quinta-feira, 2 de novembro de 2023

Sábado XXX do Tempo Comum

São Carlos Borromeu, bispo
 
1ª Leitura (Rom 11,1-2a.11-12.25-29):
Irmãos: Eu pergunto: Teria Deus rejeitado o seu povo? De modo nenhum. Porque eu também sou israelita, da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim. Deus não rejeitou o seu povo, que de antemão conheceu. Pergunto ainda: Teria Israel tropeçado para cair definitivamente? De modo nenhum. Mas da sua queda resultou a salvação dos gentios, para provocar a emulação de Israel. Se a sua queda se tornou riqueza para o mundo e o seu declínio riqueza para os gentios, que não fará a sua participação plena na salvação? Não quero, irmãos, que ignoreis este mistério, para não pensardes que sois sábios: O endurecimento de uma parte de Israel durará até que chegue à salvação a plenitude dos gentios. Então todo Israel será salvo, como diz a Escritura: «De Sião virá o Libertador, que afastará as iniquidades de Jacob. E esta será a aliança que farei com eles, quando perdoar os seus pecados». Quanto ao Evangelho, eles são inimigos de Deus para vossa utilidade; mas quanto à escolha divina, são por Ele amados por causa dos seus pais. Porque os dons e o chamamento de Deus são irrevogáveis.
 
Salmo Responsorial: 93
R. O Senhor não abandona o seu povo.
 
Feliz o homem a quem Vós ensinais, Senhor, e instruís na vossa lei, para lhe dar a paz nos dias de angústia.
 
O Senhor não rejeita o seu povo nem abandona a sua herança. Mas há-de julgar com justiça e hão de segui-la todos os corações retos.
 
Se o Senhor não viesse em meu auxílio, em breve a minha alma habitaria no silêncio. Quando digo: «Os meus pés vacilam», a vossa bondade, Senhor, me sustenta.
 
Aleluia. Tomai o meu jugo sobre vós, diz o Senhor, e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração. Aleluia.
 
Evangelho (Lc 14,1.7-11): Num dia de sábado, Jesus foi comer na casa de um dos chefes dos fariseus. Estes o observavam. Jesus notou como os convidados escolhiam os primeiros lugares. Então contou-lhes uma parábola: «Quando fores convidado para uma festa de casamento, não ocupes o primeiro lugar. Pode ser que tenha sido convidado alguém mais importante, e o dono da casa, que convidou os dois, venha a te dizer: ‘Cede o lugar a ele’. Então irás cheio de vergonha ocupar o último lugar. Ao contrário, quando fores convidado, vai sentar-te no último lugar. Quando chegar então aquele que te convidou, ele te dirá: ‘Amigo, vem para um lugar melhor!’ Será uma honra para ti, à vista de todos os convidados. Pois todo aquele que se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado».
 
«Notou como os convidados escolhiam os primeiros lugares....»
 
Rev. D. Josep FONT i Gallart (Getafe, Espanha)
 
Hoje, você reparou no início deste Evangelho? Estes, os fariseus, o observavam. E Jesus também observa: «Notou como os convidados escolhiam os primeiros lugares» (Lc 14,1). Que jeito diferente de observar!
 
A observação, como todas as ações internas e externas, varia conforme a motivação que a provoca, conforme as inseguranças internas, conforme ao que existe no coração do observador. Os fariseus –como diz o Evangelho em diversas partes- observam a Jesus para acusá-lo. E Jesus observa para ajudar, para servir, para fazer o bem. E, como uma mãe atenciosa, aconselha: «Quando fores convidado para uma festa de casamento, não ocupes o primeiro lugar» (Lc 13,8).
 
Jesus disse com palavras o que Ele é e o que leva em seu coração: não procura ser honrado, mas honrar; não pensa em sua honra, mas na honra do Pai. Não pensa nele, mas nos outros. Toda a vida de Jesus é uma revelação de quem é Deus: “Deus é amor”.
 
