Santo
Afonso Mª de Ligório, bispo e doutor da Igreja
1ª
Leitura (Ex 33,7-11; 34,5b-9.28): Naqueles dias, Moisés pegou na tenda e
armou-a fora do acampamento, a certa distância. Chamava-lhe a ‘Tenda da
Reunião’. Quem desejasse consultar o Senhor devia ir à Tenda da Reunião, que
estava fora do acampamento. Sempre que Moisés se dirigia para a Tenda, todo o
povo se levantava; cada um ficava à entrada da sua própria tenda e seguia
Moisés com o olhar até ele entrar na Tenda da Reunião. Quando Moisés entrava na
Tenda, a coluna de nuvem descia e ficava à entrada e o Senhor falava com
Moisés. E quando o povo via a coluna de nuvem deter-se à entrada da Tenda, toda
a gente se levantava e se prostrava à porta da sua tenda. O Senhor falava com
Moisés face a face, como quem fala com um amigo. Por fim, Moisés regressava ao
acampamento, mas o seu jovem ajudante, Josué, filho de Nun, não deixava o
interior da Tenda. Moisés invocou o nome do Senhor. O Senhor passou diante dele
e exclamou: «O Senhor, o Senhor é um Deus clemente e compassivo, lento para a
ira e rico de misericórdia e fidelidade. Mantém a sua misericórdia até à
milésima geração, perdoa a iniquidade, a transgressão e o pecado, mas não deixa
nada impune e castiga a iniquidade dos pais nos filhos e nos netos, até à
terceira e quarta geração». Moisés caiu de joelhos e prostrou-se em adoração.
Depois disse: «Se encontrei, Senhor, aceitação a vossos olhos, digne-Se o
Senhor caminhar no meio de nós. É um povo de cerviz dura, mas Vós perdoareis os
nossos pecados e iniquidades e fareis de nós a vossa herança». Moisés ficou ali
com o Senhor durante quarenta dias e quarenta noites, sem comer nem beber. E
escreveu nas tábuas as palavras da aliança: os dez mandamentos.
Salmo
Responsorial: 102
R. O Senhor é clemente e cheio
de compaixão.
O Senhor faz justiça e defende o
direito de todos os oprimidos. Revelou a Moisés os seus caminhos e aos filhos
de Israel os seus prodígios.
O Senhor é clemente e compassivo,
paciente e cheio de bondade. Não está sempre a repreender, nem guarda
ressentimento.
Não nos tratou segundo os nossos
pecados, nem nos castigou segundo as nossas culpas. Como a distância da terra
ao céu, assim é grande a sua misericórdia para os que O temem.
Aleluia. A semente é a palavra
de Deus e o semeador é Cristo: quem O encontra permanece para sempre. Aleluia.
Evangelho
(Mt 13,36-43): Naquele tempo, Jesus deixou as multidões e foi para casa.
Seus discípulos aproximaram-se dele e disseram: «Explica-nos a parábola do
joio». Ele respondeu: «Aquele que semeia a boa semente é o Filho do Homem. O
campo é o mundo. A boa semente são os que pertencem ao Reino. O joio são os que
pertencem ao Maligno. O inimigo que semeou o joio é o diabo. A colheita é o fim
dos tempos. Os que cortam o trigo são os anjos. Como o joio é retirado e
queimado no fogo, assim também acontecerá no fim dos tempos: o Filho do Homem
enviará seus anjos e eles retirarão do seu Reino toda causa de pecado e os que
praticam o mal; depois, serão jogados na fornalha de fogo. Ali haverá choro e
ranger de dentes. Então os justos brilharão como o sol no Reino de seu Pai.
Quem tem ouvidos, ouça».
«Explica-nos a parábola do
joio»
Rev. D. Iñaki BALLBÉ i Turu (Terrassa,
Barcelona, Espanha)
Hoje, com a parábola do joio e do
trigo, a Igreja nos convida a meditar sobre a convivência do bem e do mal. O
bem e o mal dentro do nosso coração; o bem e o mal que vemos em outros, que
vemos existir neste mundo.
