S.
Felipe de Jesus, S. Paulo Miki e Companheiros, mártires
Sta Doroteia, virgem e mártir
1ª
Leitura (1Re 8,22-23.27-30): Naqueles dias, o rei Salomão, de pé, diante
do altar do Senhor, na presença de toda a assembleia de Israel, estendeu as
mãos para o Céu e disse: «Senhor, Deus de Israel! Não há nenhum Deus como Vós,
nem lá no alto dos céus, nem cá embaixo sobre a terra. Vós sois fiel à aliança
e conservais a benevolência para com os vossos servos, quando eles andam na
vossa presença de todo o coração. Mas será possível que Deus habite com os
homens na terra? Se os céus e os mais altos céus não podem abranger-Vos, muito
menos esta casa que eu edifiquei!» Estai atento, Senhor, meu Deus, à prece e à
oração do vosso servo, escutai o apelo e a súplica que hoje Vos dirige. Os
vossos olhos estejam abertos, dia e noite, sobre esta casa, sobre este lugar do
qual dissestes: ‘Aí estará o meu nome’. Escutai a oração que neste lugar Vos
dirigir o vosso servo, atendei a súplica do vosso servo e de Israel, vosso
povo, quando eles rezarem neste lugar. Escutai da vossa morada no Céu; escutai
e concedei o perdão».
Salmo
Responsorial: 83
R. Como é admirável a vossa
morada, Senhor do Universo!
A minha alma suspira ansiosamente
pelos átrios do Senhor. O meu ser e a minha carne exultam no Deus vivo.
Até as aves do céu encontram
abrigo e as andorinhas um ninho para os seus filhos, junto dos vossos altares,
Senhor dos Exércitos, meu Rei e meu Deus.
Felizes os que moram em vossa
casa: podem louvar-Vos continuamente. Contemplai, ó Deus, nosso protetor, ponde
os olhos no rosto do vosso Ungido.
Um dia em vossos átrios vale por
mais de mil longe de Vós. Antes quero ficar no vestíbulo da casa do meu Deus,
do que habitar nas tendas dos pecadores.
Aleluia. Inclinai o meu
coração para as vossas ordens e dai-me a graça de cumprir a vossa lei. Aleluia.
Evangelho
(Mc 7,1-13): Os fariseus e alguns escribas vindos de Jerusalém
ajuntaram-se em torno de Jesus. Eles perceberam que alguns dos seus discípulos
comiam com as mãos impuras — isto é, sem lavá-las. Ora, os fariseus e os judeus
em geral, apegados à tradição dos antigos, não comem sem terem lavado as mãos
até o cotovelo. Bem assim, chegando da praça, eles não comem nada sem a lavação
ritual. E seguem ainda outros costumes que receberam por tradição: a maneira
certa de lavar copos, jarras, vasilhas de metal, camas. Os fariseus e os
escribas perguntaram a Jesus: «Por que os teus discípulos não seguem a tradição
dos antigos, mas tomam a refeição com as mãos impuras?» Ele disse: «O profeta
Isaías bem profetizou a vosso respeito, hipócritas, como está escrito: ‘Este povo
me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. É inútil o culto
que me prestam, as doutrinas que ensinam não passam de preceitos humanos’. Vós
abandonais o mandamento de Deus e vos apegais à tradição humana». E dizia-lhes:
«Sabeis muito bem como anular o mandamento de Deus apegando-vos à vossa
tradição. De fato, Moisés ordenou: ‘Honra teu pai e tua mãe’. E ainda: ‘Quem
insulta pai ou mãe, deve morrer’. Mas vós ensinais que alguém pode dizer a seu
pai e à sua mãe: ‘O sustento que poderíeis receber de mim é destinado para
oferenda’. E já não deixais tal pessoa ajudar seu pai ou sua mãe. Assim anulais
a palavra de Deus por causa da vossa tradição, que passais uns para os outros.
