LEITURA
I (1 Reis 18, 42b-45ª): Naqueles dias, Elias foi ao cimo do monte
Carmelo, prostrou-se em terra e pôs a cabeça entre os joelhos. Depois disse ao
seu servo: «Sobe e olha em direção ao mar». O servo subiu, olhou e disse: «Não
há nada». Elias ordenou-lhe: «Volta sete vezes». À sétima vez, o servo
exclamou: «Do lado do mar vem subindo uma nuvenzinha, tão pequena como a palma
da mão». Elias ordenou-lhe: «Vai dizer a Acab: ‘Manda atrelar os cavalos e
desce, para que a chuva te não detenha’». Num instante o céu se cobriu de
nuvens, soprou o vento e caiu uma forte chuvada.
SALMO
RESPONSORIAL (Salmo 14 (15), 1.2-3.4)
R. Chamai-nos, ó Virgem Maria: correremos para Vós.
Quem habitará, Senhor, no vosso santuário, quem descansará na vossa montanha sagrada?
O que vive sem mancha e pratica a
justiça e diz a verdade que tem no seu coração.
O que não usa a língua para
levantar calúnias e não faz o mal ao seu próximo, nem ultraja o seu semelhante.
O que tem por desprezível o ímpio
mas estima os que temem o Senhor.
LEITURA
II (Gal 4, 4-7): Irmãos: Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher
e sujeito à Lei, para resgatar os que estavam sujeitos à Lei e nos tornar seus
filhos adoptivos. E porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o
Espírito de seu Filho, que clama: «Abbá! Pai!». Assim, já não és escravo, mas
filho. E, se és filho, também és herdeiro, por graça de Deus.
SEQUÊNCIA
Flor do Carmelo,
Vide florescente,
Esplendor do Céu,
Virgem Mãe, singular.
Doce Mãe,
Mas sempre Virgem,
Aos teus filhos
Dá teus favores,
Ó Estrela do mar.
EVANGELHO
(Jo 19, 25-27) - Naquele tempo, estavam junto à cruz de Jesus sua Mãe e
a irmã de sua Mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena. Ao ver sua Mãe e
ao pé dela o discípulo predileto, Jesus disse à sua Mãe: «Mulher, eis o teu
filho». Depois disse ao discípulo: «Eis a tua Mãe». E a partir daquela hora, o
discípulo recebeu-a no que era seu.
* O evangelho do dia nos
apresenta a passagem em que Maria, a mãe de Jesus, e o discípulo amado se
encontram no Calvário, diante da cruz. A Mãe de Jesus aparece duas vezes no
evangelho de João: no início, na festa de casamento de Caná (Jo 2:1-5), e no
final, aos pés da cruz (Jo 19:25-27). Esses dois episódios, presentes apenas no
evangelho de João, têm um valor simbólico muito profundo. O evangelho de João,
comparado com os outros três evangelhos, é como um raio X dos outros três. O
raio X da fé ajuda a descobrir dimensões nos eventos que o olho humano não
consegue perceber. O Evangelho de João, além de descrever os fatos, revela a
dimensão simbólica que existe neles. Assim, nos dois casos, em Caná e aos pés
da cruz, a Mãe de Jesus representa simbolicamente o Antigo Testamento enquanto
aguarda a chegada do Novo Testamento. Maria aparece como o elo entre o que era
antes e o que virá depois. Em Caná, ela simboliza o AT, percebe os limites do
Antigo e toma a iniciativa para a vinda do Novo. Diz a seu Filho: "Eles
não têm vinho!" (Jo 2:3). E no Calvário? Vejamos:
* João 19:25: As mulheres e o
Discípulo Amado juntos ao pé da cruz. O Evangelho diz: "A mãe de
Jesus, a irmã de sua mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena estavam de pé
junto à cruz de Jesus". A "fotografia" mostra a mãe junto com o
filho, de pé. Uma mulher forte, que não se deixa abater. "Stabat Mater
Dolorosa!" É uma presença silenciosa que apoia seu filho em seu dom até a
morte, e morte de cruz (Fp 2:8). Mas o "rao-X" da fé mostra como
ocorre a passagem do AT para o NT. Como aconteceu em Caná, a Mãe de Jesus
representa o AT, a nova humanidade que se forma a partir da vivência do
Evangelho do Reino. No final do primeiro século, alguns cristãos pensavam que o
AT não era mais necessário. De fato, no início do século II, Marcião rejeitou
todo o AT e ficou com apenas parte do NT. Portanto, muitos queriam saber qual
era a vontade de Jesus com relação a isso.
