São
Pio de Pietrelcina, presbítero
Beato Francisco de Paula Victor, presbítero
1ª
Leitura (1Tim 6,13-16): Caríssimo: Ordeno-te na presença de Deus, que dá
a vida a todas as coisas, e de Cristo Jesus, que deu testemunho da verdade
diante de Pôncio Pilatos: Guarda o mandamento do Senhor, sem mancha e acima de
toda a censura, até à aparição de Nosso Senhor Jesus Cristo, a qual manifestará
a seu tempo o venturoso e único soberano, Rei dos reis e Senhor dos senhores, o
único que possui a imortalidade e habita uma luz inacessível, que nenhum homem
viu nem pode ver. A Ele a honra e o poder eterno. Amém.
Salmo
Responsorial: 99
R. Vinde à presença do Senhor
com cânticos de alegria.
Aclamai o Senhor, terra inteira,
servi o Senhor com alegria, vinde a Ele com cânticos de júbilo. Sabei que o
Senhor é Deus, Ele nos fez, a Ele pertencemos, somos o seu povo, as ovelhas do
seu rebanho.
Entrai pelas suas portas, dando
graças, penetrai em seus átrios com hinos de louvor, glorificai-O, bendizei o
seu nome.
Porque o Senhor é bom, eterna é a
sua misericórdia, a sua fidelidade estende-se de geração em geração.
Aleluia. Felizes os que
recebem a palavra de Deus de coração sincero e generoso e produzem fruto pela
perseverança. Aleluia.
Evangelho
(Lc 8,4-15): Naquele tempo, ajuntou-se uma grande multidão, e de todas
as cidades iam até Jesus. Ele, então, contou uma parábola: «O semeador saiu a
semear. Ao semear, uma parte da semente caiu à beira do caminho e foi pisada; e
os pássaros do céu a comeram. Outra parte caiu sobre as pedras; brotou, mas
secou, por falta de umidade. Outra parte caiu entre os espinhos e, crescendo ao
mesmo tempo, os espinhos a sufocaram. Ainda outra parte caiu em terra boa;
brotou e deu frutos, até cem por um». Depois de dizer isso, ele exclamou: «Quem
tem ouvidos para ouvir, ouça!». Seus discípulos faziam perguntas sobre o
sentido da parábola. Jesus, então, lhes disse: «A vós foi dado conhecer os
mistérios do Reino de Deus. Aos outros, porém, só por meio de parábolas, de
modo que, olhando, não enxergam e ouvindo, não entendem. A parábola quer dizer
o seguinte: a semente é a Palavra de Deus. Os que caem à beira do caminho são
os que escutam, mas logo vem o Diabo e arranca a palavra do seu coração, para
que não acreditem e não se salvem. Os que ficam sobre as pedras são os que ouvem
e acolhem a palavra com alegria, mas não têm raízes. Por um momento, acreditam,
mas quando chega a tentação, desistem. Aquilo que caiu entre os espinhos são os
que escutam, mas vivendo em meio às preocupações, as riquezas e os prazeres da
vida, são sufocados e não chegam a amadurecer. O que caiu em terra boa são
aqueles que, ouvindo com um coração bom e generoso, conservam a Palavra e dão
fruto pela perseverança».
«O que caiu em terra boa são
aqueles que, (...) dão fruto pela perseverança»
Rev. D. Lluís RAVENTÓS i Artés (Tarragona,
Espanha)
Hoje, Jesus nos fala de um
semeador que «saiu a semear» (Lc 8,5) e aquela semente era precisamente «a
Palavra de Deus». Mas «crescendo ao mesmo tempo, os espinhos a sufocaram» (Lc
8,7).
Há uma grande variedade de
espinhos. «Aquilo que caiu entre os espinhos são os que escutam, mas vivendo em
meio as preocupações, as riquezas e os prazeres da vida, são sufocados e não
chegam a amadurecer» (Lc 8,14).
