Bto.
Carlos de Habsburgo, Imperador da Áustria, Rei da Hungria, Croácia e Boêmia.
1ª
Leitura (Rom 4,13.16-18): Irmãos: Não foi por meio da Lei, mas pela
justiça da fé, que se fez a Abraão ou à sua descendência a promessa de que
receberia o mundo como herança. Portanto a herança vem pela fé, para que seja dom
gratuito de Deus e a promessa seja válida para toda a descendência, não só para
a descendência segundo a Lei, mas também para a descendência segundo a fé de
Abraão. Ele é o pai de todos nós, como está escrito: «Fiz de ti o pai de muitos
povos». Ele é o nosso pai diante d’Aquele em quem acreditou, o Deus que dá vida
aos mortos e chama à existência o que não existe. Esperando contra toda a
esperança, Abraão acreditou, tornando-se pai de muitos povos, como lhe tinha
sido dito: «Assim será a tua descendência».
Salmo
Responsorial: 104
R. O Senhor recorda a sua
aliança para sempre.
Descendentes de Abraão, seu
servo, filhos de Jacob, seu eleito, O Senhor é o nosso Deus e as suas sentenças
são lei em toda a terra.
Ele recorda sempre a sua aliança,
a palavra que empenhou para mil gerações, o pacto que estabeleceu com Abraão, o
juramento que fez a Isaac.
Não Se esqueceu da palavra
sagrada que dera a Abraão, seu servo, e fez sair o povo com alegria, os seus
eleitos com gritos de júbilo.
Aleluia. O Espírito da verdade
dará testemunho de Mim, diz o Senhor, e vós também dareis testemunho. Aleluia.
Evangelho
(Lc 12,8-12): Naquele tempo, o Senhor disse aos seus discípulos: Eu vos
digo: todo aquele que se declarar por mim diante do povo, o Filho do Homem
também se declarará a favor dele diante dos anjos de Deus. Aquele, porém, que
me renegar diante do povo será renegado diante dos anjos de Deus. Todo aquele
que falar uma palavra contra o Filho do Homem será perdoado. Mas quem blasfemar
contra o Espírito Santo não será perdoado. Quando vos conduzirem diante das
sinagogas, magistrados e autoridades, não vos preocupeis com os argumentos para
vos defender, nem com o que dizer. Pois nessa hora o Espírito Santo vos
ensinará o que deveis dizer.
«Aquele que se declarar por
mim diante do povo, o Filho do Homem também se declarará a favor»
P. Alexis MANIRAGABA (Ruhengeri,
Ruanda)
Hoje, o Senhor desperta nossa fé
e esperança Nele. Jesus nos antecipa que teremos que comparecer ante o exército
celestial para sermos examinados. E aquele tenha se declarado a favor de Jesus
aderindo à sua missão «também o Filho do homem se declarará por Ele» (Lc 12,8).
Tal confissão pública se realizará em palavras, em atos e durante toda a vida.
Esta interpelação à confissão é
ainda mais necessária e urgente em nossos tempos, nos que há pessoas que não
querem escutar a voz de Deus nem seguir seu caminho de vida. No entanto, a
confissão de nossa fé terá a um forte seguimento. Portanto, não sejamos
confessores nem por medo de um castigo, que será mais severo para os apóstatas,
nem pela abundante recompensa reservada aos fiéis. Nosso testemunho é
necessário e urgente para a vida do mundo, Deus mesmo nos pede, tal como disse
São Juan Crisóstomo: «Deus não se contenta com a fé interior; Ele pede a
confissão exterior e pública, e nos move assim a uma confiança e a um amor
maior».
Nossa confissão é sustentada pela
força e pela garantia de seu Espírito que está ativo dentro de nós e que nos
defende. O reconhecimento de Jesus Cristo ante seus anjos é de vital
importância já que este feito nos permitirá vê-lo cara a cara, viver com Ele e
ser inundados de sua luz. Ao mesmo tempo, o contrário não será outra coisa que
sofrer e perder a vida, ficar privado da luz e despojado de todos os bens.
