São
João Eudes, presbítero
Santa
Helena, Imperatriz Romana, viúva
1ª
Leitura (Jos 24,1-13): Naqueles dias, Josué reuniu todas as tribos de
Israel em Siquém. Convocou os anciãos de Israel, os chefes, os juízes e os
magistrados, que se apresentaram diante de Deus. Josué disse então a todo o
povo: «Assim fala o Senhor, Deus de Israel: ‘Os vossos antepassados, até Terá,
pai de Abraão e de Nacor, habitavam outrora para além do rio Eufrates e serviam
outros deuses. Tirei Abraão, vosso pai, do outro lado do Eufrates, fiz que ele
atravessasse toda a terra de Canaã e multipliquei a sua descendência. Dei-lhe
um filho, Isaac, e a Isaac dei Jacob e Esaú. Concedi a Esaú a região montanhosa
de Seir, mas Jacob e os seus filhos desceram para o Egipto. Depois enviei
Moisés e Aarão, castiguei o Egipto com os prodígios que nele realizei e fiz que
saísseis de lá. Tirei do Egipto os vossos pais e chegastes até ao mar. Os
egípcios perseguiram os vossos pais com carros e cavaleiros até ao Mar
Vermelho. Mas eles clamaram ao Senhor e o Senhor estendeu trevas entre vós e os
egípcios e fez com que o mar fosse contra eles e os submergisse. Os vossos
olhos viram o que fiz no Egipto; e depois disto passastes longo tempo no
deserto. Do deserto levei-vos à terra dos amorreus, que habitavam além do
Jordão. Eles vieram combater-vos, mas Eu entreguei-os nas vossas mãos; e assim
tomastes posse da sua terra, porque Eu os destruí diante de vós. A seguir
apareceu Balac, filho de Sipor, rei de Moab, que combateu contra Israel e
mandou chamar Balaão, filho de Beor, para vos amaldiçoar. Mas Eu não quis ouvir
Balaão; ele teve de vos abençoar e assim vos salvei das suas mãos. Por fim
atravessastes o Jordão e chegastes a Jericó. Combateram contra vós os que
dominavam a cidade __ os amorreus e os perezeus, os cananeus e os hititas, os
girgasitas, os hevitas e os jebuseus __ mas Eu entreguei-os nas vossas mãos.
Até mandei vespas à vossa frente, para expulsarem diante de vós os dois reis
amorreus. Não foi com a vossa espada nem com o vosso arco que tudo isto foi
feito. Dei-vos uma terra que não cultivastes, cidades que não construistes e
onde agora habitais, vinhas e olivais que não plantastes e de que vos
alimentais’».
Salmo
Responsorial: 135
R. É eterna a sua bondade.
Dai graças ao Senhor, porque Ele
é bom: é eterna a sua bondade.
Dai graças ao Deus dos deuses: é
eterna a sua bondade.
Dai graças ao Senhor dos
senhores: é eterna a sua bondade.
Conduziu o seu povo através do
deserto: é eterna a sua bondade.
Feriu grandes reis: é eterna a
sua bondade.
Matou reis poderosos: é eterna a
sua bondade.
Deu a terra deles em herança: é
eterna a sua bondade.
Em herança a Israel, seu povo: é
eterna a sua bondade.
E libertou-nos dos nossos
opressores: é eterna a sua bondade.
Aleluia. Escutai o que diz o
Senhor, não como palavra dos homens, mas como palavra de Deus. Aleluia.
Evangelho
(Mt 19,3-12): Naquele tempo, alguns fariseus aproximaram-se de Jesus e,
para experimentá-lo, perguntaram: «É permitido ao homem despedir sua mulher por
qualquer motivo?». Ele respondeu: «Nunca lestes que o Criador, desde o
princípio, os fez homem e mulher e disse: Por isso, o homem deixará pai e mãe e
se unirá à sua mulher, e os dois formarão uma só carne? De modo que eles já não
são dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, o homem não separe». Perguntaram:
«Como então Moisés mandou dar atestado de divórcio e despedir a mulher?». Jesus
respondeu: «Moisés permitiu despedir a mulher, por causa da dureza do vosso
coração. Mas não foi assim desde o princípio. Ora, eu vos digo: quem despede
sua mulher fora o caso de união ilícita e se casa com outra, comete adultério».
