Bto.
Pedro de Cesis, Bispo e 14º Prior General da nossa Ordem
1ª
Leitura (Ex 40,16-21.34-38): Naqueles dias, Moisés fez tudo como o
Senhor lhe tinha ordenado. No primeiro dia do primeiro mês do ano segundo, foi
erguido o Tabernáculo. Moisés construiu assim o Tabernáculo: assentou as bases,
colocou as pranchas, aplicou as travessas e levantou as colunas. Depois
estendeu a Tenda sobre o Tabernáculo e pôs sobre ele a cobertura da Tenda,
conforme o Senhor lhe tinha ordenado. Colocou as tábuas da Lei dentro da Arca;
pôs os varais na Arca e, sobre esta, o propiciatório. Levou a Arca para dentro
do Tabernáculo e colocou o véu de proteção para encobrir a Arca da Lei,
conforme o Senhor lhe tinha ordenado. Então a nuvem cobriu a Tenda da Reunião e
a glória do Senhor encheu o Tabernáculo. Moisés não podia entrar na Tenda da
Reunião, porque a nuvem estava poisada sobre ela e a glória do Senhor enchia o
Tabernáculo. Sempre que a nuvem se elevava acima do Tabernáculo, os filhos de
Israel levantavam o acampamento para nova jornada. Mas se a nuvem não se
elevava, eles não se moviam enquanto ela não se elevasse de novo. De dia
repousava a nuvem do Senhor sobre o Tabernáculo e de noite aparecia fogo sobre
ele, à vista de toda a casa de Israel, em todas as suas jornadas.
Salmo
Responsorial: 83
R. Como é agradável a vossa
morada, Senhor do Universo!
A minha alma suspira ansiosamente
pelos átrios do Senhor. O meu ser e a minha carne exultam no Deus vivo.
Até as aves do céu encontram
abrigo e as andorinhas um ninho para os seus filhos, junto dos vossos altares,
Senhor dos Exércitos, meu Rei e meu Deus.
Felizes os que moram em vossa
casa: podem louvar-Vos continuamente. Felizes os que em Vós encontram a sua
força, os que caminham para ver a Deus em Sião.
Um dia em vossos átrios vale por
mais de mil longe de Vós. Antes quero ficar no vestíbulo da casa do meu Deus,
do que habitar nas tendas dos pecadores.
Aleluia. Abri, Senhor, o nosso
coração, para recebermos a palavra do vosso Filho. Aleluia.
Evangelho
(Mt 13,47-53): Naquele tempo, disse Jesus ao povo: «Reino dos Céus é
ainda como uma rede lançada ao mar e que pegou peixes de todo tipo. Quando
ficou cheia, os pescadores puxaram a rede para a praia, sentaram-se, recolheram
os peixes bons em cestos e jogaram fora os que não prestavam. Assim acontecerá
no fim do mundo: os anjos virão para separar os maus dos justos, e lançarão os
maus na fornalha de fogo. Aí haverá choro e ranger de dentes. Entendestes tudo
isso?» — «Sim», responderam eles. Então Ele acrescentou: «Assim, pois, todo
escriba que se torna discípulo do Reino dos Céus é como um pai de família, que
tira do seu tesouro coisas novas e velhas». Quando Jesus terminou de contar
essas parábolas, partiu dali.
«Recolhem em cestos o que é
bom e jogam fora o que não presta»
Rev. D. Ferran JARABO i Carbonell
(Agullana, Girona, Espanha)
Hoje, o Evangelho constitui uma
chamada vital à conversão. Jesus não nos poupa da dura realidade: «Os anjos
virão para separar os maus dos justos, e lançarão os maus na fornalha de fogo»
(Mt 13,49-50). E a advertência é clara! Não podemos fraquejar.