Peçamos, pois, a graça de evitar toda negação nem que seja por medo ao suplício
ou por ignorância; pelas heresias, pela fé estéril e pela falta de
responsabilidade, ou porque queremos evitar o martírio. Sejamos fortes, o
Espírito Santo está conosco! E «com o Espírito Santo está sempre Maria (…) e
Ela tem feito possível a explosão missionária produzida em Pentecostes» (Papa
Francisco).
«O Espírito Santo vos ensinará
o que deveis dizer»
Rev. D. Albert TAULÉ i Viñas (Barcelona,
Espanha)
Hoje ressoam outra vez as
palavras de Jesus convidando-nos a reconhecê-lo diante dos homens. Todo aquele
que se declarar por mim diante do povo, o Filho do Homem também se declarará a
favor dele diante dos anjos de Deus (Lc 12,8). Estamos num tempo, em que na
vida pública reivindica-se a laicidade, obrigando os crentes a manifestar sua
fé somente no âmbito privado. Quando um cristã, um presbítero, um bispo, o
Papa..., diz alguma coisa publicamente, porém seja cheia de sentido comum,
incomoda, somente porque vem de quem vem, como se nós, não tivéssemos direito -
como todo o mundo!- a dizer o que pensamos. Por mais que lhes incomode, não
podemos deixar de anunciar o Evangelho. Igualmente, o Espírito Santo vos
ensinará o que deveis dizer (Lc 12,12). São Cirilo de Jerusalém, afirmava que o
Espírito Santo, que habita em aqueles que estão bem-dispostos, inspira-lhes
como doutor aquilo que vão dizer.
As agressões que fazem aos
cristãs, têm uma gravidade diferente, já que não é o mesmo falar mal de um
membro da Igreja (às vezes com razão, por causa de nossas deficiências), que
agredir a Jesus Cristo (se o veem somente em sua dimensão humana), ou injuriar
ao Espírito Santo, já seja blasfemando, já seja negando a existência e os
atributos de Deus.
Também se
refere ao perdão da ofensa, até mesmo quando o pecado é leve, é preciso uma
atitude prévia que é o arrependimento. Se não houver arrependimento, o perdão é
inviável, já que a ponte está quebrada por um lado. Por isso, Jesus diz que
existem pecados que nem Deus perdoará, se não existe por parte do pecador a
atitude humilde de reconhecer seu pecado (cf. Lc 12,10).
Pensamentos para o Evangelho de
hoje
«A impenitência é blasfêmia
contra o Espírito, que não se perdoa neste mundo nem no outro, porque a
penitência alcança o perdão nesta vida, que vale para a outra» (Santo
Agostinho)
«A Igreja precisa dos santos de cada
dia, os da vida ordinária. Eles são as testemunhas que levam a Igreja adiante,
e o demonstram com a coerência de vida e com a força do Espírito Santo que
receberam como dom” (Francisco)
«(…) Não há limites para a
misericórdia de Deus, mas quem recusa deliberadamente receber a misericórdia de
Deus, pelo arrependimento, rejeita o perdão dos seus pecados e a salvação
oferecida pelo Espírito Santo. Tal endurecimento pode levar à impenitência
final e à perdição eterna» (Catecismo da Igreja Católica, nº 1864)
Reflexão
• O contexto. No capítulo
11, que precede a nossa história , Lucas, no caminho de Jesus para Jerusalém,
mostra a sua intenção de revelar as profundezas do agir misericordioso de Deus
e, ao mesmo tempo, a profunda miséria que se encontra no coração do homem, e
particularmente nos que têm a missão de ser testemunhas da Palavra e da ação do
Espírito Santo no mundo. Jesus apresenta esses fatos com uma série de reflexões
que surtem efeito no leitor: ser atraído pela força da sua Palavra até o ponto
de sentir-se julgado e despojado dentro das pretensões de grandeza que
perturbam o homem (9,46 ). Além disso o leitor se identifica com várias
atitudes que o ensinamento de Jesus suscita: antes de tudo se reconhece no
discípulo no seguimento a Jesus e no envio diante dele como mensageiro do
reino; no que tem dúvidas para segui-lo; no fariseu ou o doutor da lei,
escravos de suas próprias interpretações e estilo de vida. Em síntese, o
percurso do leitor pelo capítulo 11 é caracterizado deste encontro com o
ensinamento de Jesus que revela a intimidade de Deus, o coração misericordioso
de Deus, mas também a verdade do seu ser como homem. No entanto, no capítulo 12
Jesus contrapõe ao juízo pervertido do homem a benevolência de Deus, que dá
sempre de modo superabundante . Está em jogo a vida do homem. Deve-se prestar
atenção à perversão do julgamento humano, ou melhor, à hipocrisia que distorce
os valores para promover apenas o seu próprio interesse e vantagens, em vez de
ter um interesse na vida, aquela que é recebida de graça. A palavra de Jesus
lança ao leitor um apelo sobre como lidar com a questão da vida: o homem será
julgado por seu comportamento diante das ameaças. É necessário preocupar-se não
tanto com os homens que podem "matar o corpo", mas ter no coração o
temor de Deus que julga e corrige. Jesus não promete a seus discípulos que
serão protegidos das ameaças e perseguições, mas lhes assegura a ajuda de Deus
nos momentos de dificuldade.