Os discípulos disseram-lhe: «Se a situação do homem com a mulher é assim, é
melhor não se casar». Ele respondeu: «Nem todos são capazes de entender isso,
mas só aqueles a quem é concedido. De fato, existem homens impossibilitados de
casar-se, porque nasceram assim; outros foram feitos assim por mão humana;
outros ainda, por causa do Reino dos Céus se fizeram incapazes do casamento.
Quem puder entender, entenda».
«Portanto, o que Deus uniu, o
homem não separe»
Fr. Roger J. LANDRY (Hyannis,
Massachusetts, Estados Unidos)
Hoje, Jesus responde às perguntas
dos seus contemporâneos sobre o verdadeiro significado do matrimônio,
ressaltando a indissolubilidade do mesmo.
Sua resposta, no entanto, também
proporciona a base adequada para que nós, cristãos, possamos responder a
aqueles cujos corações teimosos os obrigam a procurar a ampliação da definição
de matrimônio para os casais homossexuais.
Ao fazer retroceder o matrimônio
ao plano original de Deus, Jesus ressalta quatro aspectos relevantes pelos
quais só se pode unir em matrimônio a um homem e uma mulher:
1) «O Criador, desde o início, os
fez macho e fêmea» (Mt 19,4). Jesus nos ensina que, no plano divino, a masculinidade
e a feminilidade têm um grande significado. Ignorar, pois, é ignorar o que
somos.
2) «Por isso, o homem deixará seu
pai e sua mãe, e se unirá à sua mulher» (Mt 19,5). No plano de Deus não é que o
homem abandone os seus pais e vá embora com quem ele queira, mas sim com uma
esposa.
3) «De maneira que já não são
dois, e sim uma só carne» (Mt 19,6). Esta união corporal vai mais além da pouco
duradoura união física que ocorre no ato conjugal. Refere-se à união duradoura
que se apresenta quando um homem e uma mulher, através do seu amor, concebem
uma nova vida que é o matrimônio perdurável ou união dos seus corpos.
Logicamente, que um homem com outro homem, ou uma mulher com outra mulher, não
pode ser considerado um único corpo dessa maneira.
4) «Pois o que Deus uniu, o homem
não separe» (Mt 19,6). Deus mesmo uniu em matrimônio ao homem e à mulher e,
sempre que tentamos separar o que Ele uniu, estaremos fazendo por nossa própria
conta e por conta da sociedade.
Em sua catequese sobre Gênesis, o
Papa João Paulo II disse: «Em sua resposta aos fariseus, Jesus Cristo comenta
aos interlocutores a visão total do homem, sem o qual não é possível oferecer
uma resposta adequada às perguntas relacionadas com o matrimônio».
Cada um de nós está chamado a ser
o eco desta Palavra de Deus em nosso momento.
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«A estatura e os hábitos do homem
podem mudar, mas a sua natureza continua idêntica e a sua pessoa é a mesma»
(São Vicente de Lerins)
«Na narração bíblica surge a
ideia de que o homem é de alguma forma, incompleto, constitutivamente no
caminho para encontrar no outro a parte complementária para a sua integridade,
quer dizer, a ideia de que apenas na comunhão com o outro sexo se pode
considerar “completo”» (Bento XVI)
«A estima pela virgindade por
amor do Reino e o sentido cristão do matrimónio são inseparáveis e favorecem-se
mutuamente» (Catecismo da Igreja Católica, nº 1.620)
Reflexão
• Contexto. Até o capítulo
18, Mateus mostrou como os discursos de Jesus marcaram as diferentes fases da
constituição progressiva e formação da comunidade dos discípulos em torno de
seu Mestre. Agora em 19,1, este pequeno grupo se afasta dos territórios da Galileia
e chega nos territórios da Judéia. O chamado de Jesus que envolve os seus
discípulos avança até a escolha decisiva: a aceitação ou rejeição da pessoa de
Jesus. Esta fase ocorre ao longo da estrada que leva a Jerusalém (capítulos
19-20), e, finalmente, com a chegada à cidade e junto ao Templo (capítulos
21-23). Todos os encontros que Jesus experimenta no decorrer desses capítulos
ocorrem ao longo do percurso da Galileia a Jerusalém.
• Encontro com os fariseus.
