Beata
Alexandrina Maria da Costa, virgem
Santo Eduardo III, o Confessor, leigo
1ª
Leitura (Joel 1,13-15; 2,1-2): Vesti-vos de luto e chorai, sacerdotes,
entoai lamentações, ministros do altar. Vinde passar a noite com vestes de
penitência, ministros do meu Deus. Porque no templo de Deus, desapareceram a
oferenda e a libação. Proclamai um solene jejum, convocai uma assembleia. Reuni
os anciãos e todos os habitantes do país no templo do Senhor, vosso Deus. E
clamai ao Senhor: «Ah, que dia este!». Está próximo o dia do Senhor, que vai
chegar como devastação que vem do Omnipotente. Tocai a trombeta em Sião, dai o
alarme no meu santo monte. Estremeçam todos os habitantes do país, porque está
a chegar o dia do Senhor. Sim, ele está próximo: será dia de trevas e de
escuridão, dia de nuvens e de sombras. Como a luz da aurora, estende-se sobre
os montes um povo numeroso e forte. Nunca houve povo nenhum como ele, nem
depois dele haverá outro, até às mais longínquas gerações.
Salmo
Responsorial: 9
R. O Senhor julgará a terra
com justiça.
De todo o coração, Senhor, Vos
quero louvar e contar todas as vossas maravilhas. Quero alegrar-me e exultar em
Vós, quero cantar o vosso nome, ó Altíssimo.
Ameaçastes os pagãos, destruístes
os ímpios, apagastes o seu nome para sempre. Afundaram-se as nações no fosso
que abriram, ficaram presos os seus pés na armadilha que prepararam.
O Senhor é rei para sempre,
firmou o seu trono para julgar. Ele julga a terra com justiça, governa os povos
com retidão.
Aleluia. Chegou a hora em que
vai ser expulso o príncipe deste mundo, diz o Senhor; e quando Eu for levantado
da terra, atrairei todos a Mim. Aleluia.
Evangelho
(Lc 11,15-26): Naquele tempo, depois de que Jesus expulsou um demônio,
alguns disseram: É pelo poder de Beelzebu, o chefe dos demônios, que ele
expulsa os demônios. Outros, para tentar Jesus, pediam-lhe um sinal do céu. Mas,
conhecendo seus pensamentos, ele disse-lhes: Todo reino dividido internamente
será destruído; cairá uma casa sobre a outra. Ora, se até Satanás está dividido
internamente, como poderá manter-se o seu reino? Pois dizeis que é pelo poder
de Beelzebu que eu expulso os demônios. Se é pelo poder de Beelzebu que eu
expulso os demônios, pelo poder de quem então vossos discípulos os expulsam?
Por isso, eles mesmos serão vossos juízes. Mas, se é pelo dedo de Deus que eu expulso
os demônios, é porque o Reino de Deus já chegou até vós. Quando um homem forte
e bem armado guarda o próprio terreno, seus bens estão seguros. Mas, quando
chega um mais forte do que ele e o vence, arranca-lhe a armadura em que
confiava e distribui os despojos. Quem não está comigo é contra mim; e quem não
recolhe comigo, espalha. Quando o espírito impuro sai de alguém, fica vagando
por lugares áridos, à procura de repouso. Não o encontrando, diz: Vou voltar
para minha casa de onde saí. Chegando aí, encontra a casa varrida e arrumada.
Então ele vai e traz outros sete espíritos piores do que ele, que entram e se
instalam aí. No fim, o estado dessa pessoa fica pior do que antes.
«Alguns disseram: É pelo poder
de Beelzebu, o chefe dos demônios, que ele expulsa os demônios»
Rev. D. Josep PAUSAS i Mas(Sant
Feliu de Llobregat, Espanha)
Hoje, contemplamos comovidos como
Jesus é ridiculamente culpado de expulsar demônios: É pelo poder de Beelzebul,
o chefe dos demônios, que ele expulsa os demônios (Lc 11,15). É difícil
imaginar um bem maior, expulsar, afastar das almas ao diabo, o instigador do
mal e, ao mesmo tempo, escutar a acusação mais grave fazê-lo, precisamente,
pelo poder do próprio diabo. É realmente uma incriminação gratuita, que
manifesta muita cegueira e inveja por parte dos acusadores do Senhor. Hoje em
dia, também, sem perceber, eliminamos de raiz o direito que os outros têm a
discrepar, a serem diferentes e, a terem suas próprias posições contrárias e,
incluso, opostas às nossas.
