Sta.
Rosa de Lima, virgem e Padroeira da América Latina
São Felipe Benício, presbítero
1ª
Leitura (Juí 9,6-15): Naqueles dias, todos os chefes de Siquém e todo o
Bet-Milo se reuniram junto do carvalho da estela que está em Siquém e
proclamaram rei Abimelec. Quando deram a notícia a Joatão, ele foi colocar-se
no cimo do monte Garizim e levantou a voz, dizendo: «Escutai-me, chefes de
Siquém e Deus também vos escutará. Certo dia, as árvores resolveram escolher um
rei. Disseram à oliveira: ‘Reina sobre nós’. A oliveira respondeu-lhes: ‘Terei
de renunciar ao meu azeite, que dá honra aos deuses e aos homens, para me
baloiçar por cima das árvores?’. Então as árvores disseram à figueira: ‘Vem tu
reinar sobre nós’. Mas a figueira respondeu-lhes: ‘Terei de renunciar à doçura
do meu saboroso fruto, para ir balançar-me por cima das árvores?’. E as árvores
disseram à videira: ‘Vem tu reinar sobre nós’. Mas a videira respondeu-lhes:
‘Terei de renunciar ao meu vinho novo, que alegra os deuses e os homens, para ir
balançar-me por cima das árvores?’. Então todas as árvores disseram ao
espinheiro: ‘Vem tu reinar sobre nós’. E o espinheiro respondeu às árvores: ‘Se
é de boa-fé que me quereis ungir como vosso rei, vinde acolher-vos à minha
sombra. Se não, sairá fogo do espinheiro e devorará os cedros do Líbano’».
Salmo
Responsorial: 20
R. O vosso triunfo, Senhor, é a
alegria do rei.
Senhor, o rei alegra-se com o
vosso poder e exulta de contente com o vosso auxílio. Satisfizestes os anseios
do seu coração, não rejeitastes o pedido de seus lábios.
Vós o cumulastes de bênçãos
preciosas, cingistes sua fronte com uma coroa de ouro fino. Pediu-vos a vida e
Vós lhe concedestes, uma vida longa para muitos anos.
Graças à vossa proteção, é grande
a sua glória, Vós o revestistes de esplendor e majestade. Para sempre o
abençoastes e enchestes de alegria na vossa presença.
Aleluia. A palavra de Deus é
viva e eficaz, conhece os pensamentos e intenções do coração. Aleluia.
Evangelho
(Mt 20,1-16): Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos esta
parábola: «Pois o Reino dos Céus é como o proprietário que saiu de madrugada
para contratar trabalhadores para a sua vinha. Combinou com os trabalhadores a
diária e os mandou para a vinha. Em plena manhã, saiu de novo, viu outros que
estavam na praça, desocupados, e lhes disse: ‘Ide também vós para a minha
vinha. Eu pagarei o que for justo’. E eles foram. Ao meio-dia e em plena tarde,
ele saiu novamente e fez a mesma coisa. Saindo outra vez pelo fim da tarde,
encontrou outros que estavam na praça e lhes disse: ‘Por que estais aí o dia
inteiro desocupados?’. Eles responderam: ‘Porque ninguém nos contratou’. E ele
lhes disse: ‘Ide vós também para a minha vinha’. Ao anoitecer, o dono da vinha
disse ao administrador: ‘Chama os trabalhadores e faze o pagamento, começando
pelos últimos até os primeiros!’. Vieram os que tinham sido contratados no
final da tarde, cada qual recebendo a diária. Em seguida vieram os que foram
contratados primeiro, pensando que iam receber mais. Porém, cada um deles
também recebeu apenas a diária. Ao receberem o pagamento, começaram a murmurar
contra o proprietário: ‘Estes últimos trabalharam uma hora só, e tu os
igualaste a nós, que suportamos o peso do dia e o calor ardente’. Então, ele
respondeu a um deles: ‘Companheiro, não estou sendo injusto contigo. Não
combinamos a diária? Toma o que é teu e vai! Eu quero dar a este último o mesmo
que dei a ti. Acaso não tenho o direito de fazer o que quero com aquilo que me
pertence? Ou estás com inveja porque estou sendo bom?’. Assim, os últimos serão
os primeiros, e os primeiros serão os últimos».
