sexta-feira, 22 de março de 2024

Domingo de Ramos - Mês de São José

Sto. Óscar Arnulfo Romero, bispo e mártir
Santa Catarina da Suécia, virgem
 
ORAÇÃO PREPARATÓRIA
- Com humildade e respeito aqui nos reunimos, ó Divino Jesus, para oferecer, todos os dias deste mês, as homenagens de nossa devoção ao glorioso Patriarca S. José. Vós nos animais a recorrer com toda a confiança aos vossos benditos Santos, pois que as honras que lhes tributamos revertem em vossa própria glória. Com justos motivos, portanto, esperamos vos seja agradável o tributo quotidiano que vimos prestar ao Esposo castíssimo de Maria, vossa Mãe santíssima, a São José, vosso amado Pai adotivo. Ó meu Deus, concedei-nos a graça de amar e honrar a São José como o amastes na terra e o honrais no céu. E vós, ó glorioso Patriarca, pela vossa estreita união com Jesus e Maria; vós que, à custa de vossas abençoadas fadigas e suores, nutristes a um e outro, desempenhando neste mundo o papel do Divino Padre Eterno; alcançai-nos luz e graça para terminar com fruto estes devotos exercícios que em vosso louvor alegremente começamos. Amém.
 
LECTIO DIVINA
 
1ª Leitura (Is 50,4-7): O Senhor deu-me a graça de falar como um discípulo, para que eu saiba dizer uma palavra de alento aos que andam abatidos. Todas as manhãs Ele desperta os meus ouvidos, para eu escutar, como escutam os discípulos. O Senhor Deus abriu-me os ouvidos e eu não resisti nem recuei um passo. Apresentei as costas àqueles que me batiam e a face aos que me arrancavam a barba; não desviei o meu rosto dos que me insultavam e cuspiam. Mas o Senhor Deus veio em meu auxílio, e, por isso, não fiquei envergonhado; tornei o meu rosto duro como pedra, e sei que não ficarei desiludido.
 
Salmo Responsorial: 21
R. Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?
 
Todos os que me veem escarnecem de mim, estendem os lábios e meneiam a cabeça: «Confiou no Senhor, Ele que o livre, Ele que o salve, se é seu amigo».
 
Matilhas de cães me rodearam, cercou-me um bando de malfeitores. Trespassaram as minhas mãos e os meus pés, posso contar todos os meus ossos.
 
Repartiram entre si as minhas vestes e deitaram sortes sobre a minha túnica. Mas Vós, Senhor, não Vos afasteis de mim, sois a minha força, apressai-Vos a socorrer-me.
 
Hei de falar do vosso nome aos meus irmãos, hei-de louvar-Vos no meio da assembleia. Vós, que temeis o Senhor, louvai-O, glorificai-O, vós todos os filhos de Jacob, reverenciai-O, vós todos os filhos de Israel.
 
2ª Leitura (Flp 2,6-11): Cristo Jesus, que era de condição divina, não Se valeu da sua igualdade com Deus, mas aniquilou-Se a Si próprio. Assumindo a condição de servo, tornou-Se semelhante aos homens. Aparecendo como homem, humilhou-Se ainda mais, obedecendo até à morte e morte de cruz. Por isso Deus O exaltou e Lhe deu um nome que está acima de todos os nomes, para que ao nome de Jesus todos se ajoelhem no céu, na terra e nos abismos, e toda a língua proclame que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.
 
Cristo obedeceu até à morte e morte de cruz. Por isso Deus O exaltou e Lhe deu um nome que está acima de todos os nomes.
 
