Bta Maria
Teresa de Jesus Scrilli, virgem de nossa Ordem e Fundadora da Congregação das
Irmãs de N. Sra do Monte Carmelo
Sto Estanislau Kotska, religioso
1ª
Leitura (Sab 1,1-7): Amai a justiça, vós que governais a terra, pensai corretamente
no Senhor e procurai-O com simplicidade de coração. Porque Ele deixa-Se
encontrar pelos que não O tentam e revela-Se aos que n’Ele confiam. Os
pensamentos tortuosos afastam de Deus e o Omnipotente, posto à prova, confunde
os insensatos. A Sabedoria não entra na alma maliciosa, nem habita num corpo
sujeito ao pecado. Porque o Espírito sagrado, nosso educador, foge da
hipocrisia, afasta-se dos pensamentos insensatos e retira-se quando chega a
iniquidade. A Sabedoria é um espírito amigo dos homens, mas não deixa sem
castigo as palavras do blasfemo. Porque Deus é testemunha dos seus íntimos
sentimentos, observa o seu coração segundo a verdade e ouve as suas palavras. O
Espírito do Senhor enche o universo; ele, que abrange todas as coisas, sabe
tudo o que se diz.
Salmo
Responsorial: 138
R. Conduzi-me, Senhor, pelo
caminho da eternidade.
Senhor, Vós conheceis o íntimo do
meu ser: sabeis quando me sento e quando me levanto. De longe penetrais o meu
pensamento: Vós me vedes quando caminho e quando descanso, Vós observais todos
os meus passos.
Ainda a palavra me não chegou à
língua e já, Senhor, a conheceis perfeitamente. Por todos os lados me envolveis
e sobre mim pondes a vossa mão.
Prodigiosa ciência, que não posso
compreender, tão sublime que a não posso alcançar! Refrão Onde poderei
ocultar-me ao vosso espírito? Onde evitarei a vossa presença? Se subir ao céu,
Vós lá estais; se descer aos abismos, ali Vos encontrais.
Se voar nas asas da aurora, se
habitar nos confins do oceano, mesmo ali a vossa mão me guiará e a vossa
direita me sustentará.
Aleluia. Vós brilhais como
estrelas no mundo, anunciando a palavra da vida. Aleluia.
Evangelho
(Lc 17,1-6): Jesus disse a seus discípulos: «É inevitável que surjam
ocasiões de pecado, mas ai daquele que as provoca! Seria melhor para ele ser
atirado ao mar com uma pedra de moinho amarrada ao pescoço, do que fazer cair
um só desses pequenos. Cuidado, portanto! Se teu irmão pecar, repreende-o. Se
ele se arrepender, perdoa-lhe. Se pecar contra ti sete vezes num só dia, e sete
vezes vier a ti, dizendo: ‘Estou arrependido’, perdoa-lhe». Os apóstolos
disseram ao Senhor: «Aumenta a nossa fé!» O Senhor respondeu: «Se tivésseis fé,
mesmo pequena como um grão de mostarda, poderíeis dizer a esta amoreira:
‘Arranca-te daqui e planta-te no mar’, e ela vos obedeceria».
«Se pecar contra ti sete vezes
num só dia, e sete vezes vier a ti (...) perdoa-lhe »
Rev. D. Pedro-José YNARAJA i Díaz
(El Montanyà, Barcelona, Espanha)
Hoje, o Evangelho nos fala de
três temas importantes. Em primeiro lugar, da nossa atitude perante as
crianças. Se em outras ocasiões elogiaram a infância, nesta somos advertidos do
mal que podemos ocasionar-lhes.
Escandalizar não é alvoroçar ou
estranhar, como às vezes se entende; a palavra grega usada pelo evangelista foi
“skandalon”, que significa objeto que faz tropeçar ou escorregar, uma pedra no
caminho ou uma casca de banana, para ficar mais claro. Devemos respeitar as
crianças e, «É inevitável que surjam ocasiões de pecado, mas ai daquele que as
provoca!» (cf. Lc 17,1). Jesus lhe anuncia um castigo tremendo e o faz com uma
imagem muito eloquente. Ainda se encontram na Terra Santa pedras de moinhos
antigas; é uma espécie de grandes diabolôs (são parecidas também, em tamanho
maior, aos colares que se colocam no pescoço aos traumatizados). Introduzir a
pedra no escandalizador e tirá-la na água expressa um terrível castigo. Jesus
utiliza uma linguajem quase de humor negro. Pobres de nós se danamos as
crianças! Pobres de nós se os iniciamos no pecado! E há muitas formas de
prejudicá-los: mentir, ambicionar, triunfar injustamente, se dedicar a
necessidades que satisfarão sua vaidade...
Em segundo lugar, o perdão. Jesus
nos pede que perdoemos tantas vezes como seja necessário e, ainda no mesmo dia,
se o outro está arrependido, apesar de que nos magoe a alma: «Se teu irmão
pecar, repreende-o. Se ele se arrepender, perdoa-lhe» (Lc 17,3). O termômetro
da caridade é a capacidade de perdoar.
Em terceiro lugar, a fé: Mais que
uma riqueza do entendimento (no sentido meramente humano), é um “estado de
ânimo”, fruto da experiência de Deus, de poder obrar contando com sua
confiança. «A fé é o início da verdadeira vida», diz São Inácio de Antioquia.
Quem age com fé consegue coisas assombrosas, assim a expressa o Senhor ao
dizer: «Se tivésseis fé, mesmo pequena como um grão de mostarda, poderíeis
dizer a esta amoreira: ‘Arranca-te daqui e planta-te no mar’, e ela vos
obedeceria» (Lc 17,6).
