São
Camilo de Léllis, presbítero
São Francisco Solano, presbítero
1ª
Leitura (Gen 46,1-7.28-30): Naqueles dias, Israel pôs-se a caminho com
todos os seus bens e chegou a Bersabé, onde ofereceu sacrifícios ao Deus de
Isaac, seu pai. Disse-lhe Deus numa visão noturna: «Jacob! Jacob!». Ele
respondeu: «Aqui estou». Deus continuou: «Eu sou Deus, o Deus de teu pai. Não
tenhas medo de descer ao Egipto, porque lá Eu farei de ti um grande povo. Eu próprio
descerei contigo ao Egipto e Eu próprio te farei regressar. E será José que te
há de fechar os olhos». Jacob partiu de Bersabé. Os filhos de Israel colocaram
seu pai Jacob, bem como seus próprios filhos e esposas, nos carros que o faraó
enviara para os transportar. Levaram também consigo os rebanhos e tudo o que
tinham adquirido na terra de Canaã. Seguiram então para o Egipto Jacob com
todos os seus descendentes: seus filhos e netos, suas filhas e netas. Toda a
sua descendência foi levada para o Egipto. Jacob enviou Judá à sua frente, ao
encontro de José, para que este viesse ter com ele a Géssen. Quando eles
chegaram àquela região, José mandou atrelar o seu carro e partiu para Géssen ao
encontro de Israel, seu pai. Quando o viu diante de si, lançou-se-lhe ao
pescoço e abraçou-o, chorando longamente. Israel disse a José: «Agora posso
morrer, porque vi o teu rosto e tu ainda estás vivo».
Salmo
Responsorial: 36
R. A salvação dos justos vem
do Senhor.
Confia no Senhor e pratica o bem,
possuirás a terra e viverás tranquilo. Põe no Senhor as tuas delícias e Ele
satisfará os anseios do teu coração.
O Senhor conhece os dias dos bons
e a herança deles será eterna. Não serão confundidos no tempo da adversidade e
nos dias da fome serão saciados.
Afasta-te do mal e pratica o bem
e permanecerás para sempre; porque o Senhor ama a justiça e não desampara os
que Lhe são fiéis.
A salvação dos justos vem do
Senhor, Ele é o seu refúgio no tempo da tribulação. O Senhor os ajuda e
defende, porque n’Ele procuraram refúgio.
Aleluia. Quando vier o
Espírito da verdade, Ele vos ensinará toda a verdade e vos recordará tudo o que
Eu vos disse. Aleluia.
Evangelho
(Mt 10,16-23): Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: «Vede, eu
vos envio como ovelhas para o meio de lobos. Sede, portanto, prudentes como as
serpentes e simples como as pombas. Cuidado com as pessoas, pois vos entregarão
aos tribunais e vos açoitarão nas suas sinagogas. Por minha causa, sereis
levados diante de governadores e reis, de modo que dareis testemunho diante
deles e diante dos pagãos. Quando vos entregarem, não vos preocupeis em como ou
o que falar. Naquele momento vos será dado o que falar, pois não sereis vós que
falareis, mas o Espírito do vosso Pai falará em vós. O irmão entregará à morte
o próprio irmão; o pai entregará o filho; os filhos se levantarão contra seus
pais e os matarão. Sereis odiados por todos, por causa do meu nome. Mas quem
perseverar até o fim, esse será salvo. Quando vos perseguirem numa cidade, fugi
para outra. Em verdade vos digo, não acabareis de percorrer as cidades de
Israel, antes que venha o Filho do Homem».
«Sereis odiados por todos, por
causa do meu nome»
P. Josep LAPLANA OSB Monje de
Montserrat (Montserrat, Barcelona, Espanha)
Hoje, o Evangelho remarca as
dificuldades e as contradições que o cristão haverá de sofrer por causa de
Cristo e do seu Evangelho e como deverá resistir e perseverar até o final.
Jesus nos prometeu: «Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos
tempos» (Mt 28,20); mas não prometeu, aos seus, um caminho fácil, antes pelo
contrário, lhes disse: «Sereis odiados por todos, por causa do meu nome» (Mt
10,22).
A Igreja e o mundo são duas
realidades de ”difícil” convivência. O mundo, que a Igreja há de converter a
Jesus Cristo, não é uma realidade neutra, como se fosse uma cera virgem que só
espera o selo que lhe dará forma. Isto só teria sido assim se não tivesse
havido uma história de pecado entre a criação do homem e a sua redenção. O
mundo, como estrutura afastada de Deus, obedece a outro senhor, que o Evangelho
de São João denomina como o senhor deste mundo, o inimigo da alma, o que fez
com que o cristão fizesse um juramento— no dia de seu batismo— de
desobediência, de dizer não ao inimigo, para pertencer somente ao Senhor e à
Mãe Igreja que ela engendrou em Jesus Cristo.
Mas o batizado continua vivendo
neste mundo e não em outro, não renuncia à cidadania deste mundo nem lhe nega
sua honesta contribuição para mantê-lo e melhorá-lo; os deveres de cidadania
cívica são também deveres dos cristãos; pagar os impostos é um dever de justiça
para o cristão. Jesus disse que nós, seus seguidores, estamos no mundo, mas não
somos do mundo (cf. Jo 17,14-15). Não pertencemos ao mundo incondicionalmente,
inteiramente, só pertencemos a Jesus Cristo e à sua Igreja, verdadeira pátria
espiritual, que está aqui na terra e que transpassa a barreira do espaço e do
tempo para desembarcar-nos na pátria definitiva que é o céu.