Agora devemos optar livremente:
ou buscamos a Deus e ao bem com todas as nossas forças, ou colocamos nossa
vidas à beira da morte. Ou estamos com Cristo ou estamos contra Ele. Converter-se
significa, nesse caso, optar totalmente por fazer parte do grupo dos justos e
levar uma vida digna de filhos. Porém, temos em nosso interior a experiência do
pecado: sabemos o bem que deveríamos fazer, mas fazemos o mal; como podemos dar
uma verdadeira unidade às nossas vidas? Sozinhos, não podemos fazer muito.
Somente se nos colocamos nas mãos de Deus podemos fazer algum bem e pertencer
ao grupo dos justos.
«Por não sabermos quando virá
nosso Juiz, devemos viver cada dia como se não houvesse o dia seguinte» (São
Jerônimo). Essa frase é um convite a viver com intensidade e responsabilidade
nossa vida cristã. Não se trata de ter medo, mas sim de viver com esperança
esse tempo de graça, louvor e glória.
Cristo nos ensina o caminho para
nossa própria glorificação. Cristo é o caminho, portanto, nossa salvação, nossa
felicidade e tudo o que possamos imaginar passa por Ele. E se tudo o temos em
Cristo, não podemos deixar de amar a Igreja que nos apresenta e é seu corpo
místico. Contra as visões puramente humanas dessa realidade é necessário que
recuperemos a visão divino-espiritual: nada melhor do que Cristo e o
cumprimento de sua vontade!
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«As minhas palavras são espírito
e são vida, e não podem ser ponderadas com base em critérios humanos. Não devem
de ser usadas para satisfazer a vã complacência, mas devem ser ouvidas em
silêncio e devem ser recebidas com humildade» (Thomas de Kempis)
«Aí aonde vamos, mesmo na
paróquia mais pequena, no canto mais perdido desta terra, lá está a única
Igreja. E este é um grande dom de Deus. A Igreja é uma para todos» (Francisco)
«(…) Para cumprir a vontade do
Pai, Cristo inaugurou na terra o Reino dos céus. A Igreja é o Reino de Cristo
‘já presente em mistério’ (Concílio Vaticano II)» (Catecismo da Igreja
Católica, nº 763)
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm.
* O evangelho de hoje traz
a última parábola do Sermão das Parábolas: a história da rede lançada ao mar.
Esta parábola encontra-se só no evangelho de Mateus, sem nenhum paralelo nos
outros três evangelhos.
* Mateus 13,47-48: A parábola da rede lançada
ao mar. "O Reino do Céu é ainda como uma rede lançada ao mar. Ela
apanha peixes de todo o tipo. Quando está cheia, os pescadores puxam a rede
para a praia, sentam-se e escolhem: os peixes bons vão para os cestos, os que
não prestam são jogados fora”. A
história contada é bem conhecida do povo da Galileia que vive ao redor do lago.
É o trabalho deles. A história reflete o fim de um dia de trabalho. Os
pescadores saem para o mar com esta única finalidade: jogar a rede, apanhar
muito peixe, puxar a rede cheia para a praia, escolher os peixes bons para
levar para casa e jogar fora os que não servem. Descreve a satisfação do
pescador no fim de um dia de trabalho pesado e cansativo. Esta história deve
ter provocado um sorriso de satisfação no rosto dos pescadores que escutavam
Jesus. O pior é chegar na praia no fim do dia sem ter pescado nada (Jo 21,3).
* Mateus 13,49-50: A aplicação da parábola. Jesus
aplica a parábola, ou melhor dá uma sugestão para as pessoas poderem discutir a
parábola e aplicá-la em suas vidas. “Assim acontecerá no fim dos tempos: os
anjos virão para separar os homens maus dos que são bons. E lançarão os maus na
fornalha de fogo. Aí eles vão chorar e ranger os dentes." Como entender esta fornalha de fogo? São
imagens fortes para descrever o destino daqueles que se separam de Deus ou não
querem saber de Deus. Toda cidade tem um lixão, um lugar onde joga os detritos
e o lixo. Lá existe um fogo de monturo permanente que é alimentado diariamente
pelo lixo novo que nele vai sendo despejado. O lixão de Jerusalém ficava num
vale perto da cidade que se chamava geena, onde, na época dos reis havia até
uma fornalha para sacrificar os filhos ao falso deus Molok. Por isso, a
fornalha da geena tornou-se símbolo de exclusão e de condenação. Não é Deus que
exclui. Deus não quer a exclusão nem a condenação, mas que todos tenham vida e
vida em abundância. Cada um de nós se exclui a si mesmo.