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«A prática da correção fraterna -
que tem uma dimensão evangélica - é uma prova sobrenatural de carinho e de
confiança. Agradeça-o quando a receberes, e não deixes de a praticar com
aqueles com quem convives» (São Josemaría)
«A fé - confiar em Cristo,
acolhê-Lo, deixá-Lo transformar-nos, segui-Lo sem reservas - torna possíveis as
coisas humanamente impossíveis» (Bento XVI)
«Aquele que usa dos poderes de
que dispõe, em condições que induzem a agir mal, torna-se culpado de escândalo
e responsável pelo mal que, direta ou indiretamente, favorece. `É inevitável
que haja escândalos, mas ai daquele que os causa´(Lc 17,1)» (Catecismo da
Igreja Católica, nº 2.287)
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm.
* O evangelho de hoje traz
três palavras distintas de Jesus: uma sobre como evitar o escândalo dos
pequenos, outra sobre a importância do perdão e uma terceira sobre o tamanho da
fé em Deus que devemos ter.
* Lucas 17,1-2: Primeira palavra: evitar o
escândalo. “Jesus disse a seus discípulos: "É inevitável que aconteçam
escândalos, mas, ai daquele que produz escândalos! Seria melhor para ele que
lhe amarrassem uma pedra de moinho no pescoço e o jogassem no mar, do que
escandalizar um desses pequeninos”. Escândalo é aquilo que faz a pessoa
tropeçar e cair. No nível da fé significa aquilo que desvia a pessoa do bom
caminho. Escandalizar os pequenos é ser motivo pelo qual os pequenos se desviem
e percam a fé em Deus. Quem faz isto recebe a seguinte sentença: “Corda no
pescoço amarrada numa pedra de moinho para ser jogado no fundo do mar!” Por que
tanta severidade? É porque Jesus se identifica com os pequenos, os pobres. (Mt
25,40.45). São os seus preferidos, os primeiros destinatários da Boa Nova (cf.
Lc 4,18). Quem toca neles, toca em Jesus! Ao longo dos séculos, muitas vezes,
nós cristãos pelo nosso modo de viver a fé fomos motivo pelo qual os pequenos
se afastaram da igreja e procuraram outras religiões. Já não conseguiam crer,
como dizia o apóstolo na carta aos romanos, citando o profeta Isaías: "Por
causa de vocês, o nome de Deus é blasfemado entre os pagãos." (Rm 2,24; Is
52,5; Ez 36,22). Até onde nós temos culpa? Será que merecemos a corda no
pescoço?
* Lucas 17,3-4: Segunda palavra: Perdoar o
irmão. “Prestem atenção! Se o seu irmão peca contra você, chame a atenção
dele. Se ele se arrepender, perdoe. Se ele pecar contra você sete vezes num só
dia, e sete vezes vier a você, dizendo: 'Estou arrependido', você deve
perdoá-lo”. Sete vezes por dia! Não é
pouco! Jesus pede muito! No evangelho de Mateus, ele diz que devemos perdoar
até setenta vezes sete! (Mt 18,22). O perdão e a reconciliação são um dos
assuntos em que Jesus mais insiste. A graça de poder perdoar as pessoas e
reconciliá-las entre si e com Deus foi dada a Pedro (Mt 16,19), aos apóstolos
(Jo 20,23) e à comunidade (Mt 18,18). A parábola sobre a necessidade de perdoar
o próximo não deixa dúvida: se não perdoarmos aos irmãos, não podemos receber o
perdão de Deus (Mt 18,22-35; 6,12.15; Mc 11,26). Pois não há proporção entre o
perdão que recebemos de Deus e o perdão que devemos oferecer ao próximo. O
perdão com que Deus nos perdoa gratuitamente é como dez mil talentos comparados
com cem denários (Mt 18,23-35). A Bíblia de Jerusalém fez o cálculo: dez mil
talentos são 174 toneladas de ouro; cem denários não passam de 30 gramas de
ouro.
* Lucas 17,5-6: Terceira palavra: Aumentar em
nós a fé. “Os apóstolos disseram ao Senhor: "Aumenta a nossa fé!"
O Senhor respondeu: "Se vocês tivessem fé do tamanho de uma semente de
mostarda, poderiam dizer a esta amoreira: 'Arranque-se daí, e plante-se no
mar'. E ela obedeceria a vocês”. Neste contexto de Lucas, a pergunta dos
apóstolos aparece como motivada pela ordem de Jesus de perdoar até sete vezes
por dia ao irmão ou à irmã que pecar contra nós. Não é fácil perdoar. O coração
fica magoado, e a razão arruma mil motivos para não perdoar. Só com muita fé em
Deus é possível chegarmos ao ponto de ter um amor tão grande que ele nos torne
capazes de perdoar até sete vezes por dia ao irmão que peca contra nós.
Humanamente falando, aos olhos do mundo, perdoar assim é loucura e escândalo,
mas para nós tal atitude é expressão da sabedoria divina que nos perdoa
infinitamente mais. Dizia Paulo: “Nós anunciamos Cristo crucificado, escândalo
para os judeus e loucura para os pagãos. (1Cor 1,23) .
Para um confronto pessoal
1) Na minha vida, alguma
vez, já fui motivo de escândalo par o meu próximo? Ou alguma vez, os outros
foram motivo de escândalo para mim?
2) Será que sou capaz de
perdoar sete vezes por dia ao irmão ou à irmã que me ofende sete vezes por dia?
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