S.
Cláudio La Colombière, presbítero.
Beato
Miguel Sopocko, presbítero.
1ª
Leitura (Dt 30:15-20): Moisés falou ao povo dizendo: "Vê que eu
hoje te proponho a vida e a felicidade, a morte e a desgraça. Se obedecerdes
aos preceitos do Senhor teu Deus, que eu hoje te ordeno, amando ao Senhor teu
Deus, seguindo seus caminhos e guardando seus mandamentos, suas leis e seus
decretos, viverás e te multiplicarás, e o Senhor teu Deus te abençoará na terra
em que vais entrar, para possuí-la. Se, porém, o teu coração se desviar e não
quiseres escutar, e se, deixando-te levar pelo erro, adorares deuses estranhos
e os servires, eu vos anuncio hoje que certamente perecereis. Não vivereis
muito tempo na terra onde ides entrar, depois de atravessar o Jordão, para
ocupá-la. Tomo hoje o céu e a terra como testemunhas contra vós, de que vos
propus a vida e a morte, a bênção e a maldição. Escolhe, pois, a vida, para que
vivas, tu e teus descendentes, amando ao Senhor teu Deus, obedecendo à sua voz
e apegando-te a ele pois ele é a tua vida e prolonga os teus dias a fim de que
habites na terra que o Senhor jurou dar aos teus pais Abraão, Isaac e
Jacó".
Salmo
Responsorial: 1
R. É feliz quem a Deus se
confia!
Feliz é todo aquele que não anda
conforme os conselhos dos perversos; que não entra no caminho dos malvados, nem
junto aos zombadores vai sentar-se; mas encontra seu prazer na lei de Deus e a
medita, dia e noite, sem cessar.
Eis que ele é semelhante a uma
árvore, que à beira da torrente está plantada; ela sempre dá seus frutos a seu
tempo, e jamais as suas folhas vão murchar. Eis que tudo o que ele faz vai
prosperar.
Mas bem outra é a sorte dos
perversos. Ao contrário, são iguais à palha seca espalhada e dispersada pelo
vento. Pois Deus vigia o caminho dos eleitos, mas a estrada dos malvados leva à
morte.
Convertei-vos, nos diz o
Senhor, está próximo o reino de Deus!
Evangelho
(Lc 9,22-25): Jesus disse: «É necessário que o Filho do homem padeça
muitas coisas, e seja rejeitado dos anciãos e dos escribas, e seja morto, e
ressuscite ao terceiro dia. E dizia a todos: Se alguém quer vir após mim,
negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me. Porque, qualquer
que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas qualquer que, por amor de mim,
perder a sua vida, a salvará. Porque, que aproveita ao homem granjear o mundo
todo, perdendo-se ou prejudicando-se a si mesmo?».
«Se alguém quer vir após mim,
negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me»
Frei Josep Mª MASSANA i Mola OFM (Barcelona,
Espanha)
Hoje é a primeira quinta-feira da
Quaresma. Ainda temos fresca as cinzas que a Igreja nos punha ontem sobre a
testa, e que nos introduzia neste tempo santo, que é uma trajetória de quarenta
dias. Jesus, no Evangelho, nos ensina duas rotas: o Via Crucis que Ele deve
recorrer, e nosso caminho em seu seguimento.
Sua senda é o Caminho da Cruz e
da morte, mas também o de sua glorificação: «E acrescentou: «O Filho do Homem
deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos chefes dos sacerdotes e
doutores da Lei, deve ser morto, e ressuscitar no terceiro dia» (Lc 9,22).
Nossa senda, não é essencialmente diferente da de Jesus, e nos assinala qual é
a maneira de segui-lo: «Depois Jesus disse a todos: «Se alguém quer me seguir,
renuncie a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e me siga» (Lc 9,23).
Abraçado a sua Cruz, Jesus seguia
a Vontade do Pai; nós, carregando a nossa sobre os ombros, o acompanhamos em
sua Via Crucis.
O caminho de Jesus se resume em
três palavras: sofrimento, morte, ressurreição. Nosso Sendero também é
constituído por três aspectos (duas atitudes e a essência da vocação cristã):
negarmos a nós mesmos, tomar cada dia a cruz e acompanhar a Jesus.
Se alguém não se nega a si mesmo
e não toma a cruz, quer afirmar-se e ser o mesmo, quer «salvar sua vida», como
diz Jesus. Mas, querendo salvá-la, a perderá. Em compensação, quem não se
esforça por evitar o sofrimento e a cruz, por causa de Jesus, salvará sua vida.
É o paradoxo do seguimento de Jesus: «De fato, que adianta um homem ganhar o
mundo inteiro, se perde e destrói a si mesmo?» (Lc 9,25).