• Saber reconhecer Jesus.
O compromisso corajoso em reconhecer publicamente a amizade com Jesus comporta
como consequência a comunhão pessoal com ele quando ele vier para julgar o
mundo. Ao mesmo tempo, "aquele que me nega", o que tem medo de
confessar e reconhecer publicamente a Jesus, se condena sozinho. O leitor é
convidado a refletir sobre a importância crucial de Jesus na história da
salvação: é preciso se decidir estar com Jesus ou contra ele e sua palavra de
graça; desta decisão, reconhecer ou negar a Jesus depende a nossa salvação.
Lucas evidencia que a comunhão oferecida por Jesus no tempo presente aos seus
discípulos será confirmada e alcançará a perfeição no momento de sua vinda na
glória (“quando vier na sua glória, na do Pai e dos santos anjos”: 9,26) . O
apelo às comunidades cristãs é muito evidente: mas se se é exposto às
hostilidades do mundo, é indispensável dar um testemunho corajoso de Jesus, de
comunhão com Ele e não se envergonhar de ser e se mostrar cristão.
• A blasfêmia contra o
Espírito Santo. Blasfemar é aqui entendido por Lucas como o falar ofensivo
ou falar contra. Este verbo foi aplicado a Jesus quando em 5,21 ele tinha perdoado os pecados.
A questão levantada nesta passagem pode apresentar alguma dificuldade para o
leitor: é menos grave blasfêmia contra o Filho do homem do que a contra o
Espírito Santo? A linguagem de Jesus pode parecer um pouco forte para o leitor
do Evangelho de Lucas: ao longo do evangelho vê-se Jesus mostrando a atitude de
Deus que vai em busca do pecador, que é exigente, mas que sabe esperar o
momento do retorno a Ele ou o amadurecimento do pecador. Em Marcos e Mateus, a
blasfêmia contra o Espírito Santo é a falta de reconhecimento do poder de Deus
nos exorcismos de Jesus. Mas em Lucas mais precisamente significa a rejeição
consciente e livre de Espírito profético que atua nas obras e ensinamento de
Jesus, ou seja, a rejeição ao encontro com o agir misericordioso e salvífico do
Pai. A falta de reconhecimento da origem divina da missão de Jesus, a ofensa
direta à pessoa de Jesus , podem ser perdoadas, mas aquele que nega o Espírito
Santo trabalhando na missão de Jesus não será perdoado. Não se trata da
oposição entre a pessoa de Jesus e do Espírito Santo, ou dum contraste ou
símbolo de dois períodos distintos da história, o de Jesus e da comunidade
pós-pascal, mas em última análise, o evangelista trata de demonstrar que negar
a pessoa de Cristo equivale a blasfemar contra o Espírito Santo.
Para um confronto pessoal
1) Você está ciente de que
de ser cristão comporta dificuldades, perigos e riscos, a ponto de arriscar a
própria vida para testemunhar a amizade pessoal com Jesus?
2)
Você se vergonha de ser cristão? Você prefere o julgamento dos homens, sua
aprovação, ou o fato de não perder sua amizade com Cristo?
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