Evangelho (Mc 14,1-15,47): Faltavam dois dias para a Páscoa e a festa dos Pães sem fermento. Os sumos sacerdotes e os escribas procuravam um modo de prender Jesus e matá-lo à traição, pois diziam: «Não na festa, para que não haja tumulto entre o povo». Quando Jesus estava sentado à mesa, em Betânia, em casa de Simão, o leproso, veio uma mulher com um frasco de alabastro cheio de perfume de nardo puro, muito caro. Ela o quebrou e derramou o conteúdo na cabeça de Jesus. Alguns que lá estavam ficaram irritados e comentavam: «Para que este desperdício de perfume? Este perfume poderia ter sido vendido por trezentos denários para dar aos pobres». E se puseram a censurá-la. Jesus, porém, lhes disse: «Deixai a em paz! Por que a incomodais? Ela praticou uma boa ação para comigo. Os pobres sempre tendes convosco e podeis fazer-lhes o bem quando quiserdes. Mas a mim não tereis sempre. Ela fez o que estava a seu alcance. Com antecedência, ela embalsamou o meu corpo para a sepultura. Em verdade vos digo: onde for anunciado o Evangelho, no mundo inteiro, será mencionado também, em sua memória, o que ela fez». Judas Iscariotes, um dos Doze, foi procurar os sumos sacerdotes para lhes entregar Jesus. Ouvindo isso, eles ficaram contentes e prometeram dar-lhe dinheiro. Judas, então, procurava uma oportunidade para entregá-lo. No primeiro dia dos Pães sem fermento, quando se sacrificava o cordeiro pascal, os discípulos perguntaram a Jesus: «Onde queres que façamos os preparativos para comeres a páscoa?». Jesus enviou então dois dos seus discípulos, dizendo-lhes: «Ide à cidade. Um homem carregando uma bilha de água virá ao vosso encontro. Segui-o e dizei ao dono da casa em que ele entrar: ‘O Mestre manda perguntar: Onde está a sala em que posso comer a ceia pascal com os meus discípulos? ’ Ele, então, vos mostrará, no andar de cima, uma grande sala, arrumada. Lá fareis os preparativos para nós!». Os discípulos saíram e foram à cidade. Encontraram tudo como ele tinha dito e prepararam a ceia pascal. Ao anoitecer, Jesus foi para lá com os Doze. Enquanto estavam à mesa comendo, Jesus disse: «Em verdade vos digo, um de vós vai me entregar, aquele que come comigo». Eles ficaram tristes e, um após o outro, começaram a perguntar: «Acaso, serei eu?». Jesus lhes disse: “É um dos doze, aquele que se serve comigo do prato». O Filho do Homem se vai, conforme está escrito a seu respeito. Ai, porém, daquele por quem o Filho do Homem é entregue. Melhor seria que tal homem nunca tivesse nascido!». Enquanto estavam comendo, Jesus tomou o pão, pronunciou a bênção, partiu-o e lhes deu, dizendo: «Tomai, isto é o meu corpo». Depois, pegou o cálice, deu graças, passou-o a eles, e todos beberam. E disse-lhes: «Este é o meu sangue da nova Aliança, que é derramado por muitos. Em verdade, não beberei mais do fruto da videira até o dia em que beberei o vinho novo no Reino de Deus». Depois de cantarem o salmo, saíram para o Monte das Oliveiras Jesus disse aos discípulos: «Todos vós caireis, pois está escrito: Ferirei o pastor, e as ovelhas se dispersarão». Mas, depois que eu ressuscitar, irei à vossa frente para a Galileia». Pedro, então, disse: «Mesmo que todos venham a cair, eu não». Respondeu-lhe Jesus: «Em verdade te digo, hoje mesmo, esta noite, antes que o galo cante duas vezes, três vezes me negarás». Pedro voltou a insistir: «Ainda que eu tenha de morrer contigo, não te negarei». E todos diziam a mesma coisa. Chegaram a uma propriedade chamada Getsêmani. Jesus disse aos discípulos: «Sentai-vos aqui, enquanto eu vou orar». Levou consigo Pedro, Tiago e João, e começou a sentir pavor e angústia. Jesus, então, lhes disse: «Sinto uma tristeza mortal! Ficai aqui e vigiai!». Jesus foi um pouco mais adiante, caiu por terra e orava para que aquela hora, se fosse possível, passasse dele. Ele dizia: «Abbá! Pai! tudo é possível para ti. Afasta de mim este cálice! Mas seja feito não o que eu quero, porém o que tu queres». Quando voltou, encontrou os discípulos dormindo. Então disse