Passando pela Transjordânia (19,1), o primeiro encontro é com os fariseus e o
tema de discussão de Jesus com ele se torna motivo de reflexão para o grupo dos
discípulos. A pergunta dos fariseus é sobre o divórcio e, especialmente, coloca
Jesus em dificuldade sobre o amor dentro do casamento, a realidade mais sólida
e estável para toda a comunidade judaica. A intervenção dos fariseus quer
acusar o ensinamento de Jesus. Trata-se de um verdadeiro processo: Mateus o
considera como "colocar à prova", "um tentar". A pergunta é
realmente crucial: “É permitido a um homem rejeitar sua mulher por um motivo
qualquer?” (19,3). Ao leitor não escapa a tentativa equivocada dos fariseus de
interpretar o texto de Dt 24,1 para colocar Jesus em dificuldade: “Se um homem
toma uma mulher e se casa com ela, e esta depois não lhe agrada porque
descobriu nela algo inconveniente, ele lhe escreverá uma certidão de divórcio e
assim despedirá a mulher”. Este texto deu origem ao longo dos séculos a
inúmeras discussões: a admitir o divórcio por qualquer motivo, exigir um mínimo
de mau comportamento, um verdadeiro adultério.
• É Deus que une. Jesus
responde aos fariseus recorrendo a Gn 1,17; 2,24, trazendo o assunto à vontade
primária de Deus criador. O amor, que une o homem e a mulher, vem de Deus e por
essa origem, unifica e não pode separar. Se Jesus cita Gênesis 2,24: “Por isso,
o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher; e os dois formarão
uma só carne” (19,5), é porque ele quer
enfatizar um princípio particular e absoluto: é a vontade criadora de Deus que
une um homem e uma mulher. Quando um homem e uma mulher se unem em matrimônio,
é Deus que os une; o termo "cônjuge" vem do verbo conjungir (ligar
intimamente), conjugar (associar, ligar e unir), ou seja, que a conjunção dos
dois parceiros sexuais é o efeito da palavra criadora de Deus. A resposta de
Jesus aos fariseus atinge o seu cume: o casamento é indissolúvel na sua
constituição original. Jesus continua desta vez recordando Ml 2,13-16: repudiar
a própria mulher é romper a aliança com Deus e segundo os profetas, esta aliança
é vivida principalmente pelos esposos em sua união conjugal (Os 1-3; Is
1,21-26; Jr 2,2; 3,1.6-12; Ez 16; 23; Is 54,6-10; 60-62). A resposta de Jesus
aparece em contradição com a lei de Moisés, que dá a possibilidade de conceder
um certificado de divórcio. No motivar a sua resposta, Jesus lembra aos
fariseus: se Moisés deu essa possibilidade é por causa da dureza dos vossos
corações (v. 8), mais especificamente por causa da vossa desobediência à
Palavra de Deus. A lei de Gn 1,26; 2,24 nunca foi modificada, mas Moisés foi
forçado a adaptá-la a uma atitude de desobediência. O primeiro casamento não
foi anulado pelo adultério. Ao homem de hoje e, especialmente, às comunidades
eclesiais a palavra de Jesus diz claramente que não deve haver divórcio, e, no
entanto, vemos que existem; na vida pastoral das pessoas divorciadas são
acolhidas, às quais está sempre aberta à possibilidade de entrar no reino. A
reação dos discípulos foi imediata: “Se tal é a condição do homem a respeito da
mulher, é melhor não se casar!” (v.10). A resposta de Jesus continua a
sustentar a indissolubilidade do matrimônio, impossível para a mentalidade
humana, mas possível para Deus. O eunuco de que Jesus fala não é aquele que não
pode gerar, mas aquele que, separado de sua esposa, continua a viver em
continência , mantendo-se fiel ao primeiro vínculo conjugal: é eunuco em
relação a todas as outras mulheres.
Para um confronto pessoal
1) Em relação ao casamento
sabemos acolher o ensinamento de Jesus com simplicidade, sem adaptá-lo às nossas
próprias escolhas legítimas de conveniência?
2) O Evangelho recorda-nos
que o plano do Pai para o homem e a mulher é um maravilhoso projeto de amor.
Você está ciente de que o amor tem uma lei imprescindível: implica o dom total
e cheio da própria pessoa para o outro?
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