Beato
Gonçalo de Amarante, presbítero
São
Gregório de Nissa, bispo, irmão de São Basílio Magno
1ª
Leitura (1Sam 3,1-10.19-20): Naqueles dias, o jovem Samuel servia o
Senhor sob a direção do sumo sacerdote Heli. Nesse tempo, a palavra do Senhor
fazia-se ouvir raras vezes e as visões não eram frequentes. Certo dia, Heli
estava deitado nos seus aposentos; os seus olhos tinham enfraquecido e mal
podia ver. A lâmpada de Deus ainda não se tinha apagado e Samuel dormia no
templo do Senhor, no lugar onde se encontrava a arca de Deus. O Senhor chamou
Samuel e ele respondeu: «Aqui estou». E, correndo para junto de Heli, disse:
«Aqui estou, porque me chamaste». Mas Heli respondeu: «Eu não te chamei; torna
a deitar-te». E ele foi deitar-se. O Senhor voltou a chamar Samuel. Samuel
levantou-se, foi ter com Heli e disse: «Aqui estou, porque me chamaste». Heli
respondeu: «Não te chamei, meu filho; torna a deitar-te». Samuel ainda não
conhecia o Senhor, porque, até então, nunca se lhe tinha manifestado a palavra
do Senhor. O Senhor chamou Samuel pela terceira vez. Ele levantou-se, foi ter
com Heli e disse: «Aqui estou, porque me chamaste». Então Heli compreendeu que
era o Senhor que chamava pelo jovem. Disse Heli a Samuel: «Vai deitar-te; e se
te chamarem outra vez, responde: ‘Falai, Senhor, que o vosso servo escuta’». Samuel
voltou para o seu lugar e deitou-se. O Senhor veio, aproximou-Se e chamou como
das outras vezes: «Samuel, Samuel!». E Samuel respondeu: «Falai, Senhor, que o
vosso servo escuta». Samuel foi crescendo; o Senhor estava com ele e nenhuma
das suas palavras deixou de cumprir-se. E todo o Israel, de Dan até Bersabeia,
reconheceu que Samuel era realmente um profeta do Senhor.
Salmo
Responsorial: 39
R. Eu venho, Senhor, para
fazer a vossa vontade.
Esperei no Senhor com toda a
confiança e Ele atendeu-me. Feliz de quem pôs a sua confiança no Senhor e não
se voltou para os arrogantes, para os que seguem a mentira.
Não Vos agradaram sacrifícios nem
oblações, mas abristes-me os ouvidos; não pedistes holocaustos nem expiações,
então clamei: «Aqui estou».
«De mim está escrito no livro da
Lei que faça a vossa vontade. Assim o quero, ó meu Deus, a vossa lei está no
meu coração».
«Proclamei a justiça na grande
assembleia, não fechei os meus lábios, Senhor, bem o sabeis. Não escondi a
justiça no fundo do coração, proclamei a vossa bondade e fidelidade».
Aleluia. As minhas ovelhas
escutam a minha voz, diz o Senhor. Eu conheço as minhas ovelhas e elas
seguem-Me. Aleluia.
Evangelho
(Mc 1,29-39): Logo que saíram da sinagoga, foram com Tiago e João para a
casa de Simão e André. A sogra de Simão estava de cama, com febre, e logo
falaram dela a Jesus. Ele aproximou-se e, tomando-a pela mão, levantou-a; a
febre a deixou, e ela se pôs a servi-los. Ao anoitecer, depois do pôr do sol,
levavam a Jesus todos os doentes e os que tinham demônios. A cidade inteira se
ajuntou à porta da casa. Ele curou muitos que sofriam de diversas enfermidades;
expulsou também muitos demônios, e não lhes permitia falar, porque sabiam quem
ele era. De madrugada, quando ainda estava bem escuro, Jesus se levantou e saiu
rumo a um lugar deserto. Lá, ele orava. Simão e os que estavam com ele se
puseram a procurá-lo. E quando o encontraram, disseram-lhe: «Todos te
procuram». Jesus respondeu: «Vamos a outros lugares, nas aldeias da redondeza,
a fim de que, lá também, eu proclame a Boa Nova. Pois foi para isso que eu
saí». E foi proclamando nas sinagogas por toda a Galileia, e expulsava os
demônios.
«De madrugada, quando ainda
estava bem escuro, Jesus se levantou e saiu rumo a um lugar deserto. Lá, ele
orava. »
Frei Josep Mª MASSANA i Mola OFM (Barcelona,
Espanha)
Hoje vemos claramente como Jesus
dividia a jornada. Por um lado, dedicava-se à oração e, por outro, à missão de
predicar com palavras e com obras. Contemplação e ação. Oração e trabalho.
Estar com Deus e estar com os homens.
De fato, vemos Jesus entregado em
Corpo e alma em sua tarefa de Messias e Salvador: cura aos doentes, como à
sogra de São Pedro e muitos outros, consola os que estão tristes, expulsa
demônios, predica. Todos levam-lhe seus doentes e endemoniados. Todos querem
escutá-lo: «Todos te procuram» (Mc 1,37),dizem os discípulos. Seguro de que
tinha uma atividade frequentemente cansativa, que quase não lhe deixava nem
respirar.