a Pedro: «Simão, estás dormindo? Não foste capaz de ficar vigiando uma só hora? Vigiai e orai, para não cairdes em tentação! O espírito está pronto, mas a carne é fraca». Jesus afastou-se outra vez e orou, repetindo as mesmas palavras. Voltou novamente e encontrou-os dormindo, pois seus olhos estavam pesados de sono. E eles não sabiam o que responder. Ao voltar pela terceira vez, ele lhes disse: «Ainda dormis e descansais? Basta! Chegou a hora! Vede, o Filho do Homem está sendo entregue às mãos dos pecadores. Levantai-vos! Vamos! Aquele que vai me entregar está chegando». Jesus ainda falava, quando chegou Judas, um dos Doze, acompanhado de uma multidão com espadas e paus; eles vinham da parte dos sumos sacerdotes, escribas e anciãos. O traidor tinha combinado com eles um sinal: “É aquele que eu vou beijar. Prendei-o e levai-o com cautela!». Chegando, Judas logo se aproximou e disse: «Rabi!» E beijou-o. Então, eles lançaram as mãos em Jesus e o prenderam. Um dos presentes puxou a espada e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a ponta da orelha. Tomando a palavra, Jesus disse: «Viestes com espadas e paus para me prender, como se eu fosse um bandido? Todos os dias eu estava convosco, no templo, ensinando, e não me prendestes. Mas, isto acontece para que se cumpram as Escrituras”». Então, abandonando-o, todos os discípulos fugiram. Um jovem o seguia coberto só de um lençol. Eles o pegaram, mas ele largou o lençol e fugiu nu. Levaram Jesus ao sumo sacerdote, e reuniram-se todos os sumos sacerdotes, os anciãos e os escribas. Pedro tinha seguido Jesus de longe até dentro do pátio do sumo sacerdote. Sentado com os guardas, aquecia-se perto do fogo. Os sumos sacerdotes e o sinédrio inteiro procuravam um testemunho contra Jesus para condená-lo à morte, mas não encontravam. Muitos testemunhavam contra ele falsamente, mas os depoimentos não concordavam entre si. Alguns se levantaram e falsamente testemunharam contra ele: «Nós o ouvimos dizer: ‘Vou destruir este santuário feito por mão humana, e em três dias construirei um outro, não feito por mão humana’!” Mas nem assim concordavam os depoimentos deles. O sumo sacerdote se levantou no meio deles e perguntou a Jesus: «Nada tens a responder ao que estes testemunham contra ti?». Jesus continuou calado e nada respondeu. O sumo sacerdote perguntou de novo: «És tu o Cristo, o Filho de Deus Bendito?». Jesus respondeu: «Eu sou. E vereis o Filho do Homem sentado à direita do Todo-Poderoso, vindo com as nuvens do céu». O sumo sacerdote rasgou suas vestes e disse: «Que necessidade temos ainda de testemunhas? Ouvistes a blasfêmia! Que vos parece?». Então, todos o sentenciaram réu de morte. Alguns começaram a cuspir nele. Cobrindo-lhe o rosto, batiam nele e diziam: «Profetiza!» Os guardas, também, o receberam a tapas. Pedro estava no pátio, em baixo. Veio uma criada do sumo sacerdote e, quando viu Pedro que se aquecia, olhou bem para ele e disse: «Tu também estavas com Jesus, esse nazareno!». Mas, Pedro negou dizendo: «Não sei nem entendo de que estás falando!». Ele saiu e foi para a entrada do pátio. E o galo cantou. A criada, vendo Pedro, começou outra vez a dizer, aos que estavam por perto: «Este é um deles». Mas Pedro negou outra vez. Pouco depois os que lá estavam diziam a Pedro: «É claro que és um deles, pois tu és Galileu». Ele começou então a praguejar e a jurar: «Nem conheço esse homem de quem estais falando!». E nesse instante, pela segunda vez, o galo cantou. Pedro se lembrou da palavra que Jesus lhe tinha dito: «Antes que o galo cante duas vezes, três vezes me negarás». E começou a chorar. Logo de manhã, os sumos sacerdotes, com os anciãos, os escribas e o sinédrio inteiro, reuniram-se para deliberar. Depois, amarraram Jesus, levaram-no e o entregaram a Pilatos. Pilatos interrogou-o: «Tu és o Rei dos Judeus?» Jesus respondeu: «Tu o dizes». Os sumos sacerdotes faziam muitas acusações contra ele. Pilatos perguntou de novo: «Não respondes nada? Olha de quanta coisa te