Quem o vive fechado em um
dogmatismo político, cultural ou ideológico, facilmente menospreza ao que
discrepa, desqualificando todo seu projeto e negando-lhe competência e,
inclusive honestidade. Em tal caso, o adversário político ou ideológico
transforma-se no inimigo pessoal. O confronto degenera em insulto e
agressividade. O clima de intolerância e mútua exclusão violenta pode, então,
nos conduzir à tentação de eliminar de alguma maneira a quem se nos apresenta
como inimigo.
Nesse clima é fácil justificar
qualquer atentado contra pessoas, inclusive, os assassinatos, se o morto não é
dos nossos. Quantas pessoas sofrem hoje com esse ambiente de intolerância e
rechaço mútuo que frequentemente se respira nas instituições públicas, nos
locais de trabalho, nas assembleias e confrontos políticos!
Entre todos devemos criar as
condições e um clima de tolerância, respeito mútuo e confronto leal no qual
seja possível ir achando caminhos de diálogo. Os cristãos, longe de endurecer e
sacralizar falsamente nossas posições manipulando a Deus e identificando-o com
nossas próprias posturas, devemos seguir a este Jesus que quando seus
discípulos pretendiam que impedisse que outros expulsaram demônios em nome
dele, os corrigiu dizendo-lhes: Não o proibais, pois quem não é contra vós,
está a vosso favor(Lc 9,50). Todo o inumerável coro de pastores reduz-se ao
Corpo de um só Pastor (Santo Agostinho).
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«Já que Cristo, com a sua vinda,
expulsou o diabo dos nossos corações para preparar em nós um templo, façamos
todos os esforços com a sua ajuda para que Cristo não seja desonrado em nós
pelas nossas más obras» (São Cesário de Arles)
«O Diabo está sempre a tentar
arruinar a obra de Deus, semeando a divisão no coração humano, entre o corpo e
a alma, entre o homem e Deus, nas relações sociais, internacionais... O mal
semeia a guerra; Deus cria a paz» (Bento XVI)
«(…) O poder de Satanás não é
infinito. Satanás é uma simples criatura, poderosa pelo facto de ser puro
espírito, mas, de qualquer modo, criatura: impotente para impedir a edificação
do Reino de Deus. (…)» (Catecismo da Igreja Católica, nº 395)
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm.
* O evangelho de hoje traz uma última crítica de
Jesus contra as autoridades religiosas do seu tempo.
* Lucas 12,1ª: Milhares buscam Jesus. “Enquanto
isso, milhares de pessoas se reuniram, de modo que uns pisavam nos outros”.
Esta frase deixa transparecer a enorme popularidade de Jesus e o desejo do povo
de encontrar-se com ele (cf. Mc 6,31; Mt 13,2). Deixa transparecer também o
abandono em que se encontrava o povo. “São como ovelhas sem pastor”, dizia
Jesus em outra ocasião quando via a multidão aproximar-se dele para ouvir a sua
palavra (Mc 6,34).
* Lucas 12,1b: Cuidado com a hipocrisia. “Jesus
começou a falar, primeiro a seus discípulos: "Tomem cuidado com o fermento
dos fariseus, que é a hipocrisia”.
Marcos já falava do fermento dos fariseus e dos herodianos e sugeria que
se tratava da mentalidade ou da ideologia dominante da época que esperava um
messias glorioso e poderoso (Mc 8,15; 8,31-33). Aqui no nosso texto, Lucas
identifica o fermento dos fariseus com a hipocrisia. Hipocrisia é uma atitude
que inverte os valores. Esconde a verdade. Mostra uma casca bonita que encobre
e disfarça a podridão dentro da casca. No caso, a hipocrisia era a casca
aparente da fidelidade máxima à palavra de Deus que escondia a contradição da
vida deles. Jesus quer o contrário. Quer a coerência que não deixa no
escondido.