Mas, Jesus procurava também tempo
de solidão para se dedicar à oração: «De madrugada, quando ainda estava bem
escuro, Jesus se levantou e saiu rumo a um lugar deserto. Lá, ele orava» (Mc
1,35). Em outras partes dos Evangelhos vemos Jesus dedicado à oração em outras
horas e, inclusive a altas horas da noite. Sabia distribuir o tempo sabiamente,
para que sua jornada tivesse um equilíbrio razoável de trabalho e oração
Nós dizemos frequentemente: Não
tenho tempo! Estamos ocupados com o trabalho do lar, com o trabalho
profissional e, com as inumeráveis tarefas que enchem nossa agenda. Com
frequência cremo-nos dispensados da oração diária. Fazemos muitas coisas
importantes, isso sim, mas corremos o risco de esquecer a mais necessária: a
oração. Devemos criar um equilíbrio para fazer umas sem desatender as outras.
São Francisco o propõe assim: «Há
que trabalhar fielmente e com dedicação, sem apagar o espírito da santa oração
e devoção, para o que hão de servir as outras coisas temporais».
Deveríamos nos organizar um pouco
mais. Disciplinar-nos, “domesticando” o tempo. O que é importante há de caber.
Ainda mais o que é necessário.
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«Procurai reunir-vos mais vezes
para celebrardes em ação de graças e os louvores divinos. Quando vos reunis com
frequência, num mesmo lugar, debilita-se o poder de Satanás e a unidade da
vossa fé impede-o de vos causar qualquer tipo de mal» (Santo Ignácio de
Antioquía)
«O “amor formoso” aprende-se,
sobretudo, rezando. A oração leva sempre consigo uma espécie de esconderijo com
Cristo, em Deus. Apenas num esconderijo destes o Espírito Santo pode atuar, ele
que é fonte do “amor formoso”» (São João Paulo II)
«Não se faz contemplação [oração]
quando se tem tempo; ao invés, arranja-se tempo para estar com o Senhor, com a
firme determinação de não Lho retirar durante o caminho, sejam quais forem as
provações e a aridez do encontro» (Catecismo da Igreja Católica, nº 2.710)
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm.
* Jesus restaura a vida para o
serviço. Depois de participar da celebração do sábado na sinagoga, Jesus
entrou na casa de Pedro e curou a sogra dele. A cura fez com ela se colocasse
de pé e, com a saúde e a dignidade recuperadas, começasse a servir as pessoas.
Jesus não só cura a pessoa, mas cura para que a pessoa se coloque a serviço da
vida.
* Jesus acolhe os
marginalizados. Ao cair da tarde, terminado o sábado na hora do
aparecimento da primeira estrela no céu, Jesus acolhe e cura os doentes e os
possessos que o povo tinha trazido. Os doentes e possessos eram as pessoas mais
marginalizadas naquela época. Elas não tinham a quem recorrer. Ficavam
entregues à caridade pública. Além disso, a religião as considerava impuras.
Elas não podiam participar na comunidade. Era como se Deus as rejeitasse e as
excluísse. Jesus as acolhe. Assim, aparece em que consiste a Boa Nova de Deus e
o que ela quer atingir na vida da gente: acolher os marginalizados e os
excluídos, e reintegrá-los na convivência da comunidade.
* Permanecer unido ao Pai pela
oração. Jesus aparece rezando. Ele faz um esforço muito grande para ter o
tempo e o ambiente apropriado para rezar. Levantou mais cedo que os outros e
foi para um lugar deserto, para poder estar a sós com Deus. Muitas vezes, os
evangelhos nos falam da oração de Jesus no silêncio (Mt 14,22-23; Mc 1,35; Lc
5,15-16; 3,21-22). É através da oração que ele mantém viva em si a consciência
da sua missão.
* Manter viva a consciência da missão e não se
fechar no resultado já obtido. Jesus se tornou conhecido. Todos iam atrás
dele. Esta publicidade agradou aos discípulos. Eles vão em busca de Jesus para
levá-lo de volta junto do povo que o procurava, e lhe dizem: Todos te procuram.
Pensavam que Jesus fosse atender ao convite. Engano deles! Jesus não atendeu e
disse: Vamos para outros lugares. Foi para isto que eu vim! Eles devem ter estranhado! Jesus não era como
eles o imaginavam. Jesus tem uma consciência muito clara da sua missão e quer
transmiti-la aos discípulos. Não quer que eles se fechem no resultado já
obtido. Não devem olhar para trás. Como Jesus, devem manter bem viva a
consciência da sua missão. É a missão recebida do Pai que deve orientá-los na
tomada das decisões.
* Foi para isto que eu vim!
Este foi o primeiro mal-entendido entre Jesus e os discípulos. Por ora, é
apenas uma pequena divergência. Mais adiante no evangelho de Marcos, este
mal-entendido, apesar das muitas advertências de Jesus, vai crescer e chegar a
uma quase ruptura entre Jesus e os discípulos (cf. Mc 8,14-21.32-33;
9,32;14,27). Hoje também existem mal-entendidos sobre o rumo do anúncio da Boa
Nova. Marcos ajuda a prestar atenção nas divergências, para não permitir que
elas cresçam até à ruptura
Para um confronto pessoal
1) Jesus não veio para ser
servido, mas para servir. A sogra de Pedro começou a servir. E eu, faço da
minha vida um serviço a Deus e aos irmãos e às irmãs?
2) Jesus mantinha a
consciência da sua missão através da oração. E a minha oração?
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