Palavra: "Eles não têm vinho!" (Jo 2:3)
6ª Palavra: "Façam tudo o que ele lhes disser!" (Jo 2:5)
7ª Palavra: O silêncio ao pé da cruz, mais eloquente do que mil palavras! (Jo 19:25-27)
 
Somos convidados a receber Maria como nossa Mãe, para aprendermos dela.

Nos evangelhos sinóticos, há o trecho de um episódio interessante, quando a mãe e os irmãos de Jesus o procuram e Ele, avisado disso, aponta para seus discípulos e diz: “Vejam! Aqui estão a minha mãe e os meus irmãos. Pois quem faz a vontade do meu Pai, que está no céu, é meu irmão, minha irmã e minha mãe” (Mt12, 49-50).
 
Comparando o trecho do evangelho de hoje e esse outro que acabo de recordar, percebemos, no primeiro, um carinho e cuidado extremos de Jesus em relação a Maria, enquanto, no segundo, parece haver um distanciamento de Jesus em relação à sua mãe, o que nos dá uma sensação de estranhamento.
 
Situações assim, que encontramos muitas vezes nos evangelhos, são importantes para nos forçar um mergulho em águas mais profundas. Afinal, o que o Senhor quer nos ensinar?
 
Penso que podemos aprender muitas coisas e, cada vez que voltarmos a orar com esses textos, mais poderemos aprender. Contudo, escolho um ponto para aprofundarmos hoje.
 
Todo aquele que faz a vontade de Deus é irmão, irmã e mãe de Jesus. A vontade de Deus é que todos possam conhecer Jesus. Por seu Filho, Deus será glorificado. Então, para isso, precisamos gerar a Palavra de Deus em nós, como fez Maria, e entregá-la ao mundo.
 
Quantas vezes estaremos nós também, ao pé da cruz, chorando e sofrendo por ver que, apesar de todo nosso esforço, o mundo ainda não vive em paz e não aceita o amor como a lei maior?
 
Contemplar Maria ao pé da cruz é contemplar a nós mesmos chorando por vermos que a Palavra de Deus ainda não rege o mundo.
 
Receber Maria em nossa casa, como nossa Mãe, é a oportunidade de aprendermos dela como caminhar, afinal, ela continua com a comunidade, fazendo-se presente nos momentos em que mais se necessita de Deus: “Eles sempre se reuniam todos juntos para orar com as mulheres, a mãe de Jesus e os irmãos dele” (At 1, 14).
 
Nós, que somos discípulos amados de Jesus, somos convidados a receber Maria como nossa mãe, para aprendermos dela, a primeira discípula, como gerar a Palavra de Deus, como entregar a Palavra ao mundo e como perseverar na fé e na esperança, mesmo que tudo nos  possa parecer perdido.
 
Maria, Mãe querida, queremos recebê-la e amá-la como o próprio Jesus a amou. Confiamos em sua proteção e companhia. Amém!
 
Para um confronto pessoal
1 - Maria ao pé da cruz. Mulher forte e silenciosa. Como está minha devoção a Maria, mãe de Jesus?
2 - Na Pietá de Michelangelo, Maria parece muito jovem, mais jovem do que seu Filho crucificado, quando ela deveria ter pelo menos 50 anos de idade. Quando lhe perguntaram por que ele havia esculpido o rosto de Maria como uma mulher jovem, Michelangelo respondeu: "As pessoas que são apaixonadas por Deus nunca envelhecem!" Apaixonado por Deus! Existe essa paixão por Deus em mim?
 

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