* João 19:26-28: A vontade ou
o testamento de Jesus. As palavras de Jesus são significativas. Ao ver sua
mãe e, ao lado dela, o discípulo amado, Jesus diz: "Mulher, eis aí o teu
filho". Depois, ele diz ao discípulo: "Eis aí tua mãe". O Antigo
Testamento e o Novo Testamento devem caminhar juntos. A pedido de Jesus, o
discípulo amado, o filho, o NT, recebe a Mãe, o AT, em sua casa. Na casa do
discípulo amado, na comunidade cristã, o significado completo do AT é
descoberto. O Novo não pode ser entendido sem o Antigo, nem o Antigo é completo
sem o Novo. Santo Agostinho disse: "Novum in Vetere latet, Vetus in Novo
patet". (O Novo está oculto no Antigo, o Antigo floresce no Novo). O Novo
sem o Velho seria um edifício sem alicerces. E o Velho sem o Novo seria uma
árvore frutífera que não dá frutos.
* Maria no Novo Testamento.
O NT fala pouco de Maria, e ela fala menos ainda. Maria é a Mãe do silêncio. A
Bíblia preserva apenas sete das palavras de Maria. Cada uma delas é como uma
janela que permite vislumbrar o lar de Maria e descobrir como era seu
relacionamento com Deus. A chave para entender isso nos é dada por Lucas:
"Bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática".
(Lc 11:27-28)
1ª
Palavra: "Como isso pode
acontecer se eu não conheço homem algum?" (Lc 1:34)
2ª Palavra: "Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra!" (Lc 1:38)
3ª Palavra: "A minha alma glorifica o Senhor, o meu espírito exulta em Deus, meu Salvador!" (Lc 1:46-55)
4ª Palavra: "Meu filho, por que você fez isso conosco? Eis que teu pai e eu te procurávamos com ansiedade" (Lc 2:48).
5ª Palavra: "Eles não têm vinho!" (Jo 2:3)
6ª Palavra: "Façam tudo o que ele lhes disser!" (Jo 2:5)
7ª Palavra: O silêncio ao pé da cruz, mais eloquente do que mil palavras! (Jo 19:25-27)
Nos evangelhos sinóticos, há o trecho de um episódio interessante, quando a mãe e os irmãos de Jesus o procuram e Ele, avisado disso, aponta para seus discípulos e diz: “Vejam! Aqui estão a minha mãe e os meus irmãos. Pois quem faz a vontade do meu Pai, que está no céu, é meu irmão, minha irmã e minha mãe” (Mt12, 49-50).
Comparando o trecho do evangelho
de hoje e esse outro que acabo de recordar, percebemos, no primeiro, um carinho
e cuidado extremos de Jesus em relação a Maria, enquanto, no segundo, parece
haver um distanciamento de Jesus em relação à sua mãe, o que nos dá uma
sensação de estranhamento.
Situações assim, que encontramos
muitas vezes nos evangelhos, são importantes para nos forçar um mergulho em
águas mais profundas. Afinal, o que o Senhor quer nos ensinar?
Penso que podemos aprender muitas
coisas e, cada vez que voltarmos a orar com esses textos, mais poderemos
aprender. Contudo, escolho um ponto para aprofundarmos hoje.
Todo aquele que faz a vontade de
Deus é irmão, irmã e mãe de Jesus. A vontade de Deus é que todos possam
conhecer Jesus. Por seu Filho, Deus será glorificado. Então, para isso,
precisamos gerar a Palavra de Deus em nós, como fez Maria, e entregá-la ao
mundo.