Esta palavra do Senhor, que
encerra o Evangelho de hoje, agitou o coração de Santo Inácio e provocou sua
conversão: «Que aconteceria se eu fizesse o que fez São Francisco e isso que
fez Santo Domingo?». Tomara que nesta Quaresma a mesma palavra nos ajude também
a converter-nos!
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«Fixemos com atenção o nosso
olhar no sangue de Cristo e reconheçamos quão preciosa foi aos olhos de Deus,
seu Pai, pois, derramada pela nossa salvação, alcançou a graça da penitência
para todo o mundo» (S. Clemente Romano)
«Não podemos pensar na vida
cristã fora deste caminho que Ele percorreu primeiro. É o caminho da humildade.
O estilo cristão sem cruz não é, de forma alguma, cristão e se a cruz é uma
cruz sem Jesus, não é cristã» (Francisco)
«A conversão realiza-se na vida
quotidiana por gestos de reconciliação, pelo cuidado dos pobres, o exercício e
a defesa da justiça e do direito, (...) a aceitação dos sofrimentos, a coragem
de suportar a perseguição por amor da justiça. Tomar a sua cruz todos os dias e
seguir Jesus é o caminho mais seguro da penitência» (Catecismo da Igreja
Católica, nº 1.435)
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm
* Ontem entramos na Quaresma.
Até agora a liturgia diária seguia o evangelho de Marcos, passo a passo. A
partir de hoje até o dia de Páscoa, a sequência das leituras diárias será dada
pela tradição antiga da quaresma com suas leituras próprias, já fixas, que nos
ajudarão a entrar no espírito da quaresma e da preparação para a Páscoa. Já
desde o primeiro dia, a perspectiva é a Paixão, Morte e Ressurreição e o
significado deste mistério para a nossa vida. É o que nos é proposto pelo texto
bem pequeno do evangelho de hoje. O texto fala da paixão, morte e ressurreição
de Jesus e afirma que o seguimento de Jesus implica em carregar a cruz atrás de
Jesus.
* Pouco antes em Lucas
9,18-21, Jesus tinha perguntado: “Quem diz o povo que eu sou?”. Eles
responderam relatando as várias opiniões: - “João Batista”. - “Elias ou um dos antigos profetas”. Depois
de ouvir as opiniões dos outros, Jesus perguntou: “E vocês, quem dizem que eu
sou?”. Pedro respondeu: “O Cristo de Deus!”, ou seja, o senhor é aquele que o
povo está esperando! Jesus concordou com Pedro, mas proibiu de falar sobre isto
ao povo. Por que Jesus proibiu? É que naquele tempo todos esperavam o messias,
mas cada um do seu jeito: uns como rei, outros como sacerdote, doutor,
guerreiro, juiz ou profeta! Jesus pensa diferente. Ele se identifica com o
messias servidor e sofredor, anunciado por Isaías (Is 42,1-9; 52,13-53,12).
* O primeiro anúncio da paixão. Jesus começa a ensinar que ele é o Messias
Servidor e afirma que, como o Messias Servidor anunciado por Isaías, será preso
e morto no exercício da sua missão de justiça (Is 49,4-9; 53,1-12). Lucas
costuma seguir o evangelho de Marcos, mas aqui ele omitiu a reação de Pedro que
desaconselhava Jesus de pensar no messias sofredor e omitiu também a dura
resposta: “Vá embora Satanás! Você não pensa as coisas de Deus, mas as dos
homens!” Satanás é uma palavra hebraica que significa acusador, aquele que
afasta os outros do caminho de Deus. Jesus não permite que Pedro o afaste da
sua missão.
* Condições para seguir Jesus. Jesus tira
as conclusões que valem até hoje: Quem quiser vir após mim, renegue-se a si
mesmo, tome sua cruz e siga-me! Naquele tempo, a cruz era a pena de morte que o
império romano impunha aos criminosos e marginais. Tomar a cruz e carregá-la
atrás de Jesus era o mesmo que aceitar ser marginalizado pelo sistema injusto
que legitimava a injustiça. Era o mesmo que romper com o sistema. Como dizia
Paulo na carta aos Gálatas: “O mundo é um crucificado para mim, e eu um
crucificado para o mundo” (Gl 6,14). A Cruz não é fatalismo, nem é exigência do
Pai. A Cruz é a consequência do compromisso livremente assumido por Jesus de
revelar a Boa Nova de que Deus é Pai e que, portanto, todos e todas devem ser
aceitos e tratados como irmãos e irmãs. Por causa deste anúncio revolucionário,
ele foi perseguido e não teve medo de dar a sua vida. Prova de amor maior não há
que doar a vida pelo irmão.
Para um confronto pessoal
1) Todos esperavam o
messias, cada um do seu jeito. Qual o messias que eu espero e que o povo hoje
espera?
2) A condição para seguir
Jesus é a cruz. Como me situo frente às cruzes da vida?
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