Por isso, em Jesus se faz realidade –mais que em ninguém- seu ensino: «Por isso Deus o exaltou à mais alta posição e lhe deu o nome que está acima de todo nome» (Fl 2, 9-10).
 
Jesus é o Mestre em obras e palavras. Os cristãos queremos ser seus discípulos. Somente podemos ter a conduta do Mestre se dentro do nosso coração temos o que Ele tinha, se temos seu Espírito, o Espírito do amor. Trabalhemos para nos abrir totalmente ao seu Espírito e para nos deixar tocar e possuir completamente por Ele.
 
E isso sem pensar em ser “exaltados”, sem pensar em nós, mas somente nele. «Mesmo que não existisse o céu, eu te amaria; mesmo que não existisse o inferno, eu te temeria; igual como te quero, te quereria» (Autor anônimo). Levados somente pelo amor.
 
Pensamentos para o Evangelho de hoje
«Oh, como é bela a alma humilde: do seu coração, como se fosse um incensário, sobe um perfume extremamente agradável e, através das nuvens, chega ao próprio Deus» (Santa Faustina Kowalska)
 
«O próprio Cristo assumiu o último lugar no mundo -a cruz- e precisamente com esta humildade radical nos redimiu e nos ajuda constantemente» (Bento XVI)
 
«Assim, a contemplação é a expressão mais simples do mistério da oração. É um dom, uma graça; só pode ser acolhida na humildade e na pobreza (…)» (Catecismo da Igreja Católica, nº 2.713)
 
“Todo aquele que se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado.

*
Ao contar esta parábola para aqueles que jantam com Ele na casa do fariseu, Jesus toca uma corda em seus corações. É claro que Sua audiência estava repleta daqueles que buscavam a estima dos outros e estavam muito preocupados com sua reputação social. Teria sido um pensamento assustador para eles ocuparem o lugar de honra em um banquete apenas para serem constrangidos pelo anfitrião quando solicitado a se mudar para um lugar mais baixo. Essa humilhação era clara para aqueles que estavam presos no mundo do prestígio social.
 
* Jesus usa esse exemplo embaraçoso como forma de destacar seu orgulho e o perigo de viver de maneira tão orgulhosa. Ele continua dizendo: “Porque todo aquele que se exalta será humilhado, mas quem se humilha será exaltado”.
 
* Nunca podemos examinar nossas consciências com frequência suficiente em relação ao orgulho. O orgulho é referido como a “Mãe de todos os pecados” por uma razão. O orgulho leva a todos os outros pecados e, de muitas maneiras, é a fonte de todos os pecados. Portanto, se queremos buscar a perfeição na vida, devemos buscar a verdadeira humildade diariamente.
 
* A humildade nada mais é do que ver as coisas como elas são. Uma pessoa humilde se vê na verdade de Deus. Isso pode ser difícil de fazer porque exige que nos vejamos como fracos e dependentes de Deus. Podemos ser capazes de realizar muitas coisas mundanas por meio de nossa própria força e trabalho árduo. Mas não podemos alcançar a felicidade e a bondade a menos que nos abramos para a verdade de nossas fraquezas e dependência de Deus para todas as coisas.
 
* A humildade também ajuda a purificar nossos corações de algo que é muito difícil de abandonar. O orgulho nos leva a buscar profundamente a estima dos outros e a depender dessa estima para nossa felicidade. Esse é um caminho perigoso porque nos deixa constantemente dependentes das opiniões dos outros. E com demasiada frequência, as opiniões dos outros são baseadas em critérios falsos e superficiais.
 
* Reflita, hoje, sobre como você está livre das opiniões enganosas e falsas dos outros. Claro, você precisa procurar regularmente conselhos daqueles que conhece e ama. Mas você deve permitir-se depender apenas de Deus e de Sua Verdade. Quando você fizer isso, você estará bem no caminho da verdadeira humildade.
 
 

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