* Mateus 13,51-53: O encerramento do Sermão das
Parábola. No final do Sermão das parábolas Jesus encerra com a seguinte
pergunta: "Vocês compreenderam tudo isso?" Eles responderam “Sim!” E
Jesus termina a explicação com uma outra comparação que descreve o resultado
que ele quer obter com as parábolas: "E assim, todo doutor da Lei que se
torna discípulo do Reino do Céu é como pai de família que tira do seu baú
coisas novas e velhas". Dois pontos para esclarecer:
(1) Jesus compara o doutor da lei com o pai de
família. O que faz o pai de família? Ele “tira do seu baú coisas novas e
velhas". A educação em casa se faz
transmitindo aos filhos e às filhas o que eles, os pais, receberam e aprenderam
ao longo dos anos. É o tesouro da sabedoria familiar onde estão encerradas a
riqueza da fé, os costumes da vida e tanta outra coisa que os filhos vão
aprendendo. Ora, Jesus quer que, na comunidade, as pessoas responsáveis pela
transmissão da fé sejam como o pai de família. Assim como os pais entendem da
vida em família, assim, estas pessoas responsáveis pelo ensino devem entender
as coisas do Reino e transmiti-la aos irmãos e irmãs da comunidade.
(2) Trata-se de um doutor da Lei que se torna
discípulo do Reino. Havia, portanto, doutores da lei que aceitavam Jesus como
revelador do Reino. O que acontece com um doutor na hora em que descobre em
Jesus o Messias, o filho de Deus? Tudo aquilo que ele estudou para poder ser
doutor da lei continua válido, mas recebe uma dimensão mais profunda e uma
finalidade mais ampla. Uma comparação para esclarecer o que acabamos de dizer.
Numa roda de amigos alguém mostrou uma fotografia, onde se via um homem de
rosto severo, com o dedo levantado, quase agredindo o público. Todos ficaram
com a ideia de se tratar de uma pessoa inflexível, exigente, que não permitia
intimidade. Nesse momento, chegou um jovem, viu a fotografia e exclamou:
"É meu pai!" Os outros olharam para ele e, apontando a fotografia,
comentaram: "Pai severo, hein!" Ele respondeu: "Não é não! Ele é
muito carinhoso. Meu pai é advogado. Aquela fotografia foi tirada no tribunal,
na hora em que ele denunciava o crime de um latifundiário que queria despejar
uma família pobre que estava morando num terreno baldio da prefeitura há vários
anos! Meu pai ganhou a causa. Os pobres não foram despejados!” Todos olharam de
novo e disseram: "Que pessoa simpática!” Como por um milagre, a fotografia
se iluminou por dentro e tomou um outro aspecto. Aquele rosto, tão severo
adquiriu os traços de uma grande ternura! As palavras do filho, mudaram tudo,
sem mudar nada! As palavras e gestos de Jesus, nascidas da sua experiência de
filho, sem mudar uma letra ou vírgula sequer, iluminaram o sentido do Antigo
Testamento pelo lado de dentro (Mt 5,17-18) e iluminaram por dentro toda a
sabedoria acumulada do doutor da Lei. . O mesmo Deus, que parecia tão distante
e severo, adquiriu os traços de um Pai bondoso de grande ternura!
Para um confronto pessoal
1) A experiência do Filho
já entrou em você para mudar os olhos e descobrir as coisas de Deus de outro
modo?
2) O que te revelou o
Sermão das Parábolas sobre o Reino?
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