«Explica-nos a parábola» (Mt
13,36), pedem os discípulos a Jesus. E nós, hoje, podemos fazer o propósito de
ter mais cuidado com a nossa oração pessoal, com o nosso trato cotidiano com
Deus. Senhor, podemos dizer-lhe, explique-me por que não avanço suficientemente
em minha vida interior. Explique-me como posso lhe ser mais fiel, como posso
buscar-lhe em meu trabalho, ou através dessa circunstância que não entendo, ou
não quero. Como posso ser um apóstolo qualificado. A oração é isso, pedir
explicações a Deus. Como é minha oração? É sincera? É constante? É confiante?
Jesus Cristo nos convida a ter os
olhos fixos no céu, nossa morada eterna. Frequentemente, vivemos enlouquecidos
pela pressa, e quase nunca nos detemos para pensar que um dia próximo ou não,
não o sabemos deveremos prestar contas a Deus de nossa vida, de como temos
feito frutificar as qualidades que Ele nos tem dado. E o Senhor nos diz que no
fim dos tempos haverá uma triagem. Devemos ganhar o Céu na terra, no dia a dia,
sem esperar situações que possivelmente nunca virão. Devemos viver heroicamente
o que é ordinário, o que aparentemente não possui nenhuma transcendência. Viver
pensando na eternidade e ajudar os outros a pensar nela! paradoxalmente,
«esforça-se para não morrer o homem que há de morrer; e não se esforça para não
pecar o homem que há de viver eternamente» (São João de Toledo).
Colheremos o que houvermos
semeado. Devemos lutar para dar 100% hoje. Para que quando Deus nos chame a sua
presença Lhe apresentemos as mãos cheias: de atos de fé, de esperança, de amor.
Que se concretizam em coisas muito pequenas e em pequenos vencimentos que,
vividos diariamente, nos fazem mais cristãos, mais santos, mais humanos.
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«Esforça-se por não morrer o
homem que morrerá; e não se esforça por não pecar, o homem que viverá
eternamente» (São Julião de Toledo)
«Devemos estar preparados para
protegermos a graça recebida no dia do nosso Baptismo, alimentando a fé em
Nosso Senhor impedindo assim que o mal lance as suas raízes» (Benedito XVI)
«(...) Jesus fala muitas vezes da
«gehena» do «fogo que não se apaga» reservada aos que recusam, até ao fim da
vida, acreditar e converter-se, e na qual podem perder-se, ao mesmo tempo, a
alma e o corpo. Jesus anuncia, em termos muitos severos, que «enviará os seus
anjos que tirarão do seu Reino [...] todos os que praticaram a iniquidade, e
hão de lançá-los na fornalha ardente» (Mt 13, 41-42), e sobre eles pronunciará
a sentença: «afastai-vos de Mim, malditos, para o fogo eterno» (Mt 25, 41)»
(Catecismo da Igreja Católica, nº 1034)
Reflexões de Frei Carlos
Mesters, O.Carm.
* O evangelho de hoje traz a explicação que
Jesus, a pedido dos discípulos, deu da parábola do joio e do trigo. Alguns
estudiosos acham que esta explicação, dada por Jesus aos discípulos, não seja
de Jesus, mas sim da comunidade. É possível e provável, pois uma parábola, por
sua própria natureza, pede o envolvimento e a participação das pessoas na
descoberta do sentido. Assim como a planta já está dentro da sua semente,
assim, de certo modo, a explicação da comunidade já está dentro da parábola. É
exatamente este o objetivo que Jesus queria e ainda quer alcançar com a
parábola. O sentido que nós hoje vamos descobrindo na parábola que Jesus contou
dois mil anos atrás já estava implicado na história que Jesus contou, como a
flor já está dentro da sua semente.