acusam!». Jesus, porém, não respondeu nada, de modo que Pilatos ficou admirado. Por ocasião da festa, Pilatos costumava soltar um preso que eles mesmos pedissem. Havia ali o chamado Barrabás, preso com amotinados que, numa rebelião, cometeram um homicídio. A multidão chegou e pediu que Pilatos fizesse como de costume. Pilatos respondeu-lhes: «Quereis que eu vos solte o Rei dos Judeus?». Ele sabia que os sumos sacerdotes o tinham entregue por inveja. Os sumos sacerdotes instigaram a multidão para que, de preferência, lhes soltasse Barrabás. Pilatos tornou a perguntar: «Que quereis que eu faça, então, com o Rei dos Judeus?». Eles gritaram: «Crucifica-o!». Pilatos lhes disse: «Que mal fez ele?». Eles, porém, gritaram com mais força: «Crucifica-o». Pilatos, querendo satisfazer a multidão, soltou Barrabás, mandou açoitar Jesus e entregou-o para ser crucificado. Os soldados levaram Jesus para dentro do pátio do pretório e chamaram todo o batalhão. Vestiram Jesus com um manto de púrpura e puseram nele uma coroa trançada de espinhos. E começaram a saudá-lo: «Salve, rei dos judeus!». Batiam na sua cabeça com uma vara, cuspiam nele e, dobrando os joelhos, se prostravam diante dele. Depois de zombarem dele, tiraram-lhe o manto de púrpura e o vestiram com suas próprias roupas. Então o levaram para crucificá-lo. Os soldados obrigaram alguém que lá passava voltando do campo, Simão de Cirene, pai de Alexandre e de Rufo, a carregar a cruz. Levaram Jesus para o lugar chamado Gólgota (que quer dizer Calvário). Deram-lhe vinho misturado com mirra, mas ele não tomou. Eles o crucificaram e repartiram as suas vestes, tirando sorte sobre elas, para ver que parte caberia a cada um. Eram nove horas da manhã quando o crucificaram. O letreiro com o motivo da condenação dizia: «O Rei dos Judeus!». Com ele crucificaram dois ladrões, um à direita e outro à esquerda. Os que passavam por ali o insultavam, balançando a cabeça e dizendo: «Ah! Tu que destróis o templo e o reconstróis em três dias, salva-te a ti mesmo, descendo da cruz». Do mesmo modo, também os sumos sacerdotes zombavam dele entre si e, com os escribas, diziam: «A outros salvou, a si mesmo não pode salvar. O Messias, o rei de Israel desça agora da cruz, para que vejamos e acreditemos!». Os que foram crucificados com ele também o insultavam. Quando chegou o meio-dia, uma escuridão cobriu toda a terra até às três horas da tarde. Às três da tarde, Jesus gritou com voz forte: «Eloí, Eloí, lemá sabactâni? — que quer dizer «Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?». Alguns dos que estavam ali perto, ouvindo-o, disseram: «Vede, ele está chamando por Elias!». Alguém correu e ensopou uma esponja com vinagre, colocou-a na ponta de uma vara e lhe deu de beber, dizendo: “Deixai! Vejamos se Elias vem tirá-lo da cruz. Então Jesus deu um forte grito e expirou. Nesse mesmo instante, o véu do Santuário rasgou-se de alto a baixo, em duas partes. Quando o centurião, que estava em frente dele, viu que Jesus assim tinha expirado, disse: «Na verdade, este homem era Filho de Deus». Estavam ali também algumas mulheres olhando de longe; entre elas Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago Menor e de José, e Salomé. Quando ele estava na Galileia, estas o seguiam e lhe prestavam serviços. Estavam ali também muitas outras mulheres que com ele tinham subido a Jerusalém. Já caíra a tarde. Era o dia de preparação (isto é, a véspera do sábado). Por isso, José de Arimateia, membro respeitável do sinédrio, que também esperava o Reino de Deus, cheio de coragem foi a Pilatos pedir o corpo de Jesus. Pilatos ficou admirado quando soube que Jesus estava morto. Chamou o centurião e perguntou se tinha morrido havia muito tempo. Informado pelo centurião, Pilatos entregou o corpo a José. José comprou um lençol de linho, desceu Jesus da cruz, envolveu-o no lençol e colocou-o num túmulo escavado na rocha; depois, rolou uma pedra na entrada do túmulo. Maria Madalena e Maria, mãe de José, observavam onde ele era colocado.
 