-Senhor, por acaso sou culpável
de ter preocupações? Já quisera não tê-las, mas vêm por todas as partes! Não
entendo por que hão de privar-me da sua Palavra, se não são pecado, nem vicio,
nem defeito.
-Porque esquece que Eu sou o seu
Pai e deixa-se escravizar por uma manhã que não sabe se chegará!
«Se vivêssemos com mais confiança
na Providência divina, seguros -com uma fé firmíssima- dessa proteção diária
que nunca nos falta, quantas preocupações ou aflições nos pouparíamos!
Desapareceria uma quantidade de quimeras que, na boca de Jesus, são próprias
dos pagãos, dos homens mundanos (cf. Lc 12,30), das pessoas que são carentes de
sentido sobrenatural (...). Eu quisera gravar a fogo na vossa mente -nos diz
São Josemaria- que temos todos os motivos para andar com otimismo nesta terra,
com a alma desasida de tudo de tantas coisas que parecem imprescindíveis, já
que vosso Pai sabe muito bem o que necessitais! (cf. Lc 12,30), e Ele vos provê
de tudo». Disse Davi: «Depõe no Senhor os teus cuidados e, ele te susterá» (Sal
54,23). Assim fez São José quando o Senhor o provou: reflexionou, consultou,
orou, tomou uma resolução e deixou tudo nas mãos de Deus. Quando veio o Anjo
-comenta Mn. Ballarín-, não quis despertá-lo e falou em sonhos. Enfim, «Eu não
devo ter mais preocupações que a tua Glória..., numa palavra, teu Amor» (São
Josemaria).
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«Quando se introduz a palavra
divina numa inteligência limpa dos cuidados mundanos, produz raízes profundas,
produz espigas e cresce oportunamente» (São Cirilo de Alexandria)
«A semente do Evangelho fecunda a
história dos homens e anuncia uma colheita abundante. Jesus faz da mesma forma
uma advertência: só no coração bem-disposto germina a Palavra de Deus» (São
João Paulo II)
«A invocação do santo Nome de
Jesus é o caminho mais simples da oração contínua. Muitas vezes repetida por um
coração humildemente atento, não se dispersa num “mar de palavras”, mas “guarda
a Palavra e produz fruto pela constância (...)» (Catecismo da Igreja Católica,
n° 2668)
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm.
* No evangelho de hoje, vamos meditar sobre a
parábola da semente. Jesus tinha um jeito bem popular de ensinar por meio
de parábolas. Uma parábola é uma comparação que usa as coisas conhecidas e
visíveis da vida para explicar as coisas invisíveis e desconhecidas do Reino de
Deus. Jesus tinha uma capacidade muito grande de encontrar imagens bem simples
para comparar as coisas de Deus com as coisas da vida que o povo conhecia e
experimentava na sua luta diária pela sobrevivência. Isto supõe duas coisas:
estar por dentro das coisas da vida, e estar por dentro das coisas de Deus, do
Reino de Deus. Por exemplo, o povo da Galileia entendia de semente, de terreno,
chuva, sol, sal, flores, colheita, pescaria, etc. Ora, são exatamente estas
coisas conhecidas do povo que Jesus usa nas parábolas para explicar o mistério
do Reino. O agricultor que escutou, diz: “Semente no terreno, eu sei o que é!
Jesus diz que isso tem a ver com o Reino de Deus. O que seria?” E aí você pode
imaginar as longas conversas do povo! A parábola mexe com o povo e leva a
escutar a natureza e a pensar na vida.
* Quando terminava de contar uma parábola, Jesus
não a explicava, mas costumava dizer: “Quem tem ouvidos para ouvir ouça!” O que
significava: “É isso! Vocês ouviram. Agora, tratem de entender!” De vez em
quando, ele explicava para os discípulos. O povo gostava desse jeito de
ensinar, porque Jesus acreditava na capacidade do pessoal de descobrir o
sentido das parábolas. A experiência que o povo tinha da vida era para ele um
meio para descobrir a presença do mistério de Deus em suas vidas e criar
coragem para não desanimar na caminhada.
