São
Jorge, mártir
Sto Adalberto de Praga, bispo e mártir
Bta.
Teresa Maria da Cruz Manetti, virgem de nossa Ordem.
1ª
Leitura (At 11,19-26): Naqueles dias, os irmãos que se tinham
dispersado, devido à perseguição desencadeada pelo caso de Estêvão, caminharam
até à Fenícia, Chipre e Antioquia. Mas anunciavam a palavra apenas aos judeus.
Houve, contudo, entre eles alguns homens de Chipre e de Cirene, que, ao
chegarem a Antioquia, começaram a falar também aos gregos, anunciando-lhes o
Senhor Jesus. A mão do Senhor estava com eles e foi grande o número dos que
abraçaram a fé e se converteram ao Senhor. A notícia chegou aos ouvidos da
Igreja de Jerusalém e mandaram Barnabé a Antioquia. Quando este chegou e viu a ação
da graça de Deus, encheu-se de alegria e exortou a todos a que se conservassem
fiéis ao Senhor, de coração sincero; era realmente um homem bom e cheio do
Espírito Santo e de fé. Assim uma grande multidão aderiu ao Senhor. Então
Barnabé foi a Tarso procurar Saulo e, tendo-o encontrado, trouxe-o para
Antioquia. Passaram juntos nesta Igreja um ano inteiro e ensinaram muita gente.
Foi em Antioquia que, pela primeira vez, se deu aos discípulos o nome de
«cristãos».
Salmo
Responsorial: 86
R. Povos da terra, louvai o
Senhor.
O Senhor ama a cidade, por Ele
fundada sobre os montes santos; ama as portas de Sião mais que todas as moradas
de Jacob. Grandes coisas se dizem de ti, ó cidade de Deus.
Contarei o Egipto e a Babilónia
entre os meus adoradores; a Filisteia, Tiro e a Etiópia, uns e outros ali
nasceram. E dir-se-á em Sião: «Todos lá nasceram, o próprio Altíssimo a
consolidou».
O Senhor escreverá no registo dos
povos: «Este nasceu em Sião». E irão dançando e cantando: «Todas as minhas
fontes estão em ti».
Aleluia. As minhas ovelhas
ouvem a minha voz, diz o Senhor; Eu conheço as minhas ovelhas e elas seguem-Me.
Aleluia.
Evangelho
(Jo 10,22-30): Em Jerusalém celebrava-se a festa da Dedicação. Era
inverno. Jesus andava pelo templo, no pórtico de Salomão. Os judeus, então, o
rodearam e disseram-lhe: «Até quando nos deixarás em suspenso? Se tu és o
Cristo, dize-nos abertamente!». Jesus respondeu: «Eu já vos disse, mas vós não
acreditais. As obras que eu faço em nome do meu pai dão testemunho de mim. Vós,
porém, não acreditais, porque não sois das minhas ovelhas. As minhas ovelhas
escutam a minha voz, eu as conheço e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna.
Por isso, elas nunca se perderão e ninguém vai arrancá-las da minha mão. Meu
Pai, que me deu estas ovelhas, é maior do que todos, e ninguém pode arrancá-las
da mão do Pai. Eu e o Pai somos um».
«Eu e o Pai somos um»
Rev. D. Miquel MASATS i Roca (Girona,
Espanha)
Hoje, vemos Jesus que «andava
pelo Templo, no pórtico de Salomão» (Jo 10,23), durante a festa da Dedicação em
Jerusalém. Então, os judeus pedem-lhe: «Se tu és o Cristo, diz-nos
abertamente», e Jesus responde-lhes: «Eu já vos disse, mas vós não acreditais»
(Jo 10,24.25).
Só a fé dá ao homem a capacidade
de reconhecer Jesus Cristo como o Filho de Deus. No ano de 2000, João Paulo II,
no encontro com os jovens em Tor Vergata, falava do “laboratório da fé”. Há
muitas respostas para a pergunta «Quem dizem as multidões que eu sou?» (Lc
9,18) … Depois, porém, Jesus passa para o plano pessoal: «E vós, quem dizeis
que eu sou?» Para responder corretamente a esta pergunta é necessária a
“revelação do Pai”. Para responder como Pedro — «Tu és o Cristo, o Filho do
Deus vivo» (Mt 16,16)— faz falta a graça de Deus.
Contudo, embora Deus queira que
todas as pessoas acreditem e se salvem, só os homens humildes têm a capacidade
de acolher este dom. «Entre os humildes está a sabedoria», lê-se no livro dos
Provérbios (11,2). A verdadeira sabedoria do homem consiste em confiar em Deus.
Santo Tomás de Aquino comenta
esta passagem do Evangelho dizendo: «Consigo ver graças à luz do sol, mas se
fechar os olhos, não vejo; porém a culpa não é do sol, mas minha».
Jesus diz-lhes que, se não creem,
que acreditem, pelo menos, devido às obras que faz, que manifestam o poder de
Deus. «As obras que eu faço em nome do meu pai dão testemunho de mim» (Jo
10,25).
Jesus conhece as suas ovelhas e
as suas ovelhas escutam a Sua voz. A fé leva à intimidade com Jesus na oração.
O que é a oração senão o trato com Jesus Cristo, que sabemos que nos ama e nos
conduz ao Pai? O resultado e o prêmio desta intimidade com Jesus nesta vida, é
a vida eterna, como lemos no Evangelho.