«Na verdade, este homem era Filho de Deus»
 
Rev. D. Fidel CATALÁN i Catalán (Terrassa, Barcelona, Espanha)
 
Hoje, na Liturgia da Palavra lemos a Paixão do Senhor segundo São Marcos e escutamos um testemunho que nos deixa impressionados: «Na verdade, este homem era Filho de Deus!» (Mc 15,39). O evangelista tem muito cuidado em colocar estas palavras nos lábios de um centurião romano, que tinha assistido atónito a mais uma execução entre tantas que deveria presenciar devido à sua permanência num país estrangeiro e ocupado.
 
Não deve ser fácil perguntar-se o que viu naquele rosto - tão desfigurado - para proferir semelhante declaração. De qualquer modo deve ter descoberto um rosto inocente; alguém abandonado e talvez atraiçoado, à mercê de interesses particulares; ou talvez alguém que era objeto de uma injustiça no meio de uma sociedade não muito justa; alguém que cala, suporta e até aceita misteriosamente tudo o que lhe está a cair em cima. Talvez até se tenha sentido colaborar numa injustiça diante da qual não move nem um dedo para a impedir, como tantos que lavam as mãos diante dos problemas dos outros.
 
A imagem daquele centurião romano é a imagem da Humanidade que contempla. É, ao mesmo tempo, a profissão de fé de um pagão. Jesus morre só, inocente, ferido, abandonado e ao mesmo tempo confiante, com um profundo sentido da sua missão, com os "restos de amor” que os golpes deixaram no seu corpo.
 
Mas, antes - na sua entrada em Jerusalém – tinham-no aclamado como Aquele que vem em nome do Senhor (cf. Mc 11,9). Agora a nossa aclamação não é de expectativa, entusiasmada e desconhecedora, como a daqueles habitantes de Jerusalém. A nossa aclamação dirige-se Àquele que já passou pela entrega total e que saiu vitorioso. Finalmente, «deveríamos prostrar-nos aos pés de Cristo, não pondo sob os seus pés as nossas túnicas ou ramos inertes, que muito rapidamente perderiam o seu vigor, o seu fruto e o seu aspecto agradável, mas antes revestindo-nos da sua graça» (Santo André de Creta).
 
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«O Meu Filho unigénito, enamorado pela minha Vontade, quis ser verdadeira e totalmente obediente e entregou-se, com toda a prontidão, à morte vergonhosa da cruz e, por esta morte santíssima, deu-vos a vida, não pela força da sua natureza humana, mas pelo poder da sua divindade» (Santa Catarina de Siena)
 
«O poder de Deus neste mundo é um poder silencioso. A causa de Deus parece estar sempre em agonia. A Sua glória revelou-se uma aparência. Mas a glória de Cristo, a glória humilde e voluntariosa do sofrimento, a glória do seu amor, não desapareceu e não desaparecerá» (Bento XVI)
 
«A entrada de Jesus em Jerusalém manifesta a vinda do Reino que o Rei-Messias vai realizar pela Páscoa da sua morte e da sua ressurreição. É com a sua celebração, no Domingo de Ramos, que a Liturgia da Igreja começa a Semana Santa» (Catecismo da Igreja Católica, nº 560)
 
O relato da Paixão do Senhor, no Evangelho de S. Marcos
 
Do site dos Deonianos
 
No relato da Paixão na versão de Marcos, não difere substancialmente das versões de Mateus e de Lucas; no entanto, há algumas coordenadas que Marcos sublinha especialmente.
 
1. Ao longo de todo o processo, Jesus manifesta uma grande serenidade, uma grande dignidade e uma total conformação com aquilo que se está a passar. Não se trata de passividade ou de inconsciência, mas de aceitação serena de um caminho que Ele sabe que passa pela cruz. Marcos sugere, desta forma, que Jesus está perfeitamente conformado com o projeto do Pai e que a sua vontade é cumprir fiel e integralmente o plano de Deus, sem objeções ou resistências de qualquer espécie. Esta “dignidade” de Jesus diante do processo que as autoridades religiosas e políticas lhe movem é atestada em várias cenas:
 
– Mateus e Lucas põem Jesus a interpelar diretamente Judas, quando este o entrega no monte das Oliveiras (cf. Mt 26,50; Lc 22,48); mas na narração de Marcos, Jesus mantém-se silencioso e cheio de dignidade diante da traição do discípulo (cf. Mc 14,45-46), sem observações ou recriminações.
 
– Mateus põe Jesus a desautorizar Pedro quando este fere um servo do sumo-sacerdote cortando-lhe uma orelha (cf. Mt 26,52) e, na narração de Lucas, Jesus pede aos discípulos que deixem atuar os seus sequestradores (cf. Lc 22,51); mas Marcos não apresenta, no mesmo episódio, qualquer reação de Jesus (cf. Mc 14,47). Marcos apenas acrescenta que a prisão de Jesus acontece para que se cumpram as Escrituras (cf. Mc 14,49).
 
– No tribunal judaico, quando interrogado pelo sumo-sacerdote acerca das acusações que lhe eram feitas, Jesus manteve um silêncio solene e digno (cf. Mc 14,61a), recusando defender-Se das acusações dos seus detratores.
2.
Uma das teses fundamentais do Evangelho de Marcos é que Jesus é o Filho de Deus (cf. Mc 1,1). Esta ideia também está bem presente, bem sublinhada, bem desenvolvida, no relato da Paixão:
 
– No jardim das Oliveiras, pouco antes de ser preso, Jesus dirige-Se a Deus (cf. Mc 14,36) e chama-Lhe “Abba” (“paizinho”, “papá”). Esta apalavra não era usada nas orações hebraicas como invocação de Deus; mas era usada na intimidade familiar e expressava a grande proximidade entre um filho e o seu pai. Para a psicologia judaica, teria sido um sinal de irreverência usar uma palavra tão familiar para se dirigir a Deus. O facto de Jesus usar esta palavra revela a comunhão que havia entre Ele e o Pai e revela uma relação marcada pela simplicidade, pela intimidade, pela total confiança.
 