E fazeis ainda muitas outras coisas como essas!».
«Por que os teus discípulos
não seguem a tradição dos antigos?»
Rev. D. Iñaki BALLBÉ i Turu (Terrassa,
Barcelona, Espanha)
Hoje contemplamos como algumas
tradições tardias dos mestres da Lei haviam manipulado o sentido puro do quarto
mandamento da Lei de Deus. Aqueles escribas ensinavam que os filhos que
ofereciam dinheiro e bens para o Templo faziam o melhor. Segundo este ensinamento,
sucedia que os pais já não podiam pedir nem dispor destes bens. Os filhos
formados nesta consciência errônea achavam que tinham cumprido assim o quarto
mandamento, inclusive ter cumprido da melhor maneira. Mas, de fato, se tratava
de um engano.
E Jesus acrescentou: «Vocês são
bastante espertos para deixar de lado o mandamento de Deus a fim de guardar as
tradições de vocês» (Mc 7,9): Jesus Cristo é o intérprete autêntico da Lei; por
isso explica o justo sentido do quarto mandamento, desfazendo o lamentável erro
do fanatismo judio.
«Com efeito, Moisés ordenou:
‘Honre seu pai e sua mãe’. E ainda: ‘Quem amaldiçoa o pai ou a mãe, deve
morrer’» (Mc 7,10): o quarto mandamento lembra aos filhos as responsabilidades
que têm com os pais. Tanto como possam, devem prestar-lhes ajuda material e
moral durante os anos da velhice e durante as épocas de enfermidade, solidão ou
angústia. Jesus lembra este dever de gratidão.
O respeito aos pais (piedade
filial) está feito da gratidão que lhes devemos pelo dom da vida e pelos
trabalhos que realizaram com esforço em seus filhos, para que estes pudessem
crescer em idade, sabedoria e graça. «Honre a seu pai de todo coração, e não
esqueça as dores de sua mãe. Lembre-se de que por eles o geraram. O que você
lhes dará em troca por tudo o que eles deram a você?» (Sir 7,27-28).
O Senhor quer que o pai seja
honrado pelos filhos, e confirma a autoridade da mãe sobre os filhos. Quem
honra o próprio pai alcança o perdão dos pecados, e quem respeita sua mãe é
como quem ajunta um tesouro. Quem honra seu pai será respeitado pelos seus
próprios filhos, e quando rezar será atendido. Quem honra o seu pai terá vida
longa, e quem obedece ao Senhor dará alegria à sua mãe.(cf. Sir 3,2-6). Todos
estes e outros conselhos são uma luz clara para nossa vida em relação aos
nossos pais. Peçamos ao Senhor a graça para que não nos falte nunca o
verdadeiro amor que devemos aos pais e saibamos, com o exemplo, transmitir ao
próximo esta doce “obrigação”.
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«Por vezes exibe-se uma aparência
de virtude, sem qualquer interesse pela retidão interior. Quem ama a Deus fica
feliz por Lhe poder agradar, porque o maior prémio que podemos desejar é o
próprio amor» (São Leão Magno)
«Peçamos ao Senhor, por
intercessão da Virgem Santa, que nos dê um coração puro, livre de toda a
hipocrisia, para que assim sejamos capazes de viver segundo o espírito da lei e
alcancemos o seu fim, que é o amor» (Francisco)
«O quarto mandamento lembra aos
filhos adultos as suas responsabilidades para com os pais. Tanto quanto lhes
for possível, devem prestar-lhes ajuda material e moral, nos anos da velhice e
no tempo da doença, da solidão ou do desânimo. Jesus lembra este dever de
gratidão» (Catecismo da Igreja Católica, nº 2.218)
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm
* O Evangelho de hoje fala dos
costumes religiosos daquele tempo e dos fariseus que ensinavam tais costumes ao
povo. Por exemplo, comer sem lavar as mãos ou, como eles diziam, comer com
mãos impuras. Muitos destes costumes estavam desligados da vida e tinham
perdido o seu sentido. Mesmo assim, estes costumes eram conservados e
ensinados, ou por medo, ou por superstição. O Evangelho traz algumas instruções
de Jesus a respeito destes costumes.