* Mateus 13,36: O pedido dos discípulos para
explicar a parábola do joio e do trigo. Os discípulos, em casa conversam
com Jesus e pedem uma explicação da parábola do joio e do trigo (Mt 13,24-30).
Várias vezes se informa que Jesus, em casa, continuava o seu ensinamento aos
discípulos (Mc 7,17; 9,28.33; 10,10). Naquele tempo não havia televisão e nas
longas horas das noites do inverno o povo reunia para conversar e tratar dos
assuntos da vida. Jesus fazia o mesmo. Era nestas ocasiões que ele completava o
ensinamento e a formação dos discípulos.
* Mateus 13,38-39: O significado de cada um dos
elementos da parábola. Jesus responde retomando cada um dos seis elementos
da parábola e lhes dá um sentido: o campo é o mundo; a boa semente são os
membros do Reino; o joio são os membros do adversário (maligno); o inimigo é o
diabo; a colheita é o fim dos tempos; os ceifadores são os anjos. Experimente
você agora ler de novo a parábola (Mt 13,24-30) colocando o sentido certo em
cada um dos seis elementos: campo, boa semente, joio, inimigo, colheita e
ceifadores. Aí, a história toma um sentido totalmente diferente e você alcança
o objetivo que Jesus tinha em mente ao contar esta história do joio e do trigo
ao povo. Alguns acham que esta parábola que deve ser entendida como uma
alegoria e não como uma parábola propriamente dita.
* Mateus 13,40-43: A aplicação da parábola ou
da alegoria. Com estas informações dadas por Jesus você entenderá a
aplicação que ele dá: Assim como o joio é recolhido e queimado no fogo, o mesmo
também acontecerá no fim dos tempos: o Filho do Homem enviará os seus anjos, e
eles recolherão todos os que levam os outros a pecar e os que praticam o mal, e
depois os lançarão na fornalha de fogo. Aí eles vão chorar e ranger os dentes.
Então os justos brilharão como o sol no Reino de seu Pai”. O destino do joio é
a fornalha, o destino do trigo bom é o brilho do sol no Reino do Pai. Por de
trás destas duas imagens está a experiência das pessoas. Depois que elas
escutaram Jesus e o aceitaram em suas vidas, tudo mudou para elas. O fim
chegou. Ou seja, em Jesus chegou aquilo que, no fundo, todos esperavam: a
realização das promessas. A vida agora se divide em antes e depois que
escutaram e aceitaram Jesus em suas vidas. A nova vida começou como o brilho do
sol. Se tivessem continuado a viver como antes, seriam como o joio jogado na
fornalha, vida sem sentido e sem serventia para nada.
* Parábola e Alegoria. Existe a parábola.
Existe a alegoria. Existe a mistura das duas que é a forma mais comum.
Geralmente tudo é chamado de parábola. No evangelho de hoje temos o exemplo de
uma alegoria. Uma alegoria é uma história que a pessoa conta, mas enquanto
conta, ela não pensa nos elementos da história, mas sim no assunto que deve ser
esclarecido. Ao ler uma alegoria não é necessário olhar primeiro a história
como um todo, pois numa alegoria a história não se constrói em torno de um
ponto central que depois serve como meio de comparação, mas cada elementos tem
a sua função independente a partir do sentido que recebe. Trata-se de descobrir
o que cada elemento das duas histórias nos tem a dizer sobre o Reino como fez a
explicação que Jesus deu da parábola: campo, boa semente, joio, inimigo,
colheita e ceifadores. Geralmente, as parábolas são alegorizantes. Mistura das
duas.
Para um confronto pessoal
1) No campo existe tudo
misturado: joio e trigo. No campo da minha vida, o que prevalece: o joio ou o
trigo?
2) Você já tentou
conversar com outras pessoas para descobrir o sentido de alguma parábola?
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