«Assim, os últimos serão os
primeiros, e os primeiros serão os últimos»
Rev. D. Antoni CAROL i Hostench (Sant
Cugat del Vallès, Barcelona, Espanha)
Hoje, a Palavra de Deus nos
convida a perceber que a “lógica” divina vai muito além da lógica meramente
humana. Enquanto nós homens calculamos («Pensando que iam receber mais»: Mt
20,10), Deus —que é Pai entranhável— simplesmente, ama («Ou estás com inveja
porque estou sendo bom?» : Mt 20,15.) E a medida do Amor é não ter medida: «Amo
porque amo, amo para amar» (São Bernardo).
Mas isso não torna a justiça
inútil: «Eu pagarei o que for justo» (Mt 20,4). Deus não é arbitrário e quer
nos tratar como filhos inteligentes: por isso é lógico que tenha “acordos”
conosco. De fato, em outros momentos, os ensinamentos de Jesus deixam claro que
quem recebe mais também será mais exigido (lembremos da parábola dos talentos).
Enfim, Deus é justo, mas a caridade não se desentende da justiça, mas sim, a
supera. (cf. 1Cor 13,5).
Um ditado popular afirma que «a
justiça por justiça é a pior das injustiças». Felizmente para nós, a justiça de
Deus —repitamos, transbordante de seu Amor— supera nossos esquemas. Se
unicamente se tratasse de estrita justiça, nós, então, estaríamos pendentes de
redenção. Além disso, não teríamos nenhuma esperança de redenção. Em justiça
estrita não mereceríamos nenhuma redenção: simplesmente, ficaríamos
despossuídos daquilo que se nos tinha dado no momento da criação e que rejeitamos
no momento do pecado original. Examinemo-nos, portanto, como agimos nos
julgamentos, comparações e cálculos quando tratamos os demais.
Além disso, se falarmos de
santidade, temos que partir da base de que tudo é graça. A mostra mais clara é
o caso de Dimas, o bom ladrão. Inclusive a possibilidade de merecer diante de
Deus, é também uma graça (algo que nos é concedido gratuitamente). Deus é o
amo, nosso «proprietário que saiu de madrugada para contratar trabalhadores
para a sua vinha» (Mt 20,1). A vinha (quer dizer, a vida, o céu...) é dele; nós
somos convidados, e não de qualquer maneira: é uma honra poder trabalhar aí e,
assim “ganhar” o céu.
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«O Senhor chamou a todos quando
estavam com disposição para obedecer, o mesmo fez com o ladrão bom, a quem o
Senhor chamou quando viu que obedeceria. O Salvador no excluiu ninguém» (São
João Crisóstomo)
«A parábola não foi transmitida
para os trabalhadores de outro tempo, mas para nós, que achamos que o
"desemprego espiritual” —uma vida sem fé e sem oração— é mais agradável
que o serviço espiritual» (Bento XVI)
«O homem é o autor; o centro e o
fim de toda a vida económica e social. O ponto decisivo da questão social é que
os bens criados por Deus para todos, cheguem de facto a todos, segundo a
justiça e com a ajuda da caridade» (Catecismo da Igreja Católica, nº 2.459)
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm.
* O evangelho de hoje traz uma parábola que só
é relatada por Mateus. Ela não existe nos outros três evangelhos. Como em
todas as parábolas, Jesus conta uma história feita de elementos do dia a dia da
vida do povo. Ele retrata a situação social do seu tempo, na qual os ouvintes
se reconhecem. Mas ao mesmo tempo, na história desta parábola, acontecem coisas
que nunca acontecem na realidade da vida do povo. É que, ao falar do patrão,
Jesus pensa em Deus, seu Pai. Por isso, na história da parábola, o patrão faz
coisas surpreendentes que não acontecem no dia a dia da vida dos ouvintes. É
nesta atitude estranha do patrão, que deve ser procurada a chave para a
compreensão do mensagem da parábola.