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«Deus é o ser infinitamente
perfeito que é a Santíssima Trindade» (Santo Toribio de Mogrovejo)
«A vida no seu verdadeiro sentido
não a temos só para nós, nem só por nós próprios: é uma relação. Se estamos em
relação com Aquele que não morre, então estamos na vida. Então “vivemos”»
(Bento XVI)
«Movidos pela graça do Espírito
Santo e atraídos pelo Pai, nós cremos e confessamos a respeito de Jesus: ‘Tu és
o Cristo, o Filho de Deus vivo’ (Mt 16, 16). Foi sobre o rochedo desta fé,
confessada por Pedro, que Cristo edificou a sua Igreja» (Catecismo da Igreja
Católica, nº 424)
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm.
* Os capítulos 1 a 12 do
evangelho de João são chamados “O Livro dos Sinais”. Neles acontece a
revelação progressiva do Mistério de Deus em Jesus. Na mesma medida em que
Jesus vai fazendo a revelação, crescem a adesão e a oposição a ele de acordo
com a visão com que cada um espera a chegada do Messias. Esta maneira de
descrever a atividade de Jesus não é só para informar como a adesão a Jesus
acontecia naquele tempo, mas também e sobretudo como ela deve acontecer hoje em
nós, seus leitores e suas leitoras. Naquele tempo, todos esperavam a chegada do
Messias e tinham os seus critérios para poder reconhecê-lo. Queriam que ele
fosse do jeito que eles o imaginavam. Mas Jesus não se submete a esta
exigência. Ele revela o Pai do jeito que o Pai é e não do jeito que o auditório
o gostaria. Ele pede conversão no modo de pensar e de agir. Hoje também, cada um de nós tem os seus
gostos e preferências. Às vezes, lemos o evangelho para ver se encontramos nele
a confirmação dos nossos desejos. O evangelho de hoje traz uma luz a este
respeito.
* João 10,22-24: Os Judeus
interpelam Jesus. Era frio. Mês de
outubro. Festa da dedicação que celebrava a purificação do templo feita por
Judas Macabeu (2Mc 4,36.59). Era uma festa bem popular de muitas luzes. Jesus
anda na esplanada do Templo, no Pórtico de Salomão. Os judeus o questionam:
"Até quando nos irás deixar em dúvida? Se tu és o Messias, dize-nos
abertamente". Eles querem que Jesus se defina e que eles possam verificar,
a partir dos critérios deles, se Jesus é ou não é o Messias. Querem provas. É a
atitude de quem se sente dono da situação. Os novatos devem apresentar suas
credenciais. Do contrário não terão direito de falar e de atuar.
* João 10,25-26: Resposta de
Jesus: as obras que faço dão testemunho de mim.
A resposta de Jesus é sempre a mesma: "Eu já disse, mas vocês
não acreditam em mim. As obras que eu faço em nome do meu Pai, dão testemunho
de mim; vocês, porém, não querem acreditar, porque vocês não são minhas
ovelhas”. Não se trata de dar provas. Nem adiantaria. Quando uma pessoa não
quer aceitar o testemunho de alguém, não há prova que o leve a pensar
diferente. O problema de fundo é a abertura desinteressada da pessoa para Deus
e para a verdade. Onde houver esta abertura, Jesus é reconhecido pelas suas
ovelhas. “Quem é pela verdade escuta minha voz” dirá Jesus mais adiante a
Pilatos (Jo 18,37). Esta abertura estava faltando nos fariseus.
* João 10,27-28: As minhas
ovelhas conhecem minha voz. Jesus
retoma a parábola do Bom Pastor que conhece suas ovelhas e é conhecido por
elas. Este mútuo entendimento - entre Jesus que vem em nome do Pai e as
pessoas que se abrem para a verdade
- é fonte de vida eterna. Esta
união entre o criador e a criatura através de Jesus supera a ameaça da morte:
“Elas jamais perecerão e ninguém as arrebatará de minha mão!” Estão seguras e
salvas e, por isso mesmo, em paz e com plena liberdade.
* João 10,29-30: Eu e o Pai
somos um. Estes dois versículos
abordam o mistério da unidade entre Jesus e o Pai: “Meu Pai, que tudo entregou
a mim, é maior do que todos. Ninguém pode arrancar coisa alguma da mão do Pai.
O Pai e eu somos um”. Esta e várias outras frases nos deixam entrever algo
deste mistério maior: “Quem vê a mim vê o Pai” (Jo 14,9). “Eu estou no Pai e o
Pai está em mim” (Jo 10,38). Esta unidade entre Jesus e o Pai não é automática,
mas é fruto da obediência: “Eu sempre
faço o que o Pai me mostra que é para fazer” (Jo 8,29; 6,38; 17,4). “Meu
alimento é fazer a vontade do Pai (Jo 4,34; 5,30). A carta aos hebreus diz que
Jesus teve que aprender, através do sofrimento, o que é ser obediente (Hb 5,8).
“Ele foi obediente até à morte, e morte de Cruz” (Fl 2,8). A obediência de Jesus
não é disciplinar, mas é profética. Ele obedece para ser total transparência e,
assim, ser revelação do Pai. Por isso, ele podia dizer: “Eu e o pai somos um!”
Foi um longo processo de obediência e de encarnação que durou 33 anos. Começou
com o Sim de Maria (Lc 1,38) e terminou com “Tudo está consumado!” (Jo 19,30).
Para um confronto pessoal
1) Minha obediência a Deus
é disciplinar ou profética? Revelo algo de Deus ou só me preocupa com a minha
própria salvação?
2) Jesus não se submeteu
às exigências dos que queriam verificar se ele era mesmo o messias. Existe em
mim algo desta atitude dominadora e inquisidora dos adversários de Jesus?
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