* Lucas 12,2-3: O escondido será revelado. “Não
há nada de escondido que não venha a ser revelado, e não há nada de oculto que
não venha a ser conhecido. Pelo contrário, tudo o que vocês tiverem feito na
escuridão, será ouvido à luz do dia; e o que vocês tiverem pronunciado em
segredo, nos quartos, será proclamado sobre os telhados". É a segunda vez que Lucas fala deste assunto
(cf. Lc 8,17). Em vez da hipocrisia dos fariseus que esconde a verdade, os
discípulos devem ter a sinceridade. Não devem ter medo da verdade. Jesus os
convida a partilhar com os outros os ensinamentos que dele aprenderam. Os
discípulos não podem conservá-los só para si, mas devem divulgá-los. Um dia, as
máscaras vão cair e tudo será revelado às claras, proclamado sobre os telhados
(cf. Mt 10,26-27).
* Lucas 12,4-5: Não ter medo. “Pois bem, eu
digo a vocês, meus amigos: não tenham medo daqueles que matam o corpo, e depois
disso nada mais têm a fazer. Vou mostrar a quem vocês devem temer: tenham medo
daquele que, depois de ter matado, tem poder de jogá-los no inferno. Eu lhes
digo: é a este que vocês devem temer”. Aqui Jesus se dirige aos seus amigos, os
discípulos e discípulas. Eles não devem ter medo daqueles que matam o corpo,
que torturam, machucam e fazem sofrer. Os torturadores podem até matar o corpo,
mas não conseguem matar neles a liberdade e o espírito. Devem ter medo, isto
sim, de que o medo do sofrimento os leve a esconder ou a negar a verdade e,
assim, os faça ofender a Deus. Pois quem se afasta de Deus se perde para
sempre.
* Lucas 12,6-7: Vocês valem mais que muitos
pardais. “Não se vendem cinco pardais por alguns trocados? No entanto,
nenhum deles é esquecido por Deus. Até mesmo os cabelos da cabeça de vocês
estão todos contados. Não tenham medo! Vocês valem mais do que muitos pardais”.
Os discípulos não devem ter medo de nada, pois eles estão na mão de Deus. Jesus
manda olhar os passarinhos. Dois pardais se vendem por poucos centavos e, no
entanto, nenhum pardal cai no chão sem o consentimento do Pai. Até os cabelos
na cabeça estão contados. Lucas diz que nenhum cabelo cai sem a licença do Pai
(Lc 21,18). E caem tantos cabelos! Por isso, “não tenham medo. Vocês valem
muito mais que muitos pardais”. É a lição que Jesus tirou da contemplação da
natureza. (cf Mt 10,29-31)
* A contemplação da natureza. No Sermão da
Montanha, a mensagem mais importante, Jesus a tirou da contemplação da
natureza. Eles dizem: "Vocês ouviram o que foi dito: 'Ame o seu próximo, e
odeie o seu inimigo!' Eu, porém, lhes digo: amem os seus inimigos, e rezem por
aqueles que perseguem vocês! Assim vocês se tornarão filhos do Pai que está no
céu, porque ele faz o sol nascer sobre maus e bons, e a chuva cair sobre justos
e injustos. Portanto, sejam perfeitos como é perfeito o Pai de vocês que está
no céu." (Mt 5,43-45.48). A observação do ritmo do sol e da chuva levaram
Jesus e esta afirmação revolucionária: “Eu lhes digo amem os seus inimigos!” O
mesmo vale para o convite de olhar os lírios do campo e as aves do céu (Mt
6,25-30). Esta surpreendente atitude contemplativa diante da natureza levou
Jesus a criticar verdades aparentemente eternas. Seis vezes em seguida ele teve
a coragem de corrigir publicamente a Lei de Deus: “Antigamente foi dito, mas eu
digo...”. A descoberta feita na contemplação renovada da natureza tornou-se
para ele uma luz muito importante para reler a história com outros olhos e
descobrir nela luzes que antes não eram percebidas. Hoje está em andamento uma
nova visão do universo. As descobertas da ciência a respeito da imensidão do macrocosmo
e do microcosmo estão sendo fonte de uma nova contemplação do universo, Já está
começando a crítica de muitas verdades aparentemente eternas.
Para um confronto pessoal
1) O escondido será
revelado. Tem em mim algo do qual tenho medo de que seja revelado?
2) A contemplação dos
pardais e das coisas da natureza levaram Jesus a atitudes novas e
surpreendentes que revelavam a bondade gratuita de Deus. Tenho costume de
contemplar a natureza?
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