São
Pedro Damião, bispo e doutor da Igreja
1ª
Leitura (Jon 3,1-10): A palavra do Senhor foi dirigida a Jonas nos
seguintes termos: «Levanta-te, vai à grande cidade de Nínive e apregoa nela a
mensagem que Eu te direi». Jonas levantou-se e foi a Nínive, conforme a palavra
do Senhor. Nínive era uma grande cidade aos olhos de Deus; levava três dias a
atravessar. Jonas entrou na cidade e caminhou durante um dia, apregoando:
«Daqui a quarenta dias, Nínive será destruída». Os habitantes de Nínive
acreditaram em Deus, proclamaram um jejum e revestiram-se de sacos, desde o
maior ao menor. Logo que a notícia chegou ao rei de Nínive, ele ergueu-se do
trono e tirou o manto, cobriu-se de saco e sentou-se sobre a cinza. Depois foi
proclamado em Nínive um decreto do rei e dos seus ministros, que dizia: «Os
homens e os animais, os bois e as ovelhas, não provem alimento, não pastem nem
bebam água. Os homens e os animais revistam-se de sacos e clamem a Deus com
vigor; afaste-se cada um do seu mau caminho e das violências que tenha
praticado. Quem sabe? Talvez Deus reconsidere e desista, acalmando o ardor da
sua ira, de modo que não pereçamos». Quando Deus viu as suas obras e como se
convertiam do seu mau caminho, desistiu do castigo com que os ameaçara e não o
executou.
Salmo
Responsorial: 50
R. Não desprezeis, Senhor, o
nosso coração humilhado e contrito.
Compadecei-Vos de mim, ó Deus,
pela vossa bondade, pela vossa grande misericórdia apagai os meus pecados.
Lavai-me de toda a iniquidade e purificai-me de todas as culpas.
Criai em mim, ó Deus, um coração
puro e fazei nascer dentro de mim um espírito firme. Não queirais afastar-me da
vossa presença e não retireis de mim o vosso espírito de santidade.
Não é do sacrifício que Vos
agradais e, se eu oferecer um holocausto, não o aceitareis. Sacrifício
agradável a Deus é o espírito arrependido: não desprezareis, Senhor, um
espírito humilhado e contrito.
Convertei-vos a Mim de todo o
coração, diz o Senhor; porque sou benigno e misericordioso.
Evangelho
(Lc 11,29-32): E, ajuntando-se a multidão, começou a dizer: «Maligna é
esta geração; ela pede um sinal; e não lhe será dado outro sinal, senão o sinal
do profeta Jonas; Porquanto, assim como Jonas foi sinal para os ninivitas,
assim o Filho do homem o será também para esta geração. A rainha do sul se
levantará no juízo com os homens desta geração, e os condenará; pois até dos
confins da terra veio ouvir a sabedoria de Salomão; e eis aqui está quem é
maior do que Salomão. Os homens de Nínive se levantarão no juízo com esta geração,
e a condenarão; pois se converteram com a pregação de Jonas; e eis aqui está
quem é maior do que Jonas».
«Assim como Jonas foi sinal
para os ninivitas, assim o Filho do homem o será também para esta geração»
Fr. Roger J. LANDRY (Hyannis,
Massachusetts, Estados Unidos)
Hoje, Jesus nos diz que o sinal
que dará à “geração malvada”, de fato, assim como Jonas foi um sinal para os
ninivitas, assim também será o Filho do Homem para esta geração (cf. Lc 11,30).
Da mesma maneira que Jonas deixou que o lançasse pela margem para acalmar a
tempestade que ameaçava com afundá-los — e, assim, salvar a vida da
tripulação—, do mesmo modo que Jesus permitiu que o lançassem pela margem para
acalmar as tempestades do pecado que põem em perigo nossas vidas. E, de igual
forma que Jonas passou três dias no ventre da baleia antes que está o vomitara
são e salvo a terra, assim Jesus passaria três dias no seio da terra antes de
abandonar a tumba (cf. Mt 12,40).
O sinal que Jesus dará aos
“malvados” de cada geração é sua morte e ressurreição. Sua morte, aceita
livremente, é o sinal do incrível amor de Deus por nós: Jesus deu sua vida para
salvar a nossa. E sua ressurreição de entre os mortos é o sinal de seu divino
poder. Trata-se do sinal mais poderoso e comovedor jamais dado.