Esta dupla cidadania
inevitavelmente se choca com as forças do pecado e do domínio que move os
mecanismos mundanos. Repassando a história da Igreja, Newman dizia que «a
perseguição é a marca da Igreja e talvez a mais duradoura de todas».
Pensamentos para o Evangelho
de hoje
«O atleta não ganha quando tira a
roupa, porque deixa a roupa para começar a lutar. Ele só recebe a coroa de
vencedor depois de ter lutado adequadamente» (São Paulino de Nola)
«Jesus nos diz: ‘Eu vos envio
como ovelhas no meio de lobos’. O cristão, antes, deverá de ser prudente, às
vezes até astuto: essas são as virtudes aceites pela lógica evangélica. Mas
nunca a violência» (Francisco)
«Podemos, portanto, aguardar a
glória do céu prometida por Deus a àqueles que o amam e fazem a sua vontade. Em
todas as circunstâncias, cada um deve esperar, com a graça de Deus, ‘permanecer
firme até o fim’ (…)» (Catecismo da Igreja Católica, nº 1821)
Reflexão
• Olhando para sua futura missão,
Jesus dá algumas orientações para a comunidade dos seus discípulos, chamados e
reunidos em torno dele e investidos de sua mesma autoridade como colaboradores.
• Mateus 10,16-19: o perigo e
a confiança em Deus. Jesus introduz esta parte do seu discurso com duas
metáforas: ovelhas entre lobos, ser prudentes como as serpentes e simples como
as pombas. A primeira mostra o contexto difícil e perigoso em que os discípulos
são enviados. Por um lado, demonstra a situação de perigo em que se encontram
os discípulos enviados em missão; por outro lado, a expressão "eu vos
envio" expressa proteção. Também na esperteza das serpentes e a
simplicidade das pombas parece que Jesus relaciona dois comportamentos: a
confiança em Deus e a reflexão atenta e prolongada do modo de se relacionar com
os outros.
Jesus continua depois uma ordem
que, à primeira vista, parece ser marcada por uma acentuada desconfiança:
"Cuidado com os homens ...", mas na realidade é estar alerta para uma
possível perseguição, hostilidade e denúncias. A expressão "os
entregarão" não se refere apenas à acusação no tribunal, mas
principalmente tem um valor teológico: o discípulo que segue Jesus poderá ter a
mesma experiência que o Mestre, “ser entregue nas mãos dos homens” (17,22). Os
discípulos devem ser fortes e resistir "para dar testemunho", sua
entrega aos tribunais será um testemunho para os judeus e para os pagãos, como
a possibilidade de atraí-los para a pessoa e para a causa de Jesus e, portanto,
ao conhecimento do evangelho. É importante este retorno positivo ao testemunho
caracterizado pela fé que se faz crível e atraente.
• Mateus 10,20: ajuda divina.
Para que tudo isso seja realizado na missão-testemunho dos discípulos, é
essencial a ajuda que vem de Deus. Ou seja, não devemos confiar nas próprias
seguranças ou recursos, mas nas situações críticas, perigosas e agressivas de
sua vida, os discípulos encontrarão em Deus ajuda e solidariedade. Aos
discípulos também se prometeu o Espírito do Pai (v. 20) para realizar a sua
missão. Ele vai trabalhar neles para realizar sua missão de evangelização e dar
testemunho, o Espírito falará através deles.
• Mateus 10, 21-22:
ameaça-consolo. O tema da ameaça retorna de novo com o termo
"entregará": irmão contra irmão, pai contra filho, filho contra seus
pais. Trata-se de uma verdadeira e grande desordem das relações sociais, o
esmagamento da família. As pessoas unidas pelos mais íntimos laços familiares -
como pais, filhos, irmãos e irmãs - caem na desgraça de odiar-se e de se eliminar
um ao outro. Em que sentido essa divisão da família tem algo a ver com o
testemunho em favor de Jesus? Tal ruptura nas relações familiares poderia
encontrar sua causa na diversidade de atitudes adotadas no seio da família em
relação a Jesus. A expressão "sereis odiados", sugere o tema da
acolhida hostil de seus enviados por parte dos contemporâneos. A dureza das
palavras de Jesus são comparáveis a outro texto do NT: "Bem-aventurados
sois se são insultados pelo nome de Cristo, porque o Espírito de glória, que é
o Espírito de Deus repousa sobre vós. Que nenhum de vós padeça como homicida,
ladrão, malfeitor ou delator. Mas, se alguém sofre como cristão, não se
envergonhe, mas sim dê glória a Deus por este nome." Ao anúncio da ameaça
segue a promessa de consolação (v. 23). O maior consolo dos discípulos será
"ser salvos", para viver a esperança do salvador, ou seja, participar
na sua vitória.
Para um confronto pessoal
1. Estas disposições de
Jesus nos ensinam hoje como entender a missão do cristão?
2. Você sabe confiar na
ajuda de Deus quando você sofre conflitos, perseguições
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