– Apesar do silêncio digno de Jesus durante o interrogatório no palácio do sumo-sacerdote, há um momento em que Jesus não hesita em esclarecer as coisas e em deixar clara a sua divindade. Quando o sumo-sacerdote Lhe perguntou diretamente se Ele era “o Messias, o Filho de Deus bendito” (Mc 14,61b), Jesus respondeu, sem subterfúgios: “Eu sou. E vereis o Filho do Homem sentado à direita do Todo-poderoso e vir sobre as nuvens do céu” (Mc 14,62). A expressão “eu sou” (“egô eimi”) leva-nos ao nome de Deus no Antigo Testamento (“eu sou aquele que sou” – Ex 3,14). É, na perspectiva do nosso evangelista, a afirmação inequívoca da dignidade divina de Jesus. A referência ao “sentar-se à direita do Todo-poderoso” e ao “vir sobre as nuvens” sublinha também a dignidade divina de Jesus, que um dia aparecerá no lugar de Deus, como juiz soberano da humanidade inteira. O sumo-sacerdote percebe perfeitamente o alcance da afirmação de Jesus (Ele está a arrogar-Se a condição de Filho de Deus e a prerrogativa divina de juiz universal); por isso, o sumo-sacerdote manifesta a sua indignação rasgando as vestes e condenando Jesus como blasfemo.
 
– Marcos põe um centurião romano a dizer, junto da cruz de Jesus: “na verdade, este homem era Filho de Deus” (Mc 15,39). Mais do que uma afirmação histórica, esta frase deve ser vista como uma “profissão de fé” que Marcos convida todos os crentes a fazer. Depois de tudo o que foi testemunhado ao longo do Evangelho, em geral, e no relato da paixão, em particular, a conclusão é óbvia: Jesus é mesmo o Filho de Deus que veio ao encontro dos homens para lhes apresentar uma proposta de salvação.
3.
Apesar de Filho de Deus, o Jesus de Marcos é também homem e partilha da fragilidade da natureza humana:
 
– No jardim das Oliveiras, pouco antes de ser preso, o Jesus de Marcos sentiu “pavor” e “angústia” (cf. Mc 14,33), como acontece com qualquer pessoa diante da morte violenta (Mateus é ligeiramente mais moderado e fala da “tristeza” e da “angústia” de Jesus – cf. Mt 26,37; e Lucas evita fazer qualquer referência a estes sentimentos que, sublinhando a dimensão humana de Jesus, podiam lançar dúvidas sobre a sua divindade).
 
– No momento da morte, Jesus reza: “meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste” (Mc 15,34). A “oração” de Jesus é a “oração” de um homem que, como qualquer outro ser humano, experimenta a solidão, o abandono, o sentimento de impotência, a sensação de falhanço… e do fundo do seu drama, não compreende a ausência e a indiferença de Deus.
 
Não há dúvida: o Jesus apresentado por Marcos é também o homem/Jesus que Se solidariza com os homens, que os acompanha nos seus sofrimentos, que experimenta os seus dramas, fragilidades e debilidades.
4.
Em todos os relatos da paixão, Jesus aparece a enfrentar sozinho (abandonado pelas multidões e pelos próprios discípulos) o seu destino de morte; mas Marcos sublinha especialmente a solidão de Jesus, nesses momentos dramáticos:
 
– Lucas põe um anjo a confortar Jesus, no jardim das Oliveiras (cf. Lc 22,43); Marcos não faz qualquer referência a esse momento de “consolação.
 
– Mateus conta que a mulher de Pilatos intercedeu por Jesus, pedindo ao marido que não se intrometesse “no caso desse justo” (cf. Mt 27,19); Marcos não refere nenhuma interferência deste tipo no processo de Jesus.
 
– João refere, além de Pedro, a presença de um “outro discípulo conhecido do sumo-sacerdote” no palácio de Anás (Jo 18,15); Marcos, para além de Pedro (que negou Jesus três vezes), nunca refere a presença de qualquer outro dos discípulos.
 