* Lucas 8,4: A multidão atrás de Jesus. Lucas diz: Ajuntou-se uma grande
multidão, e de todas as cidades as pessoas iam até Jesus. Então ele contou esta
parábola. Marcos descreve como Jesus contou a parábola. Havia tanta gente que
ele, para não ser atropelado, entrou num barco e sentado no barco ensinava o
povo que estava na praia (Mc 4,1).
* Lucas 8,5-8a: A parábola da semente retrata a
vida do camponês. Naquele tempo, não
era fácil viver da agricultura. O terreno tinha muita pedra. Muito mato. Pouca
chuva, muito sol. Além disso, muitas vezes, o povo encurtava estrada e,
passando no meio do campo, pisava nas plantas (Mc 2,23). Mesmo assim, apesar de
tudo isso, todo ano, o agricultor semeava e plantava, confiando na força da
semente, na generosidade da natureza.
* Lucas 8,8b: Quem tem ouvidos para ouvir,
ouça! No fim, Jesus termina dizendo: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!” O
caminho para chegar ao entendimento da parábola é a busca: “Tratem de
entender!” A parábola não entrega tudo pronto, mas leva a pessoa a pensar. Faz
com que ela descubra a mensagem a partir da experiência que ela mesma tem da
semente. Provoca a criatividade e a participação. Não é uma doutrina que já vem
pronta para ser ensinada e decorada. A Parábola não dá água engarrafada, mas
entrega a fonte.
* Lucas 8,9-10: Jesus explica a parábola aos
discípulos. Em casa, a sós com Jesus, os discípulos querem saber o
significado da parábola. Jesus respondeu por meio de uma frase difícil e
misteriosa. Ele diz aos discípulos: "A vocês foi dado conhecer os
mistérios do Reino de Deus. Mas, aos outros ele vem por meio de parábolas, para
que olhando não vejam, e ouvindo não compreendam". Esta frase faz a gente
se perguntar: Afinal, a parábola serve para que? Para esclarecer ou para
esconder? Será que Jesus usava parábolas, para que o povo continuasse na ignorância
e não chegasse a se converter? Certamente que não! Pois em outro lugar se diz
que Jesus usava parábolas “conforme a capacidade dos ouvintes” (Mc 4,33).
Parábola revela e esconde ao mesmo tempo! Revela para “os de dentro”, que
aceitam Jesus como Messias Servidor. Esconde para os que insistem em ver nele o
Messias como Rei grandioso. Estes entendem as imagens da parábola, mas não
chegam a entender o seu significado.
* Lucas 8,11-15: A explicação da parábola,
parte por parte. Uma por uma, Jesus explica as partes da parábola, desde a
semente e o terreno até à colheita. Alguns estudiosos acham que esta explicação
foi acrescentada depois. Não seria de Jesus, mas de alguma comunidade. É bem
possível. Tanto faz! Pois dentro do botão da parábola está a flor da
explicação. Botão e flor, ambos têm a mesma origem que é Jesus. Por isso, nós
também podemos continuar a reflexão e descobrir outras coisas bonitas dentro da
parábola. Certa vez, alguém perguntou numa comunidade: “Jesus falou que devemos
ser sal. Para que serve o sal?” As pessoas foram dando sua opinião a partir da
experiência que cada um tinha do sal. Discutiram e, no fim, encontraram mais de
dez finalidades diferentes para o sal! Aí foram aplicar tudo isto à vida da
comunidade e descobriram que ser sal é difícil e exigente. A parábola
funcionou! O mesmo vale para a semente. Todo mundo tem alguma experiência de
semente.
Para um confronto pessoal
1. A semente cai em quatro
lugares diferentes: caminho, pedra, espinhos e terra boa. O que significa cada
um destes quatro terrenos? Que terreno sou eu? Às vezes, a gente é pedra.
Outras vezes, é espinho. Outras vezes, é caminho. Outras vezes, é terra boa. Na
nossa comunidade, o que somos normalmente?
2. Quais os frutos que a
Palavra de Deus está produzindo na nossa vida e na nossa comunidade?
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