* Mateus 20,1-7: As cinco vezes que o patrão
sai em busca de operários. "O Reino do Céu é como um patrão, que saiu
de madrugada para contratar trabalhadores para a sua vinha. Combinou com os
trabalhadores uma moeda de prata por dia, e os mandou para a vinha” Assim
começa a história que fala por si e nem precisaria de muito comentário. No que
segue, o patrão sai mais quatro vezes chamando operários para trabalhar na sua
vinha. Jesus alude ao terrível desemprego daquela época. Alguns detalhes da
história: (1)
O próprio patrão sai pessoalmente cinco vezes para contratar operários. (2) Na hora
de contratar os operários, é só com o primeiro grupo que ele acerta o salário:
um denário por dia. Com os da nona hora ele diz: Eu lhes pagarei o que for
justo. Com os outros ele não acertou nada. Apenas os contratou para trabalhar
na vinha. (3)
No fim do dia, na hora de acertar as contas com os operários, o patrão
manda que o administrador faça o serviço.
* Mateus 20,8-10: A estranha maneira de acertar
as contas no fim do dia. Quando chegou a tarde, o patrão disse ao
administrador: Chame os trabalhadores, e pague uma diária a todos. Comece pelos
últimos, e termine pelos primeiros. Aqui, na hora de acertar as contas,
acontece algo estranho que não acontece na vida comum. Parece a inversão das
coisas. O pagamento começa com os que foram contratados por último e que
trabalharam apenas uma única hora. O pagamento é o mesmo para todos: um
denário, como tinha sido combinado com os que foram contratados no começo do
dia. No fim, chegaram os que foram contratados primeiro, e pensavam que iam
receber mais. No entanto, cada um deles recebeu também uma moeda de prata. Por que o patrão faz isso? Você faria assim?
É aqui neste gesto surpreendente do patrão que está escondida a chave da
mensagem desta parábola.
* Mateus 20,11-12: A reação normal dos operários
diante da estranha atitude do patrão. Os últimos a receber o salário eram
os que foram contratados por primeiro. Estes, assim diz a história, ao
receberem o pagamento, começaram a resmungar contra o patrão e disseram: “Esses
últimos trabalharam uma hora só, e tu os igualaste a nós, que suportamos o
cansaço e o calor do dia inteiro!” É a
reação normal do bom senso. Creio que todos nós teríamos a mesma reação e
diríamos a mesma coisa ao patrão. Ou não?
* Mateus 20,13-16: A explicação surpreendente
do Patrão que fornece a chave da parábola. A resposta do patrão é esta:
“Amigo, eu não fui injusto com você. Não combinamos uma moeda de prata? Tome o
que é seu, e volte para casa. Eu quero dar também a esse, que foi contratado
por último, o mesmo que dei a você. Por acaso não tenho o direito de fazer o
que eu quero com aquilo que me pertence? Ou você está com ciúme porque estou
sendo generoso?” Estas palavras trazem a
chave que explica a atitude do patrão e aponta a mensagem que Jesus quer
comunicar: (1) O patrão não foi injusto, pois ele agiu de acordo com o que
tinha sido combinado com o primeiro grupo de operários: um denário por dia. (2) É
decisão soberano do patrão de dar aos últimos o mesmo que tinha sido combinado
com os da primeira hora. Estes não têm direito de reclamar. (3) Atuando
dentro da justiça, o patrão tem o direito de fazer o bem que ele quer com as
coisas que lhe pertencem. O operário da parte dele tem este mesmo direito. (4) A
pergunta final toca no ponto central: Ou você está com ciúme porque estou sendo
generoso?' Deus é diferente mesmo! Ele não cabe nos nossos pensamentos (Is
55,8-9).
* O pano de fundo da parábola é a conjuntura
daquela época, tanto de Jesus como de Mateus. Os operários da
primeira hora são o povo judeu, chamado por Deus para trabalhar em sua vinha.
Eles sustentaram o peso do dia, desde Abraão e Moisés, bem mais de mil anos.
Agora, na undécima hora, Jesus chama os pagãos para ir trabalhar na sua vinha e
eles chegam a ter a preferência do coração de Deus. “Assim, os últimos serão os
primeiros, e os primeiros serão os últimos”.
Para um confronto pessoal
1) Os da undécima hora
chegam, levam vantagem e recebem prioridade na fila diante da entrada do Reino
de Deus. Quando você espera duas horas numa fila e chega alguém que, sem mais,
se coloca na frente de você, você aceitaria? Dá para comparar as duas
situações?
2) A ação de Deus
ultrapassa nossos cálculos e nosso jeito humano de atuar. Ele surpreende e às
vezes incomoda. Isto já aconteceu alguma vez na sua vida? Qual a lição que
tirou?
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