* Marcos 7,1-2: Controle dos
fariseus e liberdade dos discípulos. . Os fariseus e alguns escribas,
vindos de Jerusalém, observavam como os discípulos de Jesus comiam pão com mãos
impuras. Aqui há três pontos que merecem ser assinalados: 1) Os escribas eram de Jerusalém, da capital!
Significa que tinham vindo para observar e controlar os passos de Jesus. 2) Os discípulos não lavavam as mãos para
comer! Significa que a convivência com Jesus os levou a criar coragem para
transgredir normas que a tradição impunha ao povo, mas que já não tinham
sentido para a vida. 3) O costume de
lavar as mãos, que, até hoje, continua sendo uma norma importante de higiene,
tinha tomado para eles um significado religioso que servia para controlar e
discriminar as pessoas.
* Marcos 7,3-4: A Tradição dos
Antigos . “A Tradição dos Antigos” transmitia as normas que deviam ser
observadas pelo povo para conseguir a pureza exigida pela lei. A observância da
pureza era um assunto muito sério para o povo daquele tempo. Eles achavam que
uma pessoa impura não podia receber a bênção prometida por Deus a Abraão. As
normas de pureza eram ensinadas para abrir o caminho até Deus, fonte da paz. Na
realidade, porém, em vez de serem uma fonte de paz, as normas eram uma prisão,
um cativeiro. Para os pobres, era praticamente impossível observar as centenas
de normas, costumes e leis. Por isso, eles eram desprezados como gente
ignorante e maldita que não conhece a lei (Jo 7,49).
* Marcos 7,5: Escribas e
fariseus criticam o comportamento dos discípulos de Jesus. Os escribas e
fariseus perguntam a Jesus: Por que os teus discípulos não se comportam
conforme a tradição dos antigos e comem o pão com as mãos impuras? Eles fingem
estar interessados em conhecer o porquê do comportamento dos discípulos. Na
realidade, criticam Jesus por ele permitir que os discípulos transgridam as
normas da pureza. Os fariseus formavam uma espécie de irmandade, cuja principal
preocupação era observar todas as leis da pureza. Os escribas eram os
responsáveis pela doutrina. Ensinavam as leis referentes à observância da
pureza.
* Marcos 7,6-13 Jesus critica
a incoerência dos fariseus. Jesus responde citando Isaías: Este povo me
honra só com os lábios, mas o seu coração está longe de mim (cf. Is 29,13).
Insistindo nas normas da pureza, os fariseus esvaziavam os mandamentos da lei
de Deus. Jesus cita um exemplo concreto. Eles diziam: a pessoa que oferecer ao
Templo os seus bens, não pode usar esses bens para ajudar os pais necessitados.
Assim, em nome da tradição esvaziavam o quarto mandamento que manda amar pai e
mãe. Tais pessoas pareciam muito observantes, mas era só por fora. Por dentro,
o coração delas fica longe de Deus! Como diz o canto: “Seu nome é Jesus Cristo
e passa fome, e vive à beira das calçadas. E a gente quando vê passa adiante,
às vezes, para chegar depressa à igreja!”. No tempo de Jesus, o povo, na sua
sabedoria, não concordava com tudo que se ensinava. Esperava que, um dia, o
messias viesse indicar um outro caminho para alcançar a pureza. Em Jesus se
realiza esta esperança.
Para um confronto pessoal
1. Conhece algum costume
religioso de hoje que já não tem muito sentido, mas que continua sendo
ensinado?
2. Os fariseus eram judeus
praticantes, mas sua fé estava desligada da vida da vida do povo. Por isso,
Jesus os criticou. E hoje, Jesus nos criticaria? Em que?
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