– Lucas fala na presença de mulheres, ao longo do caminho do calvário, que “batiam no peito e se lamentavam por Ele” (Lc 23,27-31); Marcos também não conhece ninguém que se lamentasse durante o caminho percorrido por Jesus em direção ao lugar da execução (só após a morte de Jesus, Marcos observa que algumas mulheres que O seguiam e serviam quando estava na Galileia estavam ali a “contemplar de longe” – Mc 15,40-41).
 
Abandonado pelos discípulos, escarnecido pela multidão, condenado pelos líderes, torturado pelos soldados, Jesus percorre na solidão, no abandono, na indiferença de todos, o seu caminho de morte. O grito final de Jesus na cruz (“meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste” – Mc 15,34) pode ser o início do Salmo 22 (cf. Sal 22,2); mas é também expressão dramática dessa solidão que Jesus sente à sua volta.
5.
Só Marcos relata o episódio do jovem não identificado que seguia Jesus envolto apenas num lençol e que fugiu nu quando os guardas o tentaram agarrar (cf. Mc 14,51-52). Para alguns comentadores do Evangelho segundo Marcos, o jovem em causa poderia ser o próprio evangelista. Trata-se, no entanto, de uma simples conjetura. É mais provável que o episódio tenha sido introduzido por Marcos para representar plasticamente a atitude dos discípulos que, desiludidos e amedrontados diante do falhanço do projeto em que acreditaram, largaram tudo quando viram o seu líder ser preso e fugiram sem olhar para trás.
 
INTERPELAÇÕES
 
Celebrar a paixão e a morte de Jesus é abismar-se na contemplação de um Deus a quem o amor tornou frágil… Por amor, Ele veio ao nosso encontro, assumiu os nossos limites e fragilidades, experimentou a fome, o sono, o cansaço, conheceu a mordedura das tentações, experimentou a angústia e o pavor diante da morte; e, estendido no chão, esmagado contra a terra, atraiçoado, abandonado, incompreendido, continuou a amar, até ao último suspiro, até à última gota de sangue. Esta é a mais espantosa história de amor que é possível contar; ela é a boa notícia que enche de alegria o coração dos crentes. É esse amor ilimitado e inacreditável que vemos quando olhamos para a cruz de Jesus? E o amor de Jesus, expresso na cruz, torna-se lição que nós acolhemos e que transformamos em gestos concretos de dom e de serviço aos que “viajam” conosco?
 
Contemplar a cruz onde se manifesta o amor e a entrega de Jesus significa assumir a mesma atitude que Ele assumiu e solidarizar-se com aqueles que são crucificados neste mundo: os que sofrem violência, os que são explorados, os que são excluídos, os que são privados de direitos e de dignidade. Olhar a cruz de Jesus significa denunciar tudo o que gera ódio, divisão, medo, em termos de estruturas, valores, práticas, ideologias; significa evitar que os homens continuem a crucificar outros homens; significa aprender com Jesus a entregar a vida por amor… Viver deste modo pode conduzir à morte; mas o cristão sabe que amar como Jesus é viver a partir de uma dinâmica que a morte não pode vencer: o amor gera vida nova e introduz na nossa carne os dinamismos da ressurreição. A contemplação da cruz de Jesus leva-nos ao compromisso com a transformação do mundo? A contemplação da cruz de Jesus faz com que nos sintamos solidários com todos os nossos irmãos que todos os dias são crucificados e injustiçados? A contemplação da cruz de Jesus dá-nos a coragem para lutarmos contra tudo aquilo que gera sofrimento e morte, mesmo que isso implique correr riscos, ser incompreendido e condenado?
 
Um dos elementos mais destacados no relato marciano da paixão é a forma como Jesus Se comporta ao longo de todo o processo que conduz à sua morte… Ele nunca Se descontrola, nunca recua, nunca resiste, mas mantém-Se sempre sereno e digno, enfrentando o seu destino de cruz. Tal não significa que Jesus seja um herói inconsciente a quem o sofrimento e a morte não assustam, ou que Ele Se coloque na pele de um fraco que desistiu de lutar e que aceita passivamente aquilo que os outros Lhe impõem… A atitude de Jesus é a atitude de quem sabe que o Pai Lhe confiou uma missão e está decidido a cumprir essa missão, custe o que custar. Temos a mesma disponibilidade de Jesus para escutar os desafios de Deus e a mesma determinação que Jesus tinha para concretizar esses desafios no mundo?