Mas, Jesus é também a sinal de
Jonas em outro sentido. Jonas foi um ícone e um meio de conversação. Quando em
sua prédicas «Jonas entrou na cidade e começou a percorrê-la, caminhando um dia
inteiro. Ele dizia: «Dentro de quarenta dias, Nínive será destruída!» (Jon 3,4)
adverte aos ninivitas pagãos, estes se convertem, pois todos eles — desde o rei
até as crianças e animais— se cobrem com serapilheira e cinzas. No dia do
julgamento, os homens da cidade de Nínive ficarão de pé contra esta geração.
Porque eles fizeram penitência quando ouviram Jonas pregar. E aqui está quem é
maior do que Jonas.” (cf. Lc 11,32) predicando a conversão a todos nós: Ele o
próprio Jesus. Portanto, nossa conversão deveria ser igualmente exaustiva.
«Pois Jonas era um servente»,
escreve São João Crisóstomo na pessoa de Jesus Cristo, «mas eu sou o Mestre; e
ele foi jogado pela baleia, mas eu ressuscitei dos mortos; e ele proclamava a
destruição, mas vim a predicar a Boas Novas e o Reino».
Na semana passada, na
quarta-feira de Cinza, nos cobrimos com cinza, e cada um escutou as palavras da
primeira homilia de Jesus cristo, «O tempo já se cumpriu, e o Reino de Deus
está próximo. Convertam-se e acreditem na Boa Notícia» (cf. Mc 1,15). A pergunta
que devemos fazer-nos é: — Respondido já com uma profunda conversão como a dos
ninivitas e abraçado aquele Evangelho?
«Eis aqui está quem é maior do
que Salomão (...) e eis aqui está quem é maior do que Jonas»
Rev. D. Antoni CAROL i Hostench (Sant
Cugat del Vallès, Barcelona, Espanha)
Hoje, o Evangelho nos convida a
centrar nossa esperança no mesmo Jesus Cristo. O próprio João Paulo II escreveu
que «não será uma Fórmula a salvar-nos, mas uma Pessoa, e a certeza que Ela nos
infunde: ‘Eu estarei convosco!’».
Deus — que é Pai— não nos
abandonou: «O cristianismo é graça, é a surpresa de um Deus que, não satisfeito
com criar o mundo e o homem, saiu ao encontro da sua criatura» (João Paulo II).
Encontramo-nos começando a
Quaresma: Não deixemos passar a oportunidade que nos oferece a Igreja: «É agora
o momento favorável, é agora o dia da salvação» (2Cor 6,2) Depois de contemplar
na Paixão o rosto doloroso de Nosso Senhor Jesus Cristo, ainda pediremos mais
sinais de seu amor? «Aquele que não cometeu pecado, Deus o fez pecado por nós,
para que nele nos tornemos justiça de Deus» (2Cor 5,21). Mais ainda: «Deus, que
não poupou seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como é que, com
ele, não nos daria tudo?» (Rom 8,32). Ainda queremos mais sinais?
No rosto ensanguentado de Cristo
« Eis aqui está quem é maior do que Salomão (...) e eis aqui está quem é maior
do que Jonas» (Lc 11,31-32). Este rosto sofrido da hora extrema, da hora da
Cruz é «Mistério no mistério, diante do qual o ser humano pode apenas
prostrar-se em adoração. De fato, «Para transmitir ao homem o rosto do Pai,
Jesus teve não apenas de assumir o rosto do homem, mas de tomar inclusivamente
o ”rosto” do pecado» (João Paulo II). Queremos mais sinais?
«Eis o homem!» (Jo 19,5): Eis
aqui o grande sinal. Contemplemo-lo desde o silêncio do “deserto” da oração: «O
que todo cristão deve fazer em qualquer tempo [rezar], agora deve fazê-lo com
mais solicitude e com mais devoção: assim cumpriremos a instituição apostólica
dos quarenta dias» (São Leão Magno, papa).