Quantas vezes estaremos nós
também, ao pé da cruz, chorando e sofrendo por ver que, apesar de todo nosso
esforço, o mundo ainda não vive em paz e não aceita o amor como a lei maior?
Contemplar Maria ao pé da cruz é
contemplar a nós mesmos chorando por vermos que a Palavra de Deus ainda não
rege o mundo.
Receber Maria em nossa casa, como
nossa Mãe, é a oportunidade de aprendermos dela como caminhar, afinal, ela
continua com a comunidade, fazendo-se presente nos momentos em que mais se
necessita de Deus: “Eles sempre se reuniam todos juntos para orar com as
mulheres, a mãe de Jesus e os irmãos dele” (At 1, 14).
Nós, que somos discípulos amados
de Jesus, somos convidados a receber Maria como nossa mãe, para aprendermos
dela, a primeira discípula, como gerar a Palavra de Deus, como entregar a
Palavra ao mundo e como perseverar na fé e na esperança, mesmo que tudo
nos possa parecer perdido.
Maria, Mãe querida, queremos
recebê-la e amá-la como o próprio Jesus a amou. Confiamos em sua proteção e
companhia. Amém!
Para um confronto pessoal
1 - Maria ao pé da cruz. Mulher forte e silenciosa. Como está minha devoção a Maria, mãe de Jesus?
2 - Na Pietá de Michelangelo, Maria parece muito jovem, mais jovem do que seu Filho crucificado, quando ela deveria ter pelo menos 50 anos de idade. Quando lhe perguntaram por que ele havia esculpido o rosto de Maria como uma mulher jovem, Michelangelo respondeu: "As pessoas que são apaixonadas por Deus nunca envelhecem!" Apaixonado por Deus! Existe essa paixão por Deus em mim?
R. Chamai-nos, ó Virgem Maria: correremos para Vós.
Quem habitará, Senhor, no vosso santuário, quem descansará na vossa montanha sagrada?
Flor do Carmelo,
Vide florescente,
Esplendor do Céu,
Virgem Mãe, singular.
Doce Mãe,
Mas sempre Virgem,
Aos teus filhos
Dá teus favores,
Ó Estrela do mar.
Aleluia. «Felizes os que ouvem
a palavra de Deus e a põem em prática», diz o Senhor. Aleluia.
O testamento de Jesus
2ª Palavra: "Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra!" (Lc 1:38)
3ª Palavra: "A minha alma glorifica o Senhor, o meu espírito exulta em Deus, meu Salvador!" (Lc 1:46-55)
4ª Palavra: "Meu filho, por que você fez isso conosco? Eis que teu pai e eu te procurávamos com ansiedade" (Lc 2:48).
5ª Palavra: "Eles não têm vinho!" (Jo 2:3)
6ª Palavra: "Façam tudo o que ele lhes disser!" (Jo 2:5)
7ª Palavra: O silêncio ao pé da cruz, mais eloquente do que mil palavras! (Jo 19:25-27)
Somos convidados a receber
Maria como nossa Mãe, para aprendermos dela.
Nos evangelhos sinóticos, há o trecho de um episódio interessante, quando a mãe e os irmãos de Jesus o procuram e Ele, avisado disso, aponta para seus discípulos e diz: “Vejam! Aqui estão a minha mãe e os meus irmãos. Pois quem faz a vontade do meu Pai, que está no céu, é meu irmão, minha irmã e minha mãe” (Mt12, 49-50).
1 - Maria ao pé da cruz. Mulher forte e silenciosa. Como está minha devoção a Maria, mãe de Jesus?
2 - Na Pietá de Michelangelo, Maria parece muito jovem, mais jovem do que seu Filho crucificado, quando ela deveria ter pelo menos 50 anos de idade. Quando lhe perguntaram por que ele havia esculpido o rosto de Maria como uma mulher jovem, Michelangelo respondeu: "As pessoas que são apaixonadas por Deus nunca envelhecem!" Apaixonado por Deus! Existe essa paixão por Deus em mim?
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