A “angústia” e o “pavor” de Jesus diante da morte tornam-no muito “humano”, muito próximo das nossas debilidades e fragilidades. Dessa forma, é mais fácil identificarmo-nos com Ele, confiar n’Ele, segui-lo no seu caminho do amor e da entrega. A humanidade de Jesus mostra-nos, também, que o caminho da obediência ao Pai não é um caminho impossível, reservado a super-heróis ou a deuses, mas é um caminho de homens frágeis, chamados por Deus a percorrerem, com esforço, o caminho que conduz à vida definitiva. Quais são as fragilidades que sentimos e que são obstáculo no nosso seguimento de Jesus? Deixamos que as limitações – reais ou imaginárias – que sentimos sejam decisivas quando chega a hora de optarmos?
 
A solidão de Jesus diante do sofrimento e da morte anuncia já a solidão do discípulo que percorre o caminho da cruz. Quando o discípulo procura cumprir o projeto de Deus, recusa os valores do mundo, enfrenta as forças da opressão e da morte, recebe a indiferença e o desprezo do mundo e tem de percorrer o seu caminho na mais dramática solidão. O discípulo tem de saber, no entanto, que o caminho da cruz, apesar de difícil, doloroso e solitário, não é um caminho de fracasso e de morte, mas é um caminho de libertação e de vida plena. Estamos conscientes de que, quanto mais somos fiéis a Jesus e ao seu projeto, mais teremos de remar contra a corrente e de experimentar a solidão, o abandono e até a incompreensão dos que nos rodeiam? Estamos determinados, apesar disso, a seguir o caminho que Jesus nos aponta?
 
A figura do jovem que, no jardim das Oliveiras, deixou o lençol que o cobria nas mãos dos soldados e fugiu pode ser figura do discípulo que, amedrontado e desiludido, abandonou Jesus. Já alguma vez virámos as costas a Jesus e ao seu projeto, seduzidos por outras propostas?
 
ORAÇÃO - Ó glorioso S. José, a bondade de vosso coração é sem limites e indizível, e neste mês que a piedade dos fiéis vos consagrou mais generosas do que nunca se abrem as vossas mãos benfazejas. Distribui entre nós, ó nosso amado Pai, os dons preciosíssimos da graça celestial da qual sois ecônomo e o tesoureiro; Deus vos criou para seu primeiro esmoler. Ah! que nem um só de vossos servos possa dizer que vos invocou em vão nestes dias. Que todos venham, que todos se apresentem ante vosso trono e invoquem vossa intercessão, a fim de viverem e morrerem santamente, a vosso exemplo nos braços de Jesus e no ósculo beatíssimo de Maria. Amém.
 
LADAINHA DE SÃO JOSÉ (atualizada)
 
Senhor tende piedade de nós.
Jesus Cristo tende piedade de nós.
Senhor tende piedade de nós.
 
Jesus Cristo, ouvi-nos.
Jesus Cristo, escutai-nos.
 
Deus Pai do Céu, tende piedade de nós.
Deus Filho, Redentor do mundo, ...
Deus Espírito Santo Paráclito, ...
Santíssima Trindade, que sois um só Deus, ...
 
Santa Maria, rogai por nós.
 
São José,
Ilustre filho de Davi,
Luz dos Patriarcas,
Esposo da Mãe de Deus,
Guardião do Redentor,
Guarda da puríssima Virgem,
Provedor do Filho de Deus,
Zeloso defensor de Cristo,
Servo de Cristo,
Ministro da salvação,
Chefe da Sagrada Família,
José justíssimo,
José castíssimo,
José prudentíssimo,
José fortíssimo,
José obedientíssimo,
José fidelíssimo,
Espelho de paciência,
Amante da pobreza,
Modelo dos trabalhadores,
Honra da vida em família,
Guardião das virgens,
Sustentáculo das famílias,
Amparo nas dificuldades,
Socorro dos miseráveis,
Esperança dos enfermos,
Patrono dos exilados,
Consolo dos aflitos,
Defensor dos pobres,
Patrono dos moribundos,
Terror dos demônios,
Protetor da Santa Igreja,
Patrono da Ordem Carmelita,
 
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, perdoai-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, ouvi-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, tende piedade nós.
 
V. - O Senhor o constituiu dono de sua casa.
R. - E fê-lo príncipe de todas as suas possessões.
 
ORAÇÃO:
Deus, que por vossa inefável Providência vos dignastes eleger o bem-aventurado São José para Esposo de vossa Mãe Santíssima concedei-nos, nós vos pedimos, que mereçamos ter como intercessor no céu aquele a quem veneramos na terra como nosso protetor. Vós que viveis e reinais com Deus Padre na unidade do Espírito Santo. Amém.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

DEIXE AQUI SEU SUA SUGESTÃO