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«Jonas era um servo, mas eu sou o
Mestre; ele foi lançado pela baleia, mas eu ressuscitei dos mortos; ele
proclamou a destruição, mas eu vim proclamar a Boa Nova e o Reino» (São João
Crisóstomo)
«Uma coisa é certa: o sinal de
Deus para os homens é o Filho do homem, o próprio Jesus. E é profundo no seu
mistério pascal, no mistério da morte e da ressurreição. Ele mesmo é o
"sinal de Jonas"» (Bento XVI)
«Jesus liga a fé na ressurreição
à sua própria pessoa: ‘Eu sou a Ressurreição e a Vida’ (Jo 11,25) (…). Jesus
fala deste acontecimento único como do ‘sinal do Jonas’ (Mt 12,39), do sinal do
templo: Ele anuncia a sua ressurreição ao terceiro dia depois da morte»
(Catecismo da Igreja Católica, nº 994)
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm
* Estamos no tempo de quaresma. A liturgia
privilegia os textos que possam ajudar-nos na conversão e na mudança de vida.
Aquilo que melhor ajuda na conversão são os fatos da história do povo de Deus.
No evangelho de hoje, Jesus traz dois episódios do passado: de Jonas e da
rainha de Sabá, e os transforma em espelho para o povo olhar nele e descobrir o
apelo de Deus à conversão.
* Lucas 11,29: A geração má que pede um sinal.
Jesus chama a geração de má, porque ela não quer acreditar em Jesus e vive
pedindo sinais que possam legitimar Jesus como enviado de Deus. Mas Jesus
recusa dar um sinal, pois, no fundo, se eles pedem um sinal é porque não querem
crer. O único sinal que vai ser dado é o sinal de Jonas.
* Lucas 11,30: O Sinal de Jonas. O sinal de
Jonas tem dois aspectos. O primeiro é o que afirma o texto de Lucas no
evangelho de hoje. Jonas foi um sinal para o povo de Nínive através da sua
pregação. Ouvindo Jonas, o povo se converteu. Assim, a pregação de Jesus estava
sendo um sinal para o seu próprio povo, mas o povo não dava sinais de
conversão. O outro aspecto é o que afirma o evangelho de Mateus por ocasião do
mesmo episódio: “Assim como Jonas passou três dias e três noites no ventre da
baleia, assim também o Filho do Homem passará três dias e três noites no seio
da terra” (Mt 12,40). Quando Jonas foi cuspido na praia, ele foi anunciar a
palavra de Deus ao povo de Nínive. Da mesma maneira, depois da morte e
ressurreição no terceiro dia, A Boa Nova será anunciada ao povo da Judéia.
* Lucas 11,31:
A Rainha de Sabá. Em seguida, Jesus evoca a história da Rainha de
Sabá que veio de longe para ver Salomão e aprender da sabedoria dele (cf. 1Rs
10,1-10). E por duas vezes Jesus afirma: “E aqui está quem é maior do que
Salomão”. “E aqui está quem é maior do
que Jonas”.
* Um aspecto muito importante que está por
detrás desta discussão entre Jesus os líderes do seu povo é a maneira diferente
como ele, Jesus, e os seus adversários se colocavam frente a Deus. O livro
de Jonas é uma parábola, que critica a mentalidade daqueles que queriam Deus só
para os Judeus. Na história de Jonas, os pagãos se converteram diante da
pregação de Jonas e Deus os acolheu na sua bondade e não destruiu a cidade.
Quando viu que Deus acolheu o povo de Nínive e não destruiu a cidade, “Jonas
ficou muito desgostoso e irado. E rezou a Javé: "Ah! Javé! Não era
justamente isso que eu dizia quando estava na minha terra? Foi por isso que eu
corri, tentando fugir para Társis, pois eu sabia que tu és um Deus compassivo e
clemente, lento para a ira e cheio de amor, e que voltas atrás nas ameaças
feitas. Se é assim, Javé, tira a minha vida, pois eu acho melhor morrer do que
ficar vivo" (Jonas 4,1-3). Por isso, Jonas era um sinal para os judeus do
tempo de Jesus e continua sendo um sinal também para nós cristãos. Pois,
imperceptivelmente, como em Jonas aparece também em nós uma mentalidade de que
nós cristãos temos uma espécie de monopólio de Deus e que todos os outros devem
tornar-se cristãos. Isto seria proselitismo. Jesus não pede que todos sejam
cristãos. Ele pede que todos se tornem discípulos (Mt 28,19), isto é, sejam
pessoas que como ele, irradiem e anunciem a Boa Nova do amor de Deus para todos
os povos ao redor (Mc 16,15).
Para um confronto pessoal
1) Quaresma, tempo de
conversão. O que deve mudar na imagem que tenho de Deus? Sou como Jonas ou como
Jesus?
2) Minha fé está baseada
em que? Em sinais ou